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Considerações sobre o processo de construção da identidade do enfermeiro no cotidiano de trabalho

Consideraciones finales sobre el proceso de construcción de la identidad del enfermero en el trabajo cotidiano

Considerations on the process construction of nurse's identity in the daily of work

Resumos

Este estudo inscreve-se na área saúde e sociedade, subárea processo de trabalho e conhecimento em saúde e como estudo da força de trabalho - o elemento humano do trabalho - em que se pretendeu compreender o processo de construção da identidade do enfermeiro, a partir do cotidiano de trabalho. Trata-se de pesquisa qualitativa. O referencial primário foi de Berger e Luckmann e Agnes Heller. Desenvolvemos este estudo num hospital da rede pública de serviços do município de Cuiabá, MT. Este estudo nos mostrou que o enfermeiro é um ser que se constrói no tempo, no espaço e nas relações do cotidiano, essencialmente. Ser enfermeiro é ser em percepções e expressões sensíveis mais ou menos materializáveis. O modo de ser enfermeiro indica suas formas materiais, sensitivas e expressivas, conformadas no tempo, no espaço, nas relações e representando a conjunção do ser e suas percepções/expressões.

ego; enfermeiro; prática profissional; papel do profissional de enfermagem


Este estudio se insiere en el área salud y sociedad, subárea proceso de trabajo y conocimiento en salud, como estudio de la fuerza de trabajo - el elemento humano del trabajo - en el que se pretendió comprender el proceso de construcción de la identidad del enfermero a partir del trabajo cotidiano. Se trata de una investigación cualitativa, cuyo referencial primario fueron Berger y Luckmann, y Agnes Heller. Desarrollamos este estudio en un hospital de la red de servicios públicos del Municipio de Cuiaba, MT. Este estudio nos mostró que, esencialmente, el enfermero es un ser que se construye en el tiempo, en el espacio y en las relaciones cotidianas; ser enfermero es ser en percepciones y expresiones sensibles más o menos realizables; el modo de ser enfermero indica sus formas materiales, sensitivas y expresivas, conformadas en el tiempo, en el espacio, en las relaciones y representa la conjunción del ser y sus percepciones/expresiones.

ego; enfermero; práctica profesional; rol profesional


This qualitative study is part of the health and society area, work process and health knowledge sub-area. As a workforce study - the human element of work - it aimed to understand the nurse identity construction process on the basis of everyday work experience. Berger and Luckmann and Agnes Heller were the primary reference framework. This study was carried out at a public hospital in Cuiabá - Mato Grosso, Brazil. The nurse essentially revealed to be a being in construction in time, space and daily relations. To be a nurse means to have perceptions and expressions that can be materialized to a greater or lesser extent. The way of being a nurse indicates his/her material, sensitive and expressive forms, molded according to time, space and relations and representing a conjunction of the being and his/her perceptions/expressions.

ego; nurse; professional practice; professional nursing role


ARTIGO ORIGINAL

Considerações sobre o processo de construção da identidade do enfermeiro no cotidiano de trabalho

Considerations on the process construction of nurse's identity in the daily of work

Consideraciones finales sobre el proceso de construcción de la identidad del enfermero en el trabajo cotidiano

Laura Filomena Santos de Araújo NettoI; Flávia Regina Souza RamosII

IProfessor Mestre da Faculdade de Enfermagem e Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso, Integrante do Grupo de Pesquisa ARGOS - Processo de Trabalho e Conhecimento em Saúde, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, e-mail: laurafil@directnet.com.br

IIProfessor Doutor, Coordenador do Grupo de Pesquisa Saúde, Trabalho e Cidadania, da Universidade Federal de Santa Catarina

RESUMO

Este estudo inscreve-se na área saúde e sociedade, subárea processo de trabalho e conhecimento em saúde e como estudo da força de trabalho - o elemento humano do trabalho - em que se pretendeu compreender o processo de construção da identidade do enfermeiro, a partir do cotidiano de trabalho. Trata-se de pesquisa qualitativa. O referencial primário foi de Berger e Luckmann e Agnes Heller. Desenvolvemos este estudo num hospital da rede pública de serviços do município de Cuiabá, MT. Este estudo nos mostrou que o enfermeiro é um ser que se constrói no tempo, no espaço e nas relações do cotidiano, essencialmente. Ser enfermeiro é ser em percepções e expressões sensíveis mais ou menos materializáveis. O modo de ser enfermeiro indica suas formas materiais, sensitivas e expressivas, conformadas no tempo, no espaço, nas relações e representando a conjunção do ser e suas percepções/expressões.

Descritores: ego; enfermeiro; prática profissional; papel do profissional de enfermagem

ABSTRACT

This qualitative study is part of the health and society area, work process and health knowledge sub-area. As a workforce study - the human element of work - it aimed to understand the nurse identity construction process on the basis of everyday work experience. Berger and Luckmann and Agnes Heller were the primary reference framework. This study was carried out at a public hospital in Cuiabá - Mato Grosso, Brazil. The nurse essentially revealed to be a being in construction in time, space and daily relations. To be a nurse means to have perceptions and expressions that can be materialized to a greater or lesser extent. The way of being a nurse indicates his/her material, sensitive and expressive forms, molded according to time, space and relations and representing a conjunction of the being and his/her perceptions/expressions.

Descriptors: ego; nurse; professional practice; professional nursing role

RESUMEN

Este estudio se insiere en el área salud y sociedad, subárea proceso de trabajo y conocimiento en salud, como estudio de la fuerza de trabajo - el elemento humano del trabajo - en el que se pretendió comprender el proceso de construcción de la identidad del enfermero a partir del trabajo cotidiano. Se trata de una investigación cualitativa, cuyo referencial primario fueron Berger y Luckmann, y Agnes Heller. Desarrollamos este estudio en un hospital de la red de servicios públicos del Municipio de Cuiaba, MT. Este estudio nos mostró que, esencialmente, el enfermero es un ser que se construye en el tiempo, en el espacio y en las relaciones cotidianas; ser enfermero es ser en percepciones y expresiones sensibles más o menos realizables; el modo de ser enfermero indica sus formas materiales, sensitivas y expresivas, conformadas en el tiempo, en el espacio, en las relaciones y representa la conjunción del ser y sus percepciones/expresiones.

Descriptores: ego; enfermero; práctica profesional; rol profesional

INTRODUÇÃO

O trabalho em saúde, como objeto de análise, impõe a superação de interpretações parciais focalizadas nas determinações exclusivas de seus objetos ou de seus sujeitos, pois o trabalho exige tanto o estudo de seu instrumental tecnológico - onde se inclui os saberes - como o estudo dos agentes desse trabalho, constituído como práticas sobre e para indivíduos vivos(1). Mais, ainda, e como preocupação essencial de nosso estudo, o trabalho se confirma como práticas de seres humanos - os trabalhadores.

Neste artigo apresentamos as considerações finais de nossa dissertação(2), voltada para o elemento humano do trabalho, especialmente para o trabalhador enfermeiro. Nosso projeto teve início com a preocupação de entender porque os enfermeiros adotam determinadas posturas diante dos conflitos e, a partir dessas posições assumidas, configura-se uma certa forma de ser enfermeiro nas instituições de saúde. Preocupava-nos, primeiramente, a percepção que os mesmos tinham de suas escolhas cotidianas, pois as mesmas mostram certa forma de tomada de posição; ao que nós, inicialmente, chamamos de sua identidade política. Por política entendíamos ser o processo de negociação das relações dos homens no meio social, consideradas relações de poder. Não tanto o que somos, mas porque somos o que somos; ou como nos constituímos foram questões que nos conduziram ao longo de nossa pesquisa direcionando-nos ao estudo do processo de construção de identidade.

No sentido dialético de sua prática, reconhecemos os seres da enfermagem como autores, sob condições dadas, capazes de "...retratar e refratar a realidade"(3). Assim, propusemo-nos compreender o ser trabalhador enfermeiro em sua relação com os objetos e sujeitos no cotidiano de seu trabalho, considerando essencial este espaço e tempo no processo de construção de sua identidade.

Nosso objetivo foi de compreender o processo de construção da identidade do enfermeiro no cotidiano de trabalho. Os objetivos específicos foram: analisar elementos do cotidiano que se expressam, ou participam, objetiva e/ou subjetivamente, da construção da identidade do enfermeiro e da elaboração das suas escolhas, reconhecer manifestações da identidade do enfermeiro a partir de seus posicionamentos cotidianos, reconhecer percepções das escolhas (e suas determinações) por aquele que é enfermeiro.

Utilizamos referencial teórico sobre identidade(4) que possibilitou estudar a identidade individual (o ser) e a identidade tipificada (o papel), complementado por estudo sobre o caráter contraditório e móvel da construção de identidade(5). E estudos sobre cotidiano(6-7) que nos trouxeram os esquemas de comportamento e conhecimento da vida cotidiana, assim como noções peculiares de espaço e tempo cotidianos, subjetivamente experienciados pelo ser humano nessa esfera da vida. Buscamos, também, estudos sobre poder(8-11) - produtivo, relacional e em rede - trazendo uma concepção de poder estruturante e subjetivante, para além de uma força externa aplicável ao trabalhador e aos processos de produção, e estudos da área de enfermagem para discussão da realidade de trabalho na saúde e na enfermagem(1,12-14).

Acreditamos que estudos que digam respeito às formas complexas pelas quais identidade, trabalho e cotidiano interagem e que apontam as forças influentes no processo poderiam ajudar a compreender o processo de construção da identidade do enfermeiro e de que forma os mesmos respondem aos conflitos, através de suas escolhas. Este estudo poderia auxiliar a estabelecer as relações significantes do ser/fazer do enfermeiro no seu trabalho cotidiano.

METODOLOGIA

Trata-se de estudo de abordagem qualitativa, pois essa é a que melhor permite privilegiar caracteres nucleares do objeto investigado: os significados, a relação tempo/espaço/realidade e as relações dos seres humanos numa dada estrutura.

Nossa escolha para espaço de pesquisa foi um hospital da rede pública de serviços do Sistema Único de Saúde, localizado no município de Cuiabá, MT. Esse hospital é de nível de complexidade terciário, sendo a principal referência no Estado para atendimento à urgência e emergência. O hospital faz parte, também, do sistema estadual de referência hospitalar para atendimento a gestante de alto risco. Atende à demanda desse e de outros Estados da Região Centro-Oeste e da Região Norte.

O grupo pesquisado inicialmente foi formado por enfermeiros, contudo, no decorrer do estudo, outros trabalhadores foram incluídos como fonte de dados (auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem, médico, estudante de medicina, secretária), pois a construção de identidade se mostrou determinada em relação a outras práticas e outros saberes, sendo um processo fortemente relacional. Portanto, o outro participa dessa construção de identidade, em especial, relacionando-se com e podendo dizer quem é o enfermeiro, ou seja, sendo construto e construtor, pois as imagens podem mostrar e construir reciprocamente.

A estratégia de entrada de campo se deu segundo as etapas: 1. contato prévio com a Coordenação de Enfermagem (CE) da instituição na qual estabelecemos uma primeira inter-relação e sentimos a possibilidade de abertura para solicitarmos o campo para pesquisa; 2. após recepção e aceite dessa Coordenação, apresentamos formalmente nosso projeto de pesquisa, explicando os seus objetivos, o método de coleta de dados (em especial as fases de entrada no campo e instrumentos de coleta de dados), o cuidado ético na condução da pesquisa e a postura do pesquisador no campo de estudo. Fornecemos cópia do projeto de pesquisa, juntamente com o curriculum vitae do pesquisador e nos colocamos à disposição para esclarecimentos; a coordenação reiterou o aceite para a realização da coleta de dados; 3. a entrada no cotidiano de trabalho dos enfermeiros foi se estabelecendo progressivamente, a partir das visitas aos diversos setores de trabalho. Nesses momentos, primeiramente estabelecíamos o contato com o enfermeiro que estivesse designado como responsável pelo setor; 4. a cada participante da pesquisa, e de forma individualizada, foi esclarecido o objeto de interesse e a intenção da pesquisa, a explicação de seus motivos, sua contribuição, objetivos, instrumentos de coleta de dados, justificativa da escolha do grupo e garantia do anonimato dos participantes, colocando-nos à disposição para esclarecimentos; obtivemos o consentimento esclarecido dos participantes em todos os contatos realizados. Esclarecemos que os preceitos éticos da pesquisa foram submetidos à banca de qualificação do projeto, pois o Comitê de Ética das instituições, tanto de ensino como de assistência, não estava formalizado.

Estivemos, no período de setembro a dezembro de 1999, em oito locais diversos da instituição, retornando repetidas vezes em alguns deles. Observamos 22 trabalhadores em 44 situações diversificadas.

Dos 22 trabalhadores, 15 são enfermeiros e, desses, 2 detinham cargos diferenciados hierarquicamente - de supervisor e coordenador de enfermagem. Dos enfermeiros, 12 são mulheres e 3 são homens; 3 são enfermeiros recém-formados - no primeiro mês de serviço ao iniciarmos a coleta dos dados (um deles já trabalhava como auxiliar de enfermagem nessa instituição); mas, na maioria, os enfermeiros são designados (por eles mesmos) de 'velhos de casa', e têm mais de três anos de serviço na instituição. Dos trabalhadores de nível médio em enfermagem, 3 são auxiliares de enfermagem e 1 é técnico de enfermagem; e todos são mulheres e têm mais de 10 anos de prática hospitalar. Além desses, participaram: 1 homem, médico e com mais de 10 anos de formado; 1 mulher, secretária da CE; 1 homem, estudante do curso de medicina do quarto ano da graduação.

A amostragem(3) privilegiou os trabalhadores que detinham os atributos do que se pretendia conhecer, contendo significativas experiências e expressões que se pretendia objetivar. Ao mesmo tempo, privilegiou a diversidade dos seres, possibilitando a apreensão tanto de semelhanças como de diferenças. Os trabalhadores foram inclusos progressivamente na amostragem até que se permitiu uma certa reincidência das informações.

Relativo aos instrumentos técnicos, trabalhamos com a observação participante(3), na qual o papel do pesquisador foi de observador; nessa, privilegiamos observar comportamentos, falas e relações. O registro dos dados de observação foi realizado no diário de campo, posteriormente digitado no instrumento de transcrição dos dados de campo, num total de 105 páginas.

Relativo ao tratamento do material qualitativo, os dados coletados foram ordenados, classificados e agrupados através dos sentidos apresentados, procurando manter a inter-relação de seus significados. Nossa interpretação priorizou as condições cotidianas do trabalho, partindo da ação e das escolhas do enfermeiro, considerando-as orientadas por uma motivação/intenção e procurando as estruturas do cotidiano, contidas nessa esfera da vida que se relacionavam com o processo de construção de identidade. Priorizamos o processo de escolha e o contexto da mesma, ou seja, as motivações em suas relações essenciais e, nesse processo, procuramos os conteúdos conflitantes e antagônicos presentes. Assim, pretendeu-se analisar o que há de coerência entre as realidades subjetiva/objetiva, assim como o que há de ruptura de sentido entre essas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Privilegiamos apresentar, em torno das quatro categorias empíricas de nosso trabalho, os elementos que se mostraram significativos no processo de construção da identidade do enfermeiro. As possibilidades do enfermeiro se manifestar como ser e trabalhador no cotidiano do trabalho estão intimamente relacionadas com a constituição de sua identidade. Essas possibilidades expressam o potencial desse ser trabalhador nas condições em que se insere.

1ª Categoria empírica. A realidade do trabalho e o processo de construção da identidade do enfermeiro. Aqui estiveram fortemente presentes os sentidos que o trabalhador enfermeiro atribuiu à realidade cotidiana do seu trabalho. Essa se apresentou repleta de sentidos ao trabalhador, dentre os quais uma qualidade própria deste espaço e tempo, fundada na dimensão cotidiana da vida, interiormente experienciada como realidade dominante. Essa qualidade é a multiplicidade em relação à qual o enfermeiro vai se definindo como ser e trabalhador, no fazer constante e diário, no exercício de seu papel, nas suas escolhas frente a si e ao outro, nas quais se põe à prova. Esse espaço e tempo se apresentou, ao mesmo tempo, repleto de tensões/conflitos e de elementos normatizantes/estruturantes - através dos quais o caos é contido e o ser trabalhador constitui suas ações em hábitos, mas não necessariamente. Apesar de contido na norma, é considerado espaço e tempo de exercício do ser enfermeiro.

Estiveram presentes, também, elementos objetivos e subjetivos que compõem o mundo do trabalho e que, ao produzir seus efeitos na esfera do cotidiano, incidem e se fazem sentir pelo trabalhador, imprimindo-lhe marcas. Esses elementos foram percebidos, em geral, pelos trabalhadores como tensões e conflitos contidos na organização do trabalho, no próprio objeto de trabalho, na forma como a força de trabalho se configura e, em especial, nas relações. Assim é que, na organização do trabalho, evidenciou-se forte tendência à normatização, processada no e a partir do plantão, e se mantendo pela via forte do controle. O controle é um instrumento de disciplina e, portanto, de poder. Nos dados empíricos, o controle se mostrou como ordenador da força de trabalho.

Apresentaram-se, ainda, como ordenações de uma dimensão específica da vida, a dimensão cotidiana, que traz noções peculiares de ação, espaço e tempo. Essas noções foram visíveis no plantão nosso de cada dia - fronteira de espaço e tempo onde os trabalhadores geralmente se movem, se relacionam, e onde o raio de ação de seus atos se circunscrevem.

Esses elementos ordenadores e tensionadores do trabalho do enfermeiro mostraram trazer conseqüências tanto objetivas como subjetivas na vida do trabalhador. Para além de uma associação com o seu desgaste físico e emocional, e atentos ao nosso estudo, salientamos os resultados produzidos na dimensão do ser, pois as possibilidades concretas de construção dessa identidade se inscrevem em realidades mais ou menos estruturadas com força que tende a manter o ser em condições determinadas de existência.

Contudo, essas formas mais ou menos estruturantes se mostraram atravessadas pelas vivências e experiências desse trabalhador, abrindo possibilidades para a condução de sua vida.

2ª Categoria empírica. A definição de papel e o processo de construção da identidade do enfermeiro. Para além de uma identidade corporificada numa tipificação de papel (social, cultural e historicamente constituída), os dados empíricos demonstraram que 'ser enfermeiro' assume significados localmente constituídos no cotidiano do trabalho, na mediação de cada ser com seu trabalho, através dos papéis (mas não somente, pois nem todos os usos e comportamentos estão inclusos na tipificação do papel) e, ainda, na interface trabalhador/trabalhador que se dá no exercício do papel de cada um no espaço e tempo de trabalho; nesse movimento, o ser e o papel se reconfiguram.

O caráter cristalizador da função papel se mostrou presente, assim como seu caráter condicional. Os dados evidenciaram que não há relação direta entre identificação com o papel e alienação; nem distanciamento ou incorporação no par - ser e papel. O conhecimento global, as vivências ou estado de experiência do trabalhador, as escolhas, o próprio reconhecimento dos conflitos entre papéis desempenhados e esperados, o reconhecimento das contradições que vive entre seu ser e seu papel, constituíram, simplesmente, a condição de ser enfermeiro além do mero papel - explicitaram conteúdos ou formas de ser trabalhador.

3ª Categoria empírica. O espelho da identidade. Os dados mostraram que a construção da identidade do enfermeiro se dá na relação do ser consigo e com o outro, na qual o outro diz e reafirma quem é o ser enfermeiro, constituindo-se em seu espelho, e isso em duplo sentido. A proximidade no cotidiano de trabalho permite e leva à expressão de julgamentos expressos em diversas imagens carregadas de conteúdos de valor. Identificamos imagens de si, do outro, do papel desempenhado e do produto do trabalho. Todas essas imagens (que, desde já, sabemos carregadas de conflitos) demonstraram contribuir para a construção, fixação e, também, rupturas nas identificações do enfermeiro pela capacidade, em si mesmas, de trazerem significados e julgamentos de valor, constituindo-se em tecidos desse ser trabalhador.

Dentre outras considerações, os julgamentos contidos nas imagens do espelho puderam expressar as discrepâncias entre o ser e as imagens refletidas, o reconhecimento ou negação das múltiplas imagens produzidas e, nisso, o esforço de compatibilização entre identidade e imagem.

4ª Categoria empírica. As manifestações do ser. Na ordem do cotidiano do trabalho o enfermeiro demonstrou estabelecer particular relação subjetiva com seu trabalho, nele procurando se manifestar em sua forma inteira, e não somente na tipificação de um papel. Valorizando o trabalho como realidade imediata de construção, transformação e expressão humana, foi possível evidenciar algumas possibilidades de manifestação do trabalhador. Manifestar-se foi se mostrar em suas realizações e em suas expressões sensíveis e, desse conjunto, e através desse espaço e tempo, configurar sua vivência; sua vivência é importante elemento na constituição de sua forma de ser - sua identidade. Manifestar-se foi se mostrar em seus sentidos empregados e sua sensibilidade experienciada; também nas suas realizações através das ordenações deste espaço e tempo e, especialmente, nas relações que estabelece.

As possibilidades de construção de identidade se mostraram especialmente definidas pelo fato de que o ser trabalhador se relaciona com o outro; contudo, as relações privilegiam o eu/nós como relações de conflitos e de demarcação de espaços e poderes.

Todas essas manifestações comportam as possibilidades de emergência das formas desse ser trabalhador por entre as estruturas deste espaço e tempo cotidiano.

Na compreensão do processo de construção da identidade do trabalhador enfermeiro, ressaltamos a noção de complexidade de uma identidade que se constrói através de mediações do ser em seu mundo cotidiano de trabalho. Dessa complexidade, e retomando o objetivo de nosso estudo, encontramos que:

- o trabalho em saúde,organizado como está em nossa sociedade e compreendido neste estudo como processo que produz seus efeitos no cotidiano - no plantão de cada dia - incide sobre o ser que trabalha determinando-o como força produtiva. Mas, no cotidiano de seu trabalho, o trabalhador se expressa e se realiza através e além dos elementos do trabalho, considerando-se não somente como força motriz;

- o trabalho em enfermagem, localizado na interface dos outros trabalhos em saúde, possui caracteres que mais ou menos o identificam, bem como a seus trabalhadores, tais como a forma como os seus saberes estão constituídos, seus instrumentos e seus objetos de trabalho, suas formas de organização e submissão, sua circulação no espaço e tempo do plantão, etc.; esses caracteres estão configurados na realidade do trabalho em saúde e em enfermagem, e são re-configurados no cotidiano da instituição em estudo, onde elementos expressivos desse cotidiano - qualidade deste espaço e tempo, qualidade das relações que aí se travam, dentre outros - se fazem sentir sobre os trabalhadores possibilitando sua maior ou menor expressão/realização neste espaço e tempo;

- o cotidiano tem, ele mesmo, uma certa estrutura, onde noções específicas de espaço, tempo e fazer cotidiano, dentre outros, orientam o ser trabalhador;

- no espaço e tempo cotidiano do trabalho se revelou, ao mesmo tempo, tensão permanente e intensa nessa realidade, advinda da adversidade das condições de vida e trabalho e dos conflitos nas relações; e, na atividade do trabalho, um movimento constante dos trabalhadores no sentido da contenção dessa tensão. Nesse movimento, os elementos da estrutura do cotidiano parecem orientar os trabalhadores no sentido da dissolução das tensões e da condução de suas atividades, reafirmando formas características neste espaço tempo, ou seja, aqui, é assim que fazemos e é assim que as coisas acontecem;

- é no cotidiano do trabalho que o trabalhador vive sua vida, não somente considerando-o trabalho - como se houvesse uma divisão entre vida e trabalho, entre vida e não vida - e é se expressando e se realizando em maior ou menor intensidade que o trabalhador mostra quanto de vida possui o seu trabalho, porquanto, no trabalho o ser se manifesta;

- através de seu trabalho, e neste espaço e tempo cotidiano, o trabalhador pode, em maior ou menor medida, elaborar suas escolhas e ser sujeito de sua vida, expressando-se, realizando-se e se aproximando de sua forma inteira e consciente.

Contudo, e essa é a questão primordial, como ser sujeito de sua vida frente ao peso de tantas determinações?

Essa seria uma utopia do ser inteiro, mais realizável quanto mais aproximado o trabalhador ao trabalho em seu atributo estético (embora não o negando como meio de atendimento às necessidades básicas de sobrevivência do homem)(1)?

Talvez resgatar o cuidado de si, como uma tecnologia, que direcione o olhar sobre si mesmo, ajudaria o trabalhador a se constituir como sujeito e, dessa forma, participar ativamente e politicamente em seu contexto de trabalho(15)?

Ou, ainda, seria necessário dinamizar as relações, capacidades, habilidades, inventividades e, especialmente, a autonomia nos processos de trabalho, no sentido de espaços para materialização das potencialidades do ser trabalhador, para que o mesmo encontre sua identidade e qualidade de vida no trabalho, assim como para alcançar o processo de emancipação individual e coletiva. Para tanto, as instituições deveriam introduzir "formas mais humanistas de organização do trabalho, calcadas na articulação das ações dos diferentes agentes e, sobretudo, permitindo maior liberdade, integração entre os trabalhadores de diferentes níveis e autonomia..."(16)?

Consideramos que a condução da vida é sempre uma tendência de realização da individualidade do ser humano. Contudo, opondo-se a essa condução, e dentro de condições gerais socioeconômicas, a alienação é uma tendência do homem(6).

Nas condições gerais de trabalho do enfermeiro, vimos tanto a alienação como a possibilidade de condução da vida, num movimento dialético constante e perpétuo entre sujeitos e objetos. Empenhar-se na condução da vida se mostrou como desafio à própria preservação do eu; contudo, a alienação é uma resposta às determinações do cotidiano do trabalho que oprimem o ser trabalhador e às tensões e conflitos que causam sofrimento em relações estabelecidas, com fortes marcas da desigualdade. Mas a alienação, como escudo que protege, é uma resposta que desumaniza, pois consome o trabalhador em sua essência - os conteúdos de si.

A existência do homem pressupõe uma certa condução de sua vida e explicitação de sua essência, pois sempre o ser humano poderá desenvolver seus valores em objetivações menores ou maiores, através ou não do seu trabalho; ademais, é mesmo muito difícil apreendermos, de forma objetiva, aquilo que conforta o ser humano, lhe dá prazer, preenche-o ou lhe dá o sentido de existir.

Embora o trabalho seja um momento que parece preencher parcela significativa da vida do trabalhador, esse preenchimento pode ser mais ou menos significativo segundo se constitua em possibilidade de sua expressão e realização. Portanto, os valores podem se realizar em outras objetivações, mais sutis no próprio trabalho, ou em outros momentos da vida do ser humano - lembrando-nos de que não só de trabalho vive o homem.

Neste estudo, o trabalhador pôde mostrar que se tornar representativo é procurar tornar este cotidiano vivido e transformado por expressões e realizações de si; assim, o trabalhador pode se sentir mais ou menos vivo e presente. Viver o trabalho é imprimir algo de si neste espaço e tempo; é ir além das ações ordenadas, tornando-as reflexivas de si e de seus conteúdos ideais, e nisso, demonstrar a possibilidade de condução da vida.

Ainda, as possibilidades do ser trabalhador e de suas escolhas se mostraram, expressivamente, serem possibilidades do ser que se relaciona com o seu outro - "O homem, enquanto ser humano-genérico, não pode conhecer e reconhecer adequadamente o mundo a não ser no espelho dos demais"(6). Portanto, é ao ser humano como nós que verdadeiramente devemos indagar da possibilidade de desenvolvimento de cada ser humano; e da possibilidade de configuração de conteúdos axiológicos positivos no grupo em que vivemos.

O estudo mostrou que a qualidade das relações entre os trabalhadores denotam poucas possibilidades de desenvolvimento de individualidades, pois pouco se têm permitido ou possibilitado de explicitação/objetivação, de um ao outro trabalhador. Nas relações os trabalhadores estão muitas vezes ausentes, embora toda presença física, pois no ato de não olhar, de não escutar, de não considerar o outro, não se reconhecem. Ainda, que os trabalhadores se relacionam entre si através de uma pluralidade de valores conflituosos, coexistindo sentidos de identificação e, especialmente, de rejeição ao papel de enfermeiro nesta instituição.

De todo o complexo conjunto de valores, predomina o contraditório - demonstrado nos conflitos, e a satisfação particular. Ou seja, o trabalhador em si ou para si, premido pela própria necessidade de coerência do seu eu, procura se explicitar no mundo do trabalho de forma muito tímida e particular, e tendo, nas condições objetivas do trabalho e em especial no outro trabalhador, seu contraponto.

O conjunto de trabalhadores tem possibilitado poucos valores axiológicos objetivos, para falarmos de um poder de coesão, pois são escassos os momentos favoráveis conjuntos à promoção da essência humana. Parece sobrevir "uma imagem constrita da ascensão ou projeção dos trabalhadores e do grupo como um todo, no interior do trabalho e na estrutura social"(16), pois estão ausentes projetos coletivos de trabalho que possam garantir o apoio substancial às suas ações. Assim, não há movimentos coerentes que possam demonstrar a intenção de explicitar, no conjunto e através do mesmo, a individualidade do trabalhador.

É necessário indagarmos as conseqüências possíveis dessas condições (des) humanitárias de existir conjuntamente para a explicitação da substância de cada ser que trabalha; e ressaltarmos que a existência é, essencialmente, encontro humano.

No mundo moderno "o homem converteu-se em ser social não necessariamente comunitário". Contudo, a busca do individualismo esgota-se e a busca de uma atividade em comunidade, que eleve o indivíduo 'nas asas da comunidade', "somou-se à exigência de uma nova sociedade na qual o homem pudesse voltar a ser um ente comunitário"(6).

Viver com outros seres humanos faz parte da essencialidade do ser humano; o desenvolver de sua essência - seu conteúdo axiológico - manifestar-se-á antes de tudo no e através dos conteúdos axiológicos dos grupos onde o ser vive; dialeticamente, o predomínio de conteúdo axiológico objetivo do grupo é fornecido através de cada individualidade(6).

O desenvolvimento do ser trabalhador implica em voltarmo-nos para o conjunto em que vivemos nos perguntando: que valor básico ou conteúdo axiológico perpassa nosso grupo? Ou melhor, que valor básico ele possibilita desenvolver da individualidade?

Neste estudo, os encontros dos trabalhadores se mostraram muito mais através das neuroses e dos ressentimentos, demonstrando poucas possibilidades de livre escolha do trabalhador enfermeiro (e demais), dando-nos a noção de sua pouca liberdade e, dessa forma, marcando a medida das possibilidades de desenvolvimento de sua individualidade. Devemos nos perguntar: que valor o trabalhador tem desenvolvido? Sua individualidade ou, no máximo, sua particularidade pessoal?

O trabalhador deve procurar relações/vínculos que o ajudem a viver, e formas de pensar/fazer o trabalho tanto como processo que produz - pois é inegável a finalidade objetiva do trabalho - como processo de impulsos de vida, pois condição de emergência/manifestação do ser trabalhador.

O estudo do cotidiano do trabalho foi capaz de ressaltar, através ou além dos elementos objetivos e subjetivos estruturantes do trabalho, os movimentos do ser trabalhador por entre seus espaços e limites; e a vivência como fundamento básico para compreendermos seu desenvolvimento. Vivência foi entendida como mediação do ser que trabalha consigo e seu mundo - onde o trabalho ocupa um espaço e tempo importante; e mediação do encontro com o seu outro. Portanto, a vivência cotidiana é lócus para o conhecimento do trabalhador, da realização da consciência de si e do outro, e da expressão de ambos que possibilita o desenvolvimento da individualidade do trabalhador. Nesse desenvolvimento, sua identidade vai se construindo através de movimentos de confirmação e transformação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se identidade é aquilo que identifica - uma coisa é identificada através de seus valores (socialmente e subjetivamente atribuídos), caracteres de qualidade e quantidade (forma e conteúdo que constituem seus atributos) e realizações (para o que serve e o que faz) - podemos dizer que este estudo nos mostrou:

- que o enfermeiro é um ser que se constrói no tempo, no espaço e nas relações do cotidiano, essencialmente;

- ser enfermeiro é ser em percepções e expressões sensíveis mais ou menos materializáveis (não somente num objeto, mas nas mais variadas formas de realização, incluindo os significados produzidos);

- o modo de ser enfermeiro indica suas formas materiais, sensitivas e expressivas, conformadas no tempo, no espaço, nas relações e representando a conjunção do ser e suas percepções/expressões.

Este estudo mostrou a identidade como uma dinâmica ou um processo de construção, no qual elementos que participam dessa construção (impossíveis de serem classificados num ordenamento) denunciaram momentos essenciais de nossa conformação.

Chegamos a nenhuma identidade e a todas possíveis neste e noutros espaços e tempos. A nenhuma, por não acreditarmos ser possível um modelo que expresse: o enfermeiro é este ser tal; e, sim, por mostrarmos que é em processo que a identidade se constitui. Há muitas possíveis, pois são inúmeras as determinações objetivas e subjetivas do processo de construção de identidade, no qual uma pluralidade de formas é virtual, pois essas determinações são diversas, assim como são diversos os intercâmbios dos seres nos espaços e tempos do trabalho cotidiano, as possibilidades de cada ser e, ainda, as possibilidades constituídas nas inter-relações do ser com o outro, mais ou menos seu semelhante. Assim, diríamos, não há uma identidade e, sim, uma pluralidade de identidades possíveis, tendo como perspectiva o ser trabalhador.

Acreditamos que este estudo, situado no tempo e espaço específico do trabalho e sob a luz do cotidiano, pôde apresentar caracteres de diversas dimensões que compõem a realidade humana. Alertamos, contudo, que não nos detivemos nas questões mais gerais do trabalho - em especial, as transformações do trabalho no mundo moderno; mas cremos que, através dessas transformações, repercussões atingem a cotidianidade, pois nela as dimensões da realidade se encontram - no cotidiano perpassam os elementos que estruturam a sociedade, sendo o cotidiano o próprio acontecer da história, ou seja, onde se sentem seus efeitos(6). Dessa forma, a estrutura e a história estão presentes no cotidiano, mudando as formas de trabalho e de ser trabalhador, portanto, ressaltando a transitoriedade da identidade desse ser.

Temos muito a compreender e superar sobre estes momentos do processo de construção. Para aprofundarmos essa questão, acreditamos que devemos nos debruçar sobre estudos fundamentados em teorias de médio alcance, onde se privilegie a relação dialética entre sujeitos e objetos em espaços e tempos localmente situados. Sem dúvida, esses estudos devem privilegiar a relação do ser humano com o seu outro.

Como possibilidades iniciadas por este estudo, é possível desejarmos ampliar uma visão circunscrita ao hospital para uma visão do trabalho no mundo moderno. Nesse, indagaríamos das formas de constituição do ser que trabalha e das possibilidades de condução de si no trabalho em saúde. Ou seja, indagaríamos das tecnologias do eu como projetos capazes de conduzir o ser humano trabalhador para o governo de si - um ser capaz de construir e conduzir seus mundos.

Ao aprendermos é necessário lembrarmos que a construção do conhecimento humano sempre contribuiu para o que temos atualmente. Todos nós aprendemos, em nossos papéis, o que é ou não adequado expressarmos e realizarmos; ainda, aprendemos de maneira linear, menos sobre a expressividade sensível dos processos de vida e trabalho e mais sobre sua objetividade; muito sobre o automatismo como forma eficiente, a ascendência através do controle e o poder como força de ter, e menos sobre o ser que se manifesta.

É preciso aprendermos, então, mesmo através das dissociações acima, as brechas para a vinculação de forças de vida disponíveis que possam nos trazer valores mais positivos e significativos.

Recebido em: 18.10.2002

Aprovado em: 25.9.2003

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  • 3. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 4ª ed. São Paulo (SP): Hucitec; 1996.
  • 4. Berger P, Luckmann T. A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. 2ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes; 1973.
  • 5. Hall S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro (RJ): DP&A; 1997.
  • 6. Heller A. O cotidiano e a História. 4ª ed. São Paulo (SP): Paz e Terra; 1970.
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  • 8. Foucault M. Vigiar e punir. Petrópolis (RJ): Vozes; 1977.
  • 9. Foucault M. La verdad y las formas juridicas. Barcelona: Gedisa; 1978.
  • 10. Foucault M. A vontade de saber. 2ª ed. Rio de Janeiro (RJ): Graal; 1979.
  • 11. Foucault M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro (RJ): Graal; 1979.
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  • 13. Gonçalves RBM. Tecnologia e organização social das práticas de saúde. São Paulo (SP): Hucitec-Abrasco; 1994.
  • 14. Ramos FRS. Obra e manifesto: o desafio estético do trabalhador da saúde. Pelotas (SC): Ed. Universitária/UFPEL; 1996.
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  • 16. Moreira LC. As faces e interfaces do processo de trabalho de enfermagem em instituições hospitalares de Cuiabá/MT. [Tese]. Cuiabá (MT): Instituto de Saúde Coletiva/UFMT; 1999.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Abr 2004
  • Data do Fascículo
    Fev 2004

Histórico

  • Aceito
    25 Set 2003
  • Recebido
    18 Out 2002
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