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Porque é difícil publicar em periódicos de alto impacto?

EDITORIAL

Porque é difícil publicar em periódicos de alto impacto?

Maria Lúcia Zanetti

Editor Associado da Revista Latino-Americana de Enfermagem, e Professor Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil, e-mail: zanetti@eerp.usp.br

Convidamos os pesquisadores da Enfermagem a refletirem sobre a assertiva apresentada pelo Professor Bruce Alberts, da Universidade da Califórnia, São Francisco, Estados Unidos da América(1), de que é preciso ultrapassar as áreas de pesquisa já excessivamente exploradas na busca de outras que podem resultar em estudos inovadores, ou seja, é preciso, antes de decidir realizar uma pesquisa, desenvolver estratégias para tomar a decisão sobre qual é o problema científico que precisa ser solucionado e estabelecer parcerias com outros pesquisadores qualificados, para a interação e busca de novos métodos e abordagens em pesquisa.

A necessidade de elaboração de projetos qualificados, frente à competitividade para obtenção de recursos nas agências financiadoras e as exigências para publicações em periódicos de alto impacto, é tema presente entre os pesquisadores da área de Enfermagem.

Nessa direção, as instituições formadoras têm estimulado os pesquisadores a estabelecer parcerias com centros de excelência internacionais, financiados por agências de fomento à pesquisa, motivando os jovens doutores que mostrem potencial para se tornarem pesquisadores promissores a completar a sua formação no exterior, apoiando fortemente os programas de iniciação científica aos graduandos de Enfermagem e oferecendo suporte para o desenvolvimento de pesquisas, tais como programas de professores visitantes do exterior, assessorias com profissionais para colaboração no delineamento de pesquisas e apoio aos docentes para a revisão e a tradução de manuscritos(2).

Esse suporte atende a necessidade de estruturar e organizar programas de pesquisa com vistas à produção de conhecimentos inovadores e de excelência na Enfermagem. Cabe destacar que esse movimento é recente no Brasil e que os frutos advindos dessas iniciativas serão obtidos em médio prazo, ao se considerar o tempo necessário para a formação de um pesquisador.

Em contrapartida, as agências financiadoras de pesquisa e os programas de pós-graduação têm considerado a disseminação do conhecimento produzido pela Enfermagem em periódicos de alto impacto, nos processos avaliativos. Isso implica que os estudos, além do rigor científico, tenham temas de interesse nacional e internacional, apresentem evidências científicas que ajudem os enfermeiros a tomar as melhores decisões na sua prática clínica, na elaboração de políticas de saúde e potencial para a melhoria da saúde da população(3).

Cabe destacar o esforço dos pesquisadores brasileiros em submeter os manuscritos aos periódicos nacionais e internacionais de alto impacto. No entanto, o índice de rejeição dos manuscritos tem sido elevado, e os problemas detectados estão relacionados desde à relevância do tema, problemas de tradução para a língua, preconizada pelos periódicos, até estrutura e redação do manuscrito(4).

Além do suporte para a produção do conhecimento, portanto, é preciso buscar problemas de investigação inovadores que contribuam para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde e qualificação da assistência de enfermagem. A área tem produção substantiva que contempla a fase da descrição dos problemas, porém, torna-se urgente a busca de proposições para a intervenção nos problemas detectados, bem como novas abordagens e métodos para estudar novos e antigos problemas. Desse modo, teremos maior possibilidade de publicação em periódicos de alto impacto.

Referências

  • 1
    Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo. Agência FAPESP. Universidades e institutos de pesquisa devem criar ambiente propício para estudos inovadores. [acesso 9 ago 2012];  2012. Disponível em: http://agencia.fapesp.br/16006
  • 2
    Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo. Agência FAPESP. Instituições de pesquisa devem investir fortemente em jovens pesquisadores. [acesso 7 ago 2012]; 2012. Disponível em: http://agencia.fapesp.br/15995
  • 3. Wilson LL Preparing nurses for global health care. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [periódico na Internet]. 2011;[acesso 9 ago 2012]; 19(6):1278-9.  Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n6/01.pdf
  • 4
    Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo. Agência FAPESP. Cientistas precisam saber escrever, afirma editor. [acesso 4 julho 2012]; 2012. Disponível em: http://agencia.fapesp.br/15832

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Set 2012
  • Data do Fascículo
    Ago 2012
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