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Eficácia da Calatonia sobre os parâmetros clínicos no período pós-operatório imediato: estudo clínico

Resumos

OBJETIVO:

avaliar a eficácia da técnica da Calatonia sobre os parâmetros clínicos e dor no pós-operatório imediato.

MÉTODO:

foi realizado um estudo randomizado, com 116 pacientes, submetidos à cirurgia de colecistectomia por videolaparoscopia, divididos em grupos experimental (58 pacientes) e placebo (58 pacientes). O grupo experimental recebeu a técnica da Calatonia, e o placebo foi submetido apenas a toques não intencionais.

RESULTADOS:

o grupo placebo e experimental foram considerados homogêneos quanto às variáveis: sexo, idade, Physical Status Classification, tempo de procedimento cirúrgico e de permanência na sala de recuperação pós-anestésica. Somente a temperatura corpórea axilar apresentou diferença estatística significante. Quanto à dor, o grupo experimental apresentou resultados significativos, podendo-se inferir que o relaxamento proporcionado pela técnica de Calatonia trouxe o alívio do quadro doloroso.

CONCLUSÃO:

a aplicação da Calatonia pode atuar como recurso complementar à assistência no período pós-operatório imediato. Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos: UTN U1111-1129-9629.

Período de Recuperação da Anestesia; Toque Terapêutico; Terapias Complementares; Terapia de Relaxamento


OBJECTIVE:

to assess the efficiency of the Calatonia technique about clinical parameters and pain in the immediate post-surgical phase.

METHOD:

a randomised study was carried out with 116 patients subjected to a cholecystectomy, by laparoscopy, divided into an experimental group (58 patients) and a placebo group (58 patients). The experimental group received the Calatonia technique, while the placebo was only subjected to non-intentional touches.

RESULTS:

The placebo group and the experimental group were considered homogeneous in terms of the variables: sex, age, physical status classification, duration of surgical procedures and also the time spent recovering in the Post-Anaesthetic Recovery Room. The only variable to show a statistically significant difference was the axillary temperature of the body. In relation to pain, the experimental group showed significant results, and hence it is possible to deduce that the relaxation caused by the Calatonia technique brought some relief of the general situation of pain.

CONCLUSION:

The application of Calatonia can take up the function of a resource complementary to assistance in the period immediately after surgery. Brazilian Register of Clinical Trials, UTN U1111-1129-9629.

Anesthesia Recovery Period; Therapeutic Touch; Complementary Therapies; Relaxation Therapy


OBJETIVO:

evaluar la eficacia de la técnica de la Calatonia sobre los parámetros clínicos y el dolor en el postoperatorio inmediato.

MÉTODO:

fue realizado un estudio aleatorio, con 116 pacientes, sometidos a cirugía de colecistectomía por laparoscópica, divididos en dos grupos: experimental (58 pacientes) y placebo (58 pacientes). El grupo experimental recibió la técnica de la Calatonia, y el placebo fue sometido apenas a toques no intencionales.

RESULTADOS:

el grupo placebo y experimental fueron considerados homogéneos en las variables: sexo, edad, Physical Status Clasification, tiempo de procedimiento quirúrgico y de permanencia en la Sala de Recuperación Postanestésica. Solamente la temperatura corporal axilar presentó diferencia estadística significativa. En lo que se refiere al dolor, el grupo experimental, presentó resultados significativos, pudiéndose deducir que el relajamiento proporcionado por la técnica de Calatonia produjo el alivio del cuadro doloroso.

CONCLUSIÓN:

la aplicación de la Calatonia puede actuar como recurso complementario a la asistencia en el período postoperatorio inmediato. Registro Brasileño de Ensayos Clínicos: UTN U1111-1129-9629.

Periodo de Recuperación de la Anestesia; Tacto Terapéutico; Terapias Complementarias; Terapia de Relajación


Introdução

O período de recuperação pós-anestésica é definido como crítico e se localiza entre a interrupção da administração de drogas anestésicas e o retorno às condições basais do paciente. É caracterizado por instabilidades orgânicas decorrentes do trauma anestésico-cirúrgico como, por exemplo, alterações hemodinâmicas, respiratórias, gastrointestinais, de consciência, associadas ainda à presença de dor e hipotermia, o que exige a vigilância constante da equipe médica e de enfermagem seguida de identificação do problema e intervenções para tratamento das mesmas( 11. Bello CN. Recuperação pós-anestésica - escalas de avaliação, princípios gerais. Rev Centro Est Anest FMUSP. 2000;9:4-5. ).

O enfermeiro deve possuir conhecimentos e habilidades para prestar assistência anestésica e operatória aos clientes submetidos aos diferentes tipos de cirurgias, dependentes ou não de respiradores. Além da competência técnica que é exigida do enfermeiro nas 24 horas, é necessário o treinamento e supervisão dos componentes da sua equipe( 22. Carvalho R, Bianchi ERF. Enfermagem em centro cirúrgico e recuperação. 1ª ed. Barueri: Manole; 2007. ).

Diante da identificação dos fatores de risco, cabe ao enfermeiro realizar uma avaliação do paciente, das funções respiratória e cardiovascular, sistema nervoso central, dor referida ou subjetiva, temperatura, atividade motora, equilíbrio hidroeletrolítico, infusões, drenagem, perfusão, sangramentos, condições do curativo e ocorrência de náuseas e vômitos( 33. Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Pós- Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC). Práticas recomendadas SOBECC. 5ª ed. São Paulo: SOBECC; 2009. ).

O enfermeiro pode fazer uso de técnicas complementares em saúde nesse momento para alívio das alterações pós-operatórias detectadas como, por exemplo, a Calatonia.

Compreende-se por Terapias Alternativas e Complementares (TA/TC), como um amplo domínio de recursos de cura que engloba todos os sistemas de saúde, modalidades e práticas e suas teorias e crenças acompanhantes; inclui todas as práticas e ideias autodefinidas por seus usuários como prevenindo ou tratando as doenças ou promovendo a saúde e bem-estar( 44. Souza VT. Enfermeiros que trabalham com terapias complementares: conhecendo sua prática [dissertação]. São Paulo: Escola Paulista de Medicina da UNIFESP; 2000. ).

Em 1996, a Nursing Intervention Classification (NIC) define intervenção de enfermagem como qualquer tratamento que tenha por base o julgamento clínico e o conhecimento que a enfermeira execute para melhorar os resultados do paciente. As intervenções de enfermagem incluem cuidado direto e indireto; os tratamentos podem ser iniciados pela enfermeira, médico, ou outro agente provedor. A intervenção de cuidado direto incluem ambas as ações de enfermagem - fisiológicas e psicológicas. O tratamento iniciado pela enfermeira consiste em uma intervenção em resposta ao diagnóstico de enfermagem, uma ação autônoma baseada no raciocínio científico( 55. McCloskey JC, Bulechek GM. Nursing intervention classification (NIC). 2. ed. St. Louis: Mosby; 1996. ).

Com embasamento no conhecimento técnico-científico e nas classificações internacionais de diagnósticos de enfermagem da NANDA internacional (NANDA-I)( 66. Herdman TH. Nursing Diagnoses Definitions and Classification - Nanda Internacional (NANDA-I). Wiley- Blackwell; 2012-2014. ) e NIC( 55. McCloskey JC, Bulechek GM. Nursing intervention classification (NIC). 2. ed. St. Louis: Mosby; 1996. ), é alcançado através da sistematização da assistência de enfermagem, uma força conjunta à equipe de saúde multiprofissional para atingir melhor prognóstico e recuperação do paciente.

Como diagnóstico de enfermagem, a NANDA-I inclui em sua classificação o item Distúrbio no Campo Energético, tendo como item de avaliação o toque terapêutico( 55. McCloskey JC, Bulechek GM. Nursing intervention classification (NIC). 2. ed. St. Louis: Mosby; 1996. ).

As terapias complementares oferecem um campo amplo para atuação, pois o contato constante do enfermeiro com o paciente favorece a implementação dessas terapias, a fim de aliviar a dor, promover assistência integralizada, sistematizada, padronizada, e melhorar a qualidade de vida do paciente no ambiente hospitalar.

A Calatonia é uma técnica de relaxação ou de relaxamento que age em nível cortical, e, por meio da sensibilidade cutânea, leva à harmonia interna, ao bem-estar físico e psíquico. A técnica é aplicada em determinadas áreas dos pés e pode figurar como tratamento central ou auxiliar nos processos psicoterapêuticos( 77. Sándor P. Técnicas de relaxamento. 4ª ed. São Paulo: Vetor; 1982. ).

Estudo sobre o efeito da Calatonia no pré-operatório de pacientes cirúrgicos mostrou diminuição da ansiedade e redução, embora não estatisticamente significante, dos parâmetros clínicos avaliados( 88. Nosow V, Peniche ACG. Paciente cirúrgico ambulatorial: calatonia e ansiedade. Acta Paul Enferm. 2007; 20(2):161-7. ).

Em sala de recuperação pós-anestésica observam-se diferentes evoluções nos pacientes. Cada paciente tem uma forma de enfrentamento, alguns se mostram agitados, confusos, outros mais sonolentos e tranquilos, ainda que submetidos ao mesmo tipo de procedimento anestésico cirúrgico. Diante dessas particularidades de respostas ao trauma anestésico-cirúrgico, as intervenções de enfermagem, além de considerar os antecedentes patológicos, o tipo de cirurgia e anestesia efetuadas, são direcionadas para a alteração fisiológica provocada pelo ato anestésico-cirúrgico como, por exemplo, alteração do nível de consciência, presença de dor, náuseas e vômitos, condições de hidratação, temperatura corpórea, capacidade de micção, aspecto e quantidade do débito urinário, inspeção dos drenos, sangramentos e curativos( 99. Peniche ACG, Chaves EC. Surgical patient and anxiety: some consideration. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2000;8(1):45-50. ).

Introduzir o uso de práticas complementares nas intervenções de enfermagem, em particular a Calatonia, poderia proporcionar assistência de enfermagem individualizada e humanizada, voltada para as particularidades do ser humano e de sua integralidade, e não somente assistência pautada na relação direta entre a alteração fisiológica e a intervenção de enfermagem.

Estudos apontam que após uma revisão de literatura em Enfermagem, no período de 1980 a 2005, sobre TA/TC, essas foram identificadas, em produção científica nacional, como as mais utilizadas - o toque terapêutico e a fitoterapia( 1010. Salles LF, Ferreira MZJ, Silva MJP, Turrini RNT. Terapias complementares na enfermagem: levantamento bibliográfico. Nursing (São Paulo). 2007; 9(105):94-8. ).

A relação entre essas terapias e a enfermagem tem atraído crescente interesse no campo da saúde no mundo. Alguns pesquisadores começaram a examinar esse tópico, explorando o seu contexto social, cultural, econômico e político, além das afinidades específicas entre essas terapias e a profissão da enfermagem( 1111. Tovey P, Easthope G, Adams J. The mainstreaming of complementary and alternative medicine: studies in social context. London: Routledge; 2003. - 1212. Adams J, Tovey P. Complementary and alternative medicine in nursing and midwifery: critical readings. London: Routledge; 2006. ). No entanto, a maior parte desse trabalho tem sido realizada no Reino Unido, Austrália, Canadá e Estados Unidos.

Após análise de variados textos, os autores ressaltam que a abordagem integrativa das terapias alternativas exprime um aspecto da transformação dos valores culturais nas sociedades contemporâneas. Citam, em seus resultados, um quadro com as práticas terapêuticas alternativas oferecidas no município do Rio de Janeiro, no qual se destaca a sua diversidade, entre elas, a Calatonia( 1313. Souza EFA, Luz MT. Bases socioculturais das práticas terapêuticas alternativas. Hist Ciênc Saúde-Manguinhos. 2009;16(2):393-405. ).

A Resolução do Conselho Federal de Enfermagem, COFEN-197/97, através do Parecer Normativo nº004/95 estabelece e reconhece as terapias alternativas como especialidade e/ou qualificação do profissional de enfermagem, desde que o profissional tenha sido aprovado em curso reconhecido por instituição de ensino ou entidade congênere, com carga horária mínima de 360 horas( 1414. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (COREN). Documentos básicos de enfermagem: principais leis e resoluções que regulamentam o exercício profissional de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. São Paulo: Escrituras; 2008. - 1515. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) (BR). Resolução n. 197, de 19 de março de 1997. Estabelece e reconhece as terapias alternativas como especialidade e/ou qualificação do profissional de enfermagem [Internet]. Brasília; 1997. [acesso 12 jan 2011]. Disponível em: http://site.portalcofen.gov.br/node/4253.
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).

A ação da Calatonia ocorre através de toques sutis na pele, afirma dr.Sándor, criador da técnica da Calatonia. Esses estímulos gerados atuam sobre os inúmeros receptores nervosos ali existentes e se propagarão naturalmente pelas vias neurológicas, às quais estão conectados por todo o sistema nervoso. Devido à leveza de seu toque, o efeito é mais profundo, proporcionando regulação, tonificação, equilibrando lentamente todos os sistemas: ósseo, circulatório, muscular, hormonal, digestivo, renal, respiratório, linfático( 77. Sándor P. Técnicas de relaxamento. 4ª ed. São Paulo: Vetor; 1982. ).

A expressão Calatonia indica uma condição de descontração e soltura e/ou distensão muscular, porém, não apenas do ponto de vista muscular, em seu sentido mais amplo refere-se também àquelas possibilidades de reorganização de tensões internas( 1616. Farah RM. O trabalho corporal e a psicologia de C.G. Jung. 2ª ed. São Paulo: Companhia Ilimitada; 2008. ).

Entende-se, assim, que, nos períodos pré e pós-operatório, a Calatonia pode ser utilizada como tratamento complementar e interdisciplinar, proporcionando o bem-estar psicofísico, principalmente em se considerando que o paciente submetido ao tratamento anestésico-cirúrgico sofre de agressões fisiológicas e emocionais, que o desestabilizam integralmente( 88. Nosow V, Peniche ACG. Paciente cirúrgico ambulatorial: calatonia e ansiedade. Acta Paul Enferm. 2007; 20(2):161-7. ).

Embora as alterações neuroendócrinas sejam necessárias para a sobrevivência do indivíduo, a Calatonia é proposta neste estudo com a finalidade de minimizar o traumatismo físico e o sofrimento psicológico que atinge o paciente, por meio da reorganização fisiopsíquica, que será responsável pelo bem-estar físico e emocional.

Objetivos

Avaliar a eficácia da técnica de Calatonia sobre as condições clínicas pressão arterial sistêmica, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura corpórea axilar, saturação de oxigênio e dor no período pós-operatório imediato.

Casuística e método

Trata-se de ensaio clínico controlado randomizado que comparou o efeito e o valor de uma intervenção (Calatonia) de forma aleatória em dois grupos (grupo placebo e experimental). Este estudo foi realizado em um hospital geral terciário, privado, eminentemente cirúrgico, localizado na região central do município de São Paulo e que possui um centro cirúrgico com 16 salas de cirurgia e uma unidade de recuperação pós-anestésica com 18 leitos. O volume cirúrgico é, em média, de 1.100 cirurgias/mês e para a Sala de Recuperação Pós-anestésica (SRPA) são encaminhados, em média, 950 pacientes/mês.

A estimativa do tamanho amostral para proporções binominais com poder do teste de 80% definiu uma amostra de 116 indivíduos, 58 em cada grupo (placebo e experimental), distribuídos aleatoriamente, utilizando-se uma tabela de randomização( 1715. Rosner B. Fundamentals of Biostatistics. 6ª ed. Belmont: Thompson Brooks/Cole; 2006. 416 p. ).

Os critérios para a inclusão foram: pacientes hígidos (ASA 1) e aqueles com alguma comorbidade associada (ASA 2), segundo classificação da American Society of Anesthesiology (ASA), submetidos a procedimento de colecistectomia por vídeolaparoscopia sob anestesia geral e permanência de pelo menos 60 minutos na SRPA.

Foi utilizado, para a coleta dos dados, um instrumento contendo duas partes: (1) dados do período pré-operatório como número do registro hospitalar, sexo, idade, data e horário da cirurgia, sinais vitais (pressão arterial não invasiva, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura corpórea axilar) e classificação do ASA e (2) dados do período pós-operatório imediato, isto é, procedimentos anestésico e cirúrgico realizados, duração dos procedimentos, tempo de permanência na SRPA, parâmetros clínicos (pressão arterial não invasiva, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura corpórea axilar e saturação de oxigênio) e avaliação numérica verbal da dor.

Procedimento de coleta

A coleta de dados foi iniciada durante a visita pré-operatória, onde os pacientes foram convidados a participar do estudo. Àqueles que concordaram foram explicados os objetivos e finalidades da pesquisa e entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Nesse momento, consultou-se o prontuário do paciente e, em seguida, a anotação dos dados pessoais, dos parâmetros clínicos e da classificação do estado físico (ASA).

A fase do pós-operatório imediato foi realizada durante a permanência do paciente na unidade de Recuperação pós-Anestésica (RPA). Após a recepção do paciente na unidade de RPA, foi realizada a coleta dos seguintes parâmetros clínicos de admissão (t0): pressão arterial sistêmica, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura corpórea axilar, saturação de oxigênio e avaliação da dor. Ressalta-se que esses parâmetros clínicos foram avaliados em todo o período de permanência na SRPA, ou seja, a cada 15 minutos durante uma hora. Logo a seguir foi aplicada a técnica da Calatonia aos pacientes do grupo experimental.

No que se refere ao grupo placebo, essa mesma sequência de monitorização foi obedecida, porém, não foi realizada a intervenção da Calatonia, apenas realizaram-se toques, isto é, os artelhos dos pés foram tocados sem intenção terapêutica e de forma sequencial em sua apresentação anatômica, o que difere da sequência original da aplicação da técnica da Calatonia.

A aplicação da Calatonia foi realizada na admissão (t0) e após 60 minutos de permanência na SRPA (t1). O tempo estimado para cada aplicação da técnica da Calatonia foi de 20 minutos, sendo dois minutos para cada área determinada, finalizando-se a sessão. O procedimento básico da Calatonia consiste em uma série de nove toques (Figura 1) que o profissional realiza na área dos pés, em cada um dos artelhos em dois pontos da região plantar dos pés, calcanhares, tornozelos, além de mais um toque no início das panturrilhas, podendo ser acrescido do décimo toque, conhecido como Calatonia da cabeça, aplicado na região occipital.


Figura 1- Sequência dos toques realizados na Calatonia

A técnica da Calatonia foi aplicada pelo próprio autor pesquisador que realizou curso específico sobre a aplicação da mesma, que envolve a habilitação prática pelo aprendizado da técnica e aquisição de um sólido embasamento teórico.

As variáveis foram descritas pelas frequências relativas e absolutas em cada grupo e quando possível foram feitas medidas de tendência central e de variabilidade.

Os grupos placebo e experimental foram comparados quanto ao sexo, idade, parâmetros clínicos pré-operatório e pós-operatório imediato e dor na admissão (t0) e após uma hora (t1) de permanência na SRPA. A variável dor foi dicotomizada na análise: escore <3 (sem dor) e escore ≥3 (presença de dor). Foram aplicados os testes t de Student para variáveis com distribuição normal ou Mann-Whitney, qui-quadrado e admitido nível de significância estatística p≤0,05.

O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética e Pesquisa da instituição de estudo (Protocolo nº05/10) e os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta foi realizada no período compreendido de março a junho de 2010.

Resultados

Dos 116 pacientes que compuseram a amostra, houve predominância do sexo feminino (n=72; 62,1%), 40 (68,9%) pertenciam ao grupo placebo e 32 (55,2%) ao grupo experimental (p=0,180).

No grupo placebo houve predomínio de pacientes na faixa etária de 40 a 49 anos (32,8%) e no grupo experimental a faixa etária de 50 a 60 anos (36,2%). A idade média dos pacientes do grupo placebo foi de 42,5 anos (dp=±1,4) e mediana de 44 anos (variação de 18 a 60). No grupo experimental, a média foi de 43,3 anos (dp=±1,5) e a mediana de 44,5 anos (variação de 19 a 60), mas sem diferença estatística significativa (p=0,689).

Quanto à classificação do estado físico no pré-operatório, observa-se que a maioria dos indivíduos do grupo placebo apresentou ASA 2 (n=31; 53,4%) e o grupo experimental foi composto pela mesma proporção de indivíduos ASA 1 e ASA 2 (n=29; 50%), sem diferença estatisticamente significante (p=0,853).

Em relação ao tipo de anestesia, a maioria, tanto no grupo placebo (n=30; 51,8%) quanto no experimental (n=39; 67,2%), recebeu anestesia geral endovenosa (p=0,800).

Os dois grupos tiveram média de tempo cirúrgico próxima (p=0, 936), quando comparados, isto é, a duração do procedimento do grupo placebo foi de 1h e 56min (dp=±33min) e o grupo experimental foi de 1h e 57min (dp=±36min). O mesmo ocorreu com o tempo de permanência na SRPA (p=0, 872), onde o grupo placebo apresentou média de permanência de 1h e 21min (dp=±28min) e o experimental 1h e 16min (dp=±17min).

Os parâmetros clínicos avaliados no pré-operatório, pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura, não apresentaram diferença estatística significativa entre o grupo placebo e o experimental (p>0,20). O mesmo ocorreu no pós-operatório em t0, com exceção da temperatura (Tabela 1). Na avaliação em t1, após a intervenção, também não se observou diferença estatística significativa nos parâmetros clínicos entre grupo placebo e experimental.

Tabela 1
Comparação dos grupos com relação às médias dos parâmetros clínicos, no pós-operatório imediato. São Paulo, SP, Brasil, 2010

No que se refere à avaliação numérica verbal da dor nos grupos placebo e experimental, cabe relembrar que, neste estudo, optou-se por dicotomizar a escala numérica de avaliação da dor de 0 a 10 em uma pontuação menor que 3 como ausência de dor e a presença de dor pontuação igual ou maior que 3.

Dessa forma, pode-se observar que 44 (75,9%) pacientes do grupo placebo não apresentam dor e 14 (24,1%) relatam dor, na admissão na SRPA (T0). No grupo experimental, 47 (81,0%) pacientes não referem dor logo após receberem a técnica da Calatonia e 11 (19,0%) pacientes relatam dor na admissão na SRPA (T0).

Após 60 minutos de permanência na SRPA (T1), observa-se que 49 (84,5%) pacientes do grupo placebo relatam não sentir dor e 9 (15,5%) apresentam dor. Já no grupo experimental, 57 (98,3%) pacientes não referem dor e 1 (1,7%) paciente relata presença da mesma. Ao se comparar os grupos, nesse momento, há diferença estatística significante entre eles (p=0,016).

Pode-se inferir por esses resultados que um grupo maior de pacientes pertencentes ao grupo experimental não apresentaram dor (escore <3), referida em sua recuperação pós-anestésica (Tabela 2). Ressalta-se, ainda, que esse grupo experimental permaneceu menor tempo em SRPA uma vez que, pela ausência de dor e com estabilidade dos parâmetros clínicos, obtiveram condições de alta da SRPA.

Tabela 2
Distribuição dos pacientes cirúrgicos, dos grupos placebo e experimental, segundo a avaliação numérica da dor na Sala de Recuperação Pós-anestésica (SRPA). São Paulo, SP, 2010

Discussão

É importante destacar que poucos são os estudos realizados sobre a utilização de terapias complementares, no período pós-operatório imediato. Acredita-se que essa escassez seja um reflexo não só da falta de inserção das TA/TC nos cursos de graduação, da hegemonia do modelo biomédico, mas, também, consequente à dificuldade em se mensurar os efeitos produzidos pelas TA/TC pelas metodologias tradicionais.

Esse conhecimento integral do indivíduo, abandonado devido ao desenvolvimento de equipamentos mais sofisticados e fármacos potentes, vem sendo recuperado pelos profissionais da enfermagem que o veem como importante recurso de interação com o paciente, tanto na criação de vínculos de empatia quanto no auxílio à estabilização do equilíbrio físico-emocional( 1818. Gala MF, Telles SCR, Silva MJP. Ocorrência e significado do toque entre profissionais de enfermagem e pacientes de uma UTI e unidade semi-intensiva cirúrgica. Rev Esc Enferm USP. 2003;37(1):52-61. ).

No presente estudo, verificou-se que o sexo predominante dos pacientes foi o feminino e na faixa etária dos 40 anos, dados semelhantes aos de outros estudos em pacientes submetidos à cirurgia de colecistectomia por vídeolaparoscopia( 1919. Henriques AC, Pezzolo S, Gomes M. Colecistectomia videolaparoscópica ambulatorial- estudo de 60 casos. Arq Med ABC. 2002;27(2):6-8. - 2020. Dalri CC, Rossi LA, Dalri MCB. Nursing diagnoses of patients in immediate postoperative period of laparoscopic cholecystectomy. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2006;14(3):389-96. ). A colelitíase é uma das doenças mais frequentes do aparelho digestivo, acometendo 20% da população adulta e na maioria mulheres( 2121. Fiorillo MA, Davidson PG, Fiorillo M, D'Anna JA Jr, Sithian N, Silich RJ. 149 ambulatory laparoscopic cholecystectomies. Surg Endosc. 1996;10(1):52-6. - 2222. Haicken BN. Laser laparoscopic cholecystectomy in the ambulatory setting. J Post Anesth Nurs. 1991;6(1):33-9. ). Esse fato tem sido atribuído a sucessivas gestações, uso de pílulas anticoncepcionais ou terapêutica hormonal de substituição, uma vez que o estrógeno, hormônio feminino utilizado na terapia de reposição hormonal, pode ser responsável por processos inflamatórios e sintomas que simulam a colelitíase.

Quanto ao risco cirúrgico, a maioria foi ASA 2, tendo como patologia de base a hipertensão e o diabetes compensados. Cabe salientar que, para a análise dos parâmetros clínicos no período pós-operatório, esses pacientes tratados com betabloqueadores e hipoglicemiantes não foram separados em subgrupos diferentes. A estabilidade dos parâmetros clínicos apresentados, tanto pelos pacientes ASA 1 quanto ASA2, trouxe condições favoráveis para alta da SRPA.

Em relação ao tipo de anestesia realizada para a exploração das vias biliares por vídeolaparoscopia, a anestesia geral endovenosa se sobressaiu. A escolha do tipo de anestesia a ser realizada está vinculada às condições fisiológicas e a outras particularidades do paciente, ficando a critério do anestesista, em consenso com o cirurgião, a escolha do procedimento anestésico( 2323. Ortenzi AV. Avaliação e medicação pré-anestésicas. In: Yamashita AM, Takaoka F, Auler JOC Jr, Iwata MN, editores. Anestesiologia - Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP). 5ª ed. São Paulo: Atheneu; 2001. p. 467-97. ).

Algumas TA/TC têm sido utilizadas em associação com a técnica da anestesia com o objetivo de redução do consumo de opioides, no período intraoperatório. Como exemplo, tem-se a acupuntura que tem sido utilizada no período perioperatório, não para produzir anestesia verdadeira ou inconsciência, mas por reduzir o consumo de anestésicos voláteis ou opioides, uma vez que previne a ativação das vias de dor( 2323. Ortenzi AV. Avaliação e medicação pré-anestésicas. In: Yamashita AM, Takaoka F, Auler JOC Jr, Iwata MN, editores. Anestesiologia - Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP). 5ª ed. São Paulo: Atheneu; 2001. p. 467-97. ).

No que se refere ao tempo de permanência na SRPA, observa-se pequena diferença entre as médias de estadia na SRPA nos grupos. Em relação à avaliação dos parâmetros clínicos no período pré-operatório, na admissão da SRPA (t0) e na alta (t1), os grupos mantiveram-se homogêneos, não apresentando diferença estatisticamente significante. Atribui-se esse resultado ao vínculo criado pela pesquisadora com o paciente e seu acompanhante, proporcionando segurança e tranquilidade. Além disso, os pacientes com hipertensão estavam estabilizados pelo uso de medicações.

Embora as diferenças entre as médias dos parâmetros clínicos não tenham sido significantes houve redução do batimento cardíaco e reorganização da respiração, sendo menores para o grupo experimental. Sugere-se que essas diferenças tenham ocorrido pela relaxação provocada pela Calatonia.

Somente a temperatura corpórea axilar evidenciou resultado estatisticamente significante, na admissão em SRPA, quando comparada à do grupo placebo. Considerando-se a temperatura como um dos sinais vitais que compõem os parâmetros clínicos avaliados e que o organismo depende de sua elevação para aumentar seu metabolismo, inferiu-se que, para esse momento, a diminuição de temperatura não foi benéfica. Essa diminuição da temperatura poderia, embora se tenha uma pequena possibilidade, estar associada à ação vasoconstritora de agentes anestésicos ainda não metabolizados.

A anestesia multimodal e a analgesia pós-operatória, realizadas nos pacientes deste estudo, podem minimizar as alterações neuroendócrinas e metabólicas, decorrentes do trauma anestésico cirúrgico, no período pós-operatório, e também a dor. Porém, existem outros agravantes no caso das queixas de dor no período pós-operatório, para esse tipo de cirurgia realizada, como a irritação do peritônio diafragmático, causada pelo CO2 e o estiramento das fibras musculares diafragmáticas, provocadas pelo pneumoperitônio( 2424. Cunningham AJ, Brull S. Laparoscopic cholecystectomy: anesthetic implications. Anesth Analg. 1993;76(5): 1120-33. ).

No tratamento de pacientes com dor, além do emprego de antidepressivos, anticonvulsivantes e opioides, medidas não farmacológicas como a fisioterapia, a terapia ocupacional, TA/TC (relaxamento, meditação, hipnose, massagem, quiropraxia, estimulação elétrica nervosa transcutânea) e exercícios parecem ser coadjuvantes( 2525. Sampaio LR, Moura CV, Resende MA. Recursos fisioterapêuticos no controle da dor oncológica: revisão da literatura. Rev Bras Cancerol. 2005;51(4):339-46. ).

No estudo atual, após 60 minutos de permanência em SRPA, com a aplicação da Calatonia no grupo experimental, observou-se resultado estatisticamente significante, embora não se possa desconsiderar que os pacientes tenham recebido, no intraoperatório, esquemas analgésicos importantes. Ressalta-se, ainda, que mesmo com a analgesia recebida no intraoperatório, alguns pacientes em ambos os grupos continuaram se queixar de dor, na admissão na SRPA.

Embora somente o grupo experimental tenha recebido o toque terapêutico da Calatonia, o grupo placebo também recebeu um toque não intencional, o que significa dizer que todos os pacientes receberam uma assistência individualizada desde o início da pesquisa.

Conclusão

Somente a temperatura corpórea axilar apresentou diferença estatística significante entre os grupos placebo e experimental no momento de admissão na SRPA. Quanto à dor, o grupo experimental apresentou resultados significativos, podendo-se inferir que o relaxamento proporcionado pela técnica de Calatonia trouxe alívio do quadro doloroso.

Sendo assim, a aplicação da Calatonia pode atuar como recurso complementar à assistência no período pós-operatório imediato, devendo ser compartilhado, podendo contribuir para futuros estudos, na área de Recuperação pós-Anestésica.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sept-Oct 2013

Histórico

  • Recebido
    22 Jul 2012
  • Aceito
    14 Jun 2013
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