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O enfrentamento do uso do crack


No Brasil e em países da América Latina, desde o final da década de 80 do século passado, informações sobre o uso do crack são veiculadas e, recentemente, resultaram na adoção de medidas estratégicas de alguns governos e instituições, visando o enfrentamento e a prevenção de sua utilização.

Trata-se de droga composta pela mistura da pasta básica da cocaína com bicarbonato de sódio, cujos efeitos são tão intensos que o comportamento de seus usuários passa a ser centrado, exclusivamente, no seu consumo, fazendo com que o atendimento das necessidades humanas como sono, alimentação, afeto, senso de responsabilidade e de sobrevivência sejam esquecidos.

O uso do crack, inicialmente, é identificado entre adolescentes, adultos e também entre idosos. Os estilos e cultura do uso colocam essas pessoas em inúmeras situações de risco tais como doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada, atos de violência, roubos e o tráfico de drogas.

As implicações associadas ao uso de crack constituem-se em importante problema para as políticas públicas de saúde, para o ensino e pesquisa da prática clínica dos profissionais envolvidos na assistência à saúde e, especialmente, para os profissionais de enfermagem que constituem as categorias mais numerosas na equipe de saúde.

No Brasil, em 2010, o Ministério da Saúde instituiu o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, visando a prevenção do uso, o tratamento e a reinserção social de usuários e a capacitação profissional, tendo como premissa que o usuário do crack tem direito à saúde e, ainda, de refazer o seu projeto de vida. Destaca-se que o referido programa também abarca o enfrentamento do tráfico de outras drogas ilícitas( 11. Decreto nº 7.179 de 20 de maio de 2010 (BR). Institui Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, cria o seu Comitê Gestor, e dá outras providências. Diário Oficial da União; 20 maio 2010. ).

Assim, nesse plano a proposta foi estruturar, ampliar e fortalecer as redes de atenção à saúde e de assistência social para usuários de crack e outras drogas, por meio da articulação das ações do Sistema Único de Saúde - SUS, com as ações do Sistema Único de Assistência Social - Suas, contemplando a participação dos familiares e a atenção aos públicos vulneráveis como, entre outros, crianças, adolescentes e população em situação de rua.

No que se refere ao preparo profissional, observa-se a crescente oferta de cursos e capacitações de profissionais da saúde e da educação, introdução de conteúdos sobre o uso de drogas na graduação de enfermeiros e de outros profissionais da saúde.

No campo da pesquisa, nosso principal desafio é "aproximar as evidências científicas da prática profissional"( 22. Cassiani SHB. Challenges for nursing human resources. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2013;21(spe):1-2. ). Dois aspectos importantes devem ser destacados nesse desafio. O primeiro trata-se da própria produção de evidências científicas sobre a nossa prática ou nossa intervenção. O segundo diz respeito a favorecer a prática em evidências em todos os cenários da prática profissional.

O que impede ou inibe a transferência do conhecimento útil para a prática clínica da enfermagem? Inúmeros fatores contribuem para essa lacuna desafiadora entre teoria e prática, incluindo os processos organizacionais e sociais em contextos clínicos, a natureza e o nível de evidência, a aplicabilidade e utilidade do conhecimento produzido para a prática clínica e a falta de conhecimento e habilidades dos enfermeiros( 33. Duhamel F. Implementing Family Nursing: How Do We Translate Knowledge Into Clinical Practice? Part II: The Evolution of 20 Years of Teaching Research, and Practice to a Center of Excellence in Family Nursing. Journal of Family Nursing. 2010;16(1):8-25. ). Nesse sentido, convidamos os pesquisadores que abordam o fenômeno do crack e outras drogas a publicar os resultados de suas pesquisas, a fim de contribuir com evidências científicas para o enfrentamento do uso e da prevenção do uso do crack.

References

  • 1
    Decreto nº 7.179 de 20 de maio de 2010 (BR). Institui Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, cria o seu Comitê Gestor, e dá outras providências. Diário Oficial da União; 20 maio 2010.
  • 2
    Cassiani SHB. Challenges for nursing human resources. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2013;21(spe):1-2.
  • 3
    Duhamel F. Implementing Family Nursing: How Do We Translate Knowledge Into Clinical Practice? Part II: The Evolution of 20 Years of Teaching Research, and Practice to a Center of Excellence in Family Nursing. Journal of Family Nursing. 2010;16(1):8-25.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2013
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