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Análise da trajetória dos pais latinos, variáveis culturais nas atitudes sexuais dos adolescentes, normas, auto-eficácia, e intenções sexuais1 1 Apoio financeiro do National Institutes of Health Grant, Estados Unidos, processo nº 5R21NR010457-02

Resumos

OBJETIVO:

testar um modelo teórico com base na Expansão Parental da Teoria do Comportamento Planejado, examinando a relação entre pais selecionados, adolescentes e variáveis culturais e as intenções dos jovens latinos ao se envolverem com comportamento sexual.

MÉTODO:

um design correlacional de corte transversal baseado em uma análise de dados secundários de 130 pares de pais e adolescentes latinos.

RESULTADOS:

procedimentos de regressão e de análise de trajetória foram usados para testar sete hipóteses e os resultados demonstraram um apoio parcial para o modelo. O familismo parental e o conhecimento sobre sexo foram significativamente associados com as atitudes dos pais em relação a comunicação sexual com seus filhos. A aculturação dos pais latinos foi negativamente relacionada com sua auto-eficácia na comunicação sexual com os adolescentes e positivamente relacionada com suas normas subjetivas na comunicação sexual com os jovens. O conhecimento do adolescente sobre sexo foi consideravelmente associado com os mais altos níveis de suas atitudes e normas subjetivas sobre a comunicação sexual com seus pais. Apenas o preditor das atitudes dos adolescentes sobre ter relações sexuais nos próximos três meses foi significativamente associado com as intenções dos adolescentes em ter relações sexuais nos próximos 3 meses..

CONCLUSÃO:

os resultados deste estudo fornecem informações importantes para guiar pesquisas futuras que possam informar o desenvolvimento de intervenções para prevenir o comportamento sexual arriscado de adolescentes entre os latinos.

Comportamento do Adolescente; Hispano-Americanos; Comportamento Sexual; Relações Pais-Filho; Comunicação; Cultura


OBJECTIVE:

to test a theoretical model based on the Parent-Based Expansion of the Theory of Planned Behavior examining relation between selected parental, teenager and cultural variables and Latino teenagers' intentions to engage in sexual behavior.

METHOD:

a cross-sectional correlational design based on a secondary data analysis of 130 Latino parent and teenager dyads.

RESULTS:

regression and path analysis procedures were used to test seven hypotheses and the results demonstrated partial support for the model. Parent familism and knowledge about sex were significantly associated with parents' attitudes toward sexual communication with their teenagers. Parent Latino acculturation was negatively associated with parents' self-efficacy toward sexual communication with their teenagers and positevely associated with parents' subjective norms toward sexual communication with their teenagers. Teenager knowledge about sex was significantly associated with higher levels of teenagers' attitudes and subjective norms about sexual communication with parents. Only the predictor of teenagers' attitudes toward having sex in the next 3 months was significantly associated with teenagers' intentions to have sex in the next 3 months.

CONCLUSION:

the results of this study provide important information to guide future research that can inform development of interventions to prevent risky teenager sexual behavior among Latinos.

Adolescent Behavior; Hispanic Americans; Sexual Behavior; Parent-Child Relations; Communication; Culture


OBJETIVO:

poner a prueba un modelo teórico basado en " Parent-Based Expansion " y con base en la teoría del comportamiento planificado para examinar la relación entre los padres seleccionados, adolescente y variables culturales, como también en las intenciones de los adolescentes latinos a participar en el comportamiento sexual.

MÉTODO:

un diseño correlacional transversal basado en un análisis de datos secundarios de 130 padres latinos y sus diadas adolescentes.

RESULTADOS:

regresión y procedimientos de análisis camino se utilizaron para probar siete hipótesis y los resultados demostraron un apoyo parcial para el modelo. El familismo y el conocimiento sobre el sexo de padres se asociaron significativamente con las actitudes de los padres hacia la comunicación sexual con sus hijos adolescentes. La aculturación de los padres latinos fue negativamente asociada con la autoeficacia los padres hacia la comunicación sexual con los adolescentes y alteran asociados a normas subjetivas de los padres hacia la comunicación sexual con los adolescentes. Conocimiento del adolescente sobre el sexo fue significativamente asociado con niveles más altos de las actitudes y normas subjetivas acerca de la comunicación sexual con padres adolescentes. Sólo el predictor de actitudes de los adolescentes teniendo sexo en los próximos 3 meses se asoció significativamente con la intención de adolescentes tiene relaciones sexuales durante los próximos 3 meses.

CONCLUSIÓN:

los resultados de este estudio proporcionan información importante para orientar la investigación futura que puede informar al desarrollo de intervenciones para prevenir comportamiento sexual de riesgo entre los adolescentes latinos.

Conducta del Adolescente; Hispanoamericanos; Conducta Sexual; Relaciones Padres-Hijo; Comunicación; Cultura


Introdução

Ao longo das duas últimas décadas, o número de latinos tem crescido rapidamente nos Estados Unidos, e eles agora compreendem o maior grupo étnico minoritário da nação com 17% da população total. A população latina dos Estados Unidos é jovem, com a idade média de 27 anos( 1Pew Research Center. Median age for Hispanics is lower than median age for total U.S. population. 2012.[acesso 11 jan 2015]. Disponível em: http://www.pewresearch.org/daily-number/median-age-for-hispanics-is-lower-than-median-age-for-total-u-s-population/
http://www.pewresearch.org/daily-number/...
). Os adolescentes latinos são mais propensos que os jovens brancos a terem mais de quarto companheiros sexuais durante sua vida, a iniciar a atividade sexual antes dos treze anos de idade e evitar o uso de camisinha e de métodos contraceptivos( 2Centers for Disease Control and Prevention. Youth Risk Behavior Surveillance - United States 2013. [acesso 19 jan 2015]. MMWR Surveillance Summaries. [Internet]. 2014;63(4):1-172. Disponível em: http://www.cdc.gov/healthyyouth/yrbs/
http://www.cdc.gov/healthyyouth/yrbs/...
). Como resultado, os jovens latinos sofrem de taxas desproporcionalmente mais altas de doenças sexualmente transmissíveis, e em 2011 apresentaram 21% dos diagnósticos de infecção pelo HIV( 3Centers for Disease Control and Prevention. Health Disparities in HIV/AIDS, Viral Hepatitis, STDs, and TB. 2014 [Internet]. [acesso 22 dez 2014]. Disponível em: http://www.cdc.gov/nchhstp/healthdisparities/Hispanics.html#HIV
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).

Os resultados de numerosos estudos sobre adolescentes minoritários têm apoiado a visão de influências complexas em vários níveis do ambiente social sobre o comportamento sexual do adolescente latino. Essas influências incluem famílias, grupos de amigos, escolas e bairros, e de raça ou etnia( 4Coatsworth JD, Pantin H, Szapocznik J. Familias Unidas: a family-centered ecodevelopmental intervention to reduce risk for problem behavior among Hispanic adolescents. Clin Child Fam Psychol Rev. 2002;5(2):113-32. doi: 10.1023/A:1015420503275 ). Três influências externas potencialmente importantes são os níveis de aculturação dos pais( 5Ortega J. Applying Ecodevelopmental Theory and the Theory of Reasoned Action to understand HIV risk behaviors among Hispanic adolescents [Doctoral dissertation]. Miami (Fl): University of Miami; 2010. 140 p. ), valor percebido familismo( 6Benavides RA. An Interaction Model of Parents' and Adolescents' Influences on Mexican Adolescents' Intentions for Contraception and Condom Use [Doctoral dissertation]. Austin, Texas: University of Texas at Austin; 2007. 206p. ), e níveis de conhecimento sobre gravidez e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)( 7Gallegos EC, Villarruel AM, Gómez MV, Onofre DJ, Zhou Y. Research brief: sexual communication and knowledge among Mexican parents and their adolescent children. J Assoc Nurses AIDS Care. 2007;18(2):28-34. doi: 10.1016/j.jana.2007.01.007 ). Aculturação latina significa a medida pela qual o indivíduo é orientado aos costumes latinos ou à cultura do novo país. Os valores do familismo são componentes-chave da cultura latina e referem-se ao valor percebido de um indivíduo da unidade da família, a intimidade, e a interligação entre a família nuclear e os membros da família extendida( 8Lugo Steidel A, Contreras J. A new familism scale for use with Latino populations. Hispanic J Behav Sci. 2003;25(3):312-30. doi: 10.1177/0739986303256912
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). No entanto, a quantidade e a qualidade da comunicação sexual entre pais e filhos têm sido sugeridas como melhores preditores do comportamento sexual arriscado dos adolescentes. ( 9Hutchinson MK, Jemmott III JB, Sweet Jemmott L, Braverman P, Fong GT. The role of mother-daughter sexual risk communication in reducing sexual risk behaviors among urban adolescent females: A prospective study. J Adolesc Health. 2003;33(2):98-107. doi: 10.1016/S1054-139X(03)00183-6
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).

O propósito desse estudo foi em testar uma estrutura teórica baseado no modelo da Expansão Parental da Teoria do Comportamento Planejado examinando a relação entre pais selecionados, adolescentes e variáveis culturais e as intenções dos jovens latinos ao se envolverem com comportamento sexual. O modelo PETPB( 1010 Hutchinson MK, Wood EB. Reconceptualizing adolescent sexual risk in a Parent Based Expansion of the Theory of Planned Behavior. J Nurs Scholarsh. 2007;39(2):141-6. doi: 10.1111/j.1547-5069.2007.00159.x
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) é uma expansão ecológica da Teoria do Comportamento Planejado que incorpora a influência do comportamento dos pais no comportamento sexual arriscado dos adolescentes. O modelo propõe que o risco do HIV relacionado ao comportamento sexual seria determinado pelas intenções do adolescente em se envolver em comportamentos sexuais de risco. O modelo ainda expõe que as intenções do jovem ao se engajar em comportamentos sexuais de risco seriam determinadas por suas crenças comportamentais, crenças normativas e crenças de controle. Além disso, o modelo PETPB sugere que o comportamento dos pais e as crenças normativas e de controle são influenciados por fatores externos e subsequentemente influenciam as intenções dos pais em conversar com seus filhos adolescentes sobre sexo, o que é visto como uma influência externa sobre o adolescente.

A Figura 1 elucida a adaptação do modelo PETPB e as diversas análises de trajetória e hipóteses que foram testadas no estudo proposto.

Figura 1
Modelo Conceitual utilizada no presente estudo.

Os caminhos a, b e c (Hipótese 1) no modelo sugerem que os pais que têm níveis mais elevados de aculturação latina, valores de familismo, e conhecimento sobre gravidez/DST/AIDS teriam atitudes mais favoráveis, normas subjetivas e auto-eficácia com relação a comunicação sexual com seu filho adolescente. Outros pesquisadores encontraram relações positivas entre a comunicação entre pais e adolescentes e nível parental de aculturação latina(5) e conhecimento sobre tópicos sexuais( 7Gallegos EC, Villarruel AM, Gómez MV, Onofre DJ, Zhou Y. Research brief: sexual communication and knowledge among Mexican parents and their adolescent children. J Assoc Nurses AIDS Care. 2007;18(2):28-34. doi: 10.1016/j.jana.2007.01.007 ), assim como o nível parental de familismo e a auto-eficácia dos pais na comunicação sexual com seus filhos adolescentes( 6Benavides RA. An Interaction Model of Parents' and Adolescents' Influences on Mexican Adolescents' Intentions for Contraception and Condom Use [Doctoral dissertation]. Austin, Texas: University of Texas at Austin; 2007. 206p. ).

Os caminhos d, e, e f (Hipótese 2) sugerem que as atitudes parentais mais positivas, maiores normas subjetivas e níveis mais elevados de auto-eficácia para a comunicação sexual com seus filhos estão associados a níveis mais elevados da intenção dos pais em conversar sobre comportamento sexual com seus adolescentes. Estudos anteriores demonstraram relações positivas entre a comunicação sexual entre pais e adolescentes e as atitudes dos pais, normas subjetivas e auto-eficácia para a comunicação sexual( 6Benavides RA. An Interaction Model of Parents' and Adolescents' Influences on Mexican Adolescents' Intentions for Contraception and Condom Use [Doctoral dissertation]. Austin, Texas: University of Texas at Austin; 2007. 206p. , 1111 Benavides RA. Comunicacion y creencias sexuales de padres de adolescentes [Master thesis]. Monterrey, México: Universidad Autónoma de Nuevo León; 2003. 30 p.

12 DiIorio C, Resnicow K, Dudley WN, Thomas S, Wang DT, Van Marter DF, et al. Social cognitive factors associated with mother-adolescent communication about sex. J Health Commun. 2000;5(1):41-51. doi: 10.1080/108107300126740
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13 Guilamo-Ramos V, Jaccard J, Dittus P, Collins S. Parent-adolescent communication about sexual intercourse: an analysis of maternal reluctance to communicate. Health Psychol. 2008; 27(6):760-9. doi: 10.1037/a0013833
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- 1414 Villarruel AM, Cherry CL, Cabriales EG, Ronis DL, Zhou Y. A parent-adolescent intervention to increase sexual risk communication: Results of a randomized controlled trial. AIDS Educ Prevent: official publication of the International Society for AIDS Education. 2008;20(5):371-83. doi: 10.1521/aeap.2008.20.5.371
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).

O caminho g (Hipótese 3) sugere que níveis mais elevados de intenção dos pais em falar sobre comportamento sexual com seus filhos estão associados a uma maior comunicação aberta da família, comunicação sexual entre pais e adolescentes, e o conforto deles com a comunicação sexual, relatados por ambas as partes.

O caminho h (Hipótese 4) sugere que os níveis maiores de adolescentes da aculturação latina, valores de familismo, e conhecimento sobre gravidez/DST/AIDS estão associados a níveis mais altos de atitudes dos adolescentes e normas subjetivas sobre a comunicação sexual com os pais. Outros pesquisadores reportaram associações positivas entre os níveis da comunicação sexual entre pais e filhos e níveis de aculturação( 1515 Chung PJ, Travis Jr R, Kilpatrick SD, Elliott MN, Lui C, Khandwala SB, et al. Acculturation and parent-adolescent communication about sex in Filipino-American families: a community-based participatory research study. J Adolesc Health. 2007;40(6):543-50. doi: 10.1016/j.jadohealth.2007.01.004
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), valores de familismo( 6Benavides RA. An Interaction Model of Parents' and Adolescents' Influences on Mexican Adolescents' Intentions for Contraception and Condom Use [Doctoral dissertation]. Austin, Texas: University of Texas at Austin; 2007. 206p. ) e conhecimento sobre sexo( 1616 Harris AL, Sutherland MA, Hutchinson MK. Parental Influences of Sexual Risk Among Urban African American Adolescent Males. J Nurs Scholarsh. 2013;45(2):1-10. ).

O caminho i (Hipótese 5) sugere que níveis elevados das atitudes dos adolescentes e normas subjetivas em relação à comunicação sexual com os pais estão associados ao maior nível de percepção dos pais e filhos sobre a comunicação aberta da família, a comunicação sexual entre pais e adolescentes, e o fato de se sentirem confortáveis com esse tipo de conversa. Os resultados de um estudo (que não incluem os pais latinos e adolescentes) sugeriu uma associação positiva entre as medidas de crenças dos adolescentes e normas subjetivas em relação a comunicação sexual entre pais e filhos e a quantidade dessa comunicação sobre a sexualidade relatada apenas pelos adolescentes( 1717 Schouten BC, Van den Putte B, Pasmans M, Meeuwesen L. Parent-adolescent communication about sexuality: The role of adolescents' beliefs, subjective norm and perceived behavioral control. Patient Educ Counseling. 2007;66(1):75-83. doi: 10.106/j.pec.2006.10.010
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).

Os caminhos j, k e l (Hipótese 6) sugerem que níveis mais elevados da percepção de pais e adolescentes sobre a comunicação aberta nas famílias, a comunicação sexual entre pais e filhos, e conforto deles com esse tipo de comunicação estão associados a níveis mais baixos de atitudes dos adolescentes e normas subjetivas em relação a ter relações sexuais nos próximos 3 meses e níveis superiores de auto-eficácia sobre como evitar comportamentos sexuais de risco. Outros pesquisadores reportaram relações positivas entre a comunicação entre pais e filhos e as atitudes dos adolescentes, normas subjetivas e auto-eficácia em relação ao comportamento sexual de risco( 9Hutchinson MK, Jemmott III JB, Sweet Jemmott L, Braverman P, Fong GT. The role of mother-daughter sexual risk communication in reducing sexual risk behaviors among urban adolescent females: A prospective study. J Adolesc Health. 2003;33(2):98-107. doi: 10.1016/S1054-139X(03)00183-6
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, 1616 Harris AL, Sutherland MA, Hutchinson MK. Parental Influences of Sexual Risk Among Urban African American Adolescent Males. J Nurs Scholarsh. 2013;45(2):1-10. , 1818 Hutchinson MK, Montgomery AJ. Parent communication and sexual risk among African Americans. Western J Nurs Res. 2007;29(6):691-707.

19 Hutchinson MK, Cooney TM. Patterns of parent-teen sexual risk communication: Implications for intervention. Fam Rel. 1998;47(2):185-94.

20 DiIorio C, Kelley M, Hockenberry-Eaton M. Communication about sexual issues: Mothers, fathers, and friends. J Adolesc Health. 1999;24(3):181-9. doi: 10.1016/S1054-139X(98)00115-3
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- 2121 Romo LF, Lefkowitz ES, Sigman M, Au TK. A longitudinal study of maternal messages about dating and sexuality and their influence on Latino adolescents. J Adolesc Health. 2002; 31(1):59-69. doi: 10.1016/s1054-139x(01)00402-5
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). No entanto, apenas um estudo relatou descobertas especificamente para adolescentes latinos (21).

Os caminhos m, n, e o (Hipótese 7) sugerem que níveis mais baixos das atitudes dos adolescentes e normas subjetivas em relação a ter relações sexuais nos próximos 3 meses e níveis mais elevados de auto-eficácia sobre como evitar comportamentos sexuais de risco estão associados com níveis mais baixos das intenções dos jovens em ter relações sexuais nos próximos 3 meses. Estudos anteriores demonstraram relações entre as atitudes dos adolescentes, normas subjetivas e auto-eficácia em evitar comportamento sexual de risco e o comportamento sexual de risco dos adolescentes( 2222 Childs G, Moneyham L, Felton G. Correlates of sexual abstinence and sexual activity of low-income African American adolescent females. J Assoc Nurses AIDS Care. 2008;19(6):432-42. doi: 10.1016/j.jana.2008.04.013
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23 Koniak-Griffin D, Stein JA. Predictors of sexual risk behaviors among adolescent mothers in a human immunodeficiency virus prevention program. J Adolesc Health. 2006;38:297.e1-e11. doi: 10.1016/j.jadohealth.2004.12.008
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24 Prado G, Schwartz S, Maldonado-Molina M, Huang S, Pantin H, Lopez B, et al. Ecodevelopmental x Intrapersonal risk: Substance use and sexual behavior in Hispanic adolescents. Health Educ Behavr. 2009; 36(1):45-61. doi: 10.1177/1090198107311278
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- 2525 Villarruel AM, Jemmott III JB, Jemmott LS, Ronis DL. Predictors of sexual intercourse and condom use intentions among Spanish-dominant Latino youth: a test of the planned behavior theory. Nurs Res. 2004; 53(3):172-81. doi:10.1097/00006199-200405000-00004
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).

O presente estudo avaliou individualmente os componentes do modelo PETPB com uma amostra de adolescentes latinos e seus pais nos Estados Unidos, sendo analisados os relatórios dos jovens e dos pais sobre a comunicação geral entre eles, e seu conforto com a comunicação sexual.

Métodos

Um projeto correlacional transversal foi utilizado com base em uma análise secundária dos dados de base recolhidos como parte de um ensaio clínico aleatório projetado para testar a eficácia de uma intervenção computadorizada pelos pais projetada para aumentar a comunicação sexual entre pais e adolescentes ( 2626 Villarruel AM, Loveland Cherry CJ, Ronis DL. Testing the efficacy of a computer based parent adolescent sexual communication intervention for Latino parents. Fam Rel. 2010; 59(5):533-43. doi: 10.1111/j.1741-3729.2010.00621.x
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). Os participantes deste estudo foram recrutados no sudoeste de Detroit, em uma área de comunidade latina com a maior concentração de latinos no estado de Michigan. O recrutamento foi feito através de panfletos, anúncio em um jornal bilíngue, e através do contato pessoal e apresentações realizadas em escolas e programas de base comunitária, como cursos de inglês e de promoção da saúde. Este estudo analisou os questionários de pré-avaliação que foram completados por uma amostra de 130 pais latinos e seus 130 filhos adolescentes (entre as idades de 12-18). A aprovação do Conselho de Revisão Institucional para a análise secundária foi obtido a partir da Universidade do Alabama em Birmingham.

Medidas

As medidas utilizadas neste estudo foram previamente traduzidas, retraduzidas, testadas como piloto, modificadas para o espanhol, e foram usadas com pais mexicanos em estudos anteriores( 1414 Villarruel AM, Cherry CL, Cabriales EG, Ronis DL, Zhou Y. A parent-adolescent intervention to increase sexual risk communication: Results of a randomized controlled trial. AIDS Educ Prevent: official publication of the International Society for AIDS Education. 2008;20(5):371-83. doi: 10.1521/aeap.2008.20.5.371
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, 2626 Villarruel AM, Loveland Cherry CJ, Ronis DL. Testing the efficacy of a computer based parent adolescent sexual communication intervention for Latino parents. Fam Rel. 2010; 59(5):533-43. doi: 10.1111/j.1741-3729.2010.00621.x
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). A tabela 1 mostra a confiabilidade da consistência interna do Alfa de Cronbach para as medidas de estudo, que variaram 0,71 a 0,95. Os itens foram medidos com escalas de 5 pontos do tipo Likert com contagens mais altas indicando maior percepção de atitudes, normas subjetivas e auto-eficácia para a comunicação sexual com os adolescentes e níveis mais elevados de familismo, conhecimento, comunicação e conforto com a comunicação sexual. A validade de todos os instrumentos foi relatada anteriormente( 2626 Villarruel AM, Loveland Cherry CJ, Ronis DL. Testing the efficacy of a computer based parent adolescent sexual communication intervention for Latino parents. Fam Rel. 2010; 59(5):533-43. doi: 10.1111/j.1741-3729.2010.00621.x
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- 2727 Gaioso VP. Relationships between Latino parental, adolescent and cultural variables on adolescents' attitudes, norms, self-efficacy, and sexual intentions [Dissertation]. Birmingham (AL): University of Alabama at Birmingham School of Nursing; 2013. 258 p. [acesso 19 dez 2014]. Disponível em: http://search.proquest.com/docview/1434877976/abstract/14199FA13B736AAD6FD/1?accountid=8240
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).

Tabela 1
Distribuição da Confiabilidade Interna para as Escalas de Pais e Adolescentes. Detroit, MI, EUA, 2009-2010

A escala de aculturação latina usou o idioma preferido como uma medida substituta da aculturação e incluiu os relatórios dos pais e adolescentes sobre suas preferências para o uso do Inglês ou do Espanhol para falar e ler, e o idioma preferido usado em casa. As pontuações mais altas indicaram maior aculturação latina e as mais baixas indicavam aculturação anglicana. O familismo foi medido com uma versão adaptada da Escala de Familismo Comportamental( 2828 Sabogal F, Marín G, Otero-Sabogal R, Marín B, Perez-Stable E. Hispanic familism and acculturation: What changes and what doesn't?. Hispanic J Behav Sci. 1987;9(4):397-412. doi: 10.1177/07399863870094003
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) a qual incluía quatro dimensões inter-relacionadas de familismo: (a) obrigações familiares (seis itens); (b) apoio percebido da família (um item); (c) a família como referentes (sete itens). A mesma escala foi usada tanto com os pais como com os adolescentes. O conhecimento sobre a gravidez/DST/ AIDS foi medido com um teste de seis questões que avaliaram o conhecimento dos adolescentes e seus pais sobre a gravidez, as DSTs e a transmissão do HIV. A confiabilidade do teste e reteste do conhecimento sobre gravidez/DST/AIDS foi calculada e mostrou um coeficiente de correlação de Pearson positivo e significativo para os pais (r = 0,753, p = 0,000) e adolescentes (r = 0,765, p = 0,000). A escala para medir as atitudes dos pais na comunicação sexual com seus filhos adolescentes estimou os sentimentos daqueles ao falar com seus filhos sobre sexo, métodos anticoncepcionais e uso de preservativo. A escala para medir as normas subjetivas dos pais para a comunicação sexual com seu filho avaliou a percepção dos pais sobre o que as pessoas consideram importantes e se os pais aprovariam ou desaprovariam as conversas sobre sexo, métodos anticoncepcionais e preservativos com o seu filho ou filha. A escala para medir a auto-eficácia percebida dos pais na comunicação sexual com seu filho estimou a percepção dos pais sobre se teriam recursos suficientes, habilidades e confiança para falarem com seus filhos sobre sexo, métodos anticoncepcionais e uso de preservativo. A escala de medição das intenções dos pais em falar sobre o comportamento sexual com os adolescentes avaliou a probabilidade subjetiva percebida dos pais de que iriam conversar com seus filhos nos próximos três meses sobre sexo, métodos anticoncepcionais e preservativos.

A comunicação aberta das famílias foi medida com a Subescala da Abertura da Comunicação entre Pais e Adolescentes( 2929 Barnes H, Olson DH. Parent-adolescent communication scale. In: Olson DH, McCubbin HI, Barnes H, Larsen A, Muxen M, Wilson M. Family inventories: Inventories used in a national survey of families across the family life cycle. St. Paul (MN): Family Social Science, University of Minnesota Press; 1982. p. 33-48. ) que avaliou a abertura na comunicação geral entre pais e filhos. A comunicação sexual entre pais e adolescentes foi medida pela Escala da Comunicação sobre os Ricos do Sexo entre Pais e Adolescentes( 1919 Hutchinson MK, Cooney TM. Patterns of parent-teen sexual risk communication: Implications for intervention. Fam Rel. 1998;47(2):185-94. ) que avaliou a quantidade de informações que os pais tinham compartilhado com seus filhos durante os últimos 3 meses sobre seus sentimentos com relação ao comportamento sexual dos adolescentes, métodos contraceptivos, DSTs, HIV, proteção contra DSTs e HIV, preservativos, o adiamento ou o fato de não ter relações sexuais, a pressão dos amigos e a pressão sexual de colegas e parceiros, e como resistir à esse tipo de pressão. A Escala do Conforto na Comunicação Sexual ( 2020 DiIorio C, Kelley M, Hockenberry-Eaton M. Communication about sexual issues: Mothers, fathers, and friends. J Adolesc Health. 1999;24(3):181-9. doi: 10.1016/S1054-139X(98)00115-3
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) incluiu oito perguntas que avaliaram o nível de conforto em discutir vários temas sexuais (por exemplo, quão confortável você se sente quando conversa com seus pais/adolescentes sobre temas sexuais, comportamento sexual, como evitar a gravidez, DSTs, HIV/AIDS, proteção contra DSTs e HIV, preservativos especificamente, a pressão sexual de colegas e parceiros?).

A escala de medição das atitudes dos adolescentes em relação a comunicação sexual com os pais avaliou o grau em que os jovens apresentam uma avaliação positiva ou negativa ou apreciam esse tipo de comunicação( 2525 Villarruel AM, Jemmott III JB, Jemmott LS, Ronis DL. Predictors of sexual intercourse and condom use intentions among Spanish-dominant Latino youth: a test of the planned behavior theory. Nurs Res. 2004; 53(3):172-81. doi:10.1097/00006199-200405000-00004
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). A escala que mede as normas subjetivas dos adolescentes em relação a comunicação sexual com os pais avaliou a percepção dos jovens sobre se as pessoas importantes para eles aprovariam ou desaprovariam suas conversas com seus pais sobre sexo, métodos contraceptivos e uso de preservativos( 1414 Villarruel AM, Cherry CL, Cabriales EG, Ronis DL, Zhou Y. A parent-adolescent intervention to increase sexual risk communication: Results of a randomized controlled trial. AIDS Educ Prevent: official publication of the International Society for AIDS Education. 2008;20(5):371-83. doi: 10.1521/aeap.2008.20.5.371
https://doi.org/10.1521/aeap.2008.20.5.3...
). A escala que mede a auto-eficácia dos adolescentes em evitar comportamento sexual de risco avaliou a percepção dos mesmos sobre se teriam recursos suficientes, habilidade e confiança para exercer o autocontrole e não ter relações sexuais mesmo que seu parceiro queira; ou a usar preservativos, mesmo se o parceiro não quiser; ou usar algum método de contracepção, mesmo com a oposição do parceiro( 2525 Villarruel AM, Jemmott III JB, Jemmott LS, Ronis DL. Predictors of sexual intercourse and condom use intentions among Spanish-dominant Latino youth: a test of the planned behavior theory. Nurs Res. 2004; 53(3):172-81. doi:10.1097/00006199-200405000-00004
https://doi.org/10.1097/00006199-2004050...
).

As atitudes dos adolescentes sobre ter relações sexuais nos próximos três meses foi medido com uma única pergunta: "Como você se sente sobre ter relações sexuais nos próximos três meses?" As respostas variaram de 1 (muito má ideia) a 5 (muito boa ideia). As normas subjetivas dos adolescentes em relação a ter relações sexuais nos próximos três meses foram medidas com uma pergunta: "Será que a maioria das pessoas que são importantes para você aprova ou desaprova o fato de você fazer sexo nos próximos três meses?" As respostas variaram de 1 (eles fortemente desaprovariam) a 5 (eles fortemente aprovariam). As intenções dos adolescentes em ter relações sexuais nos próximos 3 meses foram medidas com uma pergunta: "Qual é a probabilidade de que você vá decidir a ter relações sexuais nos próximos três meses?". As respostas variaram de 1 (muito improvável) a 5 (muito provável).

Análises de Dados

A análise dos dados foi realizada utilizando o IBM SPSS Versão 20 e IBM SPSS Amos 20. Um nível de significância de 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Para cada uma das sete hipóteses de investigação, os dados foram analisados em duas etapas: uma fase exploratória (por meio de regressão linear simples e múltipla para examinar as relações entre as variáveis independentes e dependentes específicas para cada hipótese), e uma fase de confirmação (utilizando técnicas de análise de trajetória para testar o grau em que as relações identificadas na fase exploratória suportaram o modelo proposto). A adequação para os modelos de trajetória foram avaliados pelo índice de ajuste comparativo (CFI), e a raiz quadrada média do erro de aproximação (RMSEA). Os valores do CFI de 0,95 ou superior e os valores RMSEA de 0,06 ou menores são indicativos do bom ajuste do modelo, e os valores RMSEA maiores que 0,10 são indicativos de modelos pobres de ajuste( 3030 Tabachnick B, Fidell L. Using multivariate statistics. New York: Allyn and Rose; 2007. ). Os tamanhos de efeito e as orientações de Cohen( 3131 Cohen J. Statistical power analysis for the behavioral sciences. Hillsdale, N. J.: Lawrence Erlbaum; 1988. ) foram utilizados para descrever a magnitude da relação entre as variáveis. A análise de potência por modelos de regressão múltipla mostrou poder adequado para detectar tamanhos de efeito médio (80% de potência para detectar um R2 variando entre 0,06-0,08, dependendo da hipótese); e para os modelos de trajetória, utilizando um teste de RMSEA, o tamanho da amostra forneceu potência adequada (80%) para testar a qualidade do ajuste em modelos simples (com graus mais elevados de liberdade), mas proporcionaram apenas um poder moderado (variando de 58% a 69%) para os modelos com maior complexidade (e, portanto, menos graus de liberdade).

Descobertas

Características da amostra

Os pais eram na maioria do sexo feminino (n = 107, 82,9%), com idade média de 39,26 (SD de 7,104), e 54,2% (65) não haviam completado o ensino médio. Um total de 69,9% (86) era casado e 81,5% (106) relataram ser de origem mexicana. O período de tempo vivido nos Estados Unidos era em média de 19,37 anos (SD de 12,4). Um total de 70 (53,8%) dos adolescentes da amostra era do sexo feminino, e sua idade média era de 14 anos (SD = 1,489). Apenas um adolescente relatou que não estava atualmente matriculado na escola.

Hipótese 1: Níveis mais elevados de pais de aculturação latina, valores de familismo, e conhecimento sobre gravidez/DST/AIDS estão associados com mais atitudes positivas dos pais, maiores normas subjetivas, e maiores níveis de auto-eficácia na comunicação sexual com seus filhos adolescentes.

Na fase exploratória, apenas dois preditores, familismo parental (Std. β = 0,218, p = 0,017) e conhecimento dos pais sobre a gravidez/DST/AIDS (Std. β = 0,254, p = 0,009), foram significativamente associados com o resultado das atitudes dos pais em relação a comunicação sexual com seus filhos adolescentes. Ambos os preditores tiveram efeito médio sobre o resultado das atitudes dos pais em relação a comunicação sexual com seus filhos adolescentes. No segundo modelo de regressão apenas os preditores de aculturação latina dos pais (Std. β = 0,186, p = 0,042) e familismo parental (Std. β = 0,256, p = 0,005) foram significativamente associados com o resultado das normas subjetivas dos pais em relação a comunicação sexual com seus filhos adolescentes. A aculturação latina dos pais (Std. β = -0,28, p = 0,002) foi negativamente associada com a auto-eficácia dos pais com relação a comunicação sexual com seus filhos adolescentes. O conhecimento dos pais sobre a gravidez/DST/AIDS (Std. β = 0,232, p = 0,012) foi positivamente associado com níveis mais elevados de auto-eficácia dos pais na comunicação sexual com seus filhos. Tanto a aculturação latina como o conhecimento dos pais teve um efeito médio sobre o resultado da auto-eficácia dos pais na comunicação sexual com os jovens. A etapa de confirmação para a primeira hipótese apoiou as conclusões de análises de regressão múltipla. A análise de trajetória sugeriu um bom ajuste do modelo aos dados para a hipótese um, com dois dos três índices que fornecem suporte para a hipótese nula de que o modelo ajusta-se aos dados (Figura 2).

Figura 2
Resumo do Modelo de Trajetória para Hipóteses 1-3 com os coeficientes de regressão padronizados. Detroit, MI, EUA 2009-2010

Hipótese 2: Níveis mais altos de atitudes dos pais, normas subjetivas e auto-eficácia percebida na comunicação sexual com seus filhos adolescentes estão associados a níveis mais elevados das intenções dos pais em falar sobre o comportamento sexual com os jovens.

Na fase exploratória, apenas o preditor de normas subjetivas dos pais em relação a comunicação sexual com seu filho foi significativamente associada com o resultado de suas intenções em falar sobre o assunto com os adolescentes (Std. β = 0,347, p = 0,000). Este preditor teve um efeito médio sobre o resultado. A etapa de confirmação apoiou as conclusões da análise de regressão múltipla e mostrou um bom ajuste do modelo para dois dos parâmetros de avaliação de qualidade de ajuste (ver Figura 2).

Hipótese 3: Níveis mais altos das intenções dos pais em falar sobre o comportamento sexual com seus filhos adolescentes estão associados a uma maior comunicação aberta da família, a comunicação sexual entre pais e adolescentes, e o conforto dos mesmos com esse tipo de conversa, relatados por ambas as partes.

Na fase exploratória, o indicador das intenções dos pais em falar sobre o comportamento sexual com seu filho adolescente foi significativamente associada com três resultados: a comunicação sexual entre pais e filhos percebido pelos pais ( Std β = 0,217, p = 0,013), comunicação familiar aberta percebida pelo adolescente (Std. β = 0,193, p = 0,028), e conforto com a comunicação sexual percebida pelo adolescente (Std. β = 0,214, p = 0,015). No entanto, os resultados da análise de trajetória na fase de confirmação sugeriu que o modelo não se ajustou aos dados (Figura 2). A Figura 2 mostra as estatísticas de modelo de ajuste apresentadas em caixas sombreadas.

Hipótese 4: níveis mais elevados de aculturação latina dos adolescentes, familismo, e conhecimento sobre gravidez/DST/AIDS estão associados a níveis mais altos de suas atitudes e normas subjetivas sobre a comunicação sexual com os pais.

Na fase exploratória, apenas o preditor do conhecimento do adolescente sobre a gravidez/DST/AIDS foi significativamente associado com níveis mais altos das atitudes dos adolescentes (Std. β = 0,223, p = 0,012) e normas subjetivas sobre a comunicação sexual com os pais (Std. β = 0,208, p = 0,020). Os resultados da análise de trajetória na fase de confirmação sugeriu que o modelo foi um bom ajuste para os dados (ver Figura 3). A Figura 3 mostra as estatísticas de modelo de ajuste apresentadas em caixas sombreadas.

Figura 3
Resumo do Modelo de Trajetória para Hipóteses 4-7 com os coeficientes de regressão padronizados. Detroit, MI, EUA 2009-2010

Hipótese 5: Níveis mais elevados das atitudes dos adolescentes e normas subjetivas em relação à comunicação sexual com os pais estão associados a níveis mais elevados das percepções dos pais e filhos na comunicação aberta da família, a comunicação sexual entre pais e adolescente, e conforto com a comunicação sexual.

Na fase exploratória, apenas o indicador de atitudes dos adolescentes em relação à comunicação sexual com os pais foi significativamente associada com níveis mais elevados de comunicação familiar aberta (Std. β = 0,637, p = 0,000), a comunicação sexual entre pais e adolescentes (Std. β = 0,399 , p = 0,000), e conforto com a comunicação sexual (Std. β = 0,486, p = 0,000) percebidos pelos adolescentes. Na fase de confirmação, o modelo de trajetória sugeriu que o modelo não teve um bom ajuste aos dados (ver Figura 3).

Hipótese 6: Níveis mais altos das percepções dos pais e filhos na comunicação aberta da família, a comunicação sexual entre pais e adolescente, e conforto com a comunicação sexual estão associados a níveis mais baixos das atitudes dos adolescentes e normas subjetivas em relação a ter relações sexuais nos próximos 3 meses, e níveis mais altos de auto-eficácia sobre como evitar comportamentos sexuais de risco.

Somente o preditor de normas subjetivas dos adolescentes em relação a ter relações sexuais nos próximos três meses foi significativamente associada com o resultado do conforto com a comunicação sexual percebida pelos adolescentes (Std. β = 0,357, p = 0,014). Em outras palavras, os adolescentes que percebiam a aprovação de outras pessoas significativas para eles em ter relações sexuais nos próximos 3 meses relataram maior conforto com a comunicação sexual com os pais. Problemas com multicolinearidade foram evidenciados entre os preditores de comunicação sexual entre pais e filhos e o conforto com a comunicação sexual percebida pelos pais, o que significa que estas duas variáveis são redundantes. Na fase de confirmação, o modelo de trajetória sugeriu que o modelo não proporcionou bom ajuste aos dados (ver Figura 3).

Hipótese 7: Níveis mais baixos das atitudes dos adolescentes e normas subjetivas em relação a ter relações sexuais nos próximos 3 meses e níveis mais elevados de auto-eficácia sobre como evitar comportamentos sexuais de risco estão associados com níveis mais baixos das intenções dos adolescentes em ter relações sexuais nos próximos 3 meses.

Somente o preditor das atitudes dos adolescentes em relação a ter relações sexuais nos próximos três meses foi significativamente associada com o resultado de suas intenções em ter relações sexuais nos próximos 3 meses (Std. β = 0,721, p = 0,000). Estes resultados sugerem que as atitudes dos adolescentes em relação a ter relações sexuais nos próximos três meses é uma importante variável a ser considerada na concepção de futuros programas para diminuir as intenções dos adolescentes em ter relações sexuais. Na fase de confirmação, o modelo de trajetória sugeriu que o modelo não proporcionou bom ajuste aos dados (Figura 3).

Discussão

O modelo PETPB postula que as variáveis externas podem influenciar as crenças de comportamento, crenças normativas, crenças de controle e intenções, que então influenciam o comportamento do adolescente, crenças normativas de controle, e, assim, influenciam comportamento sexual de risco nos jovens( 4Coatsworth JD, Pantin H, Szapocznik J. Familias Unidas: a family-centered ecodevelopmental intervention to reduce risk for problem behavior among Hispanic adolescents. Clin Child Fam Psychol Rev. 2002;5(2):113-32. doi: 10.1023/A:1015420503275 ). Devido ao pequeno tamanho da amostra (130 pais e 130 adolescentes), não foi possível realizar uma análise estatística para testar o modelo completo de uma só vez. Em vez disso, sete análises separadas foram conduzidas para testar hipóteses que foram desenvolvidas com base em resultados de pesquisas anteriores e sobre as relações previstas pelo modelo. As figuras 2 e 3ilustram os relacionamentos do modelo que foram apoiados pelos resultados deste estudo.

Os resultados deste estudo fornecem suporte parcial para cada uma das hipóteses que foram derivadas do modelo conceitual que norteou o estudo, como observado na Figura 1. Embora a comunicação sexual entre pais e filhos possa influenciar o comportamento sexual de risco do adolescente, há evidências limitadas sobre como a comunicação sexual dos pais pode influenciar as atitudes dos adolescentes, normas subjetivas e auto-eficácia em relação ao comportamento sexual arriscado.

Os resultados da primeira hipótese sugerem que a aculturação latina dos pais, familismo parental, e o conhecimento dos pais sobre a gravidez/DST/AIDS estão significativamente relacionadas com as atitudes dos pais, normas subjetivas e auto-eficácia para a comunicação sexual com seu filho adolescente. Inesperadamente, a aculturação latina dos pais foi negativamente associada com a auto-eficácia dos pais na comunicação sexual com seus filhos adolescentes. Uma explicação para isso pode ser que a variável de aculturação latina foi medida apenas com questões relacionadas com a língua de preferência. Se uma medida mais abrangente de aculturação fosse utilizada, provavelmente os resultados seriam diferentes. A média para a escala de aculturação latina foi maior para os pais (média = 4,11) do que para os adolescentes (média = 2,83). As diferentes preferências de idioma dos pais e adolescentes podem ter criado uma barreira para a comunicação sexual entre eles, podendo explicar a associação negativa entre a aculturação parental latino e a auto-eficácia na comunicação sexual. Não houve estudos anteriores identificados que tivessem examinado a relação entre essas variáveis específicas, embora alguns estudos tenham identificado relações positivas entre a real comunicação entre pais e adolescentes e a aculturação parental (amostra de adolescentes latinos, dos sexos masculino e feminino, com média de 13,6 anos, vivendo nos EUA)( 5Ortega J. Applying Ecodevelopmental Theory and the Theory of Reasoned Action to understand HIV risk behaviors among Hispanic adolescents [Doctoral dissertation]. Miami (Fl): University of Miami; 2010. 140 p. ), o conhecimento sexual (amostra de adolescentes mexicanos, dos sexos masculino e feminino, com idades entre 14-17 anos, vivendo no México)( 7Gallegos EC, Villarruel AM, Gómez MV, Onofre DJ, Zhou Y. Research brief: sexual communication and knowledge among Mexican parents and their adolescent children. J Assoc Nurses AIDS Care. 2007;18(2):28-34. doi: 10.1016/j.jana.2007.01.007 ), e familismo parental e auto-eficácia para a comunicação sexual entre pais e adolescentes (amostra de adolescentes mexicanos, dos sexos masculino e feminino, com idades entre 14-17 anos, vivendo no México)( 6Benavides RA. An Interaction Model of Parents' and Adolescents' Influences on Mexican Adolescents' Intentions for Contraception and Condom Use [Doctoral dissertation]. Austin, Texas: University of Texas at Austin; 2007. 206p. ).

A segunda hipótese foi parcialmente apoiada. Normas subjetivas dos pais em relação a comunicação sexual com seus filhos adolescentes estão positivamente relacionados as suas intenções em falar com os jovens sobre sexo. Não houve relações signficantes entre atitudes parentais e auto-eficácia para a comunicação sexual e intenções em falar sobre o comportamento sexual. Uma explicação para este achado pode ser a homogeneidade de respostas sobre as atitudes dos pais e intenções parentais em relação a comunicação sexual. A maioria dos pais (87%) respondeu que a comunicação sexual com seus filhos adolescentes era "uma boa ideia" ou "uma ideia muito boa" e 84% dos pais "provavelmente" ou "muito provavelmente" falariam sobre sexo com seus filhos. Não houve estudos anteriores que identificaram especificamente as relações medidas que foram examinadas na segunda hipótese entre as intenções dos pais em falar sobre o comportamento sexual e as suas atitudes, normas subjetivas e auto-eficácia na comunicação sexual com seus filhos adolescentes. No entanto, estudos anteriores demonstraram relações positivas entre a real comunicação sexual entre pais e adolescentes e as atitudes daqueles, normas subjetivas e auto-eficácia para a comunicação sexual( 6Benavides RA. An Interaction Model of Parents' and Adolescents' Influences on Mexican Adolescents' Intentions for Contraception and Condom Use [Doctoral dissertation]. Austin, Texas: University of Texas at Austin; 2007. 206p. , 1111 Benavides RA. Comunicacion y creencias sexuales de padres de adolescentes [Master thesis]. Monterrey, México: Universidad Autónoma de Nuevo León; 2003. 30 p.

12 DiIorio C, Resnicow K, Dudley WN, Thomas S, Wang DT, Van Marter DF, et al. Social cognitive factors associated with mother-adolescent communication about sex. J Health Commun. 2000;5(1):41-51. doi: 10.1080/108107300126740
https://doi.org/10.1080/108107300126740...

13 Guilamo-Ramos V, Jaccard J, Dittus P, Collins S. Parent-adolescent communication about sexual intercourse: an analysis of maternal reluctance to communicate. Health Psychol. 2008; 27(6):760-9. doi: 10.1037/a0013833
https://doi.org/10.1037/a0013833...
- 1414 Villarruel AM, Cherry CL, Cabriales EG, Ronis DL, Zhou Y. A parent-adolescent intervention to increase sexual risk communication: Results of a randomized controlled trial. AIDS Educ Prevent: official publication of the International Society for AIDS Education. 2008;20(5):371-83. doi: 10.1521/aeap.2008.20.5.371
https://doi.org/10.1521/aeap.2008.20.5.3...
) (uma amostra de pais mexicanos que tinham filhos adolescentes entre 14 e 17 anos de idade, homens e mulheres, vivendo no México( 6Benavides RA. An Interaction Model of Parents' and Adolescents' Influences on Mexican Adolescents' Intentions for Contraception and Condom Use [Doctoral dissertation]. Austin, Texas: University of Texas at Austin; 2007. 206p. ); predominantemente mães e adolescentes afro-americanos, com idades entre 11-14, dos sexos masculino e feminino, vivendo nos EUA ( 1212 DiIorio C, Resnicow K, Dudley WN, Thomas S, Wang DT, Van Marter DF, et al. Social cognitive factors associated with mother-adolescent communication about sex. J Health Commun. 2000;5(1):41-51. doi: 10.1080/108107300126740
https://doi.org/10.1080/108107300126740...
); predominantemente mães e adolescentes latinos, com idade média de 13 anos, dos sexos masculino e feminino, vivendo nos EUA( 1313 Guilamo-Ramos V, Jaccard J, Dittus P, Collins S. Parent-adolescent communication about sexual intercourse: an analysis of maternal reluctance to communicate. Health Psychol. 2008; 27(6):760-9. doi: 10.1037/a0013833
https://doi.org/10.1037/a0013833...
); pais mexicanos, predominantemente mães, vivendo no México( 1414 Villarruel AM, Cherry CL, Cabriales EG, Ronis DL, Zhou Y. A parent-adolescent intervention to increase sexual risk communication: Results of a randomized controlled trial. AIDS Educ Prevent: official publication of the International Society for AIDS Education. 2008;20(5):371-83. doi: 10.1521/aeap.2008.20.5.371
https://doi.org/10.1521/aeap.2008.20.5.3...
)).

As descobertas não apoiaram o modelo proposto pela terceira hipótese de que existiam relações positivas entre as intenções dos pais em falar sobre variáveis de comportamento e comunicação sexual relatados por ambos os pais e adolescentes. No entanto, os resultados de análises de regressão sugerem que três variáveis (comunicação familiar aberta percebida pelo adolescente, comunicação sexual entre pais e adolescentes e conforto com a comunicação sexual percebida pelos pais) estavam relacionados com as intenções dos pais em falar sobre o comportamento sexual. Uma explicação para a falta de apoio do modelo completo pode ser as inter-relações entre as variáveis de comunicação múltiplos. Não há estudos anteriores que especificamente examinaram as relações testadas na terceira hipótese.

Apenas uma das três relações que foram preditas na quarta hipótese foi corroborada pelas conclusões. O conhecimento sexual do adolescente (mas não a aculturação latina ou familismo) estava relacionado com as atitudes dos adolescentes e normas subjetivas em relação à comunicação sexual com os pais. Embora não existam relatos de estudos anteriores que examinassem essas relações específicas, dois estudos identificados relataram relações positivas entre o conhecimento sexual do adolescente e as percepções da real comunicação sexual entre pais e filhos( 1616 Harris AL, Sutherland MA, Hutchinson MK. Parental Influences of Sexual Risk Among Urban African American Adolescent Males. J Nurs Scholarsh. 2013;45(2):1-10. , 3232 Somers CL, Paulson SE. Students' perceptions of parent-adolescent closeness and communication about sexuality: Relations with sexual knowledge, attitudes, and behaviors. J Adolesc. 2000;23(5):629-44. doi: 10.1006/jado.2000.0349
https://doi.org/10.1006/jado.2000.0349...
), (amostra de adolescentes Afro-Americanos do sexo masculino, com idades entre 18-22 , vivendo nos EUA (16); predominantemente brancos adolescentes, homens e mulheres, com idades entre 14-18, que vivem nos EUA (32)), que condizem com as descobertas no presente estudo.

As descobertas relacionadas com a quinta hipótese sugeriram que as atitudes dos adolescentes na comunicação sexual com os pais (mas não as suas normas subjetivas) foram relacionadas com as percepções dos adolescentes (mas não as dos pais) sobre a comunicação aberta da família, a comunicação sexual entre pais e filhos, e o conforto com a comunicação sexual. No entanto, os dados não apoiaram o modelo de trajetória para essa hipótese. Esses achados contradiziam as conclusões de um estudo (que não incluem os latinos, com uma amostra de adolescentes com idade média de 16 anos, dos sexos masculino e feminino, de raça mista, vivendo na Holanda), que relataram uma associação positiva entre as crenças dos adolescentes e as normas subjetivas com relação a comunicação sexual entre pais e filhos e relatórios dos adolescentes da comunicação sexual entre pais e adolescentes( 1717 Schouten BC, Van den Putte B, Pasmans M, Meeuwesen L. Parent-adolescent communication about sexuality: The role of adolescents' beliefs, subjective norm and perceived behavioral control. Patient Educ Counseling. 2007;66(1):75-83. doi: 10.106/j.pec.2006.10.010
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).

A sexta hipótese não apoiou o modelo de trajetória que previu relações entre diferentes variáveis da comunicação entre pais e filhos e as atitudes dos adolescentes, normas subjetivas e auto-eficácia em evitar comportamentos sexuais de risco. O conforto dos adolescentes com a comunicação com seus pais (mas não suas percepções da comunicação familiar aberta ou comunicação sexual entre pais e filhos) estava relacionado com as normas subjetivas dos adolescentes em ter relações sexuais nos próximos 3 meses. Apenas um outro estudo foi encontrado que examinou estas relações em famílias latinas (mães latinas e adolescentes, com idades entre 12-15, dos sexos masculino e feminino, predominantemente do México, vivendo nos EUA), e os resultados deste estudo sugeriram relações positivas entre a comunicação familiar aberta e atitudes do adolescente com relação ao sexo antes do casamento( 2121 Romo LF, Lefkowitz ES, Sigman M, Au TK. A longitudinal study of maternal messages about dating and sexuality and their influence on Latino adolescents. J Adolesc Health. 2002; 31(1):59-69. doi: 10.1016/s1054-139x(01)00402-5
https://doi.org/10.1016/s1054-139x(01)00...
).

A sétima hipótese foi também apenas parcialmente apoiada pelos dados. As atitudes dos adolescentes (mas não as normas subjetivas ou auto-eficácia) em relação a ter relações sexuais nos próximos 3 meses foram associados positivamente com suas intenções em ter relações sexuais nos próximos 3 meses. Este resultado pode ser explicado pelo fato de que apenas 11 adolescentes relataram intenções de ter relações sexuais nos próximos três meses, e por esse motivo a variabilidade pode não ter sido suficiente para identificar relações significativas. Essa descoberta foi consistente com os resultados relatados anteriormente( 2222 Childs G, Moneyham L, Felton G. Correlates of sexual abstinence and sexual activity of low-income African American adolescent females. J Assoc Nurses AIDS Care. 2008;19(6):432-42. doi: 10.1016/j.jana.2008.04.013
https://doi.org/10.1016/j.jana.2008.04.0...
, 2525 Villarruel AM, Jemmott III JB, Jemmott LS, Ronis DL. Predictors of sexual intercourse and condom use intentions among Spanish-dominant Latino youth: a test of the planned behavior theory. Nurs Res. 2004; 53(3):172-81. doi:10.1097/00006199-200405000-00004
https://doi.org/10.1097/00006199-2004050...
) que as atitudes favoráveis (mas não as normas subjetivas ou auto-eficácia) com relação a engajar-se em relações sexuais foram relacionados à atividade sexual (amostra de adolescentes afro-americanas do sexo feminino, com idade entre 12 e 18 anos( 2222 Childs G, Moneyham L, Felton G. Correlates of sexual abstinence and sexual activity of low-income African American adolescent females. J Assoc Nurses AIDS Care. 2008;19(6):432-42. doi: 10.1016/j.jana.2008.04.013
https://doi.org/10.1016/j.jana.2008.04.0...
); adolescentes latinos, dos sexos masculino e feminino, entre 12 e 18 anos, que vivem nos EUA( 2525 Villarruel AM, Jemmott III JB, Jemmott LS, Ronis DL. Predictors of sexual intercourse and condom use intentions among Spanish-dominant Latino youth: a test of the planned behavior theory. Nurs Res. 2004; 53(3):172-81. doi:10.1097/00006199-200405000-00004
https://doi.org/10.1097/00006199-2004050...
)).

Houve algumas limitações ao estudo atual que deveriam ser abordadas a fim de proporcionar orientações para pesquisas futuras. Em primeiro lugar, as análises de dados secundários foram obtidas a partir de um estudo controlado aleatório - pesquisa pré-intervenção, limitando assim a capacidade de identificar as relações preditivas longitudinais. Em segundo lugar, a medida utilizada para avaliar a aculturação focou no idioma preferido dos entrevistados, e não incluiu outros componentes da aculturação, como valores e afiliação de grupo. A terceira limitação foi a utilização de uma amostra de conveniência que incluía latinos que eram principalmente de origem mexicana (81,5%) que tinham vivido nos Estados Unidos por uma média de 19,37 anos. Além disso, 83% dos pais na amostra eram mães. Ademais, uma análise ajustada covariável que poderia ter incluído os fatores que afetam as relações eventualmente examinadas no estudo (por exemplo, período de tempo nos EUA, educação e renda familiar) não foi realizada devido às limitações de tamanho da amostra. A quarta limitação é que os dados do estudo foram baseados em medidas de autorrelato preenchidos pelos jovens adolescentes e seus pais. A precisão dos relatórios poderia ser afetada pelo medo de expor uma das partes a temas sensíveis, como a intenção de se envolver em relações sexuais, mesmo que os questionários fossem administrados por meio de computadores em uma sala privada. Uma quinta limitação foi que pouquíssimos adolescentes na amostra relataram intenções de ter relações sexuais nos próximos três meses, resultando em variabilidade limitada na variável dependente primária e limitando assim o poder de detectar relações preditivas. Uma limitação final deste estudo foi de que os dados para homens e mulheres não foram analisados separadamente.

Há uma série de implicações das descobertas para pesquisas futuras. Estudos futuros devem ser longitudinais para examinar como as variáveis e fatores familiares culturais estão relacionados com intenções sexuais dos adolescentes ao longo do tempo. Os estudos futuros também devem usar diferentes medidas de aculturação que são mais multi-dimensionais e que incluem valores de papel de gênero. Os resultados de estudos anteriores sugerem que podem haver diferentes relações entre a comunicação de pais e filhos e o comportamento sexual dos adolescentes, tanto do sexo feminino como masculino(18), e, assim, os estudos futuros devem testar o modelo PETPB separadamente para jovens do sexo masculinos e feminino. Finalmente, os estudos futuros devem incluir uma amostra maior de mães e pais latinos de diferentes países e com mais variação nos níveis de aculturação, a fim de generalizar os resultados para as diversas populações de imigrantes latinos que vivem nos Estados Unidos, e permitir o exame dos efeitos de variáveis independentes.

Os resultados do estudo também têm implicações importantes na prática. Os profissionais de saúde que cuidam de jovens latinos devem avaliar os níveis de aculturação dos adolescentes, conhecimento sexual, atitudes, normas e intenções de ter relações sexuais, bem como variáveis de comunicação entre pais e filhos, a fim de desenvolver intervenções sob medida para reduzir comportamento sexual de risco.

Conclusão

Os resultados deste estudo fornecem informações importantes para orientar futuras pesquisas que possam informar o desenvolvimento de intervenções para prevenir comportamentos sexuais de risco de adolescentes entre os latinos. Os resultados sugerem que o modelo PETBP fornece uma estrutura útil para a compreensão das relações complexas entre pais selecionados, adolescentes e variáveis culturais e intenções dos adolescentes latinos para se envolver em comportamento sexual. A pesquisa futura deve também explorar o uso desse modelo em diferentes países e com diferentes grupos culturais.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    11 Set 2014
  • Aceito
    16 Mar 2015
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