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Binge drinking: padrão associado ao risco de problemas do uso de álcool entre universitários 1 1 Apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Brasil e da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (AFIP), Brasil.

RESUMO

Objetivo:

avaliar problemas associados ao uso de álcool entre universitários que relataram binge drinking em comparação a estudantes que consumiram álcool sem binge drinking.

Método:

estudo transversal entre universitários (N=2.408) que acessaram website sobre o uso de álcool. Nas análises estatísticas incluíram-se modelos de regressão logística e linear.

Resultados:

o uso de álcool, nos últimos três meses, foi relatado por 89,2% dos universitários e 51,6% referiram uso binge. Comparados a estudantes que não praticaram binge, universitários que apresentaram esse padrão tiveram maior chance de relatar todos os problemas avaliados, entre eles: incapacidade de lembrar o que aconteceu (aOR:5,4); problemas acadêmicos (aOR:3,4); agir impulsivamente e se arrepender (aOR:2,9); envolver-se em brigas (aOR:2,6); dirigir após beber (aOR:2,6) e pegar carona com alguém que bebeu (aOR:1,8). Estudantes que consumiram álcool no padrão binge também apresentaram maior pontuação no Alcohol Use Disorders Identification Test (b=4,6; p<0,001), mais consequências negativas (b=1,0; p<0,001) e menos percepção da negatividade das consequências (b=-0,5; p<0,01).

Conclusão:

a prática de binge drinking esteve associada ao aumento das chances de manifestação de problemas relacionados ao uso de álcool. As conclusões deste estudo não podem ser reproduzidas para toda realidade brasileira.

Descritores:
Consumo de Bebidas Alcoólicas; Consumo de Álcool na Faculdade; Bebedeira; Internet; Estudantes; Universidades

ABSTRACT

Objective:

to evaluate problems associated with alcohol use among university students who reported binge drinking in comparison to students who consumed alcohol without binging.

Method:

a cross-sectional study among university students (N=2,408) who accessed the website about alcohol use. Logistic and linear regression models were included in the statistical analyzes.

Results:

alcohol use in the last three months was reported by 89.2% of university students; 51.6% reported binge drinking. Compared to students who did not binge drink, university students who presented this pattern were more likely to report all evaluated problems, among them: black out (aOR: 5.4); having academic problems (aOR: 3.4); acting impulsively and having regrets (aOR: 2.9); getting involved in fights (aOR: 2.6); drinking and driving (aOR: 2.6) and accepting a ride with someone who had drunk alcohol (aOR: 1.8). Students who binged also had higher scores on the Alcohol Use Disorders Identification Test (b=4.6; p<0.001), more negative consequences (b=1.0; p<0.001) and a reduced perception of the negativity of the consequences (b=-0.5; p<0.01).

Conclusion:

binge drinking was associated with an increase in the chances of manifesting problems related to alcohol use. The conclusions of this study cannot be generalized for all of the Brazilian population.

Descriptors:
Alcohol Drinking; College Drinking; Binge Drinking; Internet; Students; Universities

RESUMEN

Objetivo:

evaluar problemas asociados al uso de alcohol entre estudiantes universitarios que relataron binge drinking en comparación a estudiantes que consumieron alcohol sin binge drinking.

Método:

estudio transversal entre estudiantes universitarios (N=2.408) que visitaron una página web sobre el uso de alcohol. En los análisis estadísticos, fueron incluidos modelos de regresión logística y linear.

Resultados:

el uso de alcohol, en los últimos tres meses, fue relatado por 89,2% de los estudiantes universitarios, y entre ellos 51,6% relataron uso binge. En comparación a estudiantes universitarios que no practicaron binge, los estudiantes que presentaron ese estándar tuvieron una mayor oportunidad de relatar todos los problemas evaluados, entre ellos: incapacidad de recordar lo que sucedió (aOR:5,4); problemas académicos (aOR:3,4); actuar por impulso y arrepentirse (aOR:2,9); involucrarse en peleas (aOR:2,6); manejar después de beber (aOR:2,6) y compartieron viaje con alguien que bebió (aOR:1,8). Estudiantes que consumieron alcohol dentro del estándar binge también presentaron una mayor puntuación en el Alcohol Use Disorders Identification Test (b=4,6; p<0,001), más consecuencias negativas (b=1,0; p<0,001) y menor percepción de la negatividad de las consecuencias (b=-0,5; p<0,01).

Conclusión:

la práctica de binge drinking estuvo asociada al aumento de las oportunidades de manifestación de problemas relacionados al alcohol. Las conclusiones de este estudio no pueden ser adaptadas a toda la realidad brasileña.

Descriptores:
Consumo de Bebidas Alcohólicas; Consumo de Alcohol en la Universidad; Borrachera; Internet; Estudiantes; Universidades

Introdução

No Brasil, existem mais de 7,3 milhões de estudantes universitários11 INEP. Censo da educação superior 2013: resumo técnico. [Internet]. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira; 2015. [Acesso 12 jan 2015]. Disponível em: https://goo.gl/mXBprD
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, os quais apresentam maior prevalência de uso de álcool no ano e no mês22 Carlini EA, Galduróz JC, Noto AR, Carlini CM, Oliveira LG, Nappo SA. II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país [Internet]. São Paulo: SENAD; 2006. [Acesso 12 jan 2015]. Disponível em: https://goo.gl/5Mifrb
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-33 Andrade A, Duarte P, Oliveira L. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília: SENAD; 2010. [Acesso 12 jan 2015]. Disponível em: https://goo.gl/XMoVz7
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do que a população geral. Um dos padrões de uso de álcool especialmente comuns entre universitários é o binge drinking, o qual é definido como a ingestão de cinco ou mais doses na mesma ocasião33 Andrade A, Duarte P, Oliveira L. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília: SENAD; 2010. [Acesso 12 jan 2015]. Disponível em: https://goo.gl/XMoVz7
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. O uso binge de álcool tem sido associado a diversos riscos e/ou consequências negativas, como dirigir sob efeito de álcool, problemas cardíacos, violência, lesões (quedas, envenenamentos, afogamentos, acidentes de trânsito) e morte44 Rehm J, Baliunas D, Borges GL, Graham K, Irving H, Kehoe T, et al. The relation between different dimensions of alcohol consumption and burden of disease: an overview. Addiction. [Internet]. 2010 [cited Jan 17, 2016];105(5):817-43. Available from: https://goo.gl/d9jsAi
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-55 White A, Hingson R. The burden of alcohol use: excessive alcohol consumption and related consequences among college students. Alcohol Res : current reviews. [Internet]. 2013 [cited Feb 19, 2017];35(2):201-18. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24881329
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. Estima-se que 76% do dinheiro gasto nos Estados Unidos com saúde, em relação ao uso excessivo de álcool, é decorrente do binge drinking66 Bouchery EE, Harwood HJ, Sacks JJ, Simon CJ, Brewer RD. Economic costs of excessive alcohol consumption in the U.S., 2006. Am J Prev Med. [Internet]. 2011 [cited Aug 28, 2016];41(5):516-24. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22011424
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. No Brasil, um em cada quatro estudantes relatou uso em padrão binge durante os últimos 30 dias, indicando determinado grupo de alunos frequentemente exposto aos diversos riscos associados33 Andrade A, Duarte P, Oliveira L. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília: SENAD; 2010. [Acesso 12 jan 2015]. Disponível em: https://goo.gl/XMoVz7
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.

A avaliação das consequências do consumo de álcool deve considerar não somente a frequência do uso, mas, também, o padrão binge, sendo esse padrão de uso associado a problemas relacionados ao uso de álcool77 Laranjeira R, Pinsky I, Sanches M, Zaleski M, Caetano R. Alcohol use patterns among Brazilian adults. Rev Bras Psiquiatria. [Internet]. 2010 [cited Aug 19, 2016];32(3):231-41. Available from: https://goo.gl/55sHg4
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. No Brasil, em estudo entre universitários observou-se que a prática de binge drinking foi associada a diversas consequências negativas (dirigir após beber, envolvimento em acidentes de trânsito, perder atividades na universidade, baixo desempenho escolar e envolvimento em brigas ou problemas com a lei)88 Nunes JM, Campolina LR, Vieira MA, Caldeira AP. Consumo de bebidas alcoólicas e prática do binge drinking entre acadêmicos da área da saúde. Rev Psiq Clín. [Internet]. 2012 [cited Aug 18, 2016];39(3):94-9. Available from: http://ref.scielo.org/6ys2jh
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. Contudo, no estudo em questão, foram considerados somente estudantes de alguns cursos da área de saúde e de uma única instituição pública de ensino superior; e dados indicam que a frequência do binge drinking varia de acordo com as áreas de estudo, tipo de instituição de ensino e regiões do país33 Andrade A, Duarte P, Oliveira L. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília: SENAD; 2010. [Acesso 12 jan 2015]. Disponível em: https://goo.gl/XMoVz7
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. Dessa forma, ainda são necessários estudos brasileiros comparando a prática de binge e consequências associadas ao uso de álcool entre amostras de estudantes universitários de cursos de diversas áreas de estudo, instituições de ensino e regiões do país.

Neste estudo, o objetivo foi avaliar as consequências e problemas associados ao uso de álcool entre universitários que referem binge drinking, quando comparados a estudantes que não o referem. As hipóteses deste estudo foram: estudantes universitários que consomem álcool com prática de binge apresentam - 1) maior pontuação no AUDIT, 2) maior número de consequências negativas associadas ao uso de álcool e 3) maior chance de relatar problemas ou consequências associadas ao uso.

Método

O Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram um website interativo, de acesso gratuito, sobre o consumo de álcool entre estudantes universitários. O site pode ser acessado por meio do endereço www.ciee.org.br/portal/estudantes/inicial_pesq.asp

O recrutamento de participantes (previamente cadastrados no CIEE) ocorreu via e-mail, e a coleta de dados foi realizada entre outubro de 2014 e março de 2015. Somente estudantes convidados tiveram acesso à pesquisa. Ao todo, 2.596 indivíduos acessaram o site e responderam à pesquisa. Os critérios de inclusão para este estudo foram: ter entre 18 e 30 anos e estar matriculado em qualquer Instituição de Ensino Superior (IES). Os participantes que não se enquadraram nesses critérios puderam concluir os questionários, mas tiveram seus dados desconsiderados nas análises (N=167). Como forma de assegurar a veracidade das respostas dos participantes, foi incluída questão sobre o uso de uma droga fictícia99 Bedendo A, Noto AR. Sports practices related to alcohol and tobacco use among high school students. Rev Bras Psiquiatria. [Internet]. 2015 [cited Aug 26, 2016];37:99-105. Available from: http://ref.scielo.org/4whn4s
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, os universitários que responderam positivamente a essa questão tiveram seus dados excluídos das análises (N=21). A amostra final, avaliada neste estudo, foi de 2.408 estudantes universitários (N=2.408).

Instrumentos

Para avaliação do padrão de uso de álcool utilizou-se o Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT)1010 Babor TF, Higgins-Biddle JC, Saunders JB, Monteiro MG. AUDIT - The Alcohol Use Disorders Identification Test.[Internet]. 2nd ed. Geneva: World Health Organization; 2001. [cited July 12, 2016]. Available from: https://goo.gl/3ptfFJ
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, previamente validado entre universitários1111 Kokotailo PK, Egan J, Gangnon R, Brown D, Mundt M, Fleming M. Validity of the alcohol use disorders identification test in college students. Alcoholism Clin Exp Res. [Internet]. 2004 [cited July 11, 2016];28(6):914-20. Available from: https://goo.gl/P8Kc3e
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, e na população brasileira1212 Méndez E. Uma Versão Brasileira do AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test). [Internet]. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas; 1999. [Acesso 16 julho 2016]. Disponível em: https://goo.gl/cYEQby
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, e adaptado para se referir aos últimos três meses. Por sua vez, para as consequências do consumo de álcool foram utilizadas oito questões baseadas na escala Rutgers Alcohol Problem Index (RAPI)1313 White HR, Labouvie EW. Towards the assessment of adolescent problem drinking. J Stud Alcohol. [Internet]. 1989 [cited July 11, 2016];50(1):30-7. Available from: https://goo.gl/aCCyN4
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, entre elas questões sobre o comportamento de dirigir após consumir bebidas alcoólicas, pegar carona com alguém que consumiu álcool, enjoo ou vômitos, comportamento impulsivo e uma sobre a avaliação do participante acerca do quão negativas eram as consequências apresentadas. A respeito dos problemas associados ao uso de álcool foram utilizadas as respostas das questões 4 a 10 do AUDIT.

Considerações éticas

Este estudo foi submetido e aprovado (CEP: 429.170) pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (CAAE: 22423513.4.0000.5505). O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi disponibilizado na página inicial do site.

Análises estatísticas

Os participantes foram classificados em três grupos, de acordo com o perfil de consumo de álcool nos três últimos meses: sem consumo de álcool, consumo de álcool Sem prática de Binge (SB) e Consumo de álcool com prática de Binge (CB).

Foram utilizados testes estatísticos de qui-quadrado e ANOVA de uma via. Modelos de regressão linear e logística foram utilizados para comparação dos grupos de uso de álcool com e sem prática de binge. Os desfechos primários avaliados foram: pontuação total no AUDIT, número total de consequências associadas ao consumo de álcool, problemas associados ao consumo de álcool (questões 4 a 8 AUDIT) e consequências do consumo de álcool. Os desfechos secundários avaliados foram: gasto financeiro com bebidas alcoólicas (R$), número máximo de doses consumidas por hora e percepção sobre o quão negativas são as consequências para o participante. Todos os modelos de regressão foram ajustados para gênero, idade, renda, tipo de instituição, idade ao primeiro uso de álcool e idade ao primeiro episódio de embriaguez. O nível mínimo de significância estatística adotado foi de 5%. As análises foram realizadas no software Stata, v.12.0.

Resultados

Mais da metade dos estudantes era do sexo masculino (55,2%), residente das Regiões Sul e Sudeste (54,2%), com renda familiar mensal de 1 a 3 salários-mínimos (56,3%) e idade média de 21,6 anos (Desvio-Padrão-dp de 0,06). Aproximadamente 85% dos universitários eram provenientes de instituições privadas e frequentavam a universidade, em média, há 2,4 anos (dp=0,02), sendo 54% alunos de cursos de humanas (Tabela 1). Além disso, a frequência do consumo de álcool nos últimos três meses foi de 89,2%, e 51,6% dos universitários declararam uso em padrão binge. Entre estudantes que consumiram bebidas alcoólicas, a maioria consumiu entre 1 e 4 doses (65,6%). Observou-se, também, que a frequência de mulheres foi maior no grupo SB, enquanto homens foram mais frequentes no grupo CB (x2(2)=39,13; p<0,001). Por sua vez, estudantes da Região Centro-Oeste relataram uso menos frequente de álcool, com ou sem padrão binge (x2(4)=12,03; p=0,02), enquanto estudantes com renda familiar maior que 10 salários-mínimos foram mais prevalentes nos grupos SB e CB (x2(8)=31,68; p<0,001).

Tabela 1
Características sociodemográficas entre indivíduos que não consumiram álcool, consumiram sem binge e consumiram com binge, nos três meses anteriores à pesquisa (N=2.408). São Paulo, SP, Brasil, 2014/2015

A maior parte dos universitários foi classificada com Uso de Baixo Risco pelo AUDIT (77,5%), e a frequência do Uso de Risco foi significativamente superior no grupo CB (31,3% - x2(3)=344,64; p<0,001). Por sua vez, universitários do grupo CB relataram consumir significativamente maior número máximo de doses (F(1,2145)=518,71; p<0,001) e mais gastos com bebidas alcoólicas (F(1,2145)=109,71; p<0,001) que o grupo SB (Tabela 2).

Tabela 2
Características do padrão de uso de álcool entre indivíduos que consumiram álcool sem binge e consumiram com binge, nos três meses anteriores à pesquisa (N=2.147). São Paulo, SP, Brasil, 2015

As consequências e problemas associados ao consumo de álcool nos últimos três meses estão apresentadas na Tabela 3. Todas as consequências e problemas mostraram-se mais prevalentes no grupo CB. Contudo, o mesmo grupo avaliou as consequências, em média, como menos negativas (F(1, 2145)=6,40; p<0,01). A Tabela 4 apresenta os modelos de regressão logística comparando os participantes dos grupos SB e CB, prevendo as consequências e problemas associados ao uso de álcool. Para todos os desfechos avaliados, os modelos demonstraram que universitários do grupo CB tiveram maior chance de relatar alguma das consequências ou problemas associados ao uso de álcool.

Tabela 3
Prevalência de consequências e problemas associados ao uso de álcool entre indivíduos que consumiram álcool sem binge e consumiram com binge, nos três meses anteriores à pesquisa (N=2.147). São Paulo, SP, Brasil, 2015
Tabela 4
Modelos de regressão logística ajustados* comparando universitários que consumiram álcool sem binge (referência) e consumiram com binge, nos últimos três meses (N=2.146). São Paulo, SP, Brasil, 2015

Os modelos de regressão linear apresentados na Tabela 5 indicam que, comparados ao grupo SB, universitários CB tiveram pontuação, em média, 4,60 no AUDIT; uma consequência negativa a mais; consumo máximo de doses cerca de 0,65 doses a mais por hora e gasto financeiro com bebidas de R$29,68 a mais. Apesar de o grupo CB ter apresentado mais consequências negativas, o mesmo apresentou percepção sobre a negatividade das consequências, em média, 0,45 pontos a menos do que o grupo SB.

Tabela 5
Modelos de regressão linear ajustados* comparando universitários que consumiram álcool sem binge (referência) e consumiram com binge, nos últimos três meses (N=2.146). São Paulo, SP, Brasil, 2015

Discussão

O presente estudo indicou que na amostra de universitários brasileiros, os quais acessaram o site sobre uso de álcool, indivíduos que relataram consumo de álcool com prática de binge nos últimos três meses apresentaram maior número de consequências negativas associadas ao uso, bem como maior incidência de problemas associados ao uso e maior gasto financeiro com bebidas. Porém, esses universitários perceberam as consequências por eles relatadas como não tão negativas. Os resultados corroboram as três hipóteses iniciais propostas: estudantes universitários que consomem álcool com prática de binge apresentariam maior pontuação no AUDIT, maior número de consequências negativas associadas ao uso de álcool e mais chances de relatar problemas ou consequências associadas ao uso.

Em relação ao uso de álcool nos últimos três meses, neste estudo observou-se frequência de 89,2%, a qual é superior ao uso na vida (86,2%), relatado na principal referência nacional sobre o tema: I Levantamento Nacional Sobre Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras. A frequência do padrão de uso binge, nos últimos três meses, neste estudo (51,6%) também foi maior do que a observada ao longo do ano no Levantamento (43,7%)33 Andrade A, Duarte P, Oliveira L. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília: SENAD; 2010. [Acesso 12 jan 2015]. Disponível em: https://goo.gl/XMoVz7
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. Dados de pesquisas norte-americanas indicam prevalência do binge durante as duas últimas semanas (35%), sem grandes alterações desde o início dos anos 19901414 Johnston LD, O’Malley PM, Bachman JG, Schulenberg JE, Miech RA. Monitoring the Future national survey results on drug use, 1975-2014: Volume 2, College students and adults ages 19-55. [Internet]. Ann Arbor: Institute for Social Research, editor: The University of Michigan; 2015. [cited july 18, 2016]. Available from: https://goo.gl/Ozbtwe
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. Por sua vez, a comparação direta entre os dados deste trabalho com os de outros estudos possui limitações, uma vez que foram utilizados métodos diferentes de coleta de dados, além de se referirem a dados de frequência com recortes temporais diferentes. Além disso, neste estudo, a coleta de informações foi realizada via internet, enquanto no Levantamento foi realizada a partir da aplicação coletiva de questionário de papel, durante horário de aula. O uso da internet para esse tipo de procedimento pode atenuar o constrangimento em temas como o uso de drogas1515 Taylor CB, Luce KH. Computer and Internet-Based Psychotherapy Interventions. Curr Directions Psychol Sci. [Internet]. 2003 [cited July 19, 2016];12(1):18-22. Available from: https://goo.gl/hiHy0E
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, refletindo, possivelmente, maior frequência de relato do uso de álcool. Outro aspecto relevante: durante o recrutamento, os participantes eram convidados a acessar uma pesquisa para conhecer mais sobre seu hábito de consumo de álcool atual. Dessa forma, conforme anteriormente mencionado, é possível que esta amostra apresente sub-representação de universitários que não consomem bebidas alcoólicas.

A frequência de homens foi maior no grupo CB, enquanto mulheres foram mais prevalentes no grupo SB. Esses dados sugerem que mulheres parece que não se abstêm do uso de álcool, mas, sim, praticam com menor frequência o consumo em padrão binge em comparação aos homens. Esse dado corrobora alguns achados em que o padrão binge drinking entre homens é maior que entre mulheres1414 Johnston LD, O’Malley PM, Bachman JG, Schulenberg JE, Miech RA. Monitoring the Future national survey results on drug use, 1975-2014: Volume 2, College students and adults ages 19-55. [Internet]. Ann Arbor: Institute for Social Research, editor: The University of Michigan; 2015. [cited july 18, 2016]. Available from: https://goo.gl/Ozbtwe
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,1616 Tavolacci MP, Boerg E, Richard L, Meyrignac G, Dechelotte P, Ladner J. Prevalence of binge drinking and associated behaviours among 3286 college students in France. BMC Public Health. [Internet]. 2016 [cited July 18, 2016];16:178. Available from: https://goo.gl/tWSMMb
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. O mesmo dado é semelhante aos de estudos internacionais que indicam maior prevalência de binge entre homens1717 Labrie JW, Lac A, Kenney SR, Mirza T. Protective behavioral strategies mediate the effect of drinking motives on alcohol use among heavy drinking college students: gender and race differences. Addictive Behav. [Internet]. 2011 [cited May 13, 2016];36(4):354-61. Available from: https://goo.gl/UP8VBJ
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. Neste estudo, as Regiões Norte-Nordeste apresentaram maior frequência do uso de álcool em padrão binge, dado semelhante ao observado no Levantamento Nacional33 Andrade A, Duarte P, Oliveira L. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília: SENAD; 2010. [Acesso 12 jan 2015]. Disponível em: https://goo.gl/XMoVz7
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. Por sua vez, a variável renda familiar de 10 ou mais salários-mínimos foi associada ao consumo de álcool com e sem binge. Em estudo anterior, realizado entre estudantes do ensino médio de escolas privadas de São Paulo, verificou-se maior frequência do uso de álcool, inclusive binge drinking, entre classes socioeconômicas mais altas1818 Locatelli D, Sanchez Z, Opaleye E, Carlini C, Noto AR. Socioeconomic influences on alcohol use patterns among private school students in São Paulo. Rev Bras Psiquiatria. [Internet]. 2012 [cited May 19, 2016];34(2):193-200. Available from: http://ref.scielo.org/pgcv93
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.

A frequência do comportamento de pegar carona com alguém que tenha consumido bebidas alcoólicas foi, aproximadamente, três vezes maior do que o comportamento de beber e dirigir. Em 2008, foi publicada a Lei Seca, atualizada em 2012, definindo penalidades às pessoas que dirigirem sob influência de álcool. Apesar da redução de 45% na frequência de adultos que dirigiam após prática de binge, entre 2007 e 20131919 Malta DC, Berna RTI, da Silva MMA, Claro RM, da Silva Júnior JB, dos Reis AAC. Consumo de bebidas alcoólicas e direção de veículos, balanço da lei seca, Brasil 2007 a 2013. Rev Saúde Pública. [Internet]. 2014 [Acesso 18 maio 2016];48(4):692-966. Disponível em: https://goo.gl/4klyJX
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, 60,2% dos motoristas foram passageiros de motoristas que também consumiram bebidas alcoólicas2020 Pechansky F, Duarte PCAV, De Boni R. Uso de bebidas alcoólicas e outras drogas nas rodovias brasileiras e outros estudos [Internet]. Porto Alegre: SENAD; 2010. [Acesso 17 maio 2016]. Disponível em: https://goo.gl/xcsnF0
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. Entre estudantes de 11 a 21 anos de idade, 8% relataram beber e dirigir, enquanto 32% pegaram carona, nos últimos 12 meses, com alguém que havia consumido bebidas alcoólicas, sendo que 16,6% afirmaram ter pegado carona com motorista que havia bebido demais para dirigir com segurança2121 Vieira DL, Ribeiro M, Romano M, Laranjeira RR. Álcool e adolescentes: estudo para implementar políticas municipais. Rev Saúde Pública. [Internet]. 2007 [Acesso 14 maio 2016];41(3):396. Disponível em: http://ref.scielo.org/wjhsmr
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. Esses dados sugerem que, apesar da redução no comportamento de beber e dirigir, a frequência de indivíduos que se colocam em risco de acidentes de trânsito ainda é alta, uma vez que, mesmo não conduzindo veículos após beber, muitos pegam carona com alguém que tenha consumido bebidas alcoólicas.

A prática de binge foi associada a maiores chances de se relatar qualquer uma das consequências ou problemas avaliados neste estudo. Nas ocasiões em que mais consumiram álcool, universitários do grupo CB apresentaram o consumo médio de 2,1 doses/hora, durando, em média, 5,2 horas. Tais dados sugerem que esses universitários apresentaram sinais relevantes de embriaguez. Nesse sentido, é razoável pensar que o respectivo grupo apresente maiores chances de se engajar em comportamentos de risco. O uso binge está associado a problemas cognitivos, fisiológicos, sociais e acadêmicos de curto e longo prazo. Por exemplo, a prática de binge por estudantes universitários já foi associada a maiores chances de se vivenciar mais problemas durante o período da universidade, ou abuso e dependência de álcool após 10 anos2222 Jennison KM. The short-term effects and unintended long-term consequences of binge drinking in college: a 10-year follow-up study. Am J Drug Alcohol Abuse. [Internet]. 2004 [cited May 17, 2016];30(3):659-84. Available from: https://goo.gl/uW2YaU
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. Além disso, esse padrão de uso está associado a inúmeras outras consequências negativas agudas55 White A, Hingson R. The burden of alcohol use: excessive alcohol consumption and related consequences among college students. Alcohol Res : current reviews. [Internet]. 2013 [cited Feb 19, 2017];35(2):201-18. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24881329
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24881...
.

Apesar de os universitários do grupo CB apresentarem mais consequências associadas ao uso de álcool, os mesmos avaliaram como menos negativas as consequências vivenciadas. Seria esperado que quanto maior o número de consequências vivenciadas maior a percepção do impacto negativo das mesmas. Contudo, apesar de poucos estudos explorarem a percepção sobre as consequências do consumo de álcool, menor avaliação negativa de consequências comportamentais/físicas, por universitários, já foi previamente associada a um maior número de problemas relacionados ao consumo de álcool2323 Patrick ME, Maggs JL. College students’ evaluations of alcohol consequences as positive and negative. Addictive Behav. [Internet]. 2011 [cited May 19, 2016];36(12):1148-53. Available from: https://goo.gl/k69NXW
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. Outro estudo também indicou que universitários que consomem álcool em excesso tendem a perceber algumas consequências (ressaca, apagões, vômitos, perder aula ou trabalho), como experiências mais positivas do que negativas2424 Mallett KA, Bachrach RL, Turrisi R. Are all negative consequences truly negative? Assessing variations among college students’ perceptions of alcohol related consequences. Addictive Beh. [Internet]. 2008 [cited Aug 19, 2016];33(10):1375-81. Available from: https://goo.gl/DeKp5r
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. Assim, consequências tradicionalmente percebidas como negativas por pesquisadores podem assumir caráter positivo entre alguns estudantes, atuando de maneira a reforçar o comportamento de uso de álcool2525 Mallett KA, Varvil-Weld L, Borsari B, Read JP, Neighbors C, White HR. An update of research examining college student alcohol-related consequences: new perspectives and implications for interventions. Alcoholism, Clin Exp Res. [Internet]. 2013 [cited May 18, 2016];37(5):709-16. Available from: https://goo.gl/JHI4ks
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.

Entre as limitações deste estudo destaca-se que, por se tratar de estudo transversal, seus resultados não permitem afirmar relação de causalidade. Apesar dos resultados serem provenientes de grande amostra nacional, e com distribuição de instituições públicas e privadas muito semelhantes aos dados provenientes do Censo da Educação Superior11 INEP. Censo da educação superior 2013: resumo técnico. [Internet]. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira; 2015. [Acesso 12 jan 2015]. Disponível em: https://goo.gl/mXBprD
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, os resultados deste estudo não são representativos da população de estudantes universitários brasileiros, uma vez que o mesmo não foi delineado para obter amostragem representativa dessa população. Outra limitação é a baixa taxa de resposta de estudantes da Região Sul, característica da base de dados de e-mails do próprio CIEE decorrente da descentralização de algumas regionais da empresa. Em virtude das características do convite para acesso ao site, possivelmente há sub-representação de universitários que não consomem bebidas alcoólicas.

Conclusão

Entre os participantes do estudo, observou-se o relato do consumo de álcool em padrão binge em considerável parcela da amostra. Comparado ao uso de álcool sem prática de binge, a variável binge drinking foi significativamente associada à maior chance de relatar diversos problemas e consequências negativas do consumo de álcool. Esses resultados sugerem um grupo de risco específico para problemas associados ao uso de álcool. A fim de reduzir o impacto dos problemas associados a esse consumo, as informações do presente estudo devem ser consideradas em futuras políticas públicas ou institucionais focadas em universitários brasileiros.

Agradecimentos

Ao Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Brasil, pelo desenvolvimento do site e fornecimento dos e-mails para o recrutamento de participantes.

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    Apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Brasil e da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (AFIP), Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017

Histórico

  • Recebido
    11 Out 2016
  • Aceito
    27 Maio 2017
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