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Enfrentamento da COVID-19 em região de fronteira internacional: saúde e economia* * Este artigo refere-se à chamada temática “COVID-19 no Contexto da Saúde Global”.

Resumos

Objetivo:

analisar como o isolamento social e o fechamento das fronteiras repercutem na saúde e na economia em região de fronteira internacional.

Método:

estudo descritivo-transversal realizado no Oeste do Paraná, Brasil, por meio do questionário eletrônico Formulários Google®. Foi estudada uma amostra de 2.510 pessoas. Utilizou-se a análise estatística descritiva e o teste qui-quadrado, com nível de significância de 5%. Pesquisa de opinião pública, com participantes não identificados, que atende às Resoluções 466/2012 e 510/2016.

Resultados:

a média de idade foi de 41,5 anos, a maioria é do sexo feminino e composta por trabalhadores do setor de educação; 41,9% indicam que o fechamento das fronteiras/comércio influenciou negativamente a renda e, para 17,7%, existe a possibilidade de desemprego. Para 89,0%, o número de pessoas adoecidas seria maior caso as fronteiras/comércio não tivessem sido fechadas; 63,7% indicam que os serviços de saúde não estão preparados para enfrentar a pandemia; 74,9% percebem que o Sistema Único de Saúde pode não ter capacidade de atendimento; 63,4% sinalizam ansiedade e 75,6% dos trabalhadores do comércio terão alterações na renda.

Conclusão:

o fechamento das fronteiras internacionais e do comércio relacionou-se à percepção de alterações físicas e mentais, perda de emprego e de renda.

Descritores:
Pandemias; Covid-19; Isolamento Social; Áreas de Fronteira; Saúde Pública; Saúde na Fronteira


Objective:

to analyze how the social isolation measures and closed borders affected the health and economy in an international border region.

Method:

descriptive cross-sectional study conducted in the western region of Paraná, Brazil, using an electronic form created using Google® forms. A sample of 2,510 people was addressed. Descriptive analysis and the Chi-square test were performed, with a level of significance established at 5%. This public opinion survey, addressing unidentified participants, is in accordance with Resolutions 466/2012 and 510/2016.

Results:

the participants were 41.5 years old on average, most were women and worked in the education sector; 41.9% reported that the closing of borders/commercial businesses negatively influenced income; 17.7% reported the possibility of losing their jobs; 89.0% consider that a larger number of people would be sick if the borders/commercial had not been closed; 63.7% believe the health services are not prepared to deal with the pandemic; 74.9% realize that the Brazilian Unified Health System may not have sufficient service capacity; 63.4% reported anxiety; and 75.6% of commercial workers will experience changes in their income level.

Conclusion:

the closing of international borders and commercial businesses was related to a perception of physical and mental changes, job loss, and decreased income.

Descriptors:
Pandemics; Covid-19; Social Isolation; Border Areas; Public Health; Border Health


Objetivo:

analizar cómo el aislamiento social y el cierre de las fronteras afectan la salud y la economía en una región fronteriza internacional.

Método:

estudio descriptivo transversal desarrollado en el occidente de Paraná, Brasil, utilizando el cuestionario electrónico Formularios Google®. Se estudió una muestra de 2.510 personas. Se utilizó análisis estadístico descriptivo, prueba de chi-cuadrado con nivel de significancia del 5%. Encuesta de opinión pública, con participantes no identificados, que cumple con las Resoluciones 466/2012 y 510/2016.

Resultados:

el promedio de edad fue de 41,5 años, mayoritariamente mujeres y trabajadores del sector educativo; el 41,9% indicó que el cierre de las fronteras/comercio afectó negativamente los ingresos y que, para el 17,7%, existe la posibilidad de desempleo. Para 89,0%, el número de personas enfermas habría sido mayor si las fronteras/comercio no se hubieran cerrado; 63,7% indica que los servicios de salud no están preparados para enfrentar la pandemia; 74,9% percibe que el Sistema Único de Salud puede no ser capaz de brindar atención; 63,4% informó ansiedad; y 75,6% de los trabajadores del comercio tendrán cambios en los ingresos.

Conclusión:

el cierre de las fronteras internacionales y el comercio se relacionó con la percepción de cambios físicos y mentales, pérdida de empleo e ingresos.

Descriptores:
Pandemias; Covid-19; Aislamiento Social; Áreas Fronterizas; Salud Pública; Salud Fronteriza


Introdução

A COVID-19 é uma doença respiratória aguda com alterações hematológicas, causada pelo Coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2), e apresenta taxa de mortalidade que varia entre 0,5% e 18% de acordo com a faixa etária(11 World Health Organization. Coronavirus (COVID-19). [Internet]. Geneva: WHO; 2020 [cited Apr 28, 2020]. Available from: https://covid19.who.int/
https://covid19.who.int/...
). Foi descrita pela primeira vez em Wuhan, China, em dezembro de 2019, e afetou todos os continentes(22 Wenzhong L, Hualan L. Covid-19: attacks the 1-Beta chain of hemoglobin and captures the porphyrin to inhibit human heme metabolism. ChemRxiv. 2020. doi: 10.26434/chemrxiv.;11938173:v7
https://doi.org/10.26434/chemrxiv.;11938...
).

Configura-se como uma doença de evolução rápida devido aos danos alveolares e insuficiência respiratória progressiva, que exige um suporte ventilatório imediato(33 Xu Z, Shi L, Wang Y, Zhang J, Huang L, Zhang C, et al. Pathological findings of Covid-19 associated with acute respiratory distress syndrome. Lancet Respir Med. 2020; 8(4):420-2. doi: 10.1016/S2213-2600(20)30076-X
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). Os principais sinais e sintomas incluem dispneia, tosse seca, febre, dores no corpo e garganta, coriza e erupções cutâneas(33 Xu Z, Shi L, Wang Y, Zhang J, Huang L, Zhang C, et al. Pathological findings of Covid-19 associated with acute respiratory distress syndrome. Lancet Respir Med. 2020; 8(4):420-2. doi: 10.1016/S2213-2600(20)30076-X
https://doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30...
-44 Joob B, Wiwanitkit V. Covid-19 can present with a rash and be mistaken for dengue. J Am Acad Dermatol. 2020 May; 82(5):e177. doi: 10.1016/j.jaad.2020.03.036
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).

Mais de 6,7 milhões de pessoas foram afetadas pela COVID-19 globalmente. Embora a maior concentração de doentes esteja nos Estados Unidos da América (EUA), com quase dois milhões de pessoas infectadas, o vírus tem afetado todos os continentes, com destaque para países como Rússia, Espanha, Reino Unido, Itália, Alemanha, Brasil, Turquia e França. As mortes ultrapassam 390 mil pessoas, seguindo proporções alarmantes em vários países(11 World Health Organization. Coronavirus (COVID-19). [Internet]. Geneva: WHO; 2020 [cited Apr 28, 2020]. Available from: https://covid19.who.int/
https://covid19.who.int/...
).

No Brasil, a contaminação segue as mesmas proporções de crescimento, com variações entre regiões, estados, municípios. Destaca-se o aumento significativo do número de casos e de mortes, a despeito das medidas de contenção do vírus por meio do isolamento social(11 World Health Organization. Coronavirus (COVID-19). [Internet]. Geneva: WHO; 2020 [cited Apr 28, 2020]. Available from: https://covid19.who.int/
https://covid19.who.int/...
,55 Nussbaumer-Streit B, Mayr V, Dobrescu AI, Chapman A, Persad E, Klerings I, et al. Quarantine alone or in combination with other public health measures to control Covid-19: a rapid review. Cochrane Database Syst Rev. 2020(4). doi: 10.1002/14651858.CD013574
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), o que torna o cenário sanitário preocupante. Até o momento, julho de 2020, o país ultrapassa dois milhões de casos e a letalidade chega a 3,8%, com uma incidência de 1031,8 casos por 100 mil habitantes e a mortalidade de 38,8 casos por 100 mil habitantes. No entanto, considerando a falta de testes para a população brasileira, possivelmente existe a subnotificação da doença, a qual poderia representar cerca de seis vezes mais os casos confirmados até o momento(11 World Health Organization. Coronavirus (COVID-19). [Internet]. Geneva: WHO; 2020 [cited Apr 28, 2020]. Available from: https://covid19.who.int/
https://covid19.who.int/...
).

Um estudo de revisão sistemática mostrou que, a priori, por não existirem vacina e medicamentos com evidências científicas robustas para a utilização in vivo, o isolamento social tem sido a principal estratégia para a redução do número de casos novos e óbitos(66 Vellingiri B, Jayaramayya K, Iyer M, Narayanasamy A, Govindasamy V, Giridharan B, et al. Covid-19: a promising cure for the global panic. Sci Total Environ. 2020;725:138277. doi: 10.1016/j.scitotenv.2020.138277
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) na população em geral. As evidências científicas revelam que o isolamento social é mais eficaz e apresenta uma redução de economia em geral(55 Nussbaumer-Streit B, Mayr V, Dobrescu AI, Chapman A, Persad E, Klerings I, et al. Quarantine alone or in combination with other public health measures to control Covid-19: a rapid review. Cochrane Database Syst Rev. 2020(4). doi: 10.1002/14651858.CD013574
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). A combinação do isolamento social com liberação de atividades essenciais, associada às medidas individuais de prevenção e controle, como o uso de máscaras e álcool em gel 70%, apresenta efeito maior(55 Nussbaumer-Streit B, Mayr V, Dobrescu AI, Chapman A, Persad E, Klerings I, et al. Quarantine alone or in combination with other public health measures to control Covid-19: a rapid review. Cochrane Database Syst Rev. 2020(4). doi: 10.1002/14651858.CD013574
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-66 Vellingiri B, Jayaramayya K, Iyer M, Narayanasamy A, Govindasamy V, Giridharan B, et al. Covid-19: a promising cure for the global panic. Sci Total Environ. 2020;725:138277. doi: 10.1016/j.scitotenv.2020.138277
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).

Se por um lado as práticas de isolamento social têm se mostrado uma medida para conter a disseminação da COVID-19, por outro, tem sido reportado como fator que atinge diretamente a economia global e local. Importante ressaltar que a redução das atividades da indústria, comércio e serviços impacta a saúde das empresas e é preciso considerar o efeito devastador nas atividades econômicas e, ainda, a retomada da operação econômica precocemente e sem monitoramento adequado poderá surtir efeito inverso, ou seja, aumentar a mortalidade geral e diminuir o tempo e a capacidade de recuperação da economia(77 Organização das Nações Unidas. Covid-19 destrói o equivalente a 14 milhões de empregos na América Latina e Caribe, diz OIT. [Internet]. 2020 [cited Apr 26, 2020]. Available from: https://nacoesunidas.org/covid-19-destroi-o-equivalente-a-14-milhoes-de-empregos-na-america-latina-e-caribe-diz-oit/
https://nacoesunidas.org/covid-19-destro...
).

Municípios de faixa de fronteira, cenário deste estudo, enfrentam uma dualidade entre controle e integração, uma vez que o acesso e a circulação das pessoas decorrem das relações de trabalho, turismo, consumo e utilização dos serviços públicos de saúde e educação(88 Aikes S, Rizzotto MLF. Integração regional em cidades gêmeas do Paraná, Brasil, no âmbito da saúde. Cad Saude Publica. 2018;34(8):e00182117. doi: 10.1590/0102-311x00182117
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). Diariamente, brasileiros, paraguaios e argentinos cruzam as fronteiras por diferentes razões, como as relações comerciais, industriais, laborais, de educação formal, utilização dos serviços de saúde, bem como pelas práticas religiosas e de circulação de turistas, entre outras. Nesse contexto, compreende-se que tanto o setor saúde quanto o econômico serão afetados frente à pandemia da COVID-19.

Na região estudada, mais especificamente no município de Foz do Iguaçu, Paraná, por abrigar atrativos naturais e construídos pela ação humana, as atividades com o turismo são prioritárias dentre as ações econômicas(88 Aikes S, Rizzotto MLF. Integração regional em cidades gêmeas do Paraná, Brasil, no âmbito da saúde. Cad Saude Publica. 2018;34(8):e00182117. doi: 10.1590/0102-311x00182117
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). Alguns indicadores apontam a relevância da cidade e da região de fronteira. Esta é considerada o segundo destino brasileiro mais procurado por estrangeiros e a maior zona franca da América Latina. Em 2019, as Cataratas do Iguaçu receberam mais de dois milhões de visitantes oriundos de 177 países e o complexo turístico da Hidrelétrica Itaipu Binacional foi visitado por mais de um milhão de turistas nacionais e internacionais(77 Organização das Nações Unidas. Covid-19 destrói o equivalente a 14 milhões de empregos na América Latina e Caribe, diz OIT. [Internet]. 2020 [cited Apr 26, 2020]. Available from: https://nacoesunidas.org/covid-19-destroi-o-equivalente-a-14-milhoes-de-empregos-na-america-latina-e-caribe-diz-oit/
https://nacoesunidas.org/covid-19-destro...
). Assim, as repercussões sobre a economia e a saúde da população têm impactos evidentes, dados o fechamento das fronteiras e a adoção do isolamento social naquela região.

Esse panorama trará repercussões diretas e indiretas de modo geral e acarretará perdas de postos de trabalhos e redução salarial com impacto direto na renda das famílias. Um dos principais desafios é encontrar formas alternativas de renda, além das ações emergenciais do governo federal, para manter a renda familiar, pois, em espaços transfronteiriços, há grande dependência do turismo e das relações comerciais entre os países(77 Organização das Nações Unidas. Covid-19 destrói o equivalente a 14 milhões de empregos na América Latina e Caribe, diz OIT. [Internet]. 2020 [cited Apr 26, 2020]. Available from: https://nacoesunidas.org/covid-19-destroi-o-equivalente-a-14-milhoes-de-empregos-na-america-latina-e-caribe-diz-oit/
https://nacoesunidas.org/covid-19-destro...
), sem que isso se conduza a uma maior gravidade sanitária e econômica(55 Nussbaumer-Streit B, Mayr V, Dobrescu AI, Chapman A, Persad E, Klerings I, et al. Quarantine alone or in combination with other public health measures to control Covid-19: a rapid review. Cochrane Database Syst Rev. 2020(4). doi: 10.1002/14651858.CD013574
https://doi.org/10.1002/14651858.CD01357...
-66 Vellingiri B, Jayaramayya K, Iyer M, Narayanasamy A, Govindasamy V, Giridharan B, et al. Covid-19: a promising cure for the global panic. Sci Total Environ. 2020;725:138277. doi: 10.1016/j.scitotenv.2020.138277
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). Este estudo teve como objetivo analisar como o isolamento social e o fechamento das fronteiras repercutem na saúde e economia em região de fronteira internacional.

Método

Estudo descritivo-transversal, realizado nos municípios da região oeste do Paraná, Brasil, com população estimada em 1.219.548 habitantes conforme Censo de 2010, sendo composta por 50 municípios, entre os quais 17 têm seus territórios na linha de fronteira com Paraguai e Argentina. As principais vocações econômicas que geram emprego e renda são a agricultura, o turismo e a movimentação de mercadorias oriundas dos países do Mercosul. A região conta com 284 Unidades Básicas de Saúde, 32 hospitais públicos com 2.039 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) e 188 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI)/SUS. Pontua-se que também recebe doentes oriundos do Paraguai e Argentina (estrangeiros e brasileiros emigrados)(99 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Informações sobre saúde, abrangendo, demografia, infraestrutura e gestão da saúde, morbidade e causas de mortalidade. [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2020 [cited Apr 19, 2020]. Available from: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude.html
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/soc...
).

O período de coleta de dados ocorreu nos dias 10 a 13 de abril de 2020.

Os participantes foram voluntários maiores de 18 anos, trabalhadores formais ou não, residentes nos municípios da região oeste do Paraná. Foram excluídos os participantes que não informaram idade e nem a cidade. Responderam ao questionário 2.697 pessoas; destas, 2510 satisfizeram os critérios de seleção.

Ante a população residente nos municípios estudados, o número amostral foi estimado considerando um erro (∊) de 2% e um intervalo de confiança (Z) de 95%, conformando tamanho amostral de 2.397 pessoas por meio da fórmula:

Tamanho da amostra = z 2 × p 1 p e 2 1 + z 2 × p 1 p e 2 N

Entretanto, 2.510 participantes responderam ao questionário eletrônico, atendendo ao critério de seleção.

Foi construído um questionário que pudesse captar a opinião dos respondentes quanto ao impacto do isolamento social e ao fechamento das fronteiras internacionais na saúde e na economia regional. Esse questionário, estruturado, foi avaliado por três especialistas na área de Saúde Coletiva e inclui 32 questões, sendo três abertas, seis de múltipla escolha e 23 dicotômicas (sim ou não), compondo cinco dimensões: 1) Dados sociodemográficos; 2) Impacto econômico; 3) Medidas sanitárias de enfrentamento da pandemia; 4) Respostas dos serviços públicos do município à pandemia e 5) Impacto do isolamento social na saúde.

A coleta dos dados ocorreu por meio de um questionário eletrônico, utilizando o Formulários Google®, dirigido à população residente na localidade do estudo, disponibilizado online pelas redes sociais e página oficial da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Utilizou-se, na análise, a técnica de estatística descritiva, sendo testada a análise de frequências absoluta e relativa, além da associação entre as variáveis escolhidas, com o teste qui-quadrado com nível de significância estatística de 5%. Para as tabelas de contingência, buscou-se encontrar associação das respostas dos domínios estudados segundo os grupos de trabalhadores que participaram do estudo. Os dados foram tabulados em planilhas Microsoft Office Excel 2016 e analisados por meio do software R, versão 3.6.1.

Esta pesquisa de opinião pública, com participantes não identificados, atende às Resoluções do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde 466/2012 e 510/2016.

Resultados

A média de idade dos participantes foi de 41,5 anos (DP±12,3) e média do número de filhos de 1,4 (DP±1,4).

A maioria é do sexo feminino (67,7%), casada (57,1%), com filhos (69,4%), composta por trabalhadores do setor de educação pública ou privada (19,6%), com valores que apresentaram diferença estatística significante entre as categorias (p<0,001), conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1
Distribuição das variáveis sociodemográficas dos respondentes quanto à pandemia da COVID-19. Região de Fronteira Internacional do Oeste do Paraná, Brasil, 2020

No que tange à questão de gasto com moradia, a análise demonstrou que 55,1% (n=1382) indicaram não pagar aluguel; 13,1% (n=330) relataram a possibilidade de faltar dinheiro para aluguel durante os meses de isolamento social e fechamento da fronteira. Relacionados a gastos com a saúde, 38,4% (n=384) informaram não pagar plano privado e 35% (n=879) avaliaram-se como dependentes do SUS. Por outro lado, devido ao reflexo do fechamento da fronteira, 13,7% apontaram que poderá faltar dinheiro para pagar o plano de saúde de que fazem uso, o que pode significar uma migração dos planos privados de saúde para uso exclusivo do SUS. Isso também foi preocupante, pois 14,8% (n=371) revelaram que faltará dinheiro para medicamentos nesse período. Tanto para a questão de moradia quanto para as relacionadas aos SUS e medicamentos, as análises indicaram valor de p<0,001.

Frente à dimensão repercussão econômica das medidas sanitárias, na opinião dos respondentes, o fechamento das fronteiras internacionais influenciaria ou influenciará suas rendas familiares (41,9%) (Tabela 2). Em análise, esse percentual aumenta para 58,5% quando a pergunta é voltada especificamente ao comércio da cidade de residência do respondente (p<0,001).

Tabela 2
Distribuição das variáveis sobre a repercussão econômica das medidas sanitárias de enfrentamento da pandemia da COVID-19. Região de Fronteira Internacional do Oeste do Paraná, Brasil, 2020

Também foi perguntado se faltaria dinheiro no mês para as necessidades básicas, sendo as respostas afirmativas para alimentação (15,3%) e contas de água, luz, telefone e/ou internet (25,1%) (Tabela 2). Para 17,8% dos respondentes, existe a possibilidade de ficar desempregado, e 2,6% relataram já ter perdido o emprego pelo fechamento das fronteiras, comércio e isolamento social. Os índices apresentaram valor de p<0,001 (Tabela 2).

Em relação à necessidade do fechamento das fronteiras internacionais, do comércio e de escolas/universidades como medidas úteis para prevenir o adoecimento pelo SARS/CoV2/COVID-19, as respostas foram afirmativas, com frequências de 90,8%, 79,8% e 91,5% (p<0,001), respectivamente. Para 89,0%, se as fronteiras e o comércio não tivessem sido fechados, o número de adoecidos pelo vírus SARS/CoV2 seria maior (p<0,001), conforme mostra a Tabela 3.

Tabela 3
Distribuição das variáveis sobre as medidas sanitárias de enfrentamento e respostas dos serviços públicos frente à COVID-19. Região de Fronteira Internacional do Oeste do Paraná, Brasil, 2020

Ainda pela Tabela 3, é possível verificar que, para 63,7%, os serviços de saúde não estão preparados para oferecer atenção em relação ao SARS/CoV2/COVID-19 e, para 74,9%, o SUS pode perder a capacidade de atender as pessoas com sintomas e/ou adoecidas pelo vírus (p<0,001).

Outro dado analisado foi a percepção da população quanto à resposta dos governos (municipal, estadual e federal) ao enfrentamento da pandemia da COVID-19. Nesse contexto, 70,3% (n=1764) concordam que os níveis de gestão pública agiram rapidamente na tomada de decisões para o cuidado com a saúde da população (valor de p<0,001).

Na dimensão impacto do isolamento social na saúde, na Tabela 4 consta que 63,5% dos respondentes indicaram que o isolamento social causou ansiedade e 32,3% a relacionaram com o surgimento de dores no corpo que não tinham antes (p<0,001).

Tabela 4
Distribuição das variáveis sobre o impacto do isolamento social na saúde devido à COVID-19. Região de Fronteira Internacional do Oeste do Paraná, Brasil, 2020

Ainda sobre essa dimensão, 7,8% dos respondentes relataram que o isolamento social foi responsável pelo aparecimento de doença que não tinham antes (p<0,001).

A análise deste estudo mostrou que os trabalhadores de todas as áreas apontaram que o fechamento das fronteiras influenciará sua renda familiar, principalmente para a área do comércio/turismo (75,6% - p<0,001). Mesmo os trabalhadores com alguma estabilidade no emprego também relataram perda de renda (Tabela 5).

Tabela 5
Distribuição das variáveis impacto econômico, medidas sanitárias de enfrentamento da pandemia, respostas dos serviços públicos de saúde à pandemia segundo as áreas de trabalho. Região de fronteira internacional do Oeste do Paraná, Brasil, 2020

Ao ser analisado o impacto do fechamento do comércio, 87% dos trabalhadores do comércio/turismo e 60,6% da categoria Outros (do lar, estudantes, outras profissões) revelaram os maiores percentuais, dando conta que a medida influenciou ou vai influenciar sua renda familiar (p<0,001).

Na Tabela 5, é possível verificar que, em relação ao fechamento das fronteiras, como medida para prevenir o adoecimento por SARS/CoV2/COVID-19, os trabalhadores do comércio/turismo responderam não com maior frequência, 18,5%. Em análise, esse percentual praticamente dobra (36,1%) quando a pergunta se refere ao fechamento do comércio (p<0,001).

No tocante ao preparo dos serviços de saúde para oferecer atenção frente à COVID-19, os respondentes na categoria Outros apresentaram o maior percentual de resposta sim (64,5%). Realça-se a frequência de respostas não está preparado sinalizadas pelos trabalhadores da saúde (62,6%) (sem diferença estatística significante) (Tabela 5).

Quando perguntado se o SUS poderia perder a capacidade de atender as pessoas com sintomas e adoecidas pela COVID-19, os respondentes afirmaram sim, variando de 80,3% (trabalhadores da educação e funcionários públicos) a 71,8% (trabalhadores do comércio/turismo, p<0,001) (Tabela 5).

Para a dimensão impacto do isolamento social na saúde, 40,9% das pessoas do comércio/turismo apontaram que o isolamento social ocasionou dores no corpo não sentidas antes, sendo a maior ocorrência entre os grupos estudados. Por outro lado, os trabalhadores da educação e funcionários públicos relataram menor frequência (28,8%). Para 73,6% de pessoas do comércio/turismo (maior frequência) e 60,0% educação e funcionários públicos (menor frequência), o isolamento social alterou seu estado, causando-lhes ansiedade (p<0,001) (Tabela 5). As afirmações sobre alteração no humor (p=0,002), tristeza (p<0,001) e aparecimento de doença (p<0,010) foram relatadas especialmente entre trabalhadores do comércio/turismo. Para 95,2% dos trabalhadores da área de educação e funcionários públicos, se as fronteiras internacionais junto ao comércio não tivessem sido fechadas, o número de pessoas adoecidas pela COVID-19 seria maior. Já entre aqueles da área do comércio/turismo, o percentual foi de 80,7% (p<0,001).

Discussão

Como resposta à epidemia da COVID-19, o isolamento social tem demonstrado eficácia, contudo, as restrições exercem pressão na saúde e economia, especialmente em regiões de fronteiras onde a renda da população advém do comércio e serviços não essenciais, bem como do turismo. Em região de fronteira, onde as relações comerciais se reduzem devido ao fechamento das fronteiras, há consequências diretas sobre o emprego, renda, estilo de vida e da própria subsistência, afetando a classe de trabalhadores e, em especial, os grupos mais vulneráveis(1010 Wang Z, Tang K. Combating Covid-19: health equity matters. Nat Med. 2020;26:458. doi: 10.1038/s41591-020-0823-6
https://doi.org/10.1038/s41591-020-0823-...
).

Em países com históricos de recessão econômica e baixa capacidade em estimular a criação e manutenção de postos de trabalho, as repercussões provocadas pela COVID-19 apresentam maiores impactos sobre a economia em geral e a vida das pessoas. Embora seja compreensível que países em desenvolvimento tenham maior dificuldade em implementar medidas de isolamento social, deve-se levar em consideração que economia e saúde não são objetos antagônicos em momentos de crise sanitária. É consenso que os governos, em momento de crise, devem assumir o papel de autoridade sanitária e econômica para que possam organizar e promover o acesso à alimentação, aos bens de higiene e serviços de saúde(1111 Krishnakumar B, Rana S. Covid-19 in India: Strategies to combat from combination threat of life and livelihood. J Microbiol Immunol Infect. 2020;S1684-1182(20)30084-0. doi: 10.1016/j.jmii.2020.03.024
https://doi.org/10.1016/j.jmii.2020.03.0...
).

O impacto econômico em decorrência da COVID-19 não será igualmente distribuído na população em geral, o que aumentará a desigualdade social interna dos países. Em países desenvolvidos como os EUA, há registros de perda de renda entre os trabalhadores e estimativas apontam que o desemprego aumentará de 3,5% para 20%. Essas projeções revelam que o aumento de desempregados será maior entre as atividades já precarizadas e com menor renda(1212 Karnon J. The case for a temporary Covid-19 income tax levy now, during the crisis. Appl Health Econ Health Policy. 2020;16:1-3. doi: 10.1007/s40258-020-00585-6
https://doi.org/10.1007/s40258-020-00585...
), sem perspectivas em curto prazo de recomposição dessas perdas.

Tais projeções são concordantes com este estudo, com perspectivas de impacto econômico imediato na perda do emprego e na falta de recursos para as necessidades básicas das famílias, dados a necessidade do isolamento social, a manutenção apenas das atividades essenciais e o fechamento das fronteiras internacionais. Sobre as medidas sanitárias de enfrentamento de pandemia e respostas dos serviços públicos(1313 Ujvari SC. Pandemias: a humanidade em risco. São Paulo: Contexto; 2012.), em 2012 já se destacava a relação direta da velocidade dos deslocamentos populacionais versus o aparecimento das epidemias e a necessidade de vigilância dos agravos. Assim, a iniciativa do Paraguai e Argentina pelo fechamento das pontes da Amizade (Brasil e Paraguai) e Fraternidade (Brasil e Argentina), em março de 2020, foram decisões importantes para o controle e a disseminação do vírus, promovendo o distanciamento social, como recomendado pelas diretrizes da Organização Mundial da Saúde(1414 Governo Federal do Brasil. Medidas econômicas voltadas para a redução dos impactos da Covid-19. [Internet]. 2020 [cited Apr 20, 2020]. Available from: https://www.gov.br/economia/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/covid-19/timeline
https://www.gov.br/economia/pt-br/centra...
-1515 Weston S, Frieman MB. Covid-19: knowns, unknowns, and questions. Msphere. 2020;5(2):e00203-20. doi: 10.1128/mSphere.00203-20
https://doi.org/10.1128/mSphere.00203-20...
).

O fechamento do comércio de serviços não essenciais e das universidades/escolas na fronteira também foi medida implantada pelos três países. No Brasil, deu-se por meio de um decreto do governo do estado do Paraná(1616 Gobierno Federal de Paraguay. Poder Legislativo. Ley n° 6.524. [Internet]. 2020 [Acceso 18 abr 2020]. Disponible en: https://www.mspbs.gov.py/dependencias/portal/adjunto/08b70a-LeyN6524DeclaracinEstadodeEmergencia.pdf
https://www.mspbs.gov.py/dependencias/po...

17 Gobierno de la República Argentina. Decreto de Necesidad y Urgencia (DNU) 260/2020. [Internet]. 2020 [Acceso 18 abr 2020]. Disponible en: https://www.argentina.gob.ar/coronavirus/dnu.
https://www.argentina.gob.ar/coronavirus...
-1818 Secretaria do Estado do Paraná. Decreto nº 4.230/2020. Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do Coronavírus - COVID-19. [Internet]. 2020 [Acesso 18 abr 2020]. Disponível em: http://www.aen.pr.gov.br/arquivos/Decreto_4230.pdf
http://www.aen.pr.gov.br/arquivos/Decret...
). Essas medidas tiveram como propósito evitar aglomerações para diminuir a contaminação pelo vírus, além de diminuir e postergar o pico na curva epidêmica(1919 Anderson RM, Heesterbeek H, Hollingsworth TD. How will country-based mitigation measures influence the course of the Covid-19 epidemic? Lancet. 2020;395(10228):931-4. doi: 10.1016/S0140-6736(20)30567-5
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30...
), e os resultados desta pesquisa mostram que a população compreendeu a magnitude dessas ações sanitárias.

Entre os nove hospitais de referência para os casos graves de COVID-19 no Paraná, dois estão situados na região oeste, sendo o Hospital Universitário do Oeste do Paraná e Hospital Municipal Padre Germano Lauck, localizados em Cascavel e Foz do Iguaçu, respectivamente. O Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu, mantido pela Itaipu Binacional, também foi habilitado para atender aos casos graves e, inclusive, para realizar exames de diagnóstico da doença(2020 Ministério da Saúde (BR). Coronavírus: veja lista completa de hospitais que serão referência no Brasil. [Internet]. 2020 [Acesso 18 abr 2020]. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46257-mapa-hospitais-referencia-novo-coronavirus
https://www.saude.gov.br/noticias/agenci...
).

Está documentado que a maioria dos brasileiros (70%) depende exclusivamente do SUS e mais de cinco bilhões de reais foram destinados ao combate da COVID-19(2121 Lorenz C, Azevedo TS, Chiaravalloti-Neto F. Covid-19 and dengue fever: a dangerous combination for the health system in Brazil. Travel Med Infect Dis. 2020:101659. doi: 10.1016/j.tmaid.2020.101659
https://doi.org/10.1016/j.tmaid.2020.101...
). Todavia, o Brasil possui perfil sanitário, epidemiológico e distribuição de serviços de saúde variados, considerando o desenvolvimento socioeconômico de cada região, exigindo grandes desafios ao SUS frente às demandas populacionais. Em decorrência desse cenário, é possível que o SUS fique sobrecarregado em algumas regiões e cidades, não podendo suportar os problemas de saúde existentes e adicionalmente enfrentar a pandemia(2222 Ribas RM. Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) and healthcare-associated infections: emerging and future challenges for public health in Brazil. Travel Med Infect Dis. 2020:101675. doi: 10.1016/j.tmaid.2020.101675
https://doi.org/10.1016/j.tmaid.2020.101...
).

Ressalta-se que além do diagnóstico para a COVID-19 os serviços de saúde estão concomitantemente lidando com a epidemia da dengue. Para exemplificar, Foz do Iguaçu, um dos municípios do estudo, soma mais de 20 mil casos suspeitos notificados e maior número de casos com autoctonia no estado (mais de seis mil). Dessa forma, no Paraná, o SUS está enfrentando a pandemia da COVID-19 e a epidemia da dengue, além dos atendimentos programáticos e demandas espontâneas rotineiras, e tal acúmulo de reivindicações ao SUS foi percebido pela maioria dos respondentes.

É difícil prever as consequências, visto que os países da América Latina, como o Brasil e os vizinhos Paraguai e Argentina, ainda lidam com problemas básicos já controlados em outros países, como dengue e tuberculose, que são associados à pobreza e à capacidade de respostas dos sistemas de saúde(2323 Litewka SG, Heitman E. Latin American healthcare systems in times of pandemic. Dev World Bioeth. 2020;00:1-5. doi: 10.1111/dewb.12262
https://doi.org/10.1111/dewb.12262...
).

Quanto ao acesso a serviços de saúde, é importante observar que somente 35% da amostra relatou depender exclusivamente do SUS, pois os demais contavam com planos de saúde complementares. Entretanto, foi elevado o percentual de respostas, apontando que o SUS pode perder sua capacidade de atendimento. Isso indica que, independentemente de não se reconhecerem, no momento, como dependentes do SUS exclusivamente, os participantes parecem compreender que a capacidade instalada dos serviços de saúde, quer seja SUS ou não, pode vir a colapsar por conta da pandemia, o que significa que, indiretamente, todos podem se tornar SUS-dependentes, pois os serviços privados podem rapidamente esgotar sua capacidade instalada de atendimento e as famílias, por seu turno, talvez não tenham como suportar os custos dos planos privados devido à redução da renda.

Nessa direção, o Ministério da Saúde tem investido no fortalecimento do SUS para o enfrentamento da pandemia em parceria com secretarias de saúde estaduais e municipais, tendo como ações marcantes o Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus COVID-19, contratação de pessoal, aquisição de testes diagnósticos, organização da rede hospitalar e Atenção Primária à Saúde, entre outras. Na região oeste do Paraná, a pandemia exigiu a reorganização dos serviços de saúde, ampliação de leitos de UTI, compras de equipamentos e adequação de laboratórios para a realização da proteína C-reativa (PCR), além da compra de insumos. Cabe sinalizar que essa resposta rápida do SUS à crise da COVID-19 não alcança apenas a população SUS-dependente, tendo em vista o caráter universal do SUS.

Esta pesquisa identificou danos físicos e psicológicos, como mudança no humor, ansiedade e dor, em consonância com outro estudo que mostrou indivíduos com ansiedade e depressão durante epidemias/pandemias, somadas a outras características de alteração na saúde mental(2424 Cheung YT, Chau PH, Yip PS. A revisit on older adults' suicides and Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS) epidemic in Hong Kong. Int J Geriatr Psychiatry. 2008;23(12):1231-8. doi: 10.1002/gps.2056
https://doi.org/10.1002/gps.2056...
) relacionadas ao isolamento social e à instabilidade econômica.

Em casos extremos, esses sofrimentos podem levar a comportamentos suicidas, como ocorrido entre idosos em Hong Kong, em 2003, durante e após a pandemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave(2424 Cheung YT, Chau PH, Yip PS. A revisit on older adults' suicides and Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS) epidemic in Hong Kong. Int J Geriatr Psychiatry. 2008;23(12):1231-8. doi: 10.1002/gps.2056
https://doi.org/10.1002/gps.2056...
). Na atualidade, há relatos de suicídio impulsionados pela pandemia do SARS/CoV2 em Bangladesh e na Índia, mediados pelo preconceito e o medo de disseminar a doença(2525 Mamun MA, Griffiths MD. First Covid-19 suicide case in Bangladesh due to fear of Covid-19 and xenophobia: possible suicide prevention strategies. Asian J Psychiatr. 2020;51:102073. doi: 10.1016/j.ajp.2020.102073
https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.10207...
-2626 Goyal K, Chauhan P, Chhikara K, Gupta P, Singh MP. Fear of Covid 2019: first suicidal case in India. Asian J Psychiatr. 2020;49:e101989. doi: 10.1016/j.ajp.2020.101989
https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.10198...
). Fator a se considerar, nesses dois casos, é que nesses países o nível escolar é considerado baixo, e o medo, somado à falta de informação, pode ter levado às tragédias(2525 Mamun MA, Griffiths MD. First Covid-19 suicide case in Bangladesh due to fear of Covid-19 and xenophobia: possible suicide prevention strategies. Asian J Psychiatr. 2020;51:102073. doi: 10.1016/j.ajp.2020.102073
https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.10207...
).

Tornam-se essenciais, portanto, estudos relacionados à saúde mental, isolamento social e COVID-19, visando a estratégias de enfrentamento direcionadas ao bem-estar mental da população. Além disso, é fundamental oferecer fontes confiáveis de informação para minimizar o medo/pânico e auxiliar indivíduos com problemas prévios de saúde mental, inclusive por telessaúde(2727 Yao H, Chen JH, Xu YF. Rethinking online mental health services in China during the Covid-19 epidemic. Asian J Psychiatr. 2020;50:102015. doi: 10.1016/j.ajp.2020.102015
https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.10201...
).

No tocante ao aparecimento de sintomas físicos, como neste estudo, é importante considerar que o estresse, o medo e a preocupação intensa têm relevância na etiologia de muitas doenças pelo mecanismo de ativação do sistema simpatoadrenomedular e do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, os quais liberam catecolaminas e glicocorticoides, respectivamente, ocasionando alterações fisiológicas evidenciadas pela comunicação entre os sistemas imunológico, endócrino e nervoso. O estresse agudo resulta em danos ao organismo, aumentando o risco de doenças crônicas como câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, demência e depressão, com impacto global na morbimortalidade(2828 Turner L, Galante J, Vainre M, Stochl J, Dufour G, Jones PB. Immune dysregulation among students exposed to exam stress and its mitigation by mindfulness training: findings from an exploratory randomised trial. Sci Rep. 2020;10:5812. doi: 10.1038/s41598-020-62274-7
https://doi.org/10.1038/s41598-020-62274...
).

Importante frisar que, mesmo os participantes identificando alterações físicas e psicológicas em meio à pandemia SARS/CoV2/COVID-19, estes reconhecem que as medidas de isolamento social e fechamento do comércio e fronteiras são importantes para a manutenção da saúde da população em geral, dada a grande circulação de pessoas nesse espaço fronteiriço.

Pela análise de tabela de contingência, discute-se que a retração da economia global vem se manifestando na renda familiar, tendo em vista a incapacidade do mercado de trabalho em assegurar os postos de emprego(77 Organização das Nações Unidas. Covid-19 destrói o equivalente a 14 milhões de empregos na América Latina e Caribe, diz OIT. [Internet]. 2020 [cited Apr 26, 2020]. Available from: https://nacoesunidas.org/covid-19-destroi-o-equivalente-a-14-milhoes-de-empregos-na-america-latina-e-caribe-diz-oit/
https://nacoesunidas.org/covid-19-destro...
). Os efeitos do isolamento social já foram sentidos nas regiões de fronteira internacionais, uma vez que as áreas de trabalho pesquisadas manifestaram perda de renda, inclusive aqueles com estabilidade no emprego, possivelmente devido à renda familiar total ter contribuições de cônjuges e/ou de outros membros da família que atuam em atividades econômicas dependentes do consumo de bens e serviços e circulação de produtos.

No Arco-Sul da fronteira do Brasil, a cidade de Foz do Iguaçu-PR (na fronteira com Cidade de Leste-Paraguai e Porto Iguaçu-Argentina) conforma um polo de compras e turismo internacional, exercendo influência econômica, com empregabilidade direta e indireta para os municípios da faixa de fronteira, constituindo a principal fonte de renda de pequenas empresas e famílias. Dessa forma, é coerente que as pessoas desse ramo econômico percebam a influência do fechamento da fronteira e do comércio na renda familiar, bem como a maior frequência de pessoas nesse grupo que responderam que o fechamento da fronteira e do comércio não é medida útil para prevenir o adoecimento por SARS/CoV2/COVID-19.

Embora exista clareza que as recomendações de não sair de casa, o fechamento de fronteiras e comércio causarão dificuldades financeiras para famílias, os respondentes sinalizaram positivamente sobre a necessidade das medidas sanitárias adotadas. No entanto, é reconhecida a complexidade em balancear os efeitos do isolamento social na economia e sobre os determinantes sociais da saúde(1212 Karnon J. The case for a temporary Covid-19 income tax levy now, during the crisis. Appl Health Econ Health Policy. 2020;16:1-3. doi: 10.1007/s40258-020-00585-6
https://doi.org/10.1007/s40258-020-00585...
,2929 Kentikelenis A, Gabor D, Ortiz I, Stubbs T, McKee M, Stuckler D. Softening the blow of the pandemic: will the International Monetary Fund and World Bank make things worse? Lancet Glob Health. 2020. S2214-109X(20)30135-2. doi: 10.1016/S2214-109X(20)30135-2
https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30...
).

Nesse ponto, os países de alta renda, ao perceberem a ameaça econômica vislumbrada pela COVID-19, rapidamente destinaram recursos financeiros para apoiar cidadãos e empresas. A União Europeia e os EUA anunciaram liberação de recursos com base na lei de estímulo para proteger os impactos na economia(2929 Kentikelenis A, Gabor D, Ortiz I, Stubbs T, McKee M, Stuckler D. Softening the blow of the pandemic: will the International Monetary Fund and World Bank make things worse? Lancet Glob Health. 2020. S2214-109X(20)30135-2. doi: 10.1016/S2214-109X(20)30135-2
https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30...
). Na mesma direção, o governo brasileiro atuou ao decidir por medidas econômicas voltadas à redução dos impactos da COVID-19(1414 Governo Federal do Brasil. Medidas econômicas voltadas para a redução dos impactos da Covid-19. [Internet]. 2020 [cited Apr 20, 2020]. Available from: https://www.gov.br/economia/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/covid-19/timeline
https://www.gov.br/economia/pt-br/centra...
).

Contudo, os recursos financeiros em países emergentes são limitados e isso poderá causar impacto na economia em um futuro próximo. Os indicadores revelaram que os mercados emergentes foram os primeiros de onde os investidores fugiram e, em uma economia globalizada, isso implica a limitação do acesso ao crédito para governos, empresas e famílias, podendo reduzir os orçamentos do sistema de saúde em um momento no qual a capacidade precisa ser urgentemente expandida. A pandemia SARS/CoV2/COVID-19 é uma ameaça para a economia mundial, logo, uma ameaça real para o financiamento dos sistemas de saúde(2929 Kentikelenis A, Gabor D, Ortiz I, Stubbs T, McKee M, Stuckler D. Softening the blow of the pandemic: will the International Monetary Fund and World Bank make things worse? Lancet Glob Health. 2020. S2214-109X(20)30135-2. doi: 10.1016/S2214-109X(20)30135-2
https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30...

30 Sousa GJB, Garces TS, Cestari VRF, Moreira TMM, Florencio RS, Pereira MLD. Estimation and prediction of COVID-19 cases in Brazilian metropolises. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2020;28:e3345. doi: 10.1590/1518-8345.4501.3345
https://doi.org/10.1590/1518-8345.4501.3...
-3131 Díaz-Narváez V, San-Martín-Roldán D, Calzadilla-Núñez A, San-Martín-Roldán P, Parody-Muñoz A, Robledo-Veloso G. Which curve provides the best explanation of the growth in confirmed COVID-19 cases in Chile? Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2020;28:e3346. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.4493.3346
https://doi.org/http://dx.doi.org/10.159...
).

Para os trabalhadores de todas as áreas estudadas, os serviços de saúde estão preparados para atender a população frente à COVID-19. Os trabalhadores revelam importante grau de confiança nas instituições de saúde possivelmente devido a informações da mídia relativas às medidas de saúde pública adotadas pelo SUS, capacidade ainda suficiente para atendimentos dos casos suspeitos e doentes, bem como a ausência de notícias sobre a falta de leitos e existência de filas para o atendimento nos serviços de saúde nas cidades localizadas na faixa de fronteira.

Os trabalhadores do comércio/turismo relataram, mais frequentemente, mudança de humor, tristeza, ansiedade em relação aos trabalhadores de outras áreas. Destaca-se que as manifestações físicas e psíquicas apontadas foram elevadas entre todos os grupos analisados nesta pesquisa, demonstrando o impacto da pandemia e do isolamento na saúde das pessoas, concordante com estudo realizado na China(3232 Qiu J, Shen B, Zhao M, Wang Z, Xie B, Xu Y. A nationwide survey of psychological distress among Chinese people in the Covid-19 epidemic: implications and policy recommendations. Gen Psychiatr. 2020;33(2):e100213. doi: 10.1136/gpsych-2020-100213
https://doi.org/10.1136/gpsych-2020-1002...
).

A principal limitação deste estudo é a impossibilidade de estabelecer uma prova causal, porém, a oportunidade da coleta dos dados durante o fechamento das fronteiras internacionais e do comércio pode fortalecer a assertividade das respostas. Outra limitação deste estudo é que incluiu apenas a população residente no Brasil, não ouvindo a população residente nos demais países fronteiriços, Paraguai e Argentina, embora parte dela busque pelos serviços de saúde brasileiros.

Em relação às contribuições para o avanço do conhecimento científico, estes resultados possivelmente servirão como base de comparação para estudos futuros sobre a repercussão de medidas sanitárias para conter a transmissão do SARS/CoV2 sobre a saúde e economia, especialmente em espaços de fronteira internacional estratégicos para o país.

Conclusão

Com base na análise dos dados deste estudo, o isolamento social e o fechamento das fronteiras repercutiram fortemente na saúde e na economia. Na saúde, mediante alterações físicas e mentais em uma parcela estatisticamente significante da população estudada, houve relatos de depressão e aparecimento de doenças e dores físicas não percebidas previamente e, na economia, devido à retração do consumo/vendas verificada pela perda do emprego e renda familiar. Os trabalhadores do comércio/turismo foram mais acometidos quanto à saúde e renda e mostraram-se resistentes às medidas, mas os relatos mostraram compreensão sobre a necessidade de isolamento social (fechamento da fronteira, comércio, escolas, universidades) para evitar adoecimentos causados pelo vírus SARS/CoV2. Em adição, foi manifestada confiança na capacidade dos serviços de saúde frente à COVID-19, mas há a sensação de que o SUS pode ficar sobrecarregado.

Em se tratando das considerações práticas do estudo, ressalta-se que a falta de políticas bilaterais que regulamentam medidas sanitárias de controle da pandemia, de forma integrada e solidária entre países que partilham fronteiras (não apenas geográficas), constitui uma grande lacuna, haja vista a grande mobilidade populacional face aos vínculos familiares e de amizade, relações de trabalho, de estudo, busca de serviços de saúde e outros aparelhos sociais em ambos os lados da fronteira, próprios da dinâmica e interdependência social e econômica presentes nessas localidades supranacionais. Entretanto, é sabido que, mesmo sem o respaldo de acordos sanitários bilaterais, o acesso rotineiramente é flexibilizado para atendimentos de populações dos vizinhos por meio de atos oficiosos.

Frente à emergência global da SARS/CoV2/COVID-19, seria crucial a existência de acordos políticos bilaterais para lidar com a saúde pública nas regiões de fronteiras internacionais, visto que à medida que a disseminação da COVID-19 for aumentando de forma desigual nos estratos da população, possivelmente aqueles em vulnerabilidade social poderão ficar desassistidos. Ao demonstrar a percepção de uma parte dos moradores da região de fronteira, sobre as consequências para a economia e para a saúde em decorrência da pandemia, o artigo evidencia o risco para um colapso social, fruto de populações desassistidas que buscarão, em ambos os lados das divisas, formas lícitas ou não para a sua subsistência e sobrevivência, quer seja para ter acesso a bens elementares ou a serviços de saúde.

  • *
    Este artigo refere-se à chamada temática “COVID-19 no Contexto da Saúde Global”.

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Editado por

Editora Associada: Andrea Bernardes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Jan 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    10 Jul 2020
  • Aceito
    21 Ago 2020
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