Acessibilidade / Reportar erro

Da vacina à aspirina: considerações acerca das ações coletivas em saúde pública

Resumos

O presente trabalho discute sobre os conceitos de ação coletiva e individual em saúde pública e suas implicações para a re-estruturação das instituições de saúde pública. A diferença conceptual entre ação coletiva e individual não deve ser entendida como sinônimo da pseudo-diferença entre ação preventiva e curativa, esta discussão é entendida como pertencente ao passado. A incorporação do complexo médico-hospitalar herdado pelas secretarias de saúde é analisada e vista como fundamental para a adequada implantação das medidas de saúde pública que se fazem necessárias. Não há como separar as ações coletivas das individuais, ambas são parte integrante de cada programa de ação em saúde pública. A evolução da morbi-mortalidade verificada no Brasil nos últimos anos exige uma adequação das ações de saúde pública, com um maior ênfase nas ações individuais em saúde e nas ações coletivas fora do âmbito dos serviços de saúde.

ação coletiva; ação individual; Política de Saúde Pública


This article is a discussion of the conceptual differences between individual and collective actions in public health. This difference must not be understood as identical to the artificial difference between preventive and curative measures. It is understood as belonging to the past.The incorporation of the medical and hospital complex by the state and municipal health departments is analyzed and deemed as fundamental for the implementation of the necessary public health measures. It is impossible to separate collective and individual measures for they are both seen as an integral part of each and every public health program.The evolution of morbidity and mortality witnessed in Brazil in the last decades demands an adaptation of public health measures, with more emphasis on individual health measures and on collective measures outside the usual limits of public health.

colletive actions; Individual actions; Public Health Policies


PONTO DE VISTA

Da vacina à aspirina: considerações acerca das ações coletivas em saúde pública* * Uma versão deste artigo foi apresentada para discussão na Oficina de Trabalho sobre a Organização da Área de Saúde Coletiva na Secretaria de Estado de São Paulo, em setembro de 1995.

Luiz Jacintho da Silva

Professor Adjunto, Disc. Doenças Transmissíveis, Depto de Clínica Médica, Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Superintendente (1994-1997), do Hospital das Clínicas da Unicamp

RESUMO

O presente trabalho discute sobre os conceitos de ação coletiva e individual em saúde pública e suas implicações para a re-estruturação das instituições de saúde pública. A diferença conceptual entre ação coletiva e individual não deve ser entendida como sinônimo da pseudo-diferença entre ação preventiva e curativa, esta discussão é entendida como pertencente ao passado. A incorporação do complexo médico-hospitalar herdado pelas secretarias de saúde é analisada e vista como fundamental para a adequada implantação das medidas de saúde pública que se fazem necessárias. Não há como separar as ações coletivas das individuais, ambas são parte integrante de cada programa de ação em saúde pública. A evolução da morbi-mortalidade verificada no Brasil nos últimos anos exige uma adequação das ações de saúde pública, com um maior ênfase nas ações individuais em saúde e nas ações coletivas fora do âmbito dos serviços de saúde.

Palavras-chave: ação coletiva, ação individual, Política de Saúde Pública

SUMMARY

This article is a discussion of the conceptual differences between individual and collective actions in public health. This difference must not be understood as identical to the artificial difference between preventive and curative measures. It is understood as belonging to the past.The incorporation of the medical and hospital complex by the state and municipal health departments is analyzed and deemed as fundamental for the implementation of the necessary public health measures. It is impossible to separate collective and individual measures for they are both seen as an integral part of each and every public health program.The evolution of morbidity and mortality witnessed in Brazil in the last decades demands an adaptation of public health measures, with more emphasis on individual health measures and on collective measures outside the usual limits of public health.

Key words: colletive actions. Individual actions. Public Health Policies.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BADOU, G. Le prix de la santé. In: Science et vie. Édition Spéciale, Bilan, Vous et Votre Santé, 1995. p. 156-170

BARRETO, M L & CARMO, E. H. Mudanças em padrões de morbimortalidade: conceitos e métodos. In: Monteiro, C. .A org. Velhos e novos males da saúde no Brasil: a evolução do país e de suas doenças. São Paulo, HUCITEC/ NUPENS/USP, 1995 p. 7-30

BASCH, P. F. Vaccines & world health: science, policy and practice. New York, Oxford University Press, 1994. p. 197

BLOUNT, J. A. A administração da saúde pública no Estado de São Paulo: o serviço sanitário, 1892-1918. Rev. Adm. Empr., 12(4): 40-48, 1972.

DARWIN, C. The origin of species. Harmondsworth, Penguin Books Ltd., 1970.

DREYFUSS, J. Reinventing IBM. Fortune, 120(4):30-39, 1989

DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1972.

FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro, Forense-Universitária, 1977.

GADELHA, M.C. O plano de erradicação do Triatoma infestans no Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 26 (Suppl 3): 27-32, 1993.

GUIDE for Adult Immunization. 2nd. ed. Philadelphia, American College of Physicians, 1990.

MARX, K. O método da economia política. São Paulo, Martins Fontes, 1977. p.218-29: Contribuição à crítica da economia política.

MELLO, C. G. A irracionalidade da privatização da medicina previdenciária. In: Saúde e assistência médica no Brasil. São Paulo, CEBES/HUCITEC, 1977. p.197-212

MERHY, E. E. O capitalismo e a saúde pública - a emergência das práticas sanitárias no Estado de São Paulo. Campinas, Papirus, 1985.

MONTEIRO, C A; IUNES, R. F.; TORRES, A. M. A evolução do país e de suas doenças: síntese, hipóteses e implicações. In: Monteiro, C. A. (org.) Velhos e novos males da saúde no Brasil: a evolução do país e de suas doenças. São Paulo, HUCITEC -NUPENS/USP, 1995. p. 349-56.

ORTIZ, E. R. Enfoque de risco e planejamento de ações de saúde. In: ROUQUARYOL, M. Z. - Epidemiología e saúde. 3ª ed. Rio de Janeiro, MEDSI, 1988. cap. 17.

PÉQUIGNOT, H & COCHEON, J.J. La naissance de le méthode anatomo-clinique. Science et Vie, (166), 112-7, 1989.

RIBEIRO, M.A.R. História sem fim. inventário da saúde pública. São Paulo, Ed. da UNESP, 1993.

ROCHA e SILVA, E.O. da; GUARITA, O.F.; ISHIHATA, G.K. Doença de Chagas: atividades de controle dos transmissores no Estado de São Paulo, Brasil. Rev. Bras. Malariol.Doenç.Trop., 31:99-109, 1979.

ROSE, G. Sick individuals and sick populations. Int. J. Epid., 14:32-8,1985.

ROSEN, G. Uma história da saúde pública. São Paulo, Ed.UNESP/HUCITEC/ABRASCO, 1994.

SÉRIE histórica de custos de internações hospitalares (em US$) na rede pública e conveniada, segundo grandes grupos de causas, por unidade federada. Brasil 1990-1992. Inf. Epidemiol. SUS, 1(7):75-135, 1992.

SMITH, L. New ideas from the army (really). Fortune, 130:135-9,1994.

SPINOLA, A. Tendencias de la práctica. In: Organización Panamericana de la Salud -Sobre la teoría y práctica de la salud pública: un debate, múltiples perspectivas. Washington, 1993. p95-133

STEPAN , N. Gênese e evolução da ciência brasileira: Oswaldo Cruz e a política de investigação científica e médica. Rio de Janeiro, Artenova, 1976.

TELAROLLI Jr, R. Poder e saúde: as epidemias e a formação dos serviços de saúde em São Paulo. Campinas, 1993. [Tese de Doutorado - Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP] .

VARELLA, F. & PASTORE, K. A medicina da ilusão. Veja, 29(19):52-60, 1996.

  • BADOU, G. Le prix de la santé. In: Science et vie. Édition Spéciale, Bilan, Vous et Votre Santé, 1995. p. 156-170
  • BARRETO, M L & CARMO, E. H. Mudanças em padrões de morbimortalidade: conceitos e métodos. In: Monteiro, C. .A org. Velhos e novos males da saúde no Brasil: a evolução do país e de suas doenças. São Paulo, HUCITEC/ NUPENS/USP, 1995 p. 7-30
  • BASCH, P. F. Vaccines & world health: science, policy and practice. New York, Oxford University Press, 1994. p. 197
  • BLOUNT, J. A. A administração da saúde pública no Estado de São Paulo: o serviço sanitário, 1892-1918. Rev. Adm. Empr., 12(4): 40-48, 1972.
  • DARWIN, C. The origin of species. Harmondsworth, Penguin Books Ltd., 1970.
  • DREYFUSS, J. Reinventing IBM. Fortune, 120(4):30-39, 1989
  • DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1972.
  • FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro, Forense-Universitária, 1977.
  • GADELHA, M.C. O plano de erradicação do Triatoma infestans no Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 26 (Suppl 3): 27-32, 1993.
  • GUIDE for Adult Immunization. 2nd. ed. Philadelphia, American College of Physicians, 1990.
  • MARX, K. O método da economia política. São Paulo, Martins Fontes, 1977. p.218-29: Contribuição à crítica da economia política.
  • MELLO, C. G. A irracionalidade da privatização da medicina previdenciária. In: Saúde e assistência médica no Brasil. São Paulo, CEBES/HUCITEC, 1977. p.197-212
  • MERHY, E. E. O capitalismo e a saúde pública - a emergência das práticas sanitárias no Estado de São Paulo. Campinas, Papirus, 1985.
  • MONTEIRO, C A; IUNES, R. F.; TORRES, A. M. A evolução do país e de suas doenças: síntese, hipóteses e implicações. In: Monteiro, C. A. (org.) Velhos e novos males da saúde no Brasil: a evolução do país e de suas doenças. São Paulo, HUCITEC -NUPENS/USP, 1995. p. 349-56.
  • ORTIZ, E. R. Enfoque de risco e planejamento de ações de saúde. In: ROUQUARYOL, M. Z. - Epidemiología e saúde. 3Ş ed. Rio de Janeiro, MEDSI, 1988. cap. 17.
  • PÉQUIGNOT, H & COCHEON, J.J. La naissance de le méthode anatomo-clinique. Science et Vie, (166), 112-7, 1989.
  • RIBEIRO, M.A.R. História sem fim. inventário da saúde pública. São Paulo, Ed. da UNESP, 1993.
  • ROCHA e SILVA, E.O. da; GUARITA, O.F.; ISHIHATA, G.K. Doença de Chagas: atividades de controle dos transmissores no Estado de São Paulo, Brasil. Rev. Bras. Malariol.Doenç.Trop., 31:99-109, 1979.
  • ROSE, G. Sick individuals and sick populations. Int. J. Epid., 14:32-8,1985.
  • ROSEN, G. Uma história da saúde pública. São Paulo, Ed.UNESP/HUCITEC/ABRASCO, 1994.
  • SÉRIE histórica de custos de internações hospitalares (em US$) na rede pública e conveniada, segundo grandes grupos de causas, por unidade federada. Brasil 1990-1992. Inf. Epidemiol. SUS, 1(7):75-135, 1992.
  • SMITH, L. New ideas from the army (really). Fortune, 130:135-9,1994.
  • SPINOLA, A. Tendencias de la práctica. In: Organización Panamericana de la Salud -Sobre la teoría y práctica de la salud pública: un debate, múltiples perspectivas. Washington, 1993. p95-133
  • STEPAN , N. Gênese e evolução da ciência brasileira: Oswaldo Cruz e a política de investigação científica e médica. Rio de Janeiro, Artenova, 1976.
  • TELAROLLI Jr, R. Poder e saúde: as epidemias e a formação dos serviços de saúde em São Paulo. Campinas, 1993. [Tese de Doutorado - Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP]
  • VARELLA, F. & PASTORE, K. A medicina da ilusão. Veja, 29(19):52-60, 1996.
  • *
    Uma versão deste artigo foi apresentada para discussão na Oficina de Trabalho sobre a Organização da Área de Saúde Coletiva na Secretaria de Estado de São Paulo, em setembro de 1995.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      05 Jun 2008
    • Data do Fascículo
      1996
    Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública. Av. dr. Arnaldo, 715, Prédio da Biblioteca, 2º andar sala 2, 01246-904 São Paulo - SP - Brasil, Tel./Fax: +55 11 3061-7880 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: saudesoc@usp.br