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Joinville Reúne Comunidade de Polímeros em Evento de Alto Nível

INTERPLAST/CINTEC

Joinville Reúne Comunidade de Polímeros em Evento de Alto Nível

Joinville repete o "2 em 1" que está dando certo: feira e congresso de polímeros em conjunto. A Interplast ¾ Feira Nacional de Integração da Tecnologia do Plástico reuniu, em sua segunda edição, mais de 250 expositores, recebeu 25 mil visitantes e gerou R$ 100 milhões em negócios. O Cintec 2002 Plásticos ¾ Congresso Internacional de Novas Tecnologias, por sua vez, contou com 420 participantes nas 30 palestras técnicas. A ABPol marcou presença nos dois eventos e apresenta nesta edição um breve relato.

Estado pioneiro na transformação de plásticos há 57 anos, quando houve o ingresso da primeira máquina de injeção de plásticos manual no seu território, Santa Catarina mantém a vice-liderança como pólo nacional do setor, com 13,1% da produção nacional, atrás apenas de São Paulo. A região norte de Santa Catarina, da qual Joinville é o principal município, possui uma vocação especial para a transformação de plástico, com escolas profissionais de formação de mão-de-obra qualificada. A cidade é sede de gigantes do setor de construção como Tigre e Amanco do Brasil, da linha branca (Multibrás) e atende o pólo automobilístico de Curitiba, setor que cada vez mais tem adotado componentes plásticos na produção. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), as ferramentarias de Joinville e de Caxias do Sul estão abocanhando uma grande fatia do mercado, antes concentrado em São Paulo. Além do grande número de indústrias do segmento - são 104 ferramentarias, 80% delas focadas em moldes para plásticos - o pólo de Joinville é reconhecido como ícone de excelência no gênero no Brasil.

De acordo com Nivaldo Nass, presidente do Simpesc -Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado de Santa Catarina, vice-presidente da Abiplast - Associação Brasileira da Indústria de Material Plástico ¾ e membro do Conselho Administrativo do grupo Amanco do Brasil (Akros e Fortilit), o setor de plásticos tem inegavelmente demonstrado elevados níveis de potencialidade para o progresso. "Comparando-o com outros materiais é, sem dúvida, um dos que apresenta o maior volume de novas aplicações, tendendo a substituir componentes nas indústrias automobilística, eletro-eletrônica, linha branca e construção civil, barateando custos e melhorando o desempenho e a qualidade", afirma. "A Interplast, assim como o Cintec Plásticos, são extremamente importantes para o mercado porque dão a oportunidade para as empresas transformadoras de atualização e aperfeiçoamento no que se refere a novas tecnologias e processos", declara Nass.

A Feira

A segunda edição da Interplast - Feira Nacional de Integração da Tecnologia do Plástico foi realizada no pavilhão de exposições da Expoville, em Joinville, de 20 a 24 de agosto último, e reuniu mais de 250 empresas nacionais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, e internacionais, da Áustria, Alemanha, Inglaterra, Dinamarca, Itália, Espanha, Nova Zelândia, Coréia do Sul, China e Estados Unidos. O evento foi promovido pelo SIMPESC, ABIPLAST, SOCIESC e ABIMAQ, com o apoio da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), AJORPEME, SEBRAE/SC e Governo de Joinville

De acordo com Luiz Roberto Lepeltier, diretor da Messe Brasil Feiras & Promoções e organizador da Feira, foram levantados R$ 100 milhões em negócios que serão concretizados num período de até doze meses pós-feira, R$ 10 milhões a mais do que a expectativa inicial. Um público de 25 mil pessoas, dos quais 70% formado por profissionais provenientes de todo o Brasil - AL, AM, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, PE, PR, RJ, RS, SC, SP, entre outros - visitou a Expoville durante os cinco dias da feira. Do exterior, vieram visitantes da Alemanha, Argentina, Cabo Verde, Chile, Coréia do Sul, Equador, Espanha, Estados Unidos, Japão, Itália, Paraguai, Portugal, Taiwan e Uruguai, entre outros.

Segundo Lepeltier, os expositores manifestaram entusiasmo com a quantidade e o nível dos contatos mantidos durante o evento e apesar de o momento não ser favorável a investimentos, muitos efetivaram negócios, com a comercialização de equipamentos de R$ 8 mil a R$ 300 mil. O gerente comercial da Battenfeld, Inácio Moraes, não poupou elogios à organização: "A capacidade da Messe Brasil em divulgar a feira é impressionante. Tivemos visitantes de todo o país e os contatos e negócios levantados na Interplast foram muito bons. Além disso, Santa Catarina e, em especial Joinville, tem uma participação muito forte neste setor. Só lamentamos que o espaço de exposição não seja maior". A empresa com sede em Barueri (SP) comercializou três injetoras para termoplásticos que levou para a Interplast, com preço médio de R$ 200 mil.

Volnei Luis Amadori, representante comercial da Engemaq, de Caxias do Sul (RS) - que comercializou três máquinas para produção de moldes e ferramentas, com valores entre R$ 50 mil a R$ 100 mil também se mostrou impressionado com a qualidade dos contatos realizados: "A vinda de visitantes qualificados demonstra que houve um trabalho realmente forte de divulgação", concluiu.

A PlastMac Com. de Peças, de Curitiba (PR), expôs máquinas injetoras e extrusoras das marcas Sandretto, Miotto, Xaloy e Moretto. Segundo o representante Nelson Medaglia, foram comercializadas oito máquinas com valor médio de R$ 120 mil, sendo seis para empresas paranaenses e duas para empresas catarinenses dos setores de embalagens, chapas, conexões e construção civil em geral. Durante a Interplast, a Balluff Controles Elétricos, de Vinhedo (SP), especializada em produtos de automação industrial, divulgou a inauguração da filial comercial da empresa em Joinville, dia 1º de setembro. De acordo com Aleardo Pastore, supervisor do escritório local, a feira possibilitou inúmeros contatos tanto de Santa Catarina como de outros estados.

A Wittmann, com sede na Áustria e filial em Campinas (SP), apresentou sistemas de alimentação para pó e secadoras de ar quente com preços médios de R$ 9 mil. "Vários projetos foram levantados na feira", afirmou o diretor geral da empresa no Brasil, Alex Wiederwald. De acordo com Osvald Nagel, a Arburg, da Alemanha, fabricante de máquinas injetoras hidráulicas, aproveitou a feira para divulgar o primeiro Centro Tecnológico da Arburg na América Latina, que está sendo construído em São Paulo.

Marcelo Brand, representante da Maicopresse, empresa paranaense de máquinas injetoras, acredita que a Interplast é importante para o mercado, pois abre caminhos para novos negócios. Edson Steuernagel, coordenador comercial da Herten, de Joinville, também concorda que a feira contribui para fortalecer a posição da empresa no mercado e a prospecção de novos clientes.

A presença de representantes de diversas empresas e instituições na Interplast e no Cintec Plásticos deu ensejo à realização de importantes reuniões. Motivado pelos bons negócios realizados nos dois primeiros dias, o Núcleo de Usinagem e Ferramentaria da ACIJ (Associação Comercial e Industrial de Joinville) aumentou para três dias a 1ª Rodada de Negócios de Usinagem e Ferramentaria, com ênfase nos setores metal-mecânico, plástico e subcontratação industrial. As 13 empresas do núcleo fizeram contatos com cerca de 50 empresas de outras cidades de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. "Encontramos na Interplast uma ótima oportunidade para começar a fazer rodadas de negócios com os clientes", destaca o presidente do núcleo, Hamilton Aguiar.

Aproveitando a realização da Interplast, o SIMPESC promoveu reunião histórica - em nível nacional - com as principais lideranças do setor de toda a cadeia de plástico: petroquímica, resinas e indústria de transformação. Além do presidente da ABIPLAST - Associação Brasileira da Indústria do Plástico, Merheg Cachum, que esteve em Joinville durante toda a feira, participaram como palestrantes os presidentes da ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria Química, Carlos Mariani Bittencourt, e do SIRESP - Sindicato da Indústria de Resinas Sintéticas de São Paulo, Jean Daniel Peter.

Para Jean Peter, do Siresp, a inserção brasileira nos grandes blocos de mercado, Alca e União Européia, com certeza virá, e a indústria nacional precisa se adaptar ao padrão internacional de qualidade, custo e preço. "O subproduto mais importante do esforço de exportação é estarmos preparados para competir interna e externamente com os grandes players internacionais". Tanto o presidente do SIRESP quanto da ABIQUIM afirmaram que os níveis de produção, cerca de 76% da capacidade instalada no caso da indústria química e de 73% no caso da resina, nunca estiveram tão baixos. "Em se gerando novas demandas e identificando novos mercados, as empresas estão prontas para o aumento do consumo", declarou Carlos Mariani Bittencourt. No caso da indústria da transformação, que está trabalhando com 80% da capacidade, Merheg Cachum, da ABIPLAST, faz coro aos seus companheiros da primeira e segunda geração. "É preciso obter o compromisso do governo para criar mecanismos de estímulo à demanda. A intenção é chegar em 2008 com uma capacidade de transformação de 7,6 milhões de toneladas". O SIMPESC formalizou um documento chamado "Carta de Integração" a ser entregue aos candidatos à presidência da República e a todos os sindicatos e empresas do setor. Entre os segmentos prioritários para o aumento da demanda da indústria de plásticos estão o desenvolvimento do saneamento básico, o Construbusiness, o Agrobusiness, embalagens e exportação.

O CINTEC

Ao longo de quatro décadas de atividades, a Sociedade Educacional de Santa Catarina ¾ Sociesc ¾ tem papel fundamental na evolução de Joinville como um dos principais pólos industriais do Sul do Brasil, não somente pela formação de técnicos competentes, mas acima de tudo pelo desenvolvimento do cidadão, participativo e consciente.

A preocupação com a necessidade de profissionais bem preparados para enfrentar as exigências de uma economia globalizada levou a instituição a promover os CINTEC ¾ Congresso Internacional de Novas Tecnologias nas áreas de sua atuação, com visão focada nas necessidades da indústria/consumidor. Realizado desde 1997, em paralelo às feiras promovidas pela Messe Brasil, o Congresso vem crescendo a cada edição.

O Cintec 2002 Plásticos foi realizado de 21 a 23 de agosto, no auditório da Expoville, e superou todas as expectativas, ao reunir 420 congressistas do Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Amazonas, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e da Itália e da Espanha.

Responsáveis pelo público recorde nas 30 palestras técnicas oferecidas, os palestrantes convidados de universidades, instituições de pesquisa e empresas fornecedoras de tecnologia e equipamentos são reconhecidas autoridades nas grandes áreas de abrangência do evento: Tecnologia de Moldes e Desenvolvimento de Produtos, Matérias-Primas (Polímeros e Aditivos), Processamento e Imagem do Plástico. De acordo com Edmilson Sabadini Pereira, coordenador do evento pela Sociesc, "O número de participantes e de tantos lugares foi surpreendente e confirmaram a maturidade do evento. Ficou comprovado que os temas do congresso atenderam não só as necessidades das empresas regionais, mas também de todo o país e do exterior".

Um dos aspectos mais interessantes da organização - e que explica a excelente receptividade que o Cintec tem recebido ¾ deve-se à integração entre universidade, empresas e entidades para o desenvolvimento e definição da temática, dentro de um conceito de tecnologia aplicada, direcionada a uma realidade mais prática. A partir de reuniões individualizadas e em conjunto, conduzidas pela Sociesc, foram definidos os temas de maior interesse e as empresas/instituições que poderiam apresentá-los. A definição da estrutura e do temário do Cintec 2002 Plásticos contou com a colaboração de representantes da Abiplast, Abimaq, Amanco, Audi, Busscar, Cardinali, Cipla, Condor, CRW, Electrolux, ETT/Curitiba, Focus/Macisa, Huhtamaki, Intelbrás, Metagal, Multibrás, Perfiltech, Renault, Simoldes Plásticos, Simpesc, Sociesc - ETT, Sociesc - IST, Sociesc - SSI, Thermo Pack, Tigre, Van Leer, Volvo, Uniplast, Plasvale e Messe Brasil.

Animada pelo sucesso do Cintec 2002 Plásticos, a equipe da Sociesc já tem programada a realização da próxima edição em 2004, além de estar iniciando o preparo de outros eventos, como o "Cintec 2003 Desenvolvimento de Produto", a se realizar no mês de outubro, em Joinville, e que deverá focalizar desde a concepção do produto até a logística reversa, discutindo toda a cadeia, seus elos e sua interdependência.

O eng. Domingos Jafelice e o prof. Elias Hage Jr., presidente e vice-presidente da ABPol respectivamente, reuniram-se com o eng. Edmilson Sabadini Pereira, para formalizar uma parceria entre ABPol/SOCIESC para a realização do Congresso Regional anual da Polymer Processing Society ¾ PPS, em Florianópolis, em novembro de 2004. Na oportunidade, foram definidas as linhas básicas de ação para a realização desse importante evento na área de processamento e que pela primeira vez será sediado na América do Sul. O PPS 2004 estará contando também com o apoio do NRPP ¾ Núcleo de Reologia e Processamento de Polímeros da UFSCar em sua organização.

A Diretoria da ABPol agradece o espaço gentilmente cedido na feira, e que possibilitou valiosos contatos com a comunidade, e parabeniza os organizadores da Interplast e do Cintec 2002 Plásticos pelo alto nível dos dois eventos.

Matéria elaborada por Fátima S. Cordebello, secretária executiva da ABPol

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Nov 2002
  • Data do Fascículo
    2002
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