ABPOL - 20 ANOS
O aniversário da ABPol, apesar de ser dia 23 de setembro, foi comemorado esse ano numa adequada quinta-feira dia 25. Foi realizada uma festa de 20 anos com direito a homenagens, discursos informais e coquetel. Afinal, uma única vez se faz 20 anos e além de tudo é uma comemoração da experiência e do sucesso de uma entidade que certamente vai se perpetuar. Nesse dia estiveram presentes mais de 90 pessoas que puderam relembrar ou conhecer a história da ABPol (Figura 1).
Diversas pessoas foram homenageadas, destacando-se os seis presidentes que a entidade já teve até 2008 (Quadro 1 e Figura 2), os funcionários e colaboradores da ABPol e as seguintes pessoas que apoiaram de forma diferencial a criação da Associação Brasileira de Polímeros (Figura 3): Jan W. Oberg da empresa Resana, primeiro vice-presidente da ABPol e diretor por diversas vezes; Zoé Cecília de Araújo Moncorvo da empresa Pepasa, também exerceu o cargo de vice-presidente da ABPol e foi diversas vezes diretora, e Eloisa Biasotto Mano da UFRJ - IMA, a primeira sócia honorária da Associação Brasileira de Polímeros e incansável defensora da entidade.
A ABPol - Associação Brasileira de Polímeros nasceu de uma "conversa de corredor" que alguns professores da Universidade Federal de São Carlos do Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar - DEMa tiveram em uma típica manhã em março de 1988. Nesse bate papo informal do qual participaram os professores Sebastião Canevarolo, Sati Manrich, Elias Hage Jr., José Alexandrino de Sousa, José Augusto M. Agnelli, Rosario E. S. Bretas, Luis A. Pessan e Silvio Manrich foi abordada a necessidade de se ter um veículo de divulgação dos trabalhos técnicos científicos gerados pelos pesquisadores da área de polímeros, não apenas os do DEMa, mas de todo o Brasil. Algumas sugestões foram consideradas, incluindo a de que a própria UFSCar poderia bancar esta publicação técnico-científica. Mas ao final prevaleceu a idéia de que apenas uma "entidade organizada, independente e imparcial" poderia alavancar e sustentar de forma perene a publicação de uma revista. Nesse instante o objetivo muda de foco, pois seria necessário antes constituir uma Associação. O nome da entidade foi fácil de encontrar e seria ABP, afinal já tínhamos na área de materiais as Associações Brasileiras de Cerâmica - ABC (fundada em 1933) a de Metais - ABM (fundada em 1944). Por coincidência, a nova Associação também estava sendo fundada em um ano com dois dígitos repetidos, 1988, tal como as outras duas associações.
Foi escrita uma carta consulta a toda a comunidade sobre a idéia de se fundar uma Associação Brasileira de Polímeros voltada para o congraçamento dos profissionais da área de polímeros, entre outros objetivos, tais como a realização de eventos (congressos), cursos, periódicos, reuniões. Algumas respostas foram encaminhadas com prontidão, sendo a maioria das opiniões muito favoráveis e algumas, inclusive, com eufóricas colocações de apoio e congratulações pela iniciativa. Houve também algumas poucas respostas cautelosas. Essa consulta gerou muitos comentários no setor de plásticos e borrachas sendo até hoje lembrado pelo Silvio Manrich o fato dele ter sido convocado por dirigentes de uma entidade do setor para uma conversa reservada. Eles tentaram durante um almoço requintado convencê-lo de desistir da idéia, pois ela seria uma entidade com atividades redundantes. Nesse encontro foi defendido que os objetivos da ABPol nunca seriam os mesmos de entidades oficiais já em funcionamento na área de polímeros, pois nenhuma entidade exclusivamente empresarial tinha preocupações em fomentar congressos científicos de alto nível, revista científica, entre outras ações hoje praticadas pela ABPol. Colocou-se também que a ABPol reuniria não apenas empresas e instituições, mas principalmente indivíduos, profissionais da área que poderiam ser inclusive totalmente independentes de uma empresa ou universidade. Nessa reunião o professor Silvio foi veementemente intimado a desistir da idéia da criação da ABPol. Felizmente a história foi outra...
Outros desafios foram enfrentados no início dessa jornada. Na época existiam outras iniciativas de grupos de pessoas da área de polímeros que achavam que a ABPol não seria "necessária", tendo em vista que na área já se tinha uma determinada organização. Mas é bom lembrar que essas "organizações" não eram oficiais, e principalmente não exerciam atividades de amplo alcance e não contemplavam na agenda as atividades como congressos nacionais e internacionais, e revista com abordagem tecno-científica. Hoje nenhuma daquelas organizações existe mais, sendo que a ABPol conseguiu realmente reunir as instituições, profissionais e setores interessados.
Até os anos 80 não se tinha muitos interesses em comum entre as universidades e centros de desenvolvimento que pesquisavam polímeros. Existia uma "certa distância" entre os diversos grupos de pesquisas e até desconhecimento do todo que compunha o quadro brasileiro de pesquisa e desenvolvimento nas instituições e indústrias. A ABPol aproximou essas pessoas, eliminando as diferenças e criando uma forma de luta comum entre elas.
Em junho de 1988 deu-se início à grande luta para a preparação da fundação da Entidade. Resolveu-se realizar a cerimônia de fundação da associação na UFSCar, pois se contava com uma grande equipe interessada que daria todo o apoio necessário. O DEMa deu suporte técnico tal como instalações e funcionários para a preparação do evento. Esse evento contou com a participação de diversas empresas que o patrocinaram mesmo sem a existência real da ABPol como entidade.
Foram enviadas cartas convite para a cerimônia de fundação a professores, pesquisadores, e profissionais de indústrias da área. Nos meses que antecederam a data de fundação da ABPol, foram realizadas diversas reuniões entre os interessados para tecer o texto básico do estatuto da entidade. O estatuto foi escrito após ampla pesquisa entre outras entidades assemelhadas e um grupo de uns quinze participantes teve a tarefa de discutir e opinar e chegar ao final com um estatuto que foi aprovado posteriormente em assembléia, na sua íntegra.
No dia 23 de setembro de 1988 o resultado apareceu: a presença de 145 pessoas para celebrar a fundação da ABP - Associação Brasileira de Polímeros (no início era ABP e hoje é ABPol, pois existiam muitas entidade com essa sigla, tais como a Associação Brasileira da Polícia, da Propaganda, entre outras). Esse evento teve o nome de "I Encontro Nacional da Associação Brasileira de Polímeros". A fundação oficial da ABP ocorreu às 15 horas e 30 minutos, quando foi lida a ata de fundação. Estiveram presentes muitos profissionais de indústria e de outras instituições. Uma grande mesa redonda coroou o evento, onde discursaram diversas celebridades, como a professora Eloísa Mano, que entre muitas coisas bonitas e encorajadoras afirmou: "... é fácil criar uma entidade como essa, o difícil é mantê-la, fazê-la crescer, funcionar e atingir seus objetivos". Isso soou como um desafio, pois fez com que todos pensassem com mais seriedade sobre o que acabavam de criar. Discursaram profissionais da indústria, como a Zoé Moncorvo da PEPASA, Geraldo R. de Almeida, entre outros. Inclusive o deputado estadual da época, Antonio Adolpho Lobbe Neto (hoje deputado federal) esteve presente. Todos os participantes dessa cerimônia e que exerciam atividade na área de polímeros foram considerados sócios fundadores da ABPol (Quadro 2) e as entidades que apoiaram a fundação da ABPol foram consideradas "Patrocinadores Fundadores da ABPol" sendo elas: Departamento de Engenharia de Materiais e Programa de Pós-Graduação em Ciências e Engenharia de Materiais da UFSCar; Polisul Petroquímica S.A.; Resana Petroquímica S.A.; Polialdem Petroquímica S.A.; Polipropileno S.A.; IBM Brasil Ltda. Nesse dia da fundação foi eleito o primeiro Conselho provisório da ABPol, que em reunião posterior, elegeu a primeira diretoria provisória (Quadro 1 e Figura 2).
Um jornalista perguntou durante o coquetel de fundação, se era apenas uma coincidência a ABPol ter sido fundada no primeiro dia da primavera daquele ano ou se a data representava a certeza da "fecundidade e prosperidade". A data não fora planejada dessa forma, mas esse dia floriu o jardim dos profissionais da área de polímeros mais intensamente que todos os dias de uma primavera inteira. Afinal, havia sido celebrada a união de profissionais com objetivos claros para realização de atividades até então dormentes. Primavera representa coisas boas para as pessoas, é quando a natureza acelera seu desenvolvimento, é fase de reflorestamento e acasalamento da maioria das espécies. Podemos dizer que a natureza está em equilíbrio. É o fim das longas noites, do frio, do isolamento. O equilíbrio é o sentimento máximo que é também evocado pelo signo de Libra. Por isso essa data também é conhecida como o "dia do equilíbrio". Um bom momento para se fazer um balanço de tudo. É época de espalhar as sementes e toda semente deixada pela estrada pode germinar. Basta cuidar. A ABPol fez isso naquele inesquecível dia 23 de setembro de 1988 e após 20 anos, veja só o que cresceu!
Após a fundação da ABPol, várias atividade se iniciaram, entre elas escrever o primeiro Boletim da então ABP. Esse boletim foi um resumo do que se falou no dia da fundação e diversas opiniões sobre a criação da entidade. Um boletim de mais de 40 páginas foi o resultado do trabalho da professora Sati e do professor Silvio e de alguns alunos da pós-graduação do DEMa da época, entre eles o atual professor da Universidade São Francisco Carlos Alberto F. Correa.
Também foi feito o registro da entidade no fórum e providenciados todos os documentos necessários para a entidade funcionar. Muito se aprendeu com isso. Foram realizadas diversas reuniões de Diretoria e do Conselho provisórios tendo como pauta o delineamento dos objetivos e a programação de atividades, incluindo a confecção de boletins periódicos, preparação do segundo Encontro Nacional da ABP. Não existia ainda uma sede da ABPol, e a maioria dos trabalhos eram realizados na residência dos Professores Silvio e Sati com ajuda dos filhos que fechavam envelopes, entre outras pequenas tarefas. Depois foi contratada a primeira secretária, a Márcia Cristina dos Santos Barbosa de Oliveira, que trabalhava na "sede improvisada" nos finais de tarde para realizar diversas atividades. Em meados de 1989, o DEMa cedeu um espaço para a ABPol, uma sala no laboratório de polímeros, quando foi contratada uma secretária tempo integral, a primeira Fátima e logo a seguir contratou-se a Fátima Cordebello que ficou no cargo até 2007. Uma forma que a ABPol encontrou para retribuir o imensurável apoio recebido da UFSCar foi através da participação na criação da FAI - Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. A ABPol em 1992 foi instituidora dessa fundação e deu posse ao seu Conselho Diretor, além de doação financeira.
O "Segundo Encontro Nacional da ABP" realizado nos dias 13 e 14 de julho de 1989 na FIESP, Avenida Paulista, São Paulo - SP, foi patrocinado pela IBM, FIESP, CNPq e Aprobad. Nesse encontro o tema abordado foi "Polímeros: a situação do Brasil no contexto mundial" com o objetivo de se ter um mapeamento das instituições de ensino e pesquisa no Brasil. Também foi realizada a Assembléia geral para aprovação do Estatuto Social da ABP. O evento foi abrilhantado com a presença de mais de 300 pessoas, sendo que um dos convidados foi o empresário Mário Amato, então presidente da FIESP. O outro convidado especial foi Joelmir Betting, economista e comentarista da Rede Globo na época, a quem se pagou uma pequena fortuna pela tão aplaudida palestra de 2 horas. Dezesseis instituições apresentaram os seus programas de ensino na graduação ou pós-graduação e os grupos de pesquisas existentes.
Congresso Brasileiro de Polímeros - CBPol
Depois do segundo grande encontro da ABPol, onde também tomou posse a "Primeira Diretoria Eleita" para mandato de dois anos, iniciaram as atividades de preparação para duas grandes jornadas. A primeira foi a preparação do primeiro Congresso Brasileiro de Polímeros, 1º CBPol. Talvez esse tenha sido um dos atos de maior coragem da entidade, pois se decidiu realizar o evento no Palácio de Convenções do Anhembi. A maioria indecisa, pois os custos seriam elevadíssimos para as condições financeiras e a ABPol mal tinha sido criada, bem como a experiência era pequena e contava com poucos sócios, poucos pesquisadores, poucos "tudo", mas... muita vontade! Mesmo assim a cabeça foi colocada a prêmio. Decidiu-se que seria lá. Foram alugadas diversas salas e o auditório Elis Regina onde cabem mais de mil pessoas, além de um grande espaço para expositores. O congresso foi idealizado com exposição paralela de empresas que com isso patrocinariam o evento. O resultado foi tão positivo que até hoje serve de modelo aos CBPol que a ABPol organiza (Figura 5). O evento foi abrilhantado com quase mil participantes, pois os profissionais, principalmente de empresas de São Paulo, deram grande apoio comparecendo em massa. Isso fortificou e alavancou significativamente a ABPol, embutiu segurança, transformando a imagem da recém criada ABPol na de uma entidade madura. Não era o que sentiam seus dirigentes, mas a sociedade ansiava tanto por uma entidade assim que a considerava experiente o suficiente para liderar e realizar outros eventos. Quase se registrou prejuízo financeiro nesse 1º CBPol que teve menos de 200 trabalhos apresentados, 18 empresas patrocinadoras e ou expositoras do evento e também apoio de agências de fomento do governo. Nesse evento de 1991 a abertura foi feita pelo então presidente da Petrobrás, Engenheiro Hernesto Weber, ele que posteriormente, como presidente da Polibrasil, participou da diretoria da ABPol. Nesse primeiro congresso foi também lançada a revista da ABPol.
Grandes desafios
Tivemos diretores e sócios que de tudo fizeram para alavancar a ABPol nos seus primeiros anos: o pessoal do DEMa, uma equipe inteira - Sousa, Elias, Canevarolo, Pessan, Agnelli, Sati e Silvio. O pessoal de outras instituições e empresas, como Júlio Harada, Mário Colin, Jan Orberg, Zoé Moncorvo, Francisco Carvalho, Henrique Northfleet, Paulo Branco, Ricardo Baunhardt Neto, Ailton Gomes, Laura Hecker, Lúcia Mei, Fernanda Coutinho, entre tantos que se for citar a lista fica extensa.
O 2º CBPol foi outro desafio. Já era a terceira diretoria em exercício, e ela teve que decidir juntamente com o Conselho Diretor onde fazer esse congresso. Novamente fora defendida a sua realização no Anhembi. Isso inicialmente soou como uma bomba, pois ninguém se esqueceu do grande trabalho para realizar o 1º CBPol. Era, no entanto, uma oportunidade de fixar definitivamente a imagem de "entidade forte" no país. Fazer um evento no Anhembi, não era qualquer evento. Tudo isso levado em consideração, deu-se início à jornada. Nesse 2º CBPol obteve-se mais apoio, mais tranqüilidade e mais sobras financeiras que sustentaram a ABPol por algum tempo.
Depois desse grande evento, que foi amplificado em número de trabalhos e teve também, quase mil participantes, entre eles muitos estrangeiros convidados e estrangeiros que vieram espontaneamente, teve-se certeza de que os próximos congressos poderiam ser realizados em outras localidades e teríamos sucesso e credibilidade.
A ABPol sempre convidou diversos pesquisadores de renome internacional, tanto estrangeiros (Quadro 3), como brasileiros. No início, nosso congresso não era conhecido no exterior e se fazia necessário convidar e bancar com todas as despesas para trazer esses pesquisadores. Atualmente, a vinda espontânea de estrangeiros é bastante significativa, incluindo muitos pesquisadores de renome, não sendo necessário convidar mais do que 6 ou 7 deles para completar as palestras plenárias, pois estas são bem representadas por uma maioria de pesquisadores brasileiros igualmente capacitados. A ABPol tornou-se verdadeiramente a entidade dos profissionais da área de polímeros, e o CBPol tornou-se por sua vez, o evento para as divulgações técnicas e científicas. Hoje os congressos da ABPol, apesar da presença de 500 a 700 participantes (Quadro 4), conta com grande número de trabalhos e alta qualidade. A nossa entidade está estabelecida. Isso é o que somos.
Revistas
Polímeros: Ciência e Tecnologia
Esse foi o segundo grande desafio nos primeiros anos da ABPol (Quadro 5). Criar uma revista foi motivo de duras palavras desencorajadoras por parte de experientes editores de revistas técnicas da área de polímeros da época. O que se ouviu foi que seria extremamente inviável criar uma revista, pois não se conseguiam artigos para publicar. Realmente tinha muito de verdade nisso. Mas a comunidade que se envolveria nessa revista estava comprometida através da associação que soube confiar nos seus sócios. A Associação era de profissionais da área e existiam artigos para publicar. Afinal, o grande objetivo inicial da ABPol foi a criação de uma revista. Iniciou-se com 6 artigos (a maioria encomendados diretamente a autores que garantiriam qualidade e pronto atendimento) e algumas propagandas que sustentaram as primeiras edições.
Por outro lado, tivemos apoio incondicional de editores de algumas revistas, como por exemplo, a "Plástico Moderno". Emanoel Fairbanks, um dos sócios dessa revista vinha inclusive nas reuniões da ABPol, nas reuniões de escolha de diretorias, e publicava maravilhas sobre a entidade, pois ele como tantos outros acreditaram na imparcialidade e independência dessa jovem entidade. Foi publicado um artigo sobre os quinze anos da revista "Polímeros: Ciência e Tecnologia" (Volume XV, nº 4, 2005 páginas E4 a E17) onde é relatado o histórico completo desse periódico, seus editores e membros dos comitês. É de se destacar os incansáveis editores coordenadores do Comitê Editorial, sendo o primeiro Sebastião Canevarolo Jr., seguido por José Alexandrino de Sousa, Antônio Aprígio Curvelo, Elias Haje Jr. e atualmente Adhemar C. Ruvolo Filho. Uma destacada participação foi a do professor Alexandrino de Sousa que carimbou o destino dessa revista ajudando a manter desde seu lançamento a melhor qualidade possível dos textos, fotos, nível dos trabalhos, entre outros tantos requisitos necessários a uma revista séria.
São inesquecíveis as viagens para São Paulo em busca de patrocínio para a revista da ABPol e para todos os outros eventos. É sempre difícil convencer as empresas sobre a importância de uma nova entidade. Mas aos poucos, após ter realizado o 1º CBPol e lançado a revista, as raízes começaram a aparecer e garantir sustentabilidade.
Hoje a revista é assim organizada: existe um Conselho Editorial com 31 membros (ver lista na página E2 dessa edição) sendo seu presidente o professor Marco-Aurélio De Paoli. Ligado a esse Conselho existe o Comitê Editorial composto por 9 membros e todos pertencentes também ao Conselho, tendo como Editor Chefe o professor Adhemar C. Ruvolo Filho. A colaboradora da ABPol, Edmea Kako, organiza a tramitação dos trabalhos junto aos autores, comitê, consultores, empresa de editoração, empresa de impressão gráfica e virtual (SciELO) entre outras ações.
O Quadro 5 mostra a evolução das publicações da revista "Polímeros: Ciência e Tecnologia", bem como lista os membros do primeiro e do atual Comitê Editorial. A submissão de trabalhos para a revista é aberta a toda a comunidade da área de polímeros e deve ser realizada on-line através da utilização do sistema pubcentral de submissão eletrônica de trabalhos. Os autores seguem as normas da ABPol para redação dos artigos. Após a avaliação e aprovação por 3 consultores, os trabalhos são aceitos e publicados. Hoje a revista conta com a contribuição de 298 Consultores. Ela está no seu 18º volume, pode ser encontrada na base de dados do "ISI Web of Knowledge, Web of Science" com ISSN: 0104-1428. Além disso é indexada em: Chemical Abstracts; RAPRA abstracts; All-Russian Institute of Science and Technical Information; Red de revistas Cientificas de America Latina y el Caribe; Latindex.
Materials Research
Outra importante revista que a ABPol publica em conjunto com outras seis associações assemelhadas é a "Materials Research - Revista Ibero-americana de Materiais". Em assembléia do CBECIMAT em 1998 discutiu-se e aprovou-se a criação de uma revista brasileira dedicada à ciência e engenharia de materiais. As associações criadoras foram a ABPol (Ailton S. Gomes), ABM (Fernando C. Rizzo Assunção) e ABC (José Carlos Bressiani), que convidaram o professor Edgar Dutra Zanotto para ser o editor principal e ele continua até hoje nessa função. Até o momento foram editados 40 números da revista que tem periodicidade de 4 números anuais. Os associados da ABPol participam da revista com artigos (que devem ser escritos em inglês), como membros do Comitê Editorial representados atualmente pelos professores Luiz Antonio Pessan (Editor Associado) e Sebastião V. Canevarolo Jr. A ABPol (polímeros) juntamente com a ABM (metais) e ABC (cerâmica) administram financeiramente a revista.
No início da década de 90, todos lembram, teve o depressivo plano Collor que tirou todo o dinheiro, não apenas de pessoas físicas, mas também da ABPol. Como ela é uma entidade sem fins lucrativos, toda fonte financeira vinha de patrocínios e anuidades de sócios. O caixa ficou zerado por muitos meses, quase provocando o fechamento das portas. Mas graças aos próprios sócios, a ABPol se levantou. Após passar o chapéu pedindo apoio aos sócios, o resultado foi surpreendente, como lembra emocionado Edson Simielli. O caixa foi refeito com a reativação da ABPol. Isso foi muito diferente de um começar do zero como em 1988. Em 1990 existia um quadro de funcionários com folha de pagamento a ser honrada.
Os desafios da ABPol não pararam com o segundo congresso e nem com o lançamento da revista. Numa reunião no início de 1994 foi proposto um cronograma de atividades, destacando-se eventos internacionais. Nessa reunião foram apresentadas duras críticas a esse planejamento, pois foi argumentado que a ABPol não tinha cacife suficiente para bancar tanta responsabilidade. Foi dito nessa ocasião que entidades de porte maior, com maior tempo de existência, não se arriscavam a programas tão amplos. Mesmo assim foi aprovado pelo conselho diretor a realização do SLAP e o SIAP no Brasil e apoio ao "International Macromolecular Colloquium", além do próprio CBPol (o Quadro 6 mostra as atividades internacionais desenvolvidas e apoiadas pela ABPol nesses 20 anos). Tudo foi executado segundo planejado e essa disposição e os bons resultados obtidos sustentaram a decisão liderada pelo então presidente da ABPol Edson Simielli, em 1998, de trazer para o Brasil o congresso da IUPAC da área de polímeros - "International Symposium on Macromolecules - Macro 2006". É de se destacar que outras entidades brasileiras já haviam tentado trazer esse evento para o Brasil, mas quem o fez, foi a ABPol, pois preencheu todos os requisitos para isso. Essa grande vitória brasileira se deveu a colaboradores incansáveis que já vinham bem representando o Brasil durante a realização de Macro's anteriores, destacando-se Davi Tabak (FioCruz - RJ), Roberto Fernando S. Freitas (UFMG - DEQ) e Sebastião Canevarolo Jr. (UFSCar - DEMa), além dos presidentes da ABPol diretamente envolvidos desde 1997: Edson Simielli que disparou o processo em 1998, assumindo o compromisso de bancar o evento "mesmo se ocorresse uma greve das companhias aéreas" aventado pelo Prof. Robert Gilbert (da Universidade de Queensland em Brisbane, Austrália) presidente da Divisão de Macromoléculas da IUPAC, em visita ao Brasil especificamente para tratar deste tema; Silvio Manrich, que assinou a carta de intenções em 2001, como presidente, sabendo que a conta superaria os US$ 100 mil; Domingos Jafelice que muito lutou em suas duas gestões consecutivas para manter a programação e deixar em dia anuidades que o Brasil devia à IUPAC entre os anos de 2001 a 2005; e Raquel Mauler que participou de todas as etapas e finalizou de forma brilhante esse fantástico desafio em 2006, juntamente com o chairman do evento Ailton S. Gomes. As preocupações do professor Gilbert tinham fundamento, não houve greve, mas em compensação houve a quebra da Varig (transportadora oficial do congresso) um mês antes do evento! A ABPol estava preparada e soube bem acolher os 1120 participantes que se deleitaram com a Ciência dos Polímeros de dia, e embalados pelas belezas do Rio de Janeiro à noite. Além disso, a ABPol também apoiou diversos eventos internacionais realizados no Brasil, destacando-se a reunião regional da "Polymer Processing Society - PPS" em 2004 e o "International Macromolecular Colloquium".
Comissões Técnicas
A ABPol participou intensamente de diversas reuniões ocorridas em comissões de entidades industriais como a SIRESP, ABIQUIM, ABIPLAST, ABIMAQ e da Secretaria da Indústria do Estado de São Paulo e isso ajudou na capacitação da entidade, promoveu a fixação de sua imagem na indústria e sinalizou a importância da mesma dentro dessas entidades. Hoje a ABPol é citada como uma das grandes entre as entidades de sua natureza no Brasil. Até mesmo entre as de fomento como a FAPESP e CNPq a ABPol é referendada como modelo em atividades envolvendo congressos e revistas. Essas reuniões foram importantes para ABPol dimensionar algumas necessidades de entidades industriais, de pesquisa e ensino. Para permitir uma maior interação com seus sócios, a Diretoria da ABPol em 1992 achou conveniente fomentar a criação de Comissões Técnicas. O diretor Sebastião Canevarolo se encarregou de traçar algumas diretrizes básicas, principalmente a de ser ter formalmente um número mínimo de interessados no assunto a que a comissão se proporia e criou a primeira comissão em 1992, chamada de Comissão Técnica de Identificação e Caracterização de Polímeros, coordenada pelo próprio diretor. Suas atividades se davam por reuniões técnicas periódicas, normalmente na cidade de São Paulo, onde com a gentil oferta de uma sala de conferência por alguma instituição parceira e duas ou três palestras técnicas, promoviam-se a interação e congraçamento de interessados, muitas vezes não sócios da ABPol. Rapidamente sentiu-se a necessidade da criação de outras comissões e assim foram criadas as de "Reciclagem de Plástico", coordenada por Hélio Wiebeck e a de "Reologia e Processamento de Polímeros", coordenada por Júlio Harada. A forma de ação, através de reuniões periódicas manteve-se constante nas novas comissões permitindo uma forte e direta interação e troca de experiência entre profissionais da indústria, centros de P&D e do meio acadêmico em geral. Atualmente as reuniões continuam ocorrendo a cada 2-3 meses, já estando na 88ª reunião, mas há algum tempo optou-se por fazê-las de forma conjunta entre as três comissões. A participação é aberta à comunidade em geral, com a inclusão do interessado no mailing list para o envio de informações sobre atividades das comissões, mas é desejável que o interessado se associe à ABPol. Anualmente, em maio/junho, as três comissões têm se reunido promovendo o "Seminário das Comissões Técnicas da ABPol", evento de um dia e meio que tem atraído em média 100 participantes. Outra atividade das comissões, que tem sido muito bem recebida pela comunidade, tem sido o Programa de Comparação Interlaboratorial - PI onde amostras homogêneas são enviadas aos laboratórios interessados que realizam o teste e seus resultados são analisados estatisticamente por José Carlos Olivieri, Consultor de Gestão da Qualidade Total. O resultado preliminar é apresentado e discutido formalmente em reunião das Comissões Técnicas e ao final este é consolidado em um relatório definitivo. O Quadro 7 mostra a participação da comunidade e os PI realizados até então.
O professor Sebastião Canevarolo de forma objetiva e incansável esteve sempre à frente das três comissões técnicas, como Diretor da ABPol, promovendo e/ou participando praticamente de todas as reuniões, nas quais tem comparecido uma média de 30 participantes e de todos os seminários técnicos com presença média de 100 participantes.
Cursos
Outra atividade bastante importante da ABPol durante toda sua existência foram os cursos (Figura 6) de nível técnico e científico, básicos e avançados na forma aberta ou em "company" oferecidos aos profissionais da área de polímeros. O Centro de Formação da ABPol, criado em 1989, já ofereceu 135 cursos de formação e atualização. Foram aproximadamente 3000 participantes em todo o território nacional. Essa atividade teve o histórico início com o oferecimento dos três cursos: "Blendas Poliméricas", "Degradação e Estabilização de Polímeros" e "Moldagem por Injeção de Termoplásticos".
Entidade Setorial da área de Polímeros
A ABPol conquistou em 1997 o título de "Entidade Setorial da área de Polímeros" após concorrer com diversas outras entidades. Esse reconhecimento daria prioridade para realização de projetos especiais na área, mas infelizmente esse programa governamental não teve prosseguimento.
Sócios Honorários da ABPol
A Associação Brasileira de Polímeros tem diversos tipos de sócios. Os sócios "pessoa jurídica" são: "Patrocinadores", "Sócios Coletivos" e "Sócios Instituição". Entre os sócios "pessoa física" existem as categorias de "Sócio Individual", "Sócio Junior" e "Sócio Honorário". Atualmente a ABPol tem dois sócios honorários: Professora Eloisa Biasotto Mano da UFRJ-IMA, título outorgado durante o 6º CBPol em Gramado - RS em 2001 e o Professor Silvio Manrich da UFSCar-DEMa homenageado com esse título em 2003 durante o 7º CBPol em Belo Horizonte - MG.
Livros
Durante muitos anos os conselheiros da ABPol discutiram sobre a necessidade da entidade oferecer aos seus sócios acesso à literatura técnica sobre polímeros, tendo sido inclusive apreciada a idéia de se criar uma biblioteca. A biblioteca não foi formada, mas em seu lugar floresceu a iniciativa de se incentivar profissionais da área de polímeros a escreverem livros em português. Para facilitar este processo a ABPol firmou um convênio com a Editora Artliber onde a primeira escolheria e indicaria o manuscrito e a segunda publicaria sem custos ao autor, além de uma porcentagem financeira das vendas promovidas pela ABPol. Este genial arranjo garante sucesso a ambos parceiros. Os autores interessados apresentam o manuscrito do livro que é avaliado por dois consultores da ABPol e se aprovado, o livro é encaminhado à Artliber para editoração e publicação. Este processo iniciou-se em 2000 com o lançamento do livro "Aditivação de Polímeros" de autoria do professor Marcello S. Rabello da Universidade Federal da Paraíba. Depois deste, outros livros foram lançados tais como: "Ciência dos Polímeros- 1ª e 2ª Edição" de Sebastião V. Canevarolo Jr., "Processamento de Termoplásticos: rosca única - extrusão e matrizes - injeção e moldes" de Silvio Manrich, "Técnicas de Caracterização em Polímeros " editado por Sebastião Canevarolo, "Moldes para Injeção de Termoplásticos: projetos e princípios básicos" de Júlio Harada, "Plásticos de Engenharia: Tecnologia e Aplicações" de Hélio Wiebeck e Júlio Harada, "Nanotecnologia: introdução, preparação e caracterização de nanomateriais e exemplos de aplicação" de Luiz Henrique C. Mattoso e "Reciclagem do Plástico" de Ana Magda Piva e Hélio Wiebeck. Os livros mais vendidos foram (Figura 7): 1º Ciência de Polímeros (3.922 exemplares até Agosto de 2008), 2º Técnicas de Caracterização de Polímeros e 3º Processamento de Termoplásticos. Além desses livros a ABPol se orgulha por disponibilizar outros, totalizando 35 títulos em português.
Regionais da ABPol
O Brasil se caracteriza pela concentração de população e de atividades em regiões como o sul e sudeste. Para poder atuar de forma mais direta nas diversas regiões, atualmente a ABPol possui duas regionais: Regional Leste e Regional Sul além das atividades da ABPol no estado de São Paulo. Essas regionais foram criadas para incentivar atividades específicas como cursos, seminários e outros eventos de forma a atender sistematicamente grupos de associados dessas regiões, pois inicialmente as atividades da ABPol se concentravam muito no estado onde fica sua Sede.
Regional Sul
A Regional Sul, congregando os sócios do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tem como Diretor o Sr. Ricardo Vinicius Bof de Oliveira e como Vice-Diretora a Sra. Tatiana Louise Ávila de Campos Rocha. O principal objetivo da Regional Sul é buscar a integração da comunidade de polímeros dos diversos centros de atividades do Sul do país, abrangendo as áreas de plásticos, borrachas, tintas e adesivos. Entende-se que a melhor forma de atingir este objetivo é através da realização de eventos como cursos, seminários e encontros que agreguem conhecimentos técnicos e científicos relacionados com as demandas regionais e permitam o contato periódico entre os profissionais acadêmicos e pesquisadores com interesses comuns na área de polímeros.
Regional Leste
A Regional Leste, reunindo os associados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, tem como diretor o Sr. Reinaldo W. Janke e como vice-diretor o Sr. Leonardo Bresciani Canto. A Regional Leste realizou, em 13 de agosto de 2008, às 10 horas da manhã, no auditório do IMA/UFRJ, o Café com Polímeros, com o tema "Seringais, látex e borracha no estado do RJ". O evento foi aberto com uma palestra do agrônomo Aldo Bezerra de Oliveira, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO). O agrônomo Aldo apresentou a atuação da PESAGRO-RIO na produção de mudas e clones de seringueiras e no desenvolvimento de seringais no estado do Rio de Janeiro. Uma segunda palestra foi proferida pelo Engenheiro Guilherme Lessa Bastos, Diretor do Instituto Tecnológico da Borracha (ITeB), na qual foi abordada a atuação do ITeB junto aos produtores do estado do Rio de Janeiro no tocante ao aprimoramento do beneficiamento de látex. Após as palestras houve uma confraternização entre as 60 pessoas presentes no evento, de várias universidades, centros de pesquisas e empresas da região. O Café com Polímeros é organizado pela Associação Brasileira de Polímeros - Regional Leste, sob direção de Reinaldo W. Janke, superintendente da SEDEIS - Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, e Leonardo B. Canto, professor do IMA - UFRJ, com apoio do IMA - UFRJ e patrocínio do SIMPERJ - Sindicato das Indústrias de Plástico do Estado do Rio de Janeiro.
Sede da ABPol
A Associação Brasileira de Polímeros está instalada em sede própria (Figura 8) desde 2006, adquirida durante a gestão da Presidente Raquel Mauler, que realizou um dos sonhos da entidade. É uma casa com arquitetura típica do interior paulista do século XX, com ampla área interna (5 salas com armários embutidos, cozinha, banheiros), garagem e uma edícula (onde também é possível realizar atividades como cursos e comemorações).
A festa de comemoração dos "20 anos de ABPol" foi patrocinada pelas empresas:
Comentários finais
"Antes da ABPol nascer cheguei até a imaginar que ela poderia se tornar apenas mais uma máquina burocrática facilitadora das ambições comunitárias ou pessoais. Hoje vejo que ela tem conteúdo muito nobre. A ABPol é uma entidade viva e saudável. Independente e imparcial. Seus sócios e colaboradores são a essência da sua constituição harmoniosa e equilibrada. É uma Associação sem pedestais, sequer se ornamentou com tapetes a serem puxados. Uniu pessoas, entidades e anseios. Com objetivos retos desde seu nascimento, ficou adulta precocemente e espelha serenidade. Fadada a existir eternamente, não vacila em preservar seus dons de nascença e a buscar desafios. Não é única de sua espécie, mas aprendeu a se destacar pela espontaneidade. Sua coragem sempre esteve aliada ao compromisso, fazendo bem feito o que decide fazer. Aprendeu desde cedo que seu universo é o mundo, mesmo tendo herdado o nome de Brasileira. Tornou-se o pilar que sustenta o ideal comunitário da área de Polímeros e será tão forte quanto seus sócios o permitirem." Silvio Manrich
Matéria elaborada pelo Professor Silvio Manrich, DEMa/UFSCar - sócio honorário da ABPol, com a colaboração do Professor Sebastião V. Canevarolo Jr., DEMa/UFSCar.
20 anos associando os profissionais da área de polímeros
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
13 Fev 2009 -
Data do Fascículo
2008
