Acessibilidade / Reportar erro

Da modernidade em Walter Benjamin: crítica, esporte e escritura histórica das práticas corporais

Resumos

Neste texto ocupo-me de alguns aspectos da teoria da modernidade e da filosofia da história de Walter Benjamin, tendo como ponto de fuga a presença do esporte e algumas possíveis contribuições/implicações para uma escritura crítica de sua história. Para isso tomei como referência central duas das principais obras do Autor, A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica e sobre o conceito de História. Do primeiro texto analiso a concepção de obra de arte, sua reprodutibilidade moderna e sua relação com o esporte, além de fazer alguns comentários sobre a posição do corpo na crítica de Benjamin ao futurismo. Do segundo texto analiso aspectos da filosofia da história de Benjamin. Por fim, problematizo algumas questões para a historiografia da Educação Física/Ciências do Esporte, que dizem respeito a um conceito de história que deve levar em conta a dialética entre progresso e regressão.

Benjamin; História do Esporte; Filosofia da História


In this paper, I report the research results on Walter Benjamin's Philosophy of History and its possible contributions to a Sports history. Two essays were specially analysed, Das Kunstwerk im Zeitalter seier techische Reproduzierarkei and Über den Begriff der Geschichte. From the first one, the following are shown: some aspects of Benjamin's Futurism criticism and its body consideration. From the second one some aspects of Benjamin Philosophy are analysed. After that, some history concepts of Sports Scients are debated.

Benjamin; Sport History; Philosophy of History; Sport


DOSSIÊ - CORPORALIDADE E EDUCAÇÃO

Da modernidade em Walter Benjamin: crítica, esporte e escritura histórica das práticas corporais* * Uma versão mais sintética deste texto foi apresentada no VII Congresso Brasileiro de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, em Gramado, RS, em 30/05/2000, com o título de Em favor da memória, contra o esquecimento: História, progresso e esporte em Walter Benjamin (VAZ, 2000). 1 ARENDT, Hannah. Walter Benjamin: 1892-1940. In:______. Men in dark times. Harmondsworth: Pelican, 1973. p. 151-203. 2 Vários textos sobre Educação, juventude e infância, escritos entre 1913 e 1932 foram reunidos no volume Über kinder, jugend und erziehung. Frankfurt: Suhrkamp, 1969. 3 TIEDEMANN, R. (Org.). Aufklärung für kinder: rundfunkuorträge. Frankfurt: Suhrkamp, 1985. 4 SONTAG, S. Introduction. In: BENJAMIN, Walter. One-way street and other writings. Nova York: [s. n.], 1985. p. 19-21. 5 BENJAMIN, 1969, op. cit. 6 BENJAMIN, 1969, op. cit. 7 ARENDT, op. cit., p. 157. 8 GAGNEBIN, J. Walter Benjamin: os cacos da História. Tradução: Sônia Salzstein. 2. ed. São Paulo: [s. n.], 1993. 9 As experiências em Moscou estão magistralmente relatadas no belíssimo Moskauer tagebuch (Diário de Moscou). Ver BENJAMIN, Walter. Moskauer tagebuch. Frankfurt: Suhrkamp, 1980. 10 Sobre esse tema e outras informações e interpretações biográficas podem ser consultados, entre outros, o belo texto de Jeanne Marie GAGNEBIN (1999 e 1993), ou ainda o livro de FULD, Werner. Walter Benjamin. Eine biografie. Reinbeck bei Hamburg: Rowohlt, 1990. 11 "Os obstáculos que a modernidade impõe ao élan produtivo natural dos indivíduos encontram-se em desproporção com as forças dele. É compreensível que o indivíduo fraqueje, procurando a sorte. A modernidade deve estar sob o signo do suicídio que sela uma vantagem heróica que nada concede à atitude que lhe é hostil. Esse suicídio não é renúncia, mas paixão heróica. É a conquista da modernidade no campo das paixões." BENJAMIN, Walter. A modernidade. In: ______. A modernidade e os modernos. Tradução: Heindrun Krieger Mendes da Silva; Arlete de Brito e Tania Jatobá. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975. p. 12-13. (Biblioteca Tempo Universitário, 41). 12 O texto tem duas versões e várias edições. Baseio-me, aqui, na primeira versão, em sua publicação nas Obras Reunidas (Ver BENJAMIN, Walter. Das Kunstwerk im Zeitalter seiner techinischen reproduzierbarkeit (Erste fassung). In: TIEDEMANN, R.; SCHWEPPENHÄUSER, H. (Org.). Gesammelte Schriften. Frankfurt: Suhrkamp, 1980. 13 BENJAMIN, 1980b, op. cit., p. 442. 14 Ibid., p. 440. 15 BENJAMIN, 1980b, op. cit., p. 464. 16 Sobre o cinema em Brecht consultar o trabalho de ESPERANÇA, I. O cinema operário na República de Weimer. São Paulo: Unesp, 1993. p. 110-116, principalmente. Sobre Riefensthal conferir, entre outros, o interessante livro de WILDMANN, D. Begehrte Körper: Konstruktion und inszenierung des "arischen" männerkör pers im "Drittenreich". Würzburg: Königshausen & Neumann, 1998. 17 É preciso considerar que, se parte dos comentários não foi aproveitada nas duas versões do ensino, é porque o Autor talvez tenha querido levar as discussões adiante. Duas hipóteses: ou delas não tinha segurança, ou não as considerava importantes para o contexto do ensaio, naquele momento. De qualquer forma, mas considerando o exposto, vale seguir nesse exercício de analisar as anotações de Benjamin. 18 BUCK-MORSS, S. Dialektik des sehens: Walter Benjamin und das passagen-werk. Tradução: Joachim Schulte. Frankfurt: Suhrkamp, 1967. Original inglês. p. 384-391. 19 Ibid., p. 389-391. 20 Ver, como exemplo, os textos de: Habermas, J. Soziologische notizen zum verhältnis von arbeit und Freizeit. In: PLESSNER, H.; BOCK, H. E.; GRUPE, O. (Org.) Sport und leibeserziehung. Munique: [s. n.], 1967; e PLESSNER, H. Die funktion des sports in der industriellen gesellschaft. Wissenschaft und weltbild, n. 19, p. 262-274, 1956. Para uma pequena história do esporte na Alemanha, consultar o artigo de PILZ, G. Sociologia do esporte na Alemanha. Estudos Históricos, n. 23, 1999. Tradução e notas de Alexandre Fernandez Vaz. Original alemão. 21 BUCK-MORSS, op. cit., p. 389-391. 22 BENJAMIN, Walter. Nota a das Kunstwerk im zeitalter seiner technischen reproduzierbarkeit. In: TIEDEMANN; SCHWEPPENHÄUSER, op. cit., p 1039. 23 BENJAMIN, 1980, op. cit., p. 1040; BUCK-MORSS, op. cit., p. 391. 24 BENJAMIN, 1980, op. cit., p. 450. 25 BRECHT, B. Schriften zur politik und gesellschaft (Gesammelte werk 20). Frankfurt: Suhrkamp, 1967. p. 26-30. 26 BENJAMIN, Walter. Über den begriff der geschichte. In: _____. Iluminationen. (Ausgewählte Schriften 1). Frankfurt: Suhrkamp, 1977. p. 259. 27 BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de História. In: ROUANET, S. P. (Org.). Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 6. ed. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1993. 28 BENJAMIN, 1993b, op. cit. p. 194-195. 29 Ibid., p. 195. 30 Citado por BERMAN, M. Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Tradução de Carlos Felipe Moisés e Ana Maria L. Ioratti. São Paulo: Cia. das Letras, 1992. p. 25. 31 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 196. 32 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 115; 1977, op. cit., p. 291/385-386. Também ADORNO, T. W. Minima Moralia: reflexionen aus der beschädigten leben. GS, v. 4. Frankfurt am main: Suhrkamp, 1997, em suas amargas reflexões foi sensível à questão do encolhimento da Experiência: "Já na guerra anterior, a inadequação do corpo humano às batalhas entre máquinas tornavam impossível a experiência propriamente dita. [...] A Segunda Guerra, [...] está tão distante da experiência quanto o funcionamento de uma máquina dos movimentos do corpo humano, o qual só em estados patológicos se assemelha àquele. Assim como a guerra não contém continuidade, história, nem um elemento 'épico', mas, de certa maneira, recomeça em da fase do início, assim tampouco ela deixará atrás de si uma imagem permanente e insconscientemente conservada na memória. Por toda parte, em cada explosão, ela rompeu a barreira de proteção contra os estímulos, sobre a qual se forma a experiência, o intervalo de tempo entre o esquecimento salutar e a salutar recordação. A vida transformou-se em uma sucessão intemporal de choques, entre os quais se rasgam lacunas, intervalos paralisados. Contudo, nada seja mais funesto para o futuro do que o fato de que breve, literalmente, ninguém será mais capaz de pensar nisso, pois cada trauma, cada choque não superado, daqueles que retornam da guerra, é o fermento da futura destruição." (ADORNO, 1992, p. 46; 1997, p. 60) (Grifo meu, a.f.v.). 33 BENJAMIN, Walter. Einbahnstrase. Frankfurt: Suhrkamp, 1995. 34 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 196. 35 HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. W. Dialektik der aufklärung: philosophische fragmente. GS, v. 3. Frankfurt aim maim: Suhrkamp, 1997; HORKHEIMER, M. Eclipse of reason. New York: Continuum, 1996. Sobretudo o capítulo 3. 36 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 225; 1977, op. cit., p. 254 (Tradução ligeiramente modificada). 37 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 226; 1977, op. cit., p. 255. 38 Dois temas muito importantes para a teoria da história em Walter Benjamin ficaram, em razão dos limites desse trabalho, relegados para uma outra exposição. Um deles é o da narração, o outro é o surpreendente significado que a revolução tem para Benjamin, não como aceleração do tempo, como queria (e quer?) um marxismo mais ortodoxo, mas como sua paralisação! 39 Desenvolvo essas idéias em vários trabalhos, entre eles VAZ, A. F. Treinar o corpo, dominar a natureza: notas para uma análise do esporte com base no treinamento corporal. In: SOARES, C. L. Corpo e eduacação. Campinas: Unicamp, 1999. (Cadernos CEDES, 48); e VAZ, A. F. Do culto à performance: esporte, corpo e rendimento. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 21, n. 1, 1999. 40 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 229. 41 ALKEMEYER, T. Körper, kult und politik. Von der 'muskelreligion' Pierre de Coubertins zur inszenierung der macht in den Olympischen Spielen von 1936. Frankfurt, 1996. 42 MÜLLER, H. Blut ist im schub oder das rätsel der freiheit. Heiner Müller material. Texte und kommentare. Leipzig: Reclam, 1990.

Alexandre Fernandez Vaz

MEN/CED/UFSC -Universität Hannover/CAPES. Proc. 1106/95-15. alexfu@excite.com

RESUMO

Neste texto ocupo-me de alguns aspectos da teoria da modernidade e da filosofia da história de Walter Benjamin, tendo como ponto de fuga a presença do esporte e algumas possíveis contribuições/implicações para uma escritura crítica de sua história. Para isso tomei como referência central duas das principais obras do Autor, A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica e sobre o conceito de História. Do primeiro texto analiso a concepção de obra de arte, sua reprodutibilidade moderna e sua relação com o esporte, além de fazer alguns comentários sobre a posição do corpo na crítica de Benjamin ao futurismo. Do segundo texto analiso aspectos da filosofia da história de Benjamin. Por fim, problematizo algumas questões para a historiografia da Educação Física/Ciências do Esporte, que dizem respeito a um conceito de história que deve levar em conta a dialética entre progresso e regressão.

Palavras-chave: Benjamin, História do Esporte, Filosofia da História.

ABSTRACT

In this paper, I report the research results on Walter Benjamin's Philosophy of History and its possible contributions to a Sports history. Two essays were specially analysed, Das Kunstwerk im Zeitalter seier techische Reproduzierarkei and Über den Begriff der Geschichte. From the first one, the following are shown: some aspects of Benjamin's Futurism criticism and its body consideration. From the second one some aspects of Benjamin Philosophy are analysed. After that, some history concepts of Sports Scients are debated.

Key-words: Benjamin, Sport History, Philosophy of History, Sport.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • ADORNO, T. W. Minima Moralia: reflexionen aus der beschädigten leben. GS,v.4. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1997.
  • _____. Minima Moralia: reflexões a partir da vida danificada. Tradução de Luiz Eduardo Bicca. São Paulo: Ática, 1992. Original alemão.
  • ALKEMEYER, Thomas. Körper, kult und politik. Von der 'Muskelreligion' Pierre de Coubertins zur Inszenierung der Macht in den Olympischen Spielen von 1936. Frankfurt, 1996.
  • ARENDT, Hannah. Water Benjamin: 1892-1940. In:_____. Men in dark times Tradução de Harry Zohn. Harmondsworth: Pelican, 1973. Original alemão.
  • BENJAMIN, Walter. Über kinder, jugend und erziehung (mit abbildungen aus der Sammlung Benjamin). Frankfurt: Suhrkamp, 1969.
  • _____. A modernidade. In: _____. A modernidade e os modernos Tradução de Heindrun Krieger Mendes da Silva, Arlete de Brito e Tania Jatobá. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975. (Biblioteca Tempo Universitário, 41).
  • _____. Über den begriff der geschichte. In: _____. Iluminationen (Ausgewählte schriften 1). Frankfurt: Suhrkamp, 1977.
  • _____ . Moskauer tagebuch Frankfurt: Suhrkamp, 1980a.
  • _____. Das kunstwerk im zeitalter seiner technischen reproduzierbarkeit (Erste Fassung). In: TIEDEMANN, Rolf; SCHWEPPENHÄUSER, Hermann (Org.). Gesammelte Schriften Frankfurt: Suhrkamp, 1980.
  • _____. Sobre o conceito de História. In: ROUANET, Sérgio Paulo (Org.). Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. Original alemão.
  • _____. Einbahnstrase Frankfurt: Suhrkamp, 1995.
  • BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Tradução de Carlos Felipe Moisés e Ana Maria L. Ioriatti. São Paulo: Companhia da Letras, 1992. Original alemão.
  • BRECHT, Bertold. Schriften zur politik und gesellschaft (Gesammelte Werke 20). Frankfurt: Suhrkamp, 1967.
  • BUCK-MORSS, Susan. Dialektik des Sehens: Walter Benjamin und das Passagen-Werk. Tradução de Joachim Schulte. Frankfurt: Suhrkamp, 1993. Original inglês.
  • ESPERANÇA, Ilma. O cinema operário na República de Weimar São Paulo: UNESP, 1993.
  • FULD, Werner. Walter Benjamin. Eine biografie. Reinbeck bei Hamburg: Rowohlt, 1990.
  • GAGNEBIN, Jeanne-Marie. Walter Benjamin: os cacos da História. Tradução de Sônia Salzstein. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993.
  • _____. Anexo: Walter Benjamin, um "estrangeiro de nacionalidade inderteminada, mas de origem alemã". In: SELIGMANN-SILVA, Márcio (Org.). Leituras de Walter Benjamin São Paulo: Fapesp/Annablue, 1999.
  • HABERMAS, Jürgen. Soziologische notizen zum verhältnis von arbeit und freizeit. In: PLESSNER, H.; BOCK, H.-E.; GRUPE, O. (Org.). Sport und leibeserziehung Munique, 1967.
  • _____. Crítica conscientizante ou salvadora -A atualidade de Walter Benjamin. In: FREITAG, Barbara; ROUANET, Sérgio Paulo (Org.). Habermas 2. ed. São Paulo: Ática, 1990. (Coleção Grandes Cientistas Sociais, 15).
  • HORKHEIMER, Max. Eclipse of reason New York: Continuum, 1996.
  • HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W. Dialektik der aufklärung: philosophische fragmente. GS, v. 3. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1997.
  • LÖWY, Michael. Distante de todas as correntes e no cruzamento dos caminhos: Walter Benjamin. In: _____. Redenção e utopia: o judaísmo libertário na Europa Central (um estudo de afinidade eletiva). Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
  • MATOS, Olgária Chain Féres. Desejo de evidência, desejo de vidência: Walter Benjamin. In: NOVAES, Adauto. O desejo 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p. 283-306.
  • MÜLLER, Heiner. Blut ist im schub oder das rätsel der freiheit Heiner Müller material. Texte und kommentare. Leipzig: Reclam, 1990.
  • _____. Há sangue na sapatilha ou o enigma da liberdade. Tradução e Introdução de José Galisi Filho. Cultura Vozes, n. 2, p. 7-11, mar./abr. 1995.
  • PILZ, Gunter. Sociologia do esporte na Alemanha. Tradução e Notas de Alexandre Fernandez Vaz. Estudos Históricos, n. 23,1999.
  • PLESSNER, Helmut. Die funktion des sports in der industriellen gesellschaft. Wissenschaft und Weltbild, n. 19, p. 262-274,1956.
  • SONTAG, Susan. Introduction. In: BENJAMIN, Walter. One-way street and other writings Nova York, 1997.
  • TIEDEMANN, Rolf (Org.). Aufklärung für kinder: rundfunkvorträge. Frankfurt: Suhrkamp, 1985.
  • WILDMANN, Daniel. Begehrte körper: konstruktion und inszenierung des "arischen" männerkörpers im "Drittenreich". Würzburg: Königshausen & Neumann, 1998.
  • VAZ, Alexandre Fernandez. Razão e corporeidade: elementos para a compreesão da cultura corporal na modernidade Florianópolis, 1995. Dissertação (Mestrado) -Programa de Pós-Graduação em Educação, CED/Universidade Federal de Santa Catarina.
  • _____. Treinar o corpo, dominar a natureza: notas para uma análise do esporte com base no treinamento corporal. In: SOARES, Carmen Lúcia. Corpo e Educação Campinas: Unicamp, 1999. (Cadernos CEDES, 48).
  • _____. Do culto à performance: esporte, corpo e rendimento. Revista Brasileira de Ciências do Esporte v. 21, n. 1,1999.
  • _____. Em favor da memória, contra o esquecimento: História, progresso e esporte em Walter Benjamin. CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE, LAZER E DANÇA, 7., 2000, Porto Alegre. Anais e Resumos Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000. p. 186-192.
  • *
    Uma versão mais sintética deste texto foi apresentada no VII Congresso Brasileiro de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, em Gramado, RS, em 30/05/2000, com o título de
    Em favor da memória, contra o esquecimento: História, progresso e esporte em Walter Benjamin (VAZ, 2000).
    1 ARENDT, Hannah. Walter Benjamin: 1892-1940. In:______.
    Men in dark times. Harmondsworth: Pelican, 1973. p. 151-203.
    2 Vários textos sobre Educação, juventude e infância, escritos entre 1913 e 1932 foram reunidos no volume
    Über kinder, jugend und erziehung. Frankfurt: Suhrkamp, 1969.
    3 TIEDEMANN, R. (Org.).
    Aufklärung für kinder: rundfunkuorträge. Frankfurt: Suhrkamp, 1985.
    4 SONTAG, S. Introduction. In: BENJAMIN, Walter.
    One-way street and other writings. Nova York: [s. n.], 1985. p. 19-21.
    5 BENJAMIN, 1969, op. cit.
    6 BENJAMIN, 1969, op. cit.
    7 ARENDT, op. cit., p. 157.
    8 GAGNEBIN, J.
    Walter Benjamin: os cacos da História. Tradução: Sônia Salzstein. 2. ed. São Paulo: [s. n.], 1993.
    9 As experiências em Moscou estão magistralmente relatadas no belíssimo
    Moskauer tagebuch (Diário de Moscou). Ver BENJAMIN, Walter.
    Moskauer tagebuch. Frankfurt: Suhrkamp, 1980.
    10 Sobre esse tema e outras informações e interpretações biográficas podem ser consultados, entre outros, o belo texto de Jeanne Marie GAGNEBIN (1999 e 1993), ou ainda o livro de FULD, Werner.
    Walter Benjamin. Eine biografie. Reinbeck bei Hamburg: Rowohlt, 1990.
    11 "Os obstáculos que a modernidade impõe ao élan produtivo natural dos indivíduos encontram-se em desproporção com as forças dele. É compreensível que o indivíduo fraqueje, procurando a sorte. A modernidade deve estar sob o signo do suicídio que sela uma vantagem heróica que nada concede à atitude que lhe é hostil. Esse suicídio não é renúncia, mas paixão heróica. É a conquista da modernidade no campo das paixões." BENJAMIN, Walter. A modernidade. In: ______.
    A modernidade e os modernos. Tradução: Heindrun Krieger Mendes da Silva; Arlete de Brito e Tania Jatobá. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975. p. 12-13. (Biblioteca Tempo Universitário, 41).
    12 O texto tem duas versões e várias edições. Baseio-me, aqui, na primeira versão, em sua publicação nas
    Obras Reunidas (Ver BENJAMIN, Walter. Das Kunstwerk im Zeitalter seiner techinischen reproduzierbarkeit (Erste fassung). In: TIEDEMANN, R.; SCHWEPPENHÄUSER, H. (Org.).
    Gesammelte Schriften. Frankfurt: Suhrkamp, 1980.
    13 BENJAMIN, 1980b, op. cit., p. 442.
    14 Ibid., p. 440.
    15 BENJAMIN, 1980b, op. cit., p. 464.
    16 Sobre o cinema em Brecht consultar o trabalho de ESPERANÇA, I.
    O cinema operário na República de Weimer. São Paulo: Unesp, 1993. p. 110-116, principalmente. Sobre Riefensthal conferir, entre outros, o interessante livro de WILDMANN, D. Begehrte Körper: Konstruktion und inszenierung des "arischen" männerkör pers im "Drittenreich". Würzburg: Königshausen & Neumann, 1998.
    17 É preciso considerar que, se parte dos comentários não foi aproveitada nas duas versões do ensino, é porque o Autor talvez tenha querido levar as discussões adiante. Duas hipóteses: ou delas não tinha segurança, ou não as considerava importantes para o contexto do ensaio, naquele momento. De qualquer forma, mas considerando o exposto, vale seguir nesse exercício de analisar as anotações de Benjamin.
    18 BUCK-MORSS, S.
    Dialektik des sehens: Walter Benjamin und das passagen-werk. Tradução: Joachim Schulte. Frankfurt: Suhrkamp, 1967. Original inglês. p. 384-391.
    19 Ibid., p. 389-391.
    20 Ver, como exemplo, os textos de: Habermas, J. Soziologische notizen zum verhältnis von arbeit und Freizeit. In: PLESSNER, H.; BOCK, H. E.; GRUPE, O. (Org.)
    Sport und leibeserziehung. Munique: [s. n.], 1967; e PLESSNER, H. Die funktion des sports in der industriellen gesellschaft.
    Wissenschaft und weltbild, n. 19, p. 262-274, 1956. Para uma pequena história do esporte na Alemanha, consultar o artigo de PILZ, G. Sociologia do esporte na Alemanha.
    Estudos Históricos, n. 23, 1999. Tradução e notas de Alexandre Fernandez Vaz. Original alemão.
    21 BUCK-MORSS, op. cit., p. 389-391.
    22 BENJAMIN, Walter. Nota a das Kunstwerk im zeitalter seiner technischen reproduzierbarkeit. In: TIEDEMANN; SCHWEPPENHÄUSER, op. cit., p 1039.
    23 BENJAMIN, 1980, op. cit., p. 1040; BUCK-MORSS, op. cit., p. 391.
    24 BENJAMIN, 1980, op. cit., p. 450.
    25 BRECHT, B.
    Schriften zur politik und gesellschaft (Gesammelte werk 20). Frankfurt: Suhrkamp, 1967. p. 26-30.
    26 BENJAMIN, Walter. Über den begriff der geschichte. In: _____.
    Iluminationen. (Ausgewählte Schriften 1). Frankfurt: Suhrkamp, 1977. p. 259.
    27 BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de História. In: ROUANET, S. P. (Org.).
    Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 6. ed. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1993.
    28 BENJAMIN, 1993b, op. cit. p. 194-195.
    29 Ibid., p. 195.
    30 Citado por BERMAN, M.
    Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Tradução de Carlos Felipe Moisés e Ana Maria L. Ioratti. São Paulo: Cia. das Letras, 1992. p. 25.
    31 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 196.
    32 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 115; 1977, op. cit., p. 291/385-386. Também ADORNO, T. W. Minima Moralia: reflexionen aus der beschädigten leben. GS, v. 4. Frankfurt am main: Suhrkamp, 1997, em suas amargas reflexões foi sensível à questão do encolhimento da Experiência: "Já na guerra anterior, a inadequação do corpo humano às batalhas entre máquinas tornavam impossível a experiência propriamente dita. [...]
    A Segunda Guerra, [...]
    está tão distante da experiência quanto o funcionamento de uma máquina dos movimentos do corpo humano, o qual só em estados patológicos se assemelha àquele. Assim como a guerra não contém continuidade, história, nem um elemento 'épico', mas, de certa maneira, recomeça em da fase do início, assim tampouco ela deixará atrás de si uma imagem permanente e insconscientemente conservada na memória. Por toda parte, em cada explosão, ela rompeu a barreira de proteção contra os estímulos, sobre a qual se forma a experiência, o intervalo de tempo entre o esquecimento salutar e a salutar recordação. A vida transformou-se em uma sucessão intemporal de choques, entre os quais se rasgam lacunas, intervalos paralisados. Contudo, nada seja mais funesto para o futuro do que o fato de que breve, literalmente, ninguém será mais capaz de pensar nisso, pois cada trauma, cada choque não superado, daqueles que retornam da guerra, é o fermento da futura destruição." (ADORNO, 1992, p. 46; 1997, p. 60) (Grifo meu, a.f.v.).
    33 BENJAMIN, Walter.
    Einbahnstrase. Frankfurt: Suhrkamp, 1995.
    34 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 196.
    35 HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. W.
    Dialektik der aufklärung: philosophische fragmente. GS, v. 3. Frankfurt aim maim: Suhrkamp, 1997; HORKHEIMER, M.
    Eclipse of reason. New York: Continuum, 1996. Sobretudo o capítulo 3.
    36 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 225; 1977, op. cit., p. 254 (Tradução ligeiramente modificada).
    37 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 226; 1977, op. cit., p. 255.
    38 Dois temas muito importantes para a teoria da história em Walter Benjamin ficaram, em razão dos limites desse trabalho, relegados para uma outra exposição. Um deles é o da
    narração, o outro é o surpreendente significado que a
    revolução tem para Benjamin, não como
    aceleração do tempo, como queria (e quer?) um marxismo mais ortodoxo, mas como sua paralisação!
    39 Desenvolvo essas idéias em vários trabalhos, entre eles VAZ, A. F. Treinar o corpo, dominar a natureza: notas para uma análise do esporte com base no treinamento corporal. In: SOARES, C. L.
    Corpo e eduacação. Campinas: Unicamp, 1999. (Cadernos CEDES, 48); e VAZ, A. F. Do culto à performance: esporte, corpo e rendimento.
    Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 21, n. 1, 1999.
    40 BENJAMIN, 1993, op. cit., p. 229.
    41 ALKEMEYER, T.
    Körper, kult und politik. Von der 'muskelreligion' Pierre de Coubertins zur inszenierung der macht in den Olympischen Spielen von 1936. Frankfurt, 1996.
    42 MÜLLER, H.
    Blut ist im schub oder das rätsel der freiheit. Heiner Müller material. Texte und kommentare. Leipzig: Reclam, 1990.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Mar 2015
    • Data do Fascículo
      Dez 2000
    Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná Educar em Revista, Setor de Educação - Campus Rebouças - UFPR, Rua Rockefeller, nº 57, 2.º andar - Sala 202 , Rebouças - Curitiba - Paraná - Brasil, CEP 80230-130 - Curitiba - PR - Brazil
    E-mail: educar@ufpr.br