Resumos
Este texto propõe-se a discutir as dificuldades afetivo-emocionais das pessoas com baixa visão. A partir da década de 70, especialistas começaram a se preocupar com o uso efetivo da visão residual. Contudo, esses estudos se desenvolveram principalmente na área médica, educacional e tecnológica. Pesquisas na área da psicologia, em sua maioria, ainda estão centralizadas nos efeitos psicológicos da cegueira. Parece haver uma crença de que as descobertas obtidas por meio de pesquisas realizadas com pessoas cegas são esclarecedoras sobre as questões cognitivas e afetivo-emocionais das pessoas com baixa visão. Todavia, estudo realizado mostrou dificuldades específicas a esse grupo de pessoas. Duas questões básicas foram observadas e analisadas: a questão da identidade pessoal e a questão da pertença. Foram propostos temas a serem abordados por futuros estudos.
deficiência visual; baixa visão; identidade pessoal; pertença
This text intends to discuss the emotional disturbs of people with low vision. In the seventies, specialists started to study the effective use of residual vision. But studies about this issue were centralized in the medical, pedagogical and technological areas. Researches in the psychological area are, mostly, still centralized in the psychological effects of blindness. They share the opinion that the discoveries about blind people can be applied to low vision people, but studies with those people have shown peculiar problems to this group. Two basic problems were observed and analyzed: the identity issues and the appurtenance issues. Topics were proposed for future researches.
visual impairment; low vision; personal identity; appurtenance
DOSSIÊ: EDUCAÇÃO ESPECIAL
Sou cego ou enxergo? As questões da baixa visão
Am I blind or seeing? The questions of low vision
Maria Lúcia Toledo Moraes Amiralian
Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo-USP. Professora no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano. Coordenadora do LIDE - Laboratório Interunidades para o Estudo das Deficiências, na Universidade de São Paulo. E-mail: mltma@usp.br
RESUMO
Este texto propõe-se a discutir as dificuldades afetivo-emocionais das pessoas com baixa visão. A partir da década de 70, especialistas começaram a se preocupar com o uso efetivo da visão residual. Contudo, esses estudos se desenvolveram principalmente na área médica, educacional e tecnológica. Pesquisas na área da psicologia, em sua maioria, ainda estão centralizadas nos efeitos psicológicos da cegueira. Parece haver uma crença de que as descobertas obtidas por meio de pesquisas realizadas com pessoas cegas são esclarecedoras sobre as questões cognitivas e afetivo-emocionais das pessoas com baixa visão. Todavia, estudo realizado mostrou dificuldades específicas a esse grupo de pessoas. Duas questões básicas foram observadas e analisadas: a questão da identidade pessoal e a questão da pertença. Foram propostos temas a serem abordados por futuros estudos.
Palavras-chave: deficiência visual, baixa visão, identidade pessoal, pertença.
ABSTRACT
This text intends to discuss the emotional disturbs of people with low vision. In the seventies, specialists started to study the effective use of residual vision. But studies about this issue were centralized in the medical, pedagogical and technological areas. Researches in the psychological area are, mostly, still centralized in the psychological effects of blindness. They share the opinion that the discoveries about blind people can be applied to low vision people, but studies with those people have shown peculiar problems to this group. Two basic problems were observed and analyzed: the identity issues and the appurtenance issues. Topics were proposed for future researches.
Key-words: visual impairment, low vision, personal identity, appurtenance.
Texto completo disponível apenas em PDF.
Full text available only in PDF format.
Texto recebido em 20 jul. 2003
Texto aprovado em 14 set. 2003
1 Nos Estados Unidos, essa preocupação surgiu em 1964 com Barraga.
2 Trabalho realizado com o apoio do CNPq e Capes.
- AMIRALIAN, M. L. T. M. Compreendendo o cego. Uma visão psicanalítica da cegueira por meio de desenhos-estórias. São Paulo: Casa do Psicólogo, Fapesp, 1997.
- ______ et al. A criança deficiente visual com problemas de aprendizagem: um modelo para atendimento integral, Pesquisa realizada no Lide/IPUSP com apoio do CNPq e Capes. São Paulo, 2002.
- ASHCROFT, S. C. Crianças cegas e amblíopes. In: DUNN, L. M. Crianças excepcionais - seus problemas, sua educação. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1971, p. 309-345.
- BARRAGA, N. C. Increased visual behavior in low vision children New York: American Foundation for the Blind, 1964.
- CARVALHO, K. M. M. et al. Visão subnormal: Orientações ao professor do ensino regular. Campinas: Unicamp, 1994, 48 p.
- GARCIA, N. Da necessidade de programas de treinamento de visão subnormal em Crianças São Paulo, 1984. Dissertação (Mestrado em Educação) - PUC-SP.
- GASPARETTO, M. E. R. F. A baixa visão e o sistema braille. In: SIMPÓSIO SOBRE O SISTEMA BRAILLE, 1., Anais.. Salvador: BH, SEESP/MEC, 2001. p. 37-41.
- LOWENFELD, B. Psychological Foundation of Special Methods in Teaching Blind Children. In: ZAHL, P. A. Blindness New Jersey: Princeton University Press, 1950, p. 89-108.
- TELFORD, C. W.; SAWREY, J. M. O indivíduo excepcional Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
- WINNICOTT, D. W. Natureza humana Rio de Janeiro: Imago, 1990.
- WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
04 Mar 2015 -
Data do Fascículo
Jun 2004
Histórico
-
Aceito
14 Set 2003 -
Recebido
20 Jul 2003