Editorial
Avaliação do desempenho dos graduandos em medicina
O processo ensino/aprendizagem (PEA) flui através da interação de quatro etapas, a saber:
Objetivos
Conteúdos
Metodologias
Avaliação
Tais etapas são dependentes entre si, de tal sorte que uma boa representação gráfica poderia ser a seguinte:
A relação entre uma etapa e a subsequente não é de simples vizinhança, digamos assim. Em outras palavras, ao nos preocuparmos com o conteúdo, não cessa a preocupação com os objetivos e assim por diante. Há, entre uma etapa e outra, uma relação plástica de moldagem.
Convém lembrar que o processo ensino-aprendizagem (PEA), que é o todo, é maior do que a soma das partes:
PEA > 0 + C + M + A
Porém, cada parte tem a marca do todo. O presente ensaio refere-se, em particular, a uma das citadas etapas, a avaliação que depende muito dos objetivos, dos conteúdos e das metodologias.
A avaliação já foi definida como "um procedimento do qual o avaliado foge". É verdade! Ninguém aceita de livre vontade ser avaliado; quando o é, ocorre por imposição de fatores e circunstâncias que a pessoa não pode controlar.
Entre as quatro etapas do processo ensino-aprendizagem, a mais importante é a avaliação, porque é ela que identifica o resultado final do processo, vale dizer, a qualidade do ensino. A avaliação é "feedback" para os demais elos do processo ensino-aprendizagem. Revela, por exemplo, que os conteúdos estão inadequados.
Diante dos avanços diagnósticos e terapêuticos, objetivos e conteúdos têm sido repensados. Por outro lado, os avanços da comunicação em geral e da informática, em especial, têm induzido à utilização de novas metodologias de ensino. E a avaliação? Continua sendo freqüentemente um teste de múltipla escolha nem sempre bem elaborado.
O avaliado muitas vezes desconfia do processo de avaliação, repassando para terceiros a responsabilidade pelos eventuais fracassos. Para minimizar essa questão, a avaliação deve ser fruto de uma negociação entre avaliadores e avaliados.
A avaliação, dentro do processo ensino-aprendizagem, pode ser:
do aluno
do professor
do processo
Conforme o momento, a avaliação pode ser:
diagnóstica
formativa
somativa
A avaliação pode ser planejada objetivando:
o domínio cognitivo
o domínio afetivo
o domínio psicomotor
Daí, a importância do trabalho do Prof. Luiz Ernesto de Almeida Troncon e seus colaboradores, cujo título resumido é Avaliação do desempenho dos graduandos em Medicina, publicado na página 217 desta edição da RAMB. Esse trabalho, realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto ¾ USP, apresenta e discute o programa de avaliação terminal do desempenho dos graduandos para estimar a eficácia do currículo na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
Como secretário do Centro de Desenvolvimento de Educação Médica (CEDEM) da Faculdade de Medicina ¾ USP, tive a oportunidade de acompanhar pessoalmente as atividades do referido programa. Foi possível observar, entre outros aspectos, a interação professor/aluno dentro de uma proposta avaliatória.
O procedimento em questão é impar no cenário da educação médica brasileira, pois procura avaliar conhecimentos, habilidades e atitudes.
Eduardo Marcondes
Secretário do CEDEM - Centro de Desenvolvimento de Educação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
16 Jun 2000 -
Data do Fascículo
Jul 1999