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Embolização - um novo tratamento para os miomas sintomáticos

Panorama Internacional

Ginecologia

EMBOLIZAÇÃO – UM NOVO TRATAMENTO PARA OS MIOMAS SINTOMÁTICOS

Os miomas uterinos estão presentes em 20 a 30% da população feminina adulta de raça branca e em quase 50% nas mulheres de raça negra.

O tratamento destes miomas durante muito tempo não experimentou nenhum avanço significativo até que, na década de 90, surgiu a possibilidade de operá-los por via laparoscópica e/ou histeroscópica. Hoje, praticamente não existem miomas que não possam ser abordados pela via endoscópica. Isto representou um grande complicador, levando à necessidade de retreinamento das habilidades cirúrgicas dos ginecologistas. Quando todos estavam habituados com esta nova situação, eis que surge a embolização de miomas uterinos (EMU) como um novo avanço na abordagem minimamente invasiva da miomatose uterina.

Recentemente, Hurst et al. publicaram uma revisão da bibliografia sobre este tema. Observaram que os resultados das séries publicadas por diversos serviços dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e França, mostraram uma consistente redução a curto prazo no volume do útero e diminuição da metrorragia e da dismenorréia associadas à presença dos miomas. O tempo de hospitalização e de recuperação pós-operatória foram menores na embolização quando comparados com os da histerectomia. Relatam também que foram informadas gestações em pacientes submetidas à embolização, porém que seu número ainda é pequeno e que são necessárias séries maiores para melhor observação da sua influência sobre e fertilidade.

Comentário

Os autores concluem dizendo que este novo tratamento vem tendo rápida aceitação e que a demanda por ele vem crescendo rapidamente. Que a embolização pode ser considerada uma alternativa à histerectomia e à miomectomia em casos selecionados, mas que ainda não deve ser uma rotina nas pacientes que desejam gestar. Nas pacientes que desejam uma gravidez, ela deveria ser reservada como alternativa para aqueles casos que exigissem uma miomectomia de alta complexidade ou quando a histerectomia fosse a única opção factível.

Nosso grupo iniciou a embolização de miomas, pioneiramente na América Latina, em Junho de 1999. Após 75 embolizações de miomas, temos obtido os mesmos resultados publicados nesta revisão bibliográfica e temos uma gestação de segundo trimestre em curso, sem intercorrências até o presente momento. Nossa experiência também confirma as conclusões obtidas no citado trabalho e acreditamos que à medida que outros grupos nacionais começarem a ampliar suas casuísticas, poderemos ter uma avaliação em um grupo populacional com as características brasileiras dos resultados deste novo tratamento.

Paulo Roberto Mussel Barrozo

Referência

Hurst BS; Stackhouse DJ; Matthews ML; Mashbum PB; uterine artery embolization ofr symptomatic uterine myomas; Fertil Steril 2000; 74: 855-869.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Abr 2001
  • Data do Fascículo
    Mar 2001
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