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Desigualdades socioeconômicas nas taxas de mortalidade infantil

Panorama Internacional

Economia da Saúde

DESIGUALDADES SOCIOECONÔMICAS NAS TAXAS DE MORTALIDADE INFANTIL

Recentemente, temos observado um interesse renovado sobre o tema das desigualdades socioeconômicas presentes na área da saúde. É interessante notar que as discussões atuais encontram-se inseridas em um contexto mais amplo de debates acerca da qualidade de vida dos mais pobres, e que, afinal, representam a maior parcela da população mundial.

Inúmeros têm sido os aspectos analisados: desigualdades na própria saúde dos indivíduos, desigualdades no acesso aos serviços de saúde, desigualdades no financiamento dos serviços prestados, entre outros. Porém, um dos artigos mais instigantes desta etapa dos debates foi publicado por Adam Wagstaff.

Nele o autor mensura o nível das desigualdades de caráter socioeconômico presente nas taxas de mortalidade infantil – crianças com menos de um ano e com menos de cinco anos - no Brasil, Costa do Marfim, Gana, Nepal, Nicarágua, Paquistão, Filipinas, África do Sul e Vietnã.

Entre os principais resultados, merece destaque o fato de que no Brasil, no ano de 1996, a taxa de mortalidade de menores de cinco anos atingiu a marca de 113,3 por mil nascidos vivos entre os 20% mais pobres da população, enquanto entre os 20% mais ricos esta foi de apenas 18,7. Esta disparidade faz com que, entre os nove países considerados, o maior nível das desigualdades tenha justamente sido encontrado no Brasil, seguido de perto por Nicarágua e Filipinas.

Comentário

A despeito de algumas restrições metodológicas, este artigo contribui de forma decisiva para mostrar como incluir efetivamente o critério da busca de maior eqüidade na área da saúde na prática dos gestores e formuladores de política. Este intento somente será atingido quando os objetivos das políticas de saúde sejam bem definidos em relação a critérios e indicadores concretos e relevantes. Somente desta forma será possível avaliar os resultados dos programas e medidas adotadas quanto a seus impactos sobre os níveis das desigualdades e, mais especificamente, sobre a qualidade de vida dos mais pobres.

Maria Dolores Montoya Diaz

Referência

Wagstaff, A. "Socioeconomic inequalities in child mortality: comparisons across nine developing countries". Bulletin of the World Health Organization 2000; 78(1): 19-29. (http://www.who.int/bulletin/tableofcontents/2000/vol.78no.1.html).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Abr 2001
  • Data do Fascículo
    Mar 2001
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