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Calcificações mamárias: quando biopsiar?

À beira do leito

Ginecologia

CALCIFICAÇÕES MAMÁRIAS: QUANDO BIOPSIAR?

As calcificações mamárias são depósitos de cálcio que se mobilizam do sangue para os tecidos, aí sofrendo alterações do pH, fixam-se sob a forma de sais de cálcio. Há dois tipos de calcificações: as compostas de oxalato de cálcio dihidrato – são calcificações ácidas, birrefrigentes, de forma poliédricas que ocorrem em 10 a 15 % dos casos e em 90% das vezes relacionam-se à condições benignas. O outro tipo de calcificação decorre da deposição de fosfato de cálcio em tecido necrosado ou produtos de secreção e contribui com mais de 70% dos achados mamográficos1 .

As calcificações são classificadas segundo os tipos e sua distribuição: tipos de calcificações – benignas, intermediárias e provavelmente malignas; Distribuição: agrupadas, lineares, segmentares e regionais difusas2 .

Tipos de calcificações

1- Benignas

Entre as calcificações tipicamente benignas listam-se as calcificações da pele da mama com centros radiotransparentes; calcificações vasculares, com aspecto de paralelas ou tubulares e lineares; grosseiras (Tipo "pipocas"), clássicas no fibroadenomas involuídos; bastonetes, freqüentes na mastites plasmocitária e ectasia ductal; redondas, centro translúcidas (necrose gordurosa, ductos calcificados e fibroadenomas); casca-de-ovo, encontradas na necrose gordurosa e paredes de cistos; leite-de cálcio, freqüentes em cistos; calcificações distróficas, comum em mamas irradiadas ou pós-trauma; calcificações de suturas, após radioterapia – lineares ou tubulares; e puntiformes, redondas ou ovais, menores que 0,5mm2 .

2- Intermediárias

São calcificações amorfas, geralmente redondas ou em flocos, suficientemente pequenas ou duvidosas para que sua morfologia especifica seja determinada2 .

3- Provavelmente malignas

Destacam-se dois tipos; as pleomórficas ou heterogêneas, que apresentam tamanho e forma irregulares, e são menores de 0,5cm. As ramificadas são lineares, finas e irregulares, descontínuas e menores de 0,5 mm em sua extensão2

Distribuição

As calcificações podem ser agrupadas, múltiplas podendo ocupar uma área inferior a 2 cm2, lineares, dispostas de forma linear, segmentares, sugere depósitos intraductais e quando ramificadas sugere câncer multifocal, principalmente se a morfologia for intermediária ou suspeita; regionais, dispersas em grande área e não respeita os trajeto ductais – geralmente benignas; e difusas, distribuídas aleatoriamente – benignas2.

Quando biopsiar?

As categorias mamográficas propostas pelo ACR (American College of Radiology) e BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System) devem ser os critérios para a conduta. São cinco as categorias propostas: categoria 1, negativa (0%); categoria 2, achados benignos (0%); categoria 3, achados provavelmente benignos (<2% de câncer); categoria 4, achados suspeitos – considerar biópsia – (2 a 90% positividade) e categoria 5, altamente sugestivo de malignidade (>90%)2-3.

Na categoria 4, as lesões não têm características de câncer; entretanto, não se pode classificar como provavelmente benignas (discutir com a paciente a possibilidade de biopsiar).

As lesões classificadas na categoria 5, altamente sugestivas de malignidade, biopsiar sempre (>90% de positividade para câncer de mama)2-3.

Ao considerar como critérios de investigação - apenas o tipo e distribuição das calcificações - é prudente indicar a biópsia paras as calcificações provavelmente malignas do tipo pleomorficas ou heterogêneas e ramificadas e as de distribuição agrupadas e segmentares2-3.

As biópsias devem ser feitas com o uso de agulha grossa (core-biopsia) ou mamotomia, ambas guiadas pela mamografia. As microcalcificações devem sempre ser localizadas no pré-operatório, por meio de fios guias metálicos, que podem ser aplicados sob orientação ultra-sonográfica ou radiológica, valendo-se de estereotaxia ou de aplicação com base na orientação espacial 3.

Israel Nunes Alecrin

Celso Kazuto Taniguchi

Roberto Calvoso Jr.

Francesco Viscomi

José Mendes Aldrighi

Referências

1. Adelaida Fandos-Morera, Miguel Frats-Esteve, Josep M. Tura Soteras, et al. Brest Turnors: Composition of Microcalcifications. Radiology 1988: 325-327.

2. The American College of Radiology Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS) – 3 rd ed. Reston, VA: American College of Radiology.

3. Alfredo Carlos S. D. Barros, Carlos Alberto Ruiz, Celso Kazuto Taniguchi. Aspectos Práticos da Biópsia de Lesões Mamárias Não Palpáveis Orientada Por Fio Guia. Ver Bras. Mastol 1996; 6: 29-132.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Abr 2001
  • Data do Fascículo
    Mar 2001
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