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Análogos da insulina de longa ação podem fornecer um nível basal de insulina?

Panorama Internacional

Pediatria

ANÁLOGOS DA INSULINA DE LONGA AÇÃO PODEM FORNECER UM NÍVEL BASAL DE INSULINA?

O autor analisa a necessidade de uma oferta constante e reprodutiva de insulina basal como sendo essencial para o controle glicêmico nos pacientes portadores de Diabetes Mellitus (DM) tipo 1. A terapia insulínica intensiva tornou-se uma opção rotineira em muitos centros e países. O objetivo do tratamento com insulina nos pacientes diabéticos é compensar a falta de produção deste hormônio de uma maneira fisiologicamente apropriada a fim de que seja alcançado um bom controle metabólico a longo prazo. A educação bem estruturada do paciente é parte indispensável para uma boa administração do processo. Apesar do melhor preparo das insulinas disponíveis atualmente, quanto à pureza e estabilidade, tornou-se evidente que a farmacocinética e a farmacodinâmica que se segue a uma injeção subcutânea das insulinas regulares, intermediárias ou de longa ação, atualmente disponíveis, dificilmente conseguem normoglicemia ao longo do dia. Nos últimos anos, a atenção tem sido voltada para a preparação de análogos da insulina com perfil farmacocinético diferente das preparações preexistentes. Análogos da insulina foram desenvolvidas alterando-se a seqüência dos aminoácidos envolvidos em hexamerização. Tais insulinas análogas de curta duração (insulina lispro,insulina aspart) são absorvidas mais rapidamente após injeção subcutânea, atingindo a um pico de concentração plasmática cerca de duas vezes maior em aproximadamente metade do tempo de uma insulina solúvel, o que atenua a elevação da glicose pós-prandial. Entretanto, apesar destas aparentes vantagens, pouco melhorou ao perfil da HbA1c, ou mesmo dos episódios hipolicêmicos.

O objetivo da preparação de insulinas análogos de longa ação é fornecer uma melhor substituição para a necessidade da insulina basal no jejum e nos estados pós-absortivos. A insulina ideal deveria mimetizar as condições fisiológicas de um indivíduo normal que apresenta níveis baixos e constantes de insulina plasmática. O primeiro análogo de longa ação foi o NovoSol Basal solúvel acídico, resultado da substituição da treonina com a arginina em B27, amidação do COOII-terminal da cadeia B, e substituição da asparagina em A21 com glicina [Gly (A21), Arg(B27), Thr-NH2 (B30)]. Este análogo tem uma absorção muito lenta porque se cristaliza após a injeção subcutânea. Seu uso foi interrompido devido a reação inflamatória local. Surgiu, então, uma nova forma que é a HOE 901 [Gly(A21), Arg(B31), Arg(B32)]. A duração desta preparação é maior do que 24 horas.

Comentário

Um dos obstáculos para o bom desempenho da terapia insulínica tem sido a falta de aderência ao tratamento, devido ao número aumentado de aplicações que o tratamento intensivo impõe. O surgimento desses análogos de longa ação, que tentam mimetizar o que ocorre normalmente com a insulina no plasma, pode trazer uma nova opção terapêutica, com uma única injeção diária, acrescida, quando necessária, de mais uma injeção de curta ação. Estas insulinas têm sido testadas em estudos multicêntricos, para que se possa ter uma melhor compreensão desta nova fórmula da insulina.

NUVARTE SETIAN

Referência

Pieber TR, J. Ped. Endocrinol Metab. 1999; 12:745-50

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Jul 2001
  • Data do Fascículo
    Jun 2001
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