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Espessamento endometrial no climatério: como investigar?

À beira do leito

Ginecologia

ESPESSAMENTO ENDOMETRIAL NO CLIMATÉRIO: COMO INVESTIGAR?

H.H.G.S., 48 anos, procurou o Setor de Climatério com queixa de fogachos intensos há três meses e resultado anatomopatológico (AP) de hiperplasia glandular simples, obtido através de curetagem uterina realizada por metrorragia. Antecedentes familiares: diabetes, hipertensão arterial sistêmica. Antecedentes pessoais: casada; negra; menarca: 15 anos; ciclos regulares 3-5/30dias; primeiro coito aos 25 anos; vida sexual ativa; método anticoncepcional: preservativo; quatro gestações, dois partos normais e dois abortos; vitiligo; alterações funcionais benignas da mama; salpingectomia à esquerda. Data da última menstruação: há um mês. Índice menopausal de Kuppermann: 29; Exame físico geral e ginecológico: peso: 68,6 Kg, altura: 1,70m; mamas: simétricas, volumosas, sem alterações; genitália externa: sem alterações; especular: colo uterino hipertrófico, orifício em fenda transversa.

Foram solicitados exames para controle do climatério: colpocitologia oncótica, mamografia, ultra-sonografia transvaginal (USG TVG), densitometria óssea (DO) de coluna lombar e quadril, glicemia de jejum, colesterol total, colesterol de alta densidade (HDL), colesterol de baixa densidade (LDL), colesterol de densidade muito baixa (VLDL), triglicérides.

Resultados de exames: USG TVG: útero de 8,8 cm x 8,4 cm x 4,7cm, vol 162 cc, miomatoso, ovário direito: vol 10,5 cc, ovário esquerdo: não visibilizado, eco endometrial de 12 mm. Mamografia: mamas densas; glicemia: 82 mg/dL; colesterol total: 189 mg/dL; triglicérides: 88 mg/dL; HDL: 47 mg/dL; LDL: 124 mg/dL; VLDL: 18 mg/dL; DO: coluna L2L4: 1,082 g/cm², +0,31 DP, Colo de Fêmur: 1,128 g/cm², +2,34 DP. Colpocitologia Oncótica: classe II.

A paciente foi medicada com progestógeno (acetato de noretindrona 10 mg/dia, 15 dias/mês), a qual utilizou irregularmente apresentando nova hemorragia. Indicada histeroscopia diagnóstica, constatou-se presença de septo em região fúndica, sinéquia fúndica e lateral esquerda. Endométrio sugestivo de hiperplasia glandular. Realizada biópsia aspirativa. AP: endomério irregularmente proliferativo. Paciente foi orientada a manter esquema terapêutico anteriormente prescrito, mas de maneira correta, apresentando ciclos regulares no momento.

A presença de espessamento endometrial é freqüente nesta faixa etária; portanto, em pacientes com metrorragias no climatério pré-menopausal o estudo do endométrio é obrigatoriamente necessário, iniciando-se com ultra-sonografia transvaginal, complementa-se com histeroscopia, quando possível, ou curetagem uterina se exame anterior não estiver disponível. A presença de endométrio proliferativo, hiperplasia endometrial glandular cística ou simples, pólipos endometriais, são eventualidades que indicam o emprego de derivados progestogênicos até a chegada da menopausa.

Na persistência de sangramento uterino anormal estão indicadas outras opções terapêuticas, como ablação endometrial por histeroscopia (vaporização a laser, ressecção eletrocirúrgica ou balões térmicos), ou histerectomia que pode ser empregada por via vaginal, ou por via abdominal clássica, ou ainda a via laparoscópica.

A escolha entre estes métodos depende da avaliação criteriosa da idade da paciente, paridade, mobilidade uterina, antecedentes cirúrgicos, presença de endometriose ou outras patologias associadas, assim como a habilidade do cirurgião no manejo destas técnicas.

PAULO AUGUSTO DE ALMEIDA JUNQUEIRA

ANGELA MAGGIO DA FONSECA

VICENTE RENATO BAGNOLI

JOSÉ MENDES ALDRIGHI

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Jul 2001
  • Data do Fascículo
    Jun 2001
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