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Incidência de trombose pós-operatória após cirurgia gástrica para obesidade durante 16 anos

Panorama Internacional

Clínica Cirúrgica

INCIDÊNCIA DE TROMBOSE PÓS-OPERATÓRIA APÓS CIRURGIA GÁSTRICA PARA OBESIDADE DURANTE 16 ANOS

No Departamento de Cirurgia do Instituto Karolinska, Suécia, foram estudados retrospectivamente 328 doentes operados por obesidade, entre setembro de 1977 e dezembro de 1993. Foram avaliadas 253 mulheres e 75 homens, com idade média de 38 anos e índice de massa corpórea em média de 44 Kg/m2.

Foram considerados a duração do ato operatório, o uso de anestesia epidural e a ocorrência de alguns fatores de risco: níveis elevados de ácidos graxos, hipercolesterolemia e diabetes. Foram estudadas as tromboses sintomáticas.

Os resultados encontrados mostraram que o tempo operatório médio foi de 128 minutos, 77% receberam anestesia epidural e a média da permanência hospitalar foi 12,3 dias.

Esta longa permanência se deveu ao fato de que a maioria dos doentes estava participando de estudos científicos diferentes peri-operatórios. A incidência de tromboembolismo foi de 2,4%.

Quatro doentes apresentam embolia pulmonar, que foi fatal em um deles. Três doentes apresentaram trombose venosa profunda nas veias das pernas e um doente apresentou trombose no braço, secundária ao catéter venoso central. Nenhum desses doentes apresentava aumento dos ácidos graxos, diabetes ou aumento do colesterol. Duzentos e noventa e oito receberam dextran-70 para profilaxia, sete receberam heparina e em 23 não foi realizada profilaxia. No grupo de doentes onde não foi diagnosticada trombose, 31% apresentavam aumento dos ácidos graxos, 2% apresentavam aumento do colesterol e 9% apresentavam diabetes.

Os autores concluíram que os obesos apresentam risco moderado de desenvolver trombose pós-operatória, quando uma profilaxia efetiva é usada. O aumento dos ácidos graxos, a hipercolesterolemia, e o diabetes não se apresentaram como fator de risco extra nestes doentes. A profilaxia da trombose dever ser empregada em todos os obesos operados, independente da idade e o cirurgião deve investigar prontamente qualquer sinal sugestivo de tromboembolismo.

Comentário

A embolia pulmonar é uma complicação freqüente e temida após qualquer ato operatório, tendo sido a responsável por três mortes que ocorreram após cirurgias bariátricas realizadas no Departamento de Cirurgia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Neste grupo chama atenção a trombose de veias dos membros superiores de duas doentes, sendo que em nenhuma foi realizada punção venosa para cateterismo de veia central. Uma possível causa seria o estiramento dos membros superiores durante o ato operatório, embora este não tenha sido longo, durando em média de 120 a 150 minutos.

Pôde ser notado que o grande coxim adiposo da região dorsal, freqüente nos obesos mórbidos, representaria um fator de risco para o estiramento dos braços, quando o doente permanece em decúbito dorsal, submetido à anestesia geral.

O grupo de cirurgia para obesidade deve tomar cuidados especiais para evitar que os ombros permaneçam em posição inadequada durante o ato operatório e além da profilaxia rotineira com heparina de baixo peso molecular, estimulando a deambulação precoce.

PEDRO LUIZ SQUILACCI LEME

FRANCISCO CESAR MARTINS RODRIGUES

CARLOS ALBERTO MALHEIROS

Referência

Eriksson S, Backman L, Ljungstrom KG. The Incidence of clinical postoperative thromboses aftes gastric surgery for obesety during 16. Obes Surg 1997; 7:332-5.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Nov 2001
  • Data do Fascículo
    Set 2001
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