Acessibilidade / Reportar erro

Normas para redução da mortalidade materna

Diretrizes

Obstetrícia

NORMAS PARA REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA

A mortalidade materna, no contexto mundial, é utilizada como parâmetro para se avaliar a qualidade do serviço de saúde ofertado a uma população. Em outras palavras, quanto menor for a razão de mortalidade materna (RMM) de uma localidade, melhor a qualidade de saúde disponibilizada. A RMM declarada para o Brasil em 1998 foi de 65,8 óbitos maternos por 100.000 nascidos vivos. Porém, somente 11 das 27 capitais (incluído o Distrito Federal) possuem Comitês de Mortalidade Materna atuantes ou em fase de implantação, e apenas o Comitê do Paraná executa um trabalho que abrange todo o Estado. Isso significa dizer que esta razão é bem maior do que a divulgada. Na cidade de São Paulo, onde existe um dos Comitês de Mortalidade Materna mais atuantes, verifica-se uma subnotificação do óbito materno em torno de 50% a 60%1. Em um país de dimensões continentais, com realidades distintas, é importante a existência de Comitês de Mortalidade Materna com a função de identificar os problemas regionais e estabelecer medidas apropriadas para saná-los. Para uma redução adequada da RMM é imprescindível a implantação de medidas básicas de saúde, como um planejamento familiar bem estruturado, um pré-natal consciente e coerente, com drenagem de casos patológicos para serviços de alto-risco. Estes serviços devem garantir uma referência para o parto, em hospitais equipados para tal atendimento e amparados por berçários de qualidade. Deve-se evitar a alta do pré-natal, acompanhando-se a gestante semanalmente até a vigência do parto. Os hospitais que atendem as gestantes sem patologia devem proceder a uma admissão supervisionada e mais coerente, visando a redução da peregrinação da gestante por vários serviços2, o que geralmente ocasiona a transformação de um caso normal em um caso complicado. O atendimento à gestante deve ser regionalizado, evitando-se grandes deslocamentos para a realização da consulta de pré-natal e do parto.

Comentário

O avanços tecnológicos na área da saúde não param de acontecer. É fundamental uma reciclagem constante da equipe multiprofissional que assessora a gestante, para que o atendimento seja feito de forma digna, amparada por conhecimentos e tecnologia de ponta. As normas sugeridas visam o atendimento da população mais carente e, à primeira vista, parecem simples de serem executadas. Dependem, entretanto, de uma enorme vontade política agregada a uma mobilização da classe médica como um todo, para que realmente surtam o efeito desejado. Como se isto não bastasse, a nutrição da nossa população é deficiente e mal-orientada, com certeza predispondo ao agravamento das doenças. Diminuir a mortalidade materna é um trabalho árduo e sem resultados imediatos, porém de suma importância para o bem-estar de nossa população.

CARLOS EDUARDO PEREIRA VEGA

Referências

1. Pazero LC, Marcus PAF, Vega CEP, Boyaciyan K, Barbosa SA. Estudo da mortalidade materna no Município de São Paulo durante o ano de 1996. Rev Bras Ginecol Obstet 1998, 20:395-403.

2. Tanaka ACA. Maternidade: dilema entre nascimento e morte. São Paulo: Hucitec-ABRASCO, 1995.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jan 2002
  • Data do Fascículo
    Dez 2001
Associação Médica Brasileira R. São Carlos do Pinhal, 324, 01333-903 São Paulo SP - Brazil, Tel: +55 11 3178-6800, Fax: +55 11 3178-6816 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: ramb@amb.org.br