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Diagnóstico e conduta na ruptura traumática da aorta torácica

Diretrizes

Medicina Baseada em Evidências

DIAGNÓSTICO E CONDUTA NA RUPTURA TRAUMÁTICA DA AORTA TORÁCICA

A ruptura traumática da aorta é responsável por cerca de 8.000 mortes por ano nos Estados Unidos, causadas principalmente por acidentes automobilísticos, atropelamentos, quedas e esmagamentos torácicos. A grande maioria dos pacientes tem morte instantânea. Os 10% a15% que chegam vivos ao hospital podem sobreviver se a lesão for diagnosticada e tratada rápida e eficazmente. Como nenhum centro de trauma possui enorme experiência no tratamento destas lesões, as diretrizes propostas são baseadas nas evidências atualmente disponíveis.

Nível I de evidência: Como não há estudo clínico prospectivo, randomizado, não dispomos de nível I de evidência para estabelecer uma conduta padrão.

Nível II de evidência: As recomendações listadas a seguir são baseadas em estudos prospectivos não-comparativos, ou retrospectivos com dados confiáveis: 1) a possibilidade de lesão traumática da aorta deve ser considerada em todos os pacientes envolvidos em colisões automobilísticas, independente da direção do impacto; 2) a radiografia de tórax é um bom exame de triagem, determinando a necessidade de investigações adicionais; os achados mais significantes incluem alargamento do mediastino, botão aórtico pouco definido, desvio do brônquio fonte esquerdo ou de sonda nasogástrica e opacificação da janela aortopulmonar; 3) a aortografia tem alta sensibilidade, especificidade e acuidade, sendo considerada o exame-padrão contra qual as outras modalidades devem ser comparadas; 4) tomografia computadorizada é um teste útil, tanto como triagem como para o diagnóstico da lesão; a técnica helicoidal ou espiral tem valor preditivo negativo extremamente elevado e pode ser usada isoladamente para excluir lesão da aorta, reservando-se a angiografia para exames duvidosos; 5) o reparo imediato da lesão é preferível quando o paciente tem outras lesões com risco imediato de vida, tais como a necessidade de craniotomia ou laparotomia urgente, ou o paciente é de alto risco cirúrgico, por idade avançada ou comorbidades, o reparo deve ser retardado. Nestes casos, o controle medicamentoso da pressão arterial deve ser realizado até que a cirurgia possa ser realizada.

Nível III de evidência: As seguintes recomendações são baseadas em séries de casos retrospectivas ou em revisão de banco de dados: 1) a presença de pseudo coartação ou sopro interescapular deve desencadear investigação subseqüente; 2) o eco transesogágico é também um exame sensível e específico, porém requer disponibilidade, treinamento e experiência do examinador; 3) o reparo da lesão é melhor conduzido com alguma técnica de perfusão distal; complicações neurológicas, principalmente a paraplegia, têm correlação com o tempo de isquemia que, portanto, deve ser o menor possível.

Comentário

Um alto índice de suspeita, baseado no mecanismo de trauma, é a maneira de rapidamente realizar o diagnóstico e tratamento desta lesão de alta letalidade. As novas técnicas multislice, que permitem tomografias de excelente qualidade em segundos, são altamente promissores. Em virtude da raridade dos pacientes que chegam vivos, o papel das técnicas de perfusão distal deve ser determinado em estudos multicêntricos prospectivos. Enquanto isso, o rápido avanço das técnicas de reparo com próteses endovasculares provavelmente assumirão papel prioritário no tratamento destas lesões.

LUIZ FRANCISCO POLI DE FIGUEIREDO

RUY JORGE CRUZ JR

Referência

Guidelines for the diagnosis and management of blunt aortic injury. Eastern Association for the Surgery of Trauma, 2000. Disponível: www.east.org.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jan 2002
  • Data do Fascículo
    Dez 2001
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