Acessibilidade / Reportar erro

Utilização de recursos e custos em osteoporose

Comentários

Ginecologia

"UTILIZAÇÃO DE RECURSOS E CUSTOS EM OSTEOPOROSE"

O sistema ósseo é um tecido metabolicamente ativo, sendo submetido a contínuo processo de renovação, denominado remodelação óssea. O climatério ocasiona variadas alterações nos diversos sistemas da mulher, incluindo o sistema ósseo. Estas alterações no sistema ósseo, decorrentes principalmente da queda da produção hormonal e de componente genético, levam à perda de massa óssea em ritmo variável, podendo culminar na osteoporose e suas fraturas decorrentes, situação esta relevante na saúde da mulher, tornando-se grave problema de saúde pública em todo o mundo.

Com o aumento da expectativa de vida observado no último século, tanto em países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, a incidência e a prevalência da osteoporose e seu custo para a sociedade estão aumentando consideravelmente. Estudos com dados de países desenvolvidos mostram que o número de indivíduos com 45 anos ou mais passou de 155 milhões em 1960 para 206 milhões em 1980, com expectativa de alcançar 257 milhões no ano 2000. Este aumento também é válido para os países em desenvolvimento¹. Estima-se que mais de 200 milhões de mulheres no mundo tenham osteoporose e que o número de fraturas de quadril decorrentes da osteoporose, que ocorrem a cada ano, irão passar de 1,66 milhões para 6,26 milhões em 2050.

Nos Estados Unidos, a osteoporose é a maior ameaça para a saúde de 24 milhões de pessoas, 80% das quais são mulheres, sendo que 10 milhões já apresentam a doença, que mata 37.500 pessoas por ano, em decorrência de complicações posteriores a fraturas. Projetam-se gastos de 62 bilhões de dólares com fraturas de quadril, nos Estados Unidos, para o ano de 2020. A prevalência de fraturas osteoporóticas aumenta significativamente em mulheres após a menopausa. A perda de massa óssea é mais abrupta nos primeiros 10 anos de menopausa, diminuindo a partir desta fase. A freqüência das fraturas aumenta exponencialmente com a idade, particularmente após os 70 anos². A chance da mulher sofrer fratura de quadril é equivalente ao risco somado de desenvolver câncer de mama, no útero e nos ovários, assim como o risco de falecer decorrente de fratura de quadril, é equivalente à mortalidade por câncer de mama³.

No Brasil, não há ainda números representativos do perfil da osteoporose. O Núcleo de Informações do Ministério da Saúde apresentou os custos relacionados às internações por fraturas de fêmur em indivíduos acima dos 60 anos de idade, referentes ao ano de 1998(4). Tais números são limitados pois utilizam idade mais tardia, de ambos os sexos, com fraturas de um sítio apenas e excluem indivíduos que tenham utilizado algum plano de saúde para o tratamento (contigente de aproximadamente 40 milhões de brasileiros).

Neste contexto, o artigo "Utilização de recursos e custo anual da osteoporose", publicado nesta edição, é atual e bastante pertinente, vindo a explorar uma lacuna importante em nosso meio. Metodologicamente, deve ser ressaltado que o número de mulheres apresentado é pequeno, assim como os resultados baseados na tabela de reembolso SUS podem levar a custo abaixo da realidade. O fato de mulheres utilizarem tratamentos diferenciados no período, ou ainda a associação de algumas destas terapias, também deve ser ressaltado como fator de dificuldade para a avaliação real destes custos.

PAULO AUGUSTO DE ALMEIDA JUNQUEIRA

Referências

1. Iqbal MM. Osteoporosis: Epidemiology, diagnosis and treatment. South Med J; 2000.v.93: p.2-18.

2. Nordin BEC, Need AG. How can we prevent osteoporoses? In: Cristiansen C, Johansen JS, Reis BJ, editors. Osteoporosis. Copenhagem: Norhavem A/S; 1987. p. 1204-10.

3. Elffors L. Osteoporotic fractures due to osteoporosis. Impacts of a frilty pandemic in an aging world. Aging (Milano) 1998 ;10: 191-204.

4. Marques-Neto JF. Resultados da Campanha Nacional de Prevenção da Osteoporose. BG Cultural, Editor João Francisco de Marques Neto, São Paulo, 2001.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jan 2002
  • Data do Fascículo
    Dez 2001
Associação Médica Brasileira R. São Carlos do Pinhal, 324, 01333-903 São Paulo SP - Brazil, Tel: +55 11 3178-6800, Fax: +55 11 3178-6816 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: ramb@amb.org.br