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Raloxifeno no tratamento de miomas uterinos na pós-menopausa

Panorama Internacional

Ginecologia

RALOXIFENO NO TRATAMENTO DE MIOMAS UTERINOS NA PÓS-MENOPAUSA

Em recente estudo prospectivo, controlado, randomizado e duplo-cego conduzido por Palomba et al.1, foram estudadas 70 pacientes na pós-menopausa portadoras de miomas uterinos1. Estas foram divididas em dois grupos homogêneos em relação ao tempo de menopausa e ao número de miomas. Ao grupo de estudo foi administrado raloxifeno na dose de 60 mg/dia por 12 ciclos de 28 dias. O grupo controle recebeu placebo. As pacientes foram avaliadas por ultra-sonografia quanto ao volume uterino e volume dos miomas a cada três ciclos. Não houve alterações em relação à espessura endometrial nas pacientes estudadas.

Após 6, 9 e 12 ciclos de tratamento com raloxifeno, foi observada redução estatisticamente significante no volume uterino e especialmente no volume dos leiomiomas. Quando comparados aos valores basais, houve redução nos volumes uterinos e dos leiomiomas em 41,9% das pacientes após 6 ciclos, 77,4% após 9 ciclos e de 83,9% após 12 ciclos. Também foram observadas reduções mais evidentes no volume dos miomas do que no volume uterino. Isso indicaria que pode haver ação seletiva do raloxifeno no tecido do leiomioma, promovendo a redução do seu volume. Uma possível explicação para esse fato seria uma distribuição diferente dos tipos de receptoras estrogênicos do mioma em relação ao tecido miometrial normal.

Comentário

O efeito do raloxifeno no volume uterino ainda não havia sido estudado em seres humanos até a publicação dos trabalhos de Palomba et al. 1. Em modelo animal, Black et al. descreveram a redução do volume uterino em ratas ooforectomizadas tratadas com raloxifeno2.

O autor contribui com dados relacionados à presença de miomas na pós-menopausa, especialmente em pacientes que não apresentam sintomas de hipoestrogenismo. No entanto, esse estudo não apresenta a sintomatologia apresentada pelas pacientes em relação à menopausa e a sintomas compressivos pela presença dos miomas.

O raloxifeno apresenta-se como uma alternativa no tratamento dos miomas na pós-menopausa, especialmente na vigência de sintomas compressivos onde está contra-indicado tratamento cirúrgico.

JOSÉ MENDES ALDRIGHI

FRANCESCO ANTONIO VISCOMI,

MAURO FERNANDO KÜRTEN IHLENFELD

Referências

1. Palomba S, Sammartino A, DiCarlo C, Affinito P, Zullo F, Nappi C. Effects of raloxifene treatment on uterine leiomyomas in postmenopausal women. Fertil Steril 2001; 76:38-43.

2. Black LJ, Sato M, Rowley ER, Magee DE, Bekele A, William DC et al. Raloxifene (LY139481 HCL) prevents bone loss and reduces serum cholesterol without causing uterine hypertrophy in ovariectomized rats. J Clin Invest 1994; 93:63-9.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Ago 2002
  • Data do Fascículo
    Mar 2002
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