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Estimulação vibro-acústica para facilitar os testes do bem-estar fetal

Panorama Internacional

Obstetrícia

ESTIMULAÇÃO VIBRO-ACÚSTICA PARA FACILITAR OS TESTES DO BEM-ESTAR FETAL

Com o objetivo de avaliar o mérito ou os efeitos adversos do uso da estimulação vibro-acústica em conjunção com testes de avaliação do bem-estar fetal, os autores fazem uma revisão abarcando trabalhos controlados sobre o assunto. Respeitando-se os critérios recomendados (seção 6 do Manual Cochrane), de 23 estudos pesquisados foram selecionados sete, totalizando 4325 pacientes. Apresentam como substrato teórico numerosas pesquisas anteriores publicadas nos primórdios da década de 1980, as quais já asseveravam a capacidade desse método em mudar o estado de sono fetal para o de vigília, e desta forma, promover a desejada diminuição dos resultados falsos-positivos da cardiotocografia anteparto. Em adendo, referem outras fontes de estudos as quais sugerem que a exposição fetal ao estresse sônico seja se guro, embora não exibissem dados convincentes para a comprovação do fato. O método mereceu particular atenção por sua popularidade ascendente na década de 90, embora vários estudos frustrassem em demonstrar maior confiabilidade da cardiotocografia quando foi associada à estimulação sônica. A análise da casuística selecionada revelou redução na incidência de testes não reativos (sem acelerações transitórias), redução do tempo de execução da cardiotocografia anteparto. Além disso, foi verificado também aumento na quantidade de movimentação corpórea (MF) fetal quando comparado com um simulacro do teste (mock stimulation). Esta última observação estimula os autores a sugerirem sua aplicação durante exames ultra-sonográficos para a avaliação da vitalidade fetal. Entretanto, constatam considerável lacuna no que concerne ao esclarecimento dos efeitos adversos, tais como: prejuízo no aparelho auditivo, seqüelas no desenvolvimento neurológico. Nesta ótica, também o grau de ansiedade materna e sua satisfação, assim como os reflexos na mortalidade perinatal não foram adequadamente enfocados. Desta forma, não encontram bases sólidas para recomendar o uso rotineiro da estimulação sônica por ocasião da cardiotocografia anteparto.

Comentário

Muito pertinente e oportuna a presente revisão, visto a inegável disseminação do método nos diversos centros de ensino e em grande parte dos consultórios no contexto nacional. Não obstante seu inestimável valor, mormente em pacientes usuárias de medicamentos depressores do SNC e beta-bloqueado res, seus efeitos adversos são dissimulados convenientemente, mercê do desconhecimento da maioria absoluta dos profissionais. Em razão disso, na atual conjuntura da assistência obstétrica, é oportuno analisar a aplicabilidade deste recurso propedêutico também sob o abrigo da vertente ética, deontológica e jurídica, tendo em vista constituir-se em método cujos reflexos sobre o produto da concepção ainda são incompletamente conhecidos pelas ciências médicas.

SEIZO MIYADAHIRA

Referência

Tan KH, Smyth R. Fetal vibroacoustic stimulation for facilitation of tests of fetal wellbeing. In: The Cochrane Library, Issue 3, 2001. Oxford: Update Software.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Set 2002
  • Data do Fascículo
    Jun 2002
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