Diretrizes
Clínica Cirúrgica
CARCINOMA BEM DIFERENCIADO DA TIREÓIDE
O carcinoma bem diferenciado da tireóide vem aumentando sua incidência principalmente em função de uma melhora significativa no diagnóstico decorrente dos avanços dos métodos de imagem, especialmente o ultra-som, e da anatomia patológica com a punção aspirativa por agulha fina. Assim, quando estes exames são conclusivos, não há dúvida de que o caso deve operado. Controvérsias ocorrem quando estes exames não são conclusivos, gerando dificuldades na indicação cirúrgica. Quando isto ocorre, o risco é operar sem necessidade ou, pior ainda, não operar um potencial carcinoma. Portanto, controvérsias e consensos são fatos na vida clínica de cada um de nós e abaixo passamos a enumerá-los. Finalizaremos com nossa sugestão para melhorar o diagnóstico e errar menos na definição da conduta dos pacientes com nódulos tireoideanos potencialmente malignos.
Controvérsias
Nódulos menores que 2 cm devem ser puncionados?
Tireoidectomia total ou parcial?
Radioiodo pós-operatório universal ou não?
Consensos
O tratamento é cirúrgico.
O cintilograma pré-operatório não deve ser realizado rotineiramente.
O ultra-som é um excelente meio de imagem para diagnóstico e seguimento dos doentes com nódulos tireoideanos.
A punção aspirativa com agulha fina é fundamental no diagnóstico do carcinoma papilífero
A punção aspirativa com agulha fina não faz o diagnóstico de carcinoma folicular, pois neste tumor os critérios de malignidade são histológicos invasão capsular e vascular e não citológicos.
A tireoglobulina é um excelente marcador tumoral e deve ser utilizado nos doentes operados por carcinoma bem diferenciado da tireóide.
A metástase linfonodal não piora o prognóstico.
Comentário
Apesar das controvérsias, nossa conduta é muito clara e bem definida e passamos a explicitá-la:
Nódulos maiores que 2 cm devem ser operados.
Nódulos menores que 2 cm com punção negativa devem ser observados com ultra-som semestral e só operados se houver crescimento significativo.
A tireoidectomia deve ser total. A dissecção dos linfonodos recurrenciais bilaterais, no pescoço negativo sempre deve ser feita. No pescoço positivo devem ser retiradas apenas as cadeias linfonodais acometidas.
A tireoidectomia total facilita o seguimento pós-operatório por permitir um bloqueio efetivo do TSH; uma pesquisa de corpo inteiro com iodo mais fiel no diagnóstico de metástases eventuais e um seguimento mais seguro com a dosagem da tireoglobulina.
A dose de L-tiroxina pós-operatório das tireoidectomias deve ser supressiva - 3 microgramas/Kg/dia.
Nas doentes menopausadas após 5 anos de terapêutica hormonal supressiva com doença controlada, pode-se passar a dose substitutiva 2 microgramas/Kg/dia, pois a osteoporose é um efeito colateral importante da L-tiroxina.
O radioiodo pós-operatório deve ser ministrado levando-se em consideração os fatores prognósticos do carcinoma tireoideano.
ANTONIO JOSÉ GONÇALVES
Referências
1. Treseler PA, Clark OH. Prognostic factors in thyroid carcinoma. Surg Oncol Clin North Am 1997; 6: 555-98.
2. Noguchi S, Katev N, Miwa K. Therapeutic strategies and long-term results in differentiates thyroid cancer. J Surg Oncol 1998; 67:52-9
3. Hay JD. Papillary tyroid carcinoma. Endocrinol Metab Clin North Am 1990; 19:545-76.
4. Alcadipani FAMC. Tireoidectomia total como tratamento do carcinoma bem diferenciado da glândula tireóide. Análise de 202 casos [tese]. São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo; 2001.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
25 Set 2002 -
Data do Fascículo
Jun 2002