Panorama Internacional
Economia da Saúde
GLOBALIZAÇÃO E SAÚDE
A globalização do capitalismo monopólico acentuou a iniqüidade em todo mundo, imprimindo uma auréola funesta na saúde em todos os tipos de sociedade. Nem o chamado primeiro mundo e as sociedades socialistas que sobrevivem se salvam desse pesadelo, o panorama se apresenta em piores situações nas regiões atualmente mais vulneráveis como chamado terceiro mundo e os países ex-socialistas. Isto porque a heterogeneidade entre a riqueza e a pobreza foi sendo mesclada, produzindo-se grandes conglomerados de pobreza no primeiro mundo, da mesma forma que existem setores do "primeiro mundo" nas sociedades mais pobres.
Comentário
Muito pertinente o enfoque dado pelo autor com relação às questões referentes a globalização da saúde que vem ocorrendo em países da América Latina, principalmente no Brasil.
Sob a influência dos processos mundiais de globalização e internacionalização dos mercados, a expansão e a consolidação do modelo econômico neoliberal no Brasil expressa-se também na área da saúde. Os indicadores de morbimortalidade traduzem os processos de exclusão social que destituem a cidadania de 30 milhões de brasileiros, situados abaixo da linha da pobreza, em uma evidente demonstração de iniqüidade.
Garantir a cidadania, na era da globalização, é se propor a participar, a consolidar os espaços reais de poder popular. É globalizar a informação, visto que um dos principais problemas relacionados com a vida e a saúde das pessoas é a desinformação, e as dificuldades encontradas no acesso aos serviços de saúde. Sem participação não há luta pelos direitos do cidadão; só há globalização da exclusão e da escravidão.
Nesta disputa de poderes e saberes, em que se promove o crescimento econômico descomprometido com o desenvolvimento e a justiça social, nada mais coerente e digno, enquanto cidadãos e profissionais, do que discutir as reais causas da "eutanásia econômica", da condição de miserabilidade dos pobres, e das tensões sociais. Isto sim seria "globalizarmo-nos à luz da vida".
Alternativas para a construção e a proposição de estratégias que permitam a superação dessa realidade podem ser buscadas no arsenal teórico da Saúde Coletiva. Uma vez compreendido o conceito de saúde ¾ doença que a embasa, sua ancoragem metodológica, os projetos de intervenção que dela resultam, bem como a amplitude e a dinâmica das mudanças que propõe, pode-se distingui-la da Saúde Pública. Para isso, impõe-se o resgate da historicidade de sua construção na década de 70 como um movimento eminentemente político que se insurgiu contra a situação social e política vigente na maioria dos países latino-americanos. Refazer esse movimento histórico permite aos profissionais da Saúde melhor compreender a atual conjuntura para, assim, assumir seu papel social no processo de produção em saúde.
VITÓRIA KEDY CORNETTA
Referência
Breilh J. The world health report: making diference. Genebra: OMS; 1999.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
23 Mar 2006 -
Data do Fascículo
Set 2002