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Como abordar pacientes com problemas relacionados ao etanol?

Àbeira do leito

Emergência e Medicina Intensiva

COMO ABORDAR PACIENTES COM PROBLEMAS RELACIONADOS AO ETANOL?

O consumo de etanol aumentou de maneira significativa na últimas décadas, tendo dobrado a partir de 1950. Os problemas físicos, psicológicos e sociais relacionados à sua utilização afetam toda a sociedade, e não apenas um grupo restrito de usuários dependentes. Desta maneira, 80% dos suicídios, 80% dos acidentes fatais envolvendo fogo, 50% dos assassinatos, 40% dos acidentes automobilísticos, 15% dos afogamentos, 30% dos divórcios e 30% dos casos de abuso a crianças estão associados à ingestão de álcool. No caso específico de suicídios, o consumo de etanol é o fator preditivo isolado mais importante. A taxa de utilização do sistema de saúde por usuários de etanol corresponde ao dobro daquela população geral. Praticamente 1/3 das internações hospitalares está relacionada ao seu consumo. No Reino Unido, 12% do orçamento da área da Saúde são direcionados ao tratamento de doenças correlacionadas.

Com o objetivo de alterar este cenário, a tendência mundial concentra-se na adoção de políticas de identificação e abordagens precoces dos indivíduos com consumo prejudicial de álcool, tanto na esfera da atenção primária, como também nos serviços de emergência. Trabalhos recentes demonstram que a identificação destes indivíduos nas unidades de atendimento básico é muito baixa, inferior a 20%. Em serviços de pronto-socorro, este número é ainda menor. As novas diretrizes, de caráter simples e objetivo, consistem em:

• determinação do tipo e volume de bebida alcoólica ingerida diariamente

• determinação do horário da ingestão da primeira dose

• caracterização do padrão de consumo diário (padrões uniformes estão associados ao uso desajustado)

• presença de sintomas de abstinência ao acordar.

Esta investigação deve incluir a dosagem plasmática de gama glutamil transferase e a determinação do volume corpuscular médio das hemáceas, permitindo a detecção de 75% dos indivíduos com padrão desajustado de consumo. A simples adoção destas medidas associadas a breves intervenções (esclarecimentos em relação aos efeitos deletérios e formas de restrição do uso de álcool aliados a atitudes motivadoras) acarreta a diminuição de 25% no consumo de etanol entre estes indivíduos.

RENATA MAHFUZ DAUD GALLOTTI

Referências

1. Ashworth M, Gerada C. ABC of mental health: addiction and dependence II: Alcohol. BMJ 1997; 315:358-60.

2. Kmietowicz Z. Doctors should identify and treat problem drinkers. BMJ 2001; 322:259.

3. Malmesbury J J. New alcohol strategy being developed for England. BMJ 2001; 322:636.

4. Foster T. Dying for a drink. BMJ 2001; 323:817.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Mar 2006
  • Data do Fascículo
    Set 2002
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