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Prevenção do tromboembolismo venoso no trauma

Diretrizes em foco

Medicina Baseada em Evidências

PREVENÇÃO DO TROMBOEMBOLISMO VENOSO NO TRAUMA

Apresentamos as principais recomendações da Eastern Association for the Surgery of Trauma para oito áreas relacionadas a prevenção e diagnóstico do tromboembolismo venoso no trauma. 1) Fatores de risco: nível I de recomendação foi atribuído a vítimas com lesão de medula espinhal ou fraturas de coluna. Nível II, idade avançada, gravidade do trauma e transfusão sanguínea. Fatores de risco tradicionais, incluindo fraturas de ossos longos, pélvicas e trauma craniano, necessitam de confirmação adicional. 2) Heparina não-fracionada: Não há recomendação nível I. Como nível II, há pouca evidência para recomendar a HNF isolada na prevenção; a segurança da HNF não foi estabelecida em pacientes com risco de sangramento. 3) Compressão plantar: não há recomendação nível I ou II para o seu uso na prevenção do TEV; há recomendação nível III para aqueles casos nos quais a compressão pneumática intermitente não pode ser realizada, pela presença de fixadores externos ou talas gessadas, ou para pacientes que não podem ser anticoagulados. 4) Compressão pneumática intermitente: não há recomendação nível I ou II. Como nível III, a CPI parece ser benéfica nos subgrupos de vítimas de trauma craniano. 5) Heparina de baixo peso molecular: Não há nível I. Há nível II para seu uso nas fraturas pélvicas ou fraturas complexas operadas ou necessitando repouso prolongado, assim como nas lesões medulares com paralisia ou paresia. Não é recomendada em pacientes com outras lesões com risco elevado de sangramento. Como nível III, pacientes com trauma grave e que possam receber anticoagulantes devem receber a HBPM como o método de eleição para a prevenção do TEV; ainda não há evidência para o seu uso no sangramento intracraniano pós-trauma ou quando há cateteres epidurais. 6) Filtro de veia cava: Não há recomendação nível I ou II. Como recomendação nível III, a inserção profilática poderia ser considerada nos pacientes de muito alto risco, na impossibilidade de receber anticoagulantes, nos com imobilização prolongada por Glasgow menor que 8, lesão medular, fraturas pélvicas complexas com fraturas de osso longos, e múltiplas fraturas de ossos longos. 7) Mapeamento Duplex: Nível I para o uso do Duplex sem flebografia confirmatória para diagnosticar TVP sintomática. Não há recomendação nível II. Como nível III, o uso do Duplex seriado para triagem de TVP em vítimas assintomáticas de alto risco pode ser custo-efetivo. Seu uso é comprometido pela baixa sensibilidade no assintomático. 8) Flebografia: não há recomendação nível I. Como nível II, a flebografia poderia ser usada para confirmar Duplex inconclusivo; a flebografia não deve ser usada para triagem de pacientes de assintomáticos com alto risco para TVP, exceto em pesquisa clínica. Como nível III, a flebografia por ressonância magnética pode ser útil, especialmente nos coágulos localizados na panturrilha e na pelve, locais onde a flebografia e o Duplex são menos confiáveis.

Comentário

Há pouca recomendação nível I em virtude da raridade de estudos prospectivos e randomizados na literatura do trauma. É fundamental que estudos bem desenhados e financiados, semelhantes aos realizados na cardiologia e oncologia, contribuam nas áreas carentes de evidência.

LUIZ FRANCISCO POLI DE FIGUEIREDO

Referência

Rogers FB, Cipole MD, Velmahos G, Rozychi G, Luchtte FA. Practice management guidelines for the prevention of venous thromboembolism in trauma patients: the EAST practice management guidelines work group. J Trauma 2002; 53:142-64.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Mar 2006
  • Data do Fascículo
    Set 2002
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