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Qual o limite da relação médico-paciente no Laboratório de Imagem?

Àbeira do leito

Bioética

QUAL O LIMITE DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE NO LABORATÓRIO DE IMAGEM?

A relação médico-paciente no Laboratório de Imagem é passageira, mas nem por isso isenta de violação ética. Na circunstância, o médico responsável pelo paciente transfere ao médico da imagem a tarefa de esclarecer certos aspectos do caso, pretendendo que conhecimento/treinamento competente acompanhar-se-á de atitude ética.

O respeito ao paciente e ao colega subentende uma postura de equipe de saúde. Nela, o porta-voz deve ser o médico responsável, pois é ele quem detém os demais dados e a base de conhecimento para tomar condutas.

Cabe ao médico da imagem acrescentar informação por escrito (laudo) e diretamente ao médico-solicitante respeitando a confidencialidade (envelope fechado).

Especialmente em situações em que o exame é solicitado com alta valorização para o paciente ("o exame que estou pedindo irá definir o diagnóstico e o tratamento"), o grau de ansiedade do paciente pode demandar imediatismos e insistências.

Compete ao médico da imagem respeitar os seus limites na "equipe virtual", explicando-os ao paciente de modo direto e respeitoso. Não lhe cabe de nenhum modo expressar condutas como necessidade de cirurgia ou analisar o tratamento instituído, até porque elas poderiam resultar apressadas e significar imprudência.

Na eventualidade de haver urgência de comunicação do resultado ao médico responsável, o médico da imagem deve tomar a iniciativa por contato telefônico ou instruindo o paciente a ir entregar o laudo com brevidade. É atitude de acolhimento do paciente e não de competição com o colega.

Ouvir antes de falar é método eficiente para evitar transpor os limites. Por mais que haja convicção sobre a resposta, por mais que haja solicitação aflitiva, o médico da imagem necessita vigiar-se na quantidade e na qualidade das palavras. Muitas vezes, uma frase enigmática gera uma reação inesperada do paciente que provoca o médico a compelir-se e a se esforçar em dar explicações com alto potencial de exceder os limites.

Algumas vezes, o despropósito verbal chega indiretamente ao paciente, por conta de ensinamentos a aprendizes ali presentes, como acontece em ambiente universitário. É importante ter em mente que o desnível de conhecimento técnico entre médico e paciente tem se reduzido ultimamente graças a posturas mais dialogadas e à internet. Desta forma, é prudente organizar a docência do exame de imagem, de modo a respeitar os limites de explicação a que está sujeito o médico da imagem diante do paciente.

A boa imagem bioética muito depende do médico da imagem!

MAX GRINBERG

CLAUDIO COHEN

Referências

1. Beauchamp TL, Childress JF. Principle of biomedical ethics. 4ª ed. New York: Oxford University Press; 1994.

2. Cohen, C. Bioética e sexualidade nas relações profissionais. São Paulo: Associação Paulista de Medicina; 1999.

3. Reich WT. Encyclopedie of bioethics. New York: Free Press; 1978.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Jan 2003
  • Data do Fascículo
    Dez 2002
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