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Técnica de Timóteo (MG) para intubação nasogástrica em duplo estágio: quando indicar e como fazer?

Àbeira do leito

Emergência e Medicina Intensiva

TÉCNICA DE TIMÓTEO (MG) PARA INTUBAÇÃO NASOGÁSTRICA EM DUPLO ESTÁGIO. QUANDO INDICAR E COMO FAZER?

A intubação nasogástrica vem sendo utilizada na prática médica desde 17901,2, mas ainda persistem as complicações resultantes do trauma dos tecidos por manobras acidentalmente bruscas3, quando existe dificuldade na progressão normal da sonda para o estômago.

Nos pacientes lúcidos e cooperativos, a deglutição voluntária ou provocada pela introdução de líquido na boca, favorece a rápida e inócua progressão da sonda para o esôfago. Nos pacientes comatosos com flacidez mandibular e nos anestesiados, a técnica de progressão da sonda orientada por dedo enluvado introduzido pela boca até à nasofaringe, como descrita por Tahir e Adriani4, é também eficiente.

Nos pacientes acordados ou obnubilados, com intubação orotraqueal para ventilação assistida, e nos com refluxo de mastigação exaltado, a passagem da sonda da orofaringe para o esôfago é não raro laboriosa e altamente propiciadora de traumas, situações em que a técnica de condução digital nasofaríngica também é agressiva. Nesses casos, em que a progressão da sonda nasogástrica para o esôfago mostra-se mais difícil, está indicada a técnica com duplo estágio, ou seja, incluindo o recurso de intubação orofaríngica. De execução simples e segura, é feita da seguinte maneira: Quando a sonda é introduzida por uma das narinas, atingindo a faringe, não progride para o esôfago, continua-se com sua introdução suave até que sua ponta ou uma alça sejam visíveis na boca. Neste momento, a sonda é puxada suavemente, exteriorizando-se pela boca, até oferecer comprimento suficiente (cerca de 30 cm) para seu manuseio adequado. Em seguida, procede-se à reintrodução da ponta da sonda como se fosse um cateterismo orogástrico, que sempre permite direcionar a sonda para o esôfago com mais precisão e facilidade. Quando um segmento de sonda (cerca de 20 cm) já progrediu no esôfago, retira-se suavemente a sonda da narina até desfazer a alça da boca. Uma vez devidamente retificada, reinicia-se a introdução pela narina, o que obtém-se com facilidade até seu posicionamento final no estômago, conforme previamente programado.

OTONI MOREIRA GOMES

Referências

1. Savassi-Rocha PR, Conceição SA, Ferreira JT. Evaluation of the routine use of nasogastric tube in digestive operation by a prospective controlled study. Surg Gynecol Obstet 1972; 174:317-20

2. Petroyanu A. Cateterizações nasogástricas. In: Pohl FF, Petroyanu A. Tubos, sondas e drenos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. p.90-96.

3.Patow CA, Pruet CW, Fetter TW. Nasogastric tube perforation of the nasopharynx. South Med J 1985; 78:1362-5.

4. Thair AH, Adriani JA. A method of inserting a nasogastric tube in the anesthetized or comatose patient. Anesth Analg 1971; 50: 179-80.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Jan 2003
  • Data do Fascículo
    Dez 2002
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