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Indicações atuais do tratamento operatório da úlcera péptica

CLÍNICA CIRÚRGICA

Indicações atuais do tratamento operatório da úlcera péptica

Pedro Luiz Squilacci Leme; Darcy Lisbão Moreira de Carvalho; Carlos Alberto Malheiros

O tratamento da úlcera péptica é predominantemente clínico, mas em situações específicas o tratamento operatório tem suas indicações.

A perfuração pode ocorrer principalmente nas úlceras duodenais, sendo relatadas taxas de 5% a 17%. Sempre deve ser tentado o tratamento definitivo, principalmente nas úlceras gástricas ou úlceras crônicas. Se as condições do doente não permitem ou a lesão é aguda, está indicada a sutura da lesão e a limpeza da cavidade abdominal. Esta conduta pode ser acompanhada de recorrência da úlcera em cerca de dois terços dos doentes e metade deles vai precisar de outra operação para o tratamento definitivo da lesão. Sempre devemos lembrar que uma "úlcera" gástrica perfurada pode ser um câncer com esta complicação.

A hemorragia é a complicação mais freqüente da doença ulcerosa e a principal causa de internação por úlceras duodenais. Oitenta por cento dos sangramentos são autolimitados e os recursos endoscópicos para a hemostasia da lesão reduziram a indicação de tratamento operatório de urgência para 5% a 6% dos casos. Quando a operação é necessária, a conduta dependerá das condições do doente.

Atualmente, o tratamento operatório eletivo da úlcera péptica teve uma redução significativa, que pode chegar a 80%. A indicação por intratabilidade clínica, a principal indicação do passado, é bastante discutida e muitos não a consideram mais válida. A cicatrização com as drogas atuais ocorre em 90% dos doentes. As novas opções terapêuticas e o tratamento do H. pylori modificaram a história natural desta doença.

A estenose, com os graves distúrbios hidro-eletrolíticos e metabólicos, persiste como indicação operatória formal.

Com exceção da perfuração, poucas indicações operatórias restam ao cirurgião que trata das lesões pépticas do estômago. A intratabilidade clínica praticamente desapareceu e as úlceras hemorrágicas são cada vez mais tratadas pelo endoscopista.

Embora alguns advoguem a possibilidade de se dilatar as estenoses pépticas, esta conduta não trata a lesão de forma definitiva, e se a operação é necessária, o cirurgião cada vez menos experiente com as ressecções gástricas indicadas por doença benigna, enfrenta os chamados "duodenos difíceis", com elevado índice de complicações graves. Os distúrbios metabólicos que as obstruções altas do tubo digestivo acarretam os levam a tratar de doentes em condições desfavoráveis.

Apesar dos avanços obtidos no conhecimento da etiopatogenia e tratamento clínico da doença ulcerosa, o tratamento operatório com indicações precisas ainda mantém seu lugar.

Referências

1. Ribeiro HJ, Neto. Indicações do tratamento cirúrgico da úlcera péptica: o momento atual. In: Barroso FL. Cirurgia da doença péptica gastroduodenal: Estado atual. São Paulo: Atheneu; 1996.p.21-7.

2. Rahal F. Doença ulcerosa. In: Rahal F, Pereira V, Malheiros CA, Rodrigues FCM, Gonçalves AJ, editores. Condutas normativas. 9ª ed. São Paulo: Departamento de Cirugia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; 1998.p.10-27.

3. Leme PLS, Rodrigues FCM, Malheiros CA. Obstrução antro-pilórica-duodenal e distúrbios metabólicos: é importante um pré-operatório adequado? À Beira do Leito. Rev Assoc Med Bras 2002; 47: 177-8.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jul 2003
  • Data do Fascículo
    Jun 2003
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