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Síndrome dos ovários policísticos: como detectar a resistência insulínica?

PANORAMA INTERNACIONAL

GINECOLOGIA

Síndrome dos ovários policísticos: como detectar a resistência insulínica?

Jacqueline Leme Lunardelli; Roberto A. de Almeida Prado

Em recente revisão1, os autores relatam que aproximadamente 50% a 70% das mulheres apresentam a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e muitas dessas exibem resistência à insulina (RI). A RI justifica a piora do quadro de hiperandrogenismo e, entre os mecanismos envolvidos, destacam-se o estímulo direto da síntese de androgênios pelos ovários e adrenais, a redução das concentrações séricas de SHBG e um possível efeito direto sobre o hipotálamo-hipófise, decorrente do aumento da secreção do LH. Por isso, os autores alertam para a importância do diagnóstico da resistência insulínica, bem como fazem uma análise crítica dos métodos diagnósticos.

Comentário

A resistência insulínica caracteriza-se pela diminuição da sensibilidade dos tecidos à ação da insulina, gerando importantes implicações metabólicas. Na SOP, a resistência à insulina provoca deterioração da função das células beta do pâncreas, redundando em intolerância à glicose.

Entender o conceito de resistência à insulina é relativamente fácil; o difícil é determinar qual paciente é insulino-resistente.

Dentre as técnicas descritas para análise da resistência insulínica incluem-se o índice HOMA, que é uma medida da insulina mUI/l x glicemia mmol/dl / 22.5, o teste de tolerância oral à glicose (TTOG), que consiste na administração de 75g de glicose e, a seguir, faz-se a determinação da glicemia e insulina nos tempos 0, 30, 60 e 120 minutos e a relação entre glicemia e insulina (G/I), cujo valor considerado normal é menor que 4,5. O TTOG é provavelmente o método mais simples para avaliar a resistência à insulina e intolerância à glicose em mulheres com SOP3.

Deve ser enfatizado que todas as mulheres obesas com SOP devem ser avaliadas quanto à presença de resistência à insulina, bem como é imperioso pesquisar outros agravos como hipertensão arterial, dislipidemias, obesidade central e intolerância à glicose2.

Referências

1. Legro RS, Castracane D, Kauffman RP. Detecting insulin resistance in polycistic ovary syndrome: purposes and pitfalls CME review article. Obstet Gynecol Surv 2004; 59:41-54.

2. Moller DE, Flier JS. Insulin resistance mechanisms, syndromes and implications. N Engl J Med 1991;325:938-48.

3. Ganda OP, Day JL, Soeldner JS. Reproducibility and comparative analysis of repeated intravenous and oral glucose tolerance tests. Diabetes 1978;27:715-25.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Jul 2004
  • Data do Fascículo
    Abr 2004
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