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Dose de radioiodo para ablação de remanescentes em pacientes com carcinoma diferenciado de tireóide

PANORAMA INTERNACIONAL

CANCEROLOGIA

Dose de radioiodo para ablação de remanescentes em pacientes com carcinoma diferenciado de tireóide

Pedro Weslley Souza Rosario; Ludmilla David Cardoso

A radioiodoterapia para ablação de remanescentes tireoideanos é recomendada após a tireoidectomia para o carcinoma diferenciado de tireóide (CDT)1. A dose de Iodo-131 para este fim é motivo de controvérsia, pela escassez de estudos randomizados, com grande casuística e com forte poder estatístico2. Em abril de 2004, Bal et al. publicaram no JCEM3, um estudo prospectivo randomizado, com 509 pacientes sem metástases divididos em oito grupos que receberam doses de 15 a 50 mCi de iodo 131 e semelhantes em relação as características dos pacientes, do tumor, tipo de cirurgia e o tecido remanescente (avaliado pela medida da captação pós-operatória). A amostra apresentava um poder de 80% (1 - b), precisão de 20% (d), para um nível de significância de 0.05 (a). O estudo mostrou claramente que doses de 25 a 50 mCi foram igualmente eficazes em promover ablação (eficácia de aproximadamente 80%) e identificou com fatores preditores de sucesso, em um análise multivariada, além da dose> 25 mCi (OR 2.8 I.C. 95%: 1.5-5.4), o tamanho do tumor < 5 cm (OR 3 I.C.: 1.5-6.1) e a captação pós-operatória < 10% (OR 3.2 I.C.: 1.7-5.8).

Comentário

Doses de até 30 mCi de iodo 131 apresentam como vantagens a realização ambulatorial do tratamento, menor custo e menos efeitos adversos quando comparado a altas doses1. No entanto, muitos consideram que são menos eficazes e a falta de estudos comparativos confiáveis torna o assunto controvertido2. O estudo de Bal et al.3, primoroso no desenho e casuística, confirma que baixas doses (25 mCi) podem ser usadas para ablação de remanescentes com alta taxa de sucesso (aproximadamente 80%), poupando a maioria dos pacientes da internação, do maior custo e efeitos adversos das altas doses como 100 mCi, dose mais prescrita em nosso país4. Considerando as variáveis preditoras de sucesso, podemos afirmar ainda que pacientes com tumor < 5 cm e com captação < 10%, que representam a maioria dos casos de CDT tratados com tireoidectomia total, apresentam taxas de sucesso bem superiores a 80% com dose de 25 a 50 mCi, o que é excelente, podendo ser este um critério de seleção para o uso de baixa doses para aqueles mais resistentes a esta prática.

Referências

1. Mazzaferri EL, Kloos RT. Current approaches to primary therapy for papillary and follicular thyroid cancer. J Clin Endocrinol Metab 2001, 96:1447-63.

2. Roos DE, Smith JG. Randomized trials on radioactive iodine ablation of thyroid remnants for thyroid carcinoma - a critique. Int J Radiat Oncol Biol Phys 1999, 44:493-5.

3. Bal CS, Kumar A, Pant GS. Radioiodine dose for remnant ablation in differentiated thyroid cancer: a randomized clinical trial in 509 patients. J Clin Endocrinol Metab 2004, 89:1666-73.

4.Albino CC, Takahashi MH, Senhorini Jr S, Graf H. Inquérito sobre o uso do Iodo-131 no Brasil. Arq Bras Endocrinol Metab. 2001, 45:558-62.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jan 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
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