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Screening mamográfico de rotina em usuárias de implantes mamários de silicone

PANORAMA INTERNACIONAL

GINECOLOGIA

Screening mamográfico de rotina em usuárias de implantes mamários de silicone

Alexandre Mendonça Munhoz; Cláudia Maria Santos Aldrighi; José Mendes Aldrighi

Miglioretti et al. (2004)1 avaliaram a acurácia da mamografia na detecção de tumores de mama em uma grande amostra populacional (1.048.412 mulheres), das quais 10.990 tinham implante e 1.037.422 não. O diagnóstico de câncer de mama foi realizado em 141 que estavam com implantes mamários e em 20.738 não portadoras do implante. As mulheres assintomáticas com implantes apresentaram menor sensibilidade mamográfica, quando comparadas àquelas sem implantes (48% x 66,8%, p=0,008). No mesmo grupo de assintomáticas com implantes, notou-se maior especificidade do que as sem implantes (97,7% x 96,7%, p<0,01). Nas sintomáticas não foi constatada qualquer diferença. Na avaliação das características tumorais entre as mulheres com e sem implantes não foram constatadas diferenças relacionadas ao tamanho do tumor, à invasão, estadiamento, comprometimento linfonodal, grau nuclear e presença de receptores hormonais.

Comentário

A mastoplastia com implantes é um procedimento cirúrgico estabelecido e constitui a primeira opção no tratamento de amastias e hipomastias2,3. Desde a década de 90, esta cirurgia exibe mínima morbidade, com expressivos resultados estéticos. Mais recentemente, no entanto, surgiram publicações postulando que os implantes podem reduzir a sensibilidade mamográfica. Assim, ao se analisar criticamente esses resultados, constatam-se casuísticas pequenas e referentes aos anos 80, quando se iniciou o screening mamográfico e, ainda, não existia a monobra de Eklund4, que se caracteriza pelo deslocamento do implante do parênquima mamário, aumentando assim a acurácia mamográfica. O estudo de Miglioretti1 mostrou que a mamografia apresenta menor sensibilidade e maior especificidade nas mulheres com implante, provavelmente por bloqueio da visualização adequada das sub-regiões mamárias. Apesar disso, não foram observadas diferenças no prognóstico oncológico entre mulheres com e sem implantes, fato este que corrobora a impressão prévia baseada na experiência clínica. Atualmente, existem formas de compensar a redução da sensibilidade, como a ultra-sonografia e a ressonância magnética, que permitem melhor visualizaçao da glândula5,6; porém, insistimos que a primeira opção é a mamografia associada à manobra de Eklund.. Merece ser considerado, por outro lado, que a Sociedade Brasileira de Mastologia e a de Cirurgia Plástica aconselham a todas as mulheres que desejam fazer uso dos implantes mamários, a consultar um mastologista previamente, bem como devem ser informadas de fazer um acompanhamento de rotina por meio dos métodos de imagens pertinentes.

Referências

1. Miglioretii DL, Rutter CM, Geller BM, Cutter G, Barlow WE, Rosenberg R, et al. Effect of breast augmentation on the accuracy of mammography and cancer characteristics. JAMA 2004;291(4):442-50.

2. Rees TD, Latrenta, GS. In: Aesthetic Plastic Surgery. Philadelphia: WB Saunders; 1994. 2(35):1003-49.

3. Killman, P, Sattler J, Taylor J. The impact of augmentation mammaplasty: follow-up study. Plast Reconstr Surg. 1987;80:374-80.

4. Eklund GW, Busby RC, Miller SH, Job JS. Improved imaging of the augmented breast. Am J Roentgenol 1988;151:469-73.

5. Belli P, Romani M, Magistrelli A, Masetti R, Pastore G, Costantini M. Diagnostic imaging of breast implants: role of MRI. Rays 2002;27(4):259-77.

6. Ahn CY, DeBruhl ND, Gorczyca DP, Shaw WW, Bassett LW. Comparative silicone breast implant evaluation using mammography, sonography, and magnetic resonance imaging: experience with 59 implants. Plast Reconstr Surg 1994;94(5):620-7.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jan 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
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