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Quando indicar o tratamento conservador do trauma abdominal fechado?

À BEIRA DO LEITO

CLÍNICA CIRÚRGICA

Quando indicar o tratamento conservador do trauma abdominal fechado?

Osvaldo Antonio Prado Castro; Rodrigo Vincenzi; Elias Jirjoss Ilias; Paulo Kassab

A grande prevalência de traumatismos abdominais em nosso meio, associado ao grande número de complicações decorrentes de laparotomias não terapêuticas ou negativas, tem colocado em evidência o tratamento conservador nos algorítmos de condutas atuais.

Inicialmente empregado pelos cirurgiões pediátricos, receosos das complicações decorrentes das esplenectomias em crianças, o tratamento conservador no traumatismo abdominal fechado está amplamente difundido nesta faixa etária de pacientes¹.

A opção por adotar um tratamento não operatório no trauma abdominal fechado exige que sejam obedecidas algumas regras tidas como básicas na abordagem de qualquer paciente traumatizado².

A necessidade de monitorização periódica tanto laboratorial quanto radiológica limita a realização desta conduta a centros com disponibilidade ampla destes recursos.

Dois aspectos são fundamentais na decisão de se adotar o tratamento conservador: ausência de sinais de peritonite ao exame clínico, que exige, para sua avaliação, nível de consciência adequado por parte do paciente; e estabilidade hemodinâmica que, quando ausente, representa indicação absoluta de laparotomia, desde que excluídas outras causas de choque, o que freqüêntemente ocorre em pacientes politraumatizados³.

Apesar do enorme avanço tecnológico observado nos últimos anos, incluindo o aprimoramento de exames subsidiários como a ultra-sonografia, a tomografia computadorizada e a radiologia intervencionista, não sendo estes isentos de resultados falso-negativos, o exame físico em momento algum deverá ser esquecido4.

O principal fator determinante do sucesso deste tipo de conduta é o acompanhamento clínico constante e horizontal do paciente, através de exames físicos meticulosos e seriados, por equipe médica habituada e entrosada no atendimento de politraumatizados.

Referências

1. Cotte A, Guye E, Diraduryan N, Tardieu D, Varlet F. Management of blunt abdominal trauma in children. Arch Pediatr 2004; 11(4):327-34.

2. Malhotra AK, Latifi R, Fabian TC, Ivatury RR, Dhage S, Bee TK, et al. Multiplicity of solid organ injury: influence on management and outcomes after blunt abdominal trauma. J Trauma 2003; 54(5):925-9.

3. Ozturk H, Dokucu AI, Onen A, Otçu S, Gedik S, Azal OF. Non-operative management of isolated solid organ injuries due to blunt abdominal trauma in children: a fifteen-year experience. Eur J Pediatr Surg 2004; 14(1):29-34.

4.Sirlin CB, Brown MA, Deutsch R, Andrade-Barreto AO, Fortlage DA, Hoyt DB, et al. Screening US for blunt abdominal trauma: objective predictors of false-negative findings and missed injuries. Radiology 2003; 229(3):766-74.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jan 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
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