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É necessária a participação do plástico na programação da cirurgia conservadora do câncer de mama?

À BEIRA DO LEITO

GINECOLOGIA

É necessária a participação do plástico na programação da cirurgia conservadora do câncer de mama?

Alexandre Mendonça Munhoz; Cláudia Maria Santos Aldrighi; José M. Aldrighi

Apesar de na década de 70 os resultados oncológicos da cirurgia conservadora1 do câncer de mama (preservação parcial de pele e glândula mamária) terem se mostrados favoráveis, os resultados estéticos deixaram muito a desejar2,3.

Com a prática atual e freqüente das ressecções parciais de tecido mamário, particularmente das quadrantectomias, descortinou-se o início de uma nova fase no tratamento do câncer de mama, especialmente no que se refere ao resultado estético.

A grande variedade de distribuição tumoral na glândula mamária, a amplitude das ressecções e a necessidade de se obter resultados estéticos de qualidade tornaram obrigatório, no nosso entendimento, instituir um criterioso planejamento pré-operatório, incluindo a aplicação de técnicas modernas de reconstrução.

O não planejamento pode resultar em deformidades estéticas, insatisfação das mulheres e até quadros de arrependimentos da realização da plástica; de fato, Berrino et al.2, ao analisarem diferentes deformidades estéticas após a cirurgia conservadora da mama, notaram que o maior percentual dos resultados inadequados decorreu da falta de um planejamento conjunto entre o mastologista e o cirurgião plástico.

É consenso, entre os cirurgiões, que a presença de excesso do tecido mamário apresenta-se como o fator isolado mais importante na reconstrução após cirurgia conservadora2,3; assim, nas portadoras de hipertrofia mamária, é aconselhável aventar a possibilidade de reconstrução, sugerindo a mamoplastia redutora. Entre os benefícios estéticos auferidos pela redução da glândula mamária incluem-se a qualidade da reconstrução e o resultado final.

Como a literatura já tem consolidado o conceito atual do enfoque multidisciplinar no tratamento do câncer de mama, cabe agora estimular a participação conjunta do cirurgião plástico e do mastologista no mesmo ato cirúrgico, visando a obtenção de um resultado estético de qualidade.

Ademais, é fundamental e obrigatório incluir uma ampla discussão do planejamento cirúrgico com a paciente, ouvindo-a atentamente quanto às suas inquietudes.

Por isso, acreditamos ser oportuna e necessária não só a individualização do tratamento,mas também a participação do plástico na programação da cirurgia conservadora do câncer de mama, pois só assim ter-se-á criado uma estratégia, que certamente redundará na opção de uma melhor técnica e na obtenção de melhores resultados oncológico e estético.

Referências

1. Veronesi U, Saccozzi R, Delvecchio M. Comparing radical mastectomy with quadrantectomy, axillary dissection and radiotherapy in patients with small cancers of breast. N Engl J Med 1981;305:6.

2. Berrino P, Campora E, Santi P. Pósquadrantectomy breast deformities: classification and techniques of surgical correction. Plast Reconst Surg 1987; 79:567-72.

3. Petit JY, Rigaut L, Zekri A. Deboires Esthetiques après Traitement Conservateur Pour Cancer du Sein. Les Techniques de Reconstruction Mammaire Partielle. Ann Chir Plast Esthet 1989; 34:103-8.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Mar 2005
  • Data do Fascículo
    Fev 2005
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