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Eficácia da infiltração pré-incisional de bupivacaína no alívio da dor após apendicectomia: estudo duplo-cego, prospectivo e randomizado

PANORAMA INTERNACIONAL

CLÍNICA CIRÚRGICA

Eficácia da infiltração pré-incisional de bupivacaína no alívio da dor após apendicectomia: estudo duplo-cego, prospectivo e randomizado

Paulo Kassab; Elias Jirjoss Ilias

O controle da dor pós-operatória é ainda um dos aspectos mais conflitantes nos dias de hoje. Em estudo duplo cego, prospectivo e randomizado, realizado em 123 pacientes submetidos a apendicectomia, com idades entre 13 e 45 anos, avaliou-se a eficácia da infiltração pré-incisional da bupivacaína. Depois de submetidos a anestesia geral, os indivíduos foram divididos em dois grupos: o primeiro (61 pacientes) submetido a infiltração de 10 ml de bupivacaína a 0,5% sem adrenalina na pele e sub cutâneo, 5 minutos antes da incisão cutânea e mais 10 ml no plano muscular após abertura do tecido sub-cutâneo; o segundo compunha-se de grupo controle submetido apenas a apendicectomia sem a infiltração local (62 casos). No pós-operatório eram avaliados pelo grupo de enfermagem, que desconhecia quais pacientes estavam entrevistando. A dor foi avaliada utilizando-se uma escala visual analógica, em que ausência de dor era igual a zero e a pior dor possível era igual a 10. Nas primeiras 48 horas, os questionários foram feitos com 2, 4, 6 e 8 h de pós-operatório e a seguir a cada 4 h enquanto estavam deitados; quando vinham a sentar-se eram avaliados com 24 e 48 h após a cirurgia. A todos os pacientes era administrado sulfato de morfina 0,1 mg/kg/dose até a cada 4 h se o escore de dor estivesse acima de 5, durante as primeiras 48 h ou até quando a dor fosse controlável com paracetamol via oral. O escore de dor durante as primeiras 6, 12, 24 e 48 h foi significativamente menor no grupo tratado (p<0,001). O mesmo ocorreu com o número de injeções de morfina necessárias.

Comentário

Trata-se de estudo bastante interessante, o qual demonstra que aparentemente ocorre uma inibição da cascata inflamatória com a infiltração, levando a uma menor necessidade de analgésicos, muitos dos quais com efeitos colaterais tais como a toxicidade gástrica e renal dos antiinflamatórios e a obstipação provocada pelos opióides. O método é bastante útil e facilmente aplicável mesmo em hospitais com menor resolutividade. Apesar do preço da bupivacaína em nosso meio ainda ser relativamente elevado, parece-nos que possa haver uma redução de custos com analgésicos no pós-operatório. O método pode ser aplicado a vários outros tipos de cirurgia eletiva.

Referência

Lohsiriwat V, Lert-akyamanee N, Rushshatamukayanunt W. World J Surg, 28, 947-950, 2004.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Jun 2005
  • Data do Fascículo
    Abr 2005
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