PANORAMA INTERNACIONAL
GINECOLOGIA
Quais os benefícios da atividade física no climatério?
Aurora de Fátima Gazolin Cecilio Mafra Cabral; Elaine Cristina Alves Pereira; José Mendes Aldrighi
Em recente estudo realizado na Austrália, um grupo de clínicos gerais avaliou os benefícios da atividade física sobre alguns agravos à saúde em uma população de 628 pacientes com idade entre 20 e 75 anos. Após dois anos de implementação de um programa de atividade física, que incluiu fundamentalmente a prática de caminhadas durante 30 minutos (uma ou duas vezes por semana), os clínicos constataram melhora do peso corporal em 40,9%; da hipertensão em 33,9%; da hipercolesterolomia em 26,4%; da artrite em 14,8%; do diabetes em 14,2% e da DCV em 8%1.
Comentário
O impacto benéfico da atividade física sobre a saúde é inequívoco; ademais, repercute de forma expressiva na redução de custos para o sistema de saúde, conforme demonstrou o estudo australiano.
Estudo brasileiro realizado nas regiões nordeste e sudeste mostrou que a prática de exercícios regulares é mais prevalente no sexo masculino, igualando-se após os 50 anos entre os gêneros; a caminhada por 30 minutos, uma vez por semana, foi praticada por 13% e, cinco vezes por semana, por 3,3%2.
Os dados oriundos do estudo brasileiro denotam significativa taxa de sedentarismo, tornando imperiosa a criação de programas educativos e informativos no sentido de estimular a prática regular de atividade física, principalmente em mulheres no climatério (40 a 65 anos), quando são mais prevalentes agravos que sabidamente melhoram, tais como obesidade, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, artrite, diabetes e DCV.
Em função disso, a disciplina de pós-graduação Saúde da Mulher no Climatério, da Faculdade de Saúde Pública da USP, desenvolveu o Decálogo de Benefícios dos Exercícios, com o objetivo de aumentar a adesão aos programas de prevenção de doenças e promoção de saúde. O Decálogo foi elaborado na figura de um decaedro, em que cada vértice representa o benefício da atividade física sobre um determinado agravo, assim distribuído: cardiovascular, câncer de mama, respiratório, diabetes, osteomioarticular, psicológico, neurovegetativo (ondas de calor na pós-menopausa), obesidade, dislipidemia e hipertensão arterial.
Assim, após inúmeras discussões com os pós-graduandos e apoiado na literatura, o grupo concluiu que o mais apropriado para mulheres nesse estágio da vida seria a prática da caminhada regular com duração de 150 minutos semanais.
Todos os participantes entenderam que a forma didática, ilustrativa e estimuladora de apresentação do decálogo poderá ser de grande utilidade prática não só para os profissionais de saúde utilizarem no seu dia-a-dia, mas também para ser incorporado em programas institucionais.
Referências
1. Sims J, Huang N, Pietsch J, Naccarella L. The Victorian Active Script Programme: promising signs for general practitioners, population health, and the promotion of physical activity. Br J Sports Med 2004; 38:19-25.
2. Monteiro CA, Conde WI, Matsudo SM, Matsudo VR, Bonseñor IM, Lotufo PA. A descriptive epidemiology of leisure-time physical activity in Brasil, 1996-1997. Rev Panam Salud Publica 2003; 14:246-54.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
24 Ago 2005 -
Data do Fascículo
Ago 2005