CORRESPÔNDENCIAS
Videotoracoscopia no tratamento de excelência do empiema da infância
Sr. Editor
Em relação à RAMB, meus parabéns. Ótimos artigos e excelentes comentários, particularmente a seção "À beira do leito". Quanto ao Panorama Internacional "A videotoracoscopia constitui tratamento de excelência do empiema da infância?" - RAMB 2004, 50 (4):349-62, em nome da cirurgia pediátrica de meu hospital, eu não poderia deixar de tecer alguns comentários. O Dr. Uenis Tannuri aborda um artigo de Gates et al. (J Pediatr Surg 2004, 39:381-6) sobre o valor da videotoracoscopia no tratamento dos empiemas pleurais na criança. Acredito que o estudo ainda não tenha, efetivamente, fechado a polêmica em torno do assunto. Após revisar 44 artigos científicos, os autores não puderam realizar meta-análise para concluir qual é o melhor método de tratamento do empiema pleural na criança, sendo que a única vantagem da videotoracoscopia foi a redução do tempo de internação hospitalar. Nossa experiência em 143 videotoracoscopias para tratamento desta afecção leva à conclusão semelhante, particularmente no que tange à redução do custo final do tratamento.
Sylvio Gilberto Andrade Avilla
Curitiba - PR
Comentário do autor
Este assunto é, de fato, polêmico. A conduta mais conservadora, não-invasiva, em empiemas pleurais na criança deve ser a primeira escolha. O tratamento cirúrgico pode ser indicado apenas em fases mais tardias, quando não se consegue boa evolução do paciente com a simples drenagem pleural. Nestes casos, muito raros (em torno de 2%), pode ocorrer associadamente necrose e destruição do parênquima pulmonar, que implicarão na necessidade de ressecção do segmento comprometido. Quanto às pleuras e à cavidade por elas delimitada, a drenagem do pus e tratamento com antibióticos apropriados são habitualmente eficazes.
O estudo fecha a polêmica do valor limitado da videotoracoscopia no tratamento do empiema. Deve-se levar em conta os riscos da videotoracoscopia (anestesia geral e o procedimento em si, particularmente hemorragias). O tempo de internação hospitalar perde significado diante dos custos envolvidos com o procedimento. Outro fato importante é que nem todos os hospitais dispõem do equipamento para videocirurgia, e nem todos os cirurgiões estão habilitados para executar o método. Finalmente, há que se considerar que crianças não são arrimos de família e, portanto, os argumentos do período de internação hospitalar e impossibilidade de retorno ao trabalho não se aplicam a elas.
Uenis Tannuri
São Paulo SP
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
19 Jan 2006 -
Data do Fascículo
Dez 2005