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Implicações clínicas da mastoplastia redutora no diagnóstico do câncer oculto e na redução de risco para câncer de mama futuro

PANORAMA INTENACIONAL

GINECOLOGIA

Implicações clínicas da mastoplastia redutora no diagnóstico do câncer oculto e na redução de risco para câncer de mama futuro

Até a década de 90, os estudos sobre mastoplastia só abordavam as repercussões estéticas do procedimento. A partir de então, a literatura tem mostrado interessantes estudos observacionais1,2,3 que avaliaram seu impacto sobre o diagnóstico e prevenção do câncer de mama.

Comentário

Baasch et al1. foram pioneiros ao se preocuparem com o tema; assim, ao avaliarem na Dinamarca 1240 mulheres submetidas a mastoplastia, notaram proteção quanto ao risco câncer de mama (RR:0,6, com intervalo de confiança de 95%, 0,42-0,86).

Brinton et al2., por sua vez, constataram outro achado interessante, qual seja, a relação entre o volume mamário ressecado e a intensidade da queda no risco para o câncer (reduções superiores a 800g promoviam maior redução de risco). Todavia, outros autores, como Boice et al3. observaram que a eficácia só ocorria em mulheres submetidas a mastoplastia após os 50 anos, e naquelas com idade inferior a 40 anos o risco relativo era semelhante à população-controle.

Outro aspecto importante analisado foi o impacto da mastoplastia em mulheres com câncer de mama prévio, em face do significativo risco oncológico na mama contralateral; de fato, alguns estudos relatam incidência entre 1% a 12%, sendo que o risco é muito maior nas jovens.

Nesse sentido, Ricci et al4. avaliaram 249 mulheres com câncer de mama submetidas à reconstrução mamária; constataram que naquelas submetidas à mastoplastia contralateral o diagnóstico de carcinoma invasivo foi de 1,8% e o in situ de 2,6%.

No seguimento em longo prazo, as submetidas a mastoplastia da mama contralateral apresentaram incidência de 1,8% de câncer, contra 6,7% do grupo não submetido ao procedimento cirúrgico; entretanto, apesar do maior número de casos de câncer ter sido notado neste último grupo, a análise estatística não demonstrou significância (p= 0,094).

Do exposto fica evidente que a redução do volume mamário associa-se a um menor risco para o câncer de mama, pois a retirada de tecido glandular resultará num menor número de células susceptíveis aos fatores promotores para o câncer.

Entretanto, estudos adicionais controlados são necessários para avaliar o impacto da mastoplastia em pacientes com alto risco para câncer de mama, como as com antecedentes familiares, mutação dos genes BRCA-1 e 2 e lesões proliferativas atípicas.

Alexandre Mendonça Munhoz

Cláudia Maria Santos Aldrighi

José Mendes Aldrighi

Referências

1. Baasch M, Nielsen SF, Engholm G, Lund K. Breast cancer incidence subsequent to surgical reduction of the female breast. Br J Cancer 1996; 73:961.

2. Brinton LA, Persson I, Boice JD, McLaughlin JK, Fraumeni JF Jr. Breast cancer risk in relation to amount of tissue removed during breast reduction operations in Sweden. Cancer 2001;91:478, 2001.

3. Boice, J. D., Persson, I., Brinton, L., et al. Breast cancer following breast reduction surgery in Sweden. Plast. Reconstr. Surg. 106: 755, 2000.

4. Ricci, M.D. Impacto da mamaplastia redutora contralateral em pacientes com câncer de mama, na detecção de carcinoma oculto sincrônico e diminuição no risco de carcinoma metacrônico (tese). São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2004. 131p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Jun 2006
  • Data do Fascículo
    Abr 2006
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