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Efeitos dos níveis de pressão expiratória final positiva no pico de fluxo expiratório durante a hiperinsuflação manual

PANORAMA INTERNACIONAL

EMERGÊNCIA E MEDICINA INTENSIVA

Efeitos dos níveis de pressão expiratória final positiva no pico de fluxo expiratório durante a hiperinsuflação manual

A hiperinsuflação manual (HM) é freqüentemente utilizada por intensivistas e fisioterapeutas na assistência de pacientes em unidades de terapia intensiva (UTI) adulto, pediátrica e neonatal, com o objetivo de realizar insuflação pulmonar passiva e aumentar o pico de fluxo expiratório (PFE), e conseqüentemente melhorar a complacência dinâmica e estática, aumentar o volume de secreções mobilizadas e prevenir pneumonias associadas à ventilação pulmonar mecânica (VPM). O estudo randomizado de Savian et al.1 adaptou uma válvula de pressão expiratória final positiva (PEEP) na saída exalatória da bolsa auto-inflável de ressuscitação manual, com a finalidade de analisar se HM é efetiva como técnica de mobilização de secreções, comparando o PFE e o volume corrente (VC), por meio de um pulmão modelo, utilizando seis diferentes níveis de PEEP (0; 5; 7,5;10; 12; 15 cmH2O) e duas complacências pulmonares (0,05 e 0,02 l/cmH2O). Dez fisioterapeutas foram treinados para participar do estudo para executarem a HM com o objetivo de promover desobstrução brônquica, atingindo pico de fluxo inspiratório de no máximo 35 cmH2O (mensurado através de um manômetro). Verificou-se que o circuito Mapleson-C (tipo de bolsa auto-inflável com reservatório) gerou maior PFE (p<0,01), quando comparado ao circuito Laerdal, em todos os níveis de PEEP. Entretanto, em pulmões normais (complacência 0,05 l/cmH2O), houve uma redução do PFE (P<0,01). O circuito Laerdal, em níveis de PEEP maiores do que 10 cmH2O, não gerou PFE capaz de produzir fluxo de gás-líquido em duas fases, conseqüentemente não mobilizou as secreções. Concluindo que a HM é indicada para a mobilização de secreções espessas com plugs, sendo o circuito Mapleson-C considerado o mais adequado para esta finalidade.

Comentário

Alguns estudos clínicos2,3, com pacientes adultos, têm demonstrado benefícios na utilização da HM para a mobilização de secreções traqueobrônquicas, para reexpansão de unidades alveolares colapsadas, para a melhora da complacência dinâmica e da oxigenação de pacientes em VPM.

É importante a monitorização dos parâmetros gasométricos e hemodinâmicos quando da aplicação da HM, embora não se tenha relatos de efeitos adversos no aspecto de estabilidade cardiovascular ou de troca de gases quando aplicada a HM com pressão de até 40 cmH2O3,4.

A HM é uma técnica de fisioterapia respiratória fundamental em UTI, desde que seja realizada com base em um protocolo e executada por equipe treinada. Entretanto, não existem evidências que suportem a sua utilização em pediatria e neonatologia, mas na rotina destas unidades esta técnica é amplamente difundida e utilizada com sucesso por fisioterapeutas experientes, com o auxílio de um manômetro de pressão.

Clarissa Blattner

Cíntia Johnston

Werther Brunow de Carvalho

Referências

1. Savian C, Chan P, J Paratz. The effect of positive end-expiratory pressure level on peak expiratory flow during manual hyperinflation. Anesth Analg. 2005; 100:1112–6.

2. Suh-Mwa Maa DSN, Tzong-Jen H, Kuang-Hung H. Manual hyperinflation improves alveolar recruitment in difficult-to-wean patients. Clin Investig Crit Care. 2005;128:2714-21.

3. Hodgson C, Denehy L, Ntoumenopoulos G et al. An investigation of the early effects of manual lung hyperinflation in critically ill patients. Anesth Intensive Care. 2000;28:255-61.

4. Paratz J, Lipman J, McAuliffe M. Effect of manual hyperinflation on hemodynamics, gas exchange, and respiratory mechanics in ventilated patients. J Intensive Care Med. 2002;17:317-24.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jan 2007
  • Data do Fascículo
    Dez 2006
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