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O uso da assinatura gênica na escolha de quimioterápicos para o tratamento do câncer

PANORAMA INTERNACIONAL

GINECOLOGIA

O uso da assinatura gênica na escolha de quimioterápicos para o tratamento do câncer

Recente publicação da Nature Medicine1 estudou células cancerosas de mama, ovário e pulmão por meio de microarray (análise gênica múltipla), que tem o objetivo de avaliar o perfil gênico, ou seja, suas propriedades moleculares específicas, denominadas assinaturas gênicas. Utilizando-se dessa assinatura, os autores conseguiram caracterizar o melhor regime quimioterápico, consoante o tipo de tumor, pela validação obtida com o tratamento clínico empregado. Os resultados sinalizaram que a aplicação da assinatura na prática clínica pode melhor selecionar os agentes citotóxicos a serem prescritos, bem como a possibilidade de se associar fármacos alvo-específicos, como o trastuzumab, recomendado para o câncer de mama. De fato, os autores observaram que a assinatura gênica foi capaz de predizer em mais de 80% quais os fármacos de melhor eficácia para o tratamento dos tumores.

Comentário

Entre as novas tecnologias para o melhor entendimento do genoma, destaca-se o microarray, capaz de avaliar simultaneamente milhares de genes, ou seus produtos, que permitiu caracterizar a impressão molecular ou a assinatura gênica dos tumores. Os microarrays estão sendo usados para analisar a expressão de RNAm, ou do DNA, de vários genes, permitindo a caracterização de diferentes fenótipos associados à resposta ao tratamento clínico, bem como predizendo o intervalo livre de doença2, por meio das condições linfonodais e da sobrevida livre de doença com distintos agentes quimioterápicos3. Em estudo prévio, a assinatura gênica foi testada em 295 mulheres com câncer de mama (por microarray), definindo dois grupos: o primeiro, cujos genes indicavam bom prognóstico, e o segundo, mal prognóstico. Os resultados mostraram que as mulheres do primeiro grupo exibiram significativa redução na recidiva da doença4.

Mais recentemente, os microarrays estão sendo recomendados como fator preditivo para resposta à quimioterapia. Entretanto, mais estudos são necessários para validação desta indicação3.

Do exposto, conclui-se que a assinatura gênica certamente representará uma importante estratégia futura de tratamento do câncer, visando não só uma maior resposta ao quimioterápico, mas também propiciando uma melhor qualidade de vida às usuárias e menor impacto econômico ao sistema de saúde.

Vilmar M. Oliveira

José M. Aldrighi

Referências

1. Potti A, Dressman HK, Bild A, Riedel RF, Chan G, Sayer R, et al. Genomic signatures to guide the use of chemotherapeutics. Nat Med. 2006. [cited Oct 2006]. Available from: http://www.nature.com/nm/journal/vaop/ncurrent/abs/nm1491.html.

2. . Chang JC, Hilsenbeck SG. Prognostic and predictive markers. In: Harris JR; Morrow M; Osborne CK. Disease of the breast. 3nd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2004. p.674-96.

3. Reis-Filho JS, Westbury C, Pierga JY. The impact of expression profiling on prognostic and predictive testing in breast cancer. J Clin Pathol. 2006; 59:225–31.

4. Van de Vijver MJ, He YD, Van't Veer LJ, Dai H, Hart AA, Voskuil DW, et al. A gene-expression signature as a predictor of survival in breast cancer. N Engl J Med. 2002;347:1999-2009.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jan 2007
  • Data do Fascículo
    Dez 2006
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