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Quais os critérios para tratamento medicamentoso na gravidez ectópica?

À BEIRA DO LEITO

OBSTETRÍCIA

Quais os critérios para tratamento medicamentoso na gravidez ectópica?

A utilização de métodos não invasivos mais sensíveis, como a ultra-sonografia transvaginal e a dosagem de b-hCG quantitativo, permite um diagnóstico mais precoce e acurado da gravidez ectópica (GE). Uma condição clínica com risco de vida eminente vem tornando-se uma doença de apresentação mais benigna, com menor mortalidade. Apesar da cirurgia (convencional ou videolaparoscópica) ser o tratamento clássico da GE, a possibilidade de diminuição da morbidade, custo e a preservação do futuro reprodutivo aumentou o interesse pelos tratamentos não cirúrgicos da GE.

O tratamento não cirúrgico inclui a utilização de drogas, administradas por via sistêmica ou local, e a conduta expectante. O metotrexate (MTX) atua nas células trofoblásticas sendo utilizado no tratamento da GE desde 1982, com taxa de sucesso de 89%. O regime mais utilizado é o de dose única (50 mg/m2 IM), que apresenta uma menor taxa de efeitos colaterais em comparação ao regime de múltiplas doses (1mg/kg IM alternando com leucovorin 0,1 mg/kg - quatro doses), apesar de uma menor eficácia. No regime de dose única, o seguimento é feito pela dosagem de b-hCG nos dias 1, 4, 7 e semanalmente até que os níveis sejam menores que 5 UI/mL. Caso os níveis de b-hCG não declinem pelo menos 15% entre os dias 4 e 7 ou 15% por semana seguinte, uma nova dose de MTX deve ser administrada. As taxas de sucesso dependem fundamentalmente da concentração inicial de b-hCG. Essas taxas são menores nas pacientes com saco gestacional visibilizado à ultra-sonografia e naquelas com aumento do b-hCG sérico após administração do MTX.

Constituem critérios para tratamento conservador de GE com MTX: 1) estabilidade hemodinâmica; 2) ausência de sinais clínicos de rotura tubária; 3) b-hCG < 5000 mUI/mL e sem aumento superior a 60% nas últimas 48 horas (pré-tratamento); 4) exames laboratoriais normais (hemograma, coagulograma, função hepática e renal); 5) ultra-sonografia mostrando diâmetro da massa anexial < 3,5 cm e ausência de atividade cardíaca fetal; 6) ausência de dúvida diagnóstica; 7) possibilidade de retorno da paciente em caso de rotura e/ou seguimento.

Agnaldo Lopes Silva-Filho

Patrícia Pereira Rodrigues

Carolina Passos Rezende

Referências

1. Hajenius PJ, Mol BWJ, Bossuyt PMM, Ankum WM, Van der Veen F. Interventions for tubal ectopic pregnancy. The Cochrane Database of Systematic Reviews 2000; Issue 1.

2. Potter MB, Lepine LA, Jamieson DJ. Predictors of success with methotrexate treatment of tubal ectopic pregnancy at Grady Memorial Hospital. Am J Obstet Gynecol 2003;188:1192-4.

3. Dudley PS, Heard MJ, Sangi-Haghpeykar H, Carson SA, Buster JE. Characterizing ectopic pregnancies that rupture despite treatment with methotrexate. Fert Steril 2004;82:1374-8.

4. Barnhart KT, Gosman G, Ashby R, Sammel M. The medical management of ectopic pregnancy: a meta-analysis comparing "single dose" and "multidose" regimens. Obstet Gynecol 2003;101:778-84.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jan 2007
  • Data do Fascículo
    Dez 2006
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