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Como estadiar o câncer de esôfago?

À BEIRA DO LEITO

CLÍNICA CIRÚRGICA

Como estadiar o câncer de esôfago?

Elias Jirjoss Ilias

O tratamento do câncer de esôfago é complexo, multidisciplinar e intimamente relacionado com o estadiamento pré-operatório. Portanto, para a escolha do melhor tratamento, é necessário realizar um perfeito estadiamento do tumor e avaliar as condições clínicas do paciente.

Após o diagnóstico endoscópico, a avaliação mínima consiste em exame físico completo, condições nutricionais, exames laboratoriais, tomografia computadorizada (TC) de tórax e TC ou ultra-sonografia (US) de abdômen e pelve.

A TC de tórax deve avaliar a extensão do tumor e a invasão de órgãos vizinhos como aorta e traquéia ou brônquios. A TC é limitada para a avaliação do comprometimento dos linfonodos mediastinais.

A TC e/ou o US de abdômen tem a finalidade de avaliar a disseminação do tumor para o fígado, a presença ou não de ascite e eventualmente a presença de massas linfonodais.

A ressonância magnética (RM) tem eficiência comparável à TC, porém superestima o comprometimento linfonodal, além de ser mais cara e mais difícil de ser conseguida por estar ausente na grande maioria dos hospitais brasileiros.

O esofagograma contrastado pode ser utilizado para estudar a extensão do tumor, a presença de fístula traqueoesofágica e o desvio do eixo do esôfago. Esses critérios são largamente utilizados pela escola Japonesa, sendo o tumor considerado inextirpável quando tem mais de 7 cm. de extensão ou quando o eixo esofágico está desviado em mais de 30 graus pelo esofagograma.

O ultra-som endoscópico é útil no estudo das camadas esofágicas comprometidas pelo tumor e no comprometimento linfonodal peri-esofágico. O seu uso é restrito devido ao alto custo, à indisponibilidade na maioria dos serviços e quando existe uma estenose do esôfago que impossibilite a passagem do endoscópio pelo tumor.

A broncoscopia é útil na avaliação de abaulamentos da traquéia e brônquios, na ulceração do tumor para a árvore respiratória e na presença de fístula traqueoesofágica. A presença de uma dessas situações geralmente contra-indica a cirurgia.

O PET scan integrado à TC pode ser útil no estadiamento, principalmente quanto à presença de metástases, e tem a vantagem de rastrear todo o corpo. É um exame limitado pela baixa disponibilidade em nosso meio e pelo seu alto custo.

Finalmente devemos dar atenção às condições clínicas do paciente, pois todos os exames citados anteriormente podem indicar um procedimento cirúrgico de ressecção esofágica, porém as condições clínicas e principalmente nutricionais podem contra-indicar qualquer tipo de procedimento cirúrgico de grande porte como a esofagectomia.

Referências

1. Zwischenberger JB, Savage MS. Esôfago. In: Townsend CM, editor. Townsend: fundamentos de cirurgia. 17ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005 p.1091-147.

2. Costa F, Saad E. Esôfago. In: Buzaid AC. Manual de oncologia clínica. 3ª ed. Rio de Janeiro; Reichmann & Affonso; 2005. p.60-1.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Set 2007
  • Data do Fascículo
    Ago 2007
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