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Fatores de risco para a falha da ventilação não-invasiva com pressão positiva (VNIPP) em crianças graves

PANORAMA INTERNACIONAL

EMERGÊNCIA/TERAPIA INTENSIVA

IProfessor titular Terapia Intensiva/Neonatologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

IIChefe do Serviço de Fisioterapia Pediatria-Hospital São Paulo-SPDM, São Paulo, SP

Um dos problemas na prática clínica é a dificuldade para a identificação das crianças com potencial risco para a falha da VNIPP. Mayordomo-Colunga et al., 20091 realizaram um estudo prospectivo observacional, não-randomizado, com o objetivo de determinar os fatores de risco para a falha da VNIPP em crianças graves em unidade de cuidados intensivos (UCI). Avaliaram 116 episódios de aplicação da VNIPP em 101 crianças com mediana (mínimo-máximo) da idade de 10,3 (0,6-169,7) meses. As crianças foram classificadas em dois grupos: insuficiência ventilatória aguda (IVA) tipo I e II (38 episódios de IVA tipo I: hipoxemia e condensação no parênquima pulmonar observada no raio-x de tórax; e 78 episódios de IVA tipo II: hipoventilação, hipercapnia sem hipoxemia - critérios estabelecidos por Teague WC2).

Quando comparados, os grupos sucesso vs falha da VNIPP observaram um tempo médio (IQ 25%-75%) de aplicação da VNIPP de 41 (0,5-375) vs 13 (0,5-77) horas; a utilização dos modos ventilatórios pressão contínua nas vias aéreas (CPAP) e ventilação em dois níveis de pressão (BiPAP) foram indicados em ambos grupos, com variação dos parâmetros de acordo com o tipo de IVA (utilizados parâmetros de pressão de suporte mais elevados na IVA tipo I vs tipo II: 8,2 ± 1,7 vs 6, 7 ± 1,2 cmH2O; P < 0.001); as interfaces mais utilizadas foram as máscaras faciais. Dentre os fatores de risco para a falha da VNIPP nesta amostra, estão: IVA tipo I, Escore de gravidade- Pediatric Risk of Mortality elevado e redução mínima da frequência respiratória espontânea durante a aplicação da VNIPP.

Comentário

Outro estudo3 com crianças admitidas em UCI, com IVA hipercápnica moderada, submetidas a VNIPP, observou que houve melhora da ventilação alveolar, redução da PaCO2 de 48 para 40 mmHg (P = 0.01) e a frequência respiratória de 48 para 41 ciclos por minuto (P = 0.01), corroborando com o estudo de Mayordomo-Colunga et al.,20091 quanto aos melhores resultados na IVA tipo II.

Apesar do aumento das pesquisas abordando este tema em pediatria4, o artigo de Mayordomo-Colunga et al.,20091 foi o primeiro estudo que abordou os fatores de risco para a falha da VNIPP em crianças graves em UCI. O tema é de alta importância, pois a não identificação dos critérios de interrupção e/ou falha da VNIPP pode determinar a utilização inadequada deste método de suporte ventilatório e consequente piora clínica do paciente.

  • 1. Mayordomo-Colunga J, Medina A, Rey C, Díaz JJ, Concha A, Los Arcos M, et al. Predictive factors of non invasive ventilation failure in critically ill children: a prospective epidemiological study. Intensive Care Med. 2009;35(3):527-36.
  • 2. Teague WG. Noninvasive ventilation in the pediatric intensive care unit for children with acute respiratory failure. Pediatr Pulmonol. 2003;35:418-26.
  • 3. Essouri S, Durand P, Chevret L, Haas V, Perot C, Clement A, et al. Physiological effects of noninvasive positive ventilation during acute moderate hypercapnic respiratory insufficiency in children. Intensive Care Med.2008;34(12):2248-55.
  • 4. Carvalho WB, Johnston C, Barbosa AP, et al. Ventilação não invasiva com pressão positiva em pediatria. In: I Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica em Pediatria; 2009. Disponível em: http://www.amib.com.br
  • Fatores de risco para a falha da ventilação não-invasiva com pressão positiva (VNIPP) em crianças graves

    Werther Brunow de CarvalhoI; Cíntia JohnstonII
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      17 Nov 2009
    • Data do Fascículo
      2009
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