Acessibilidade / Reportar erro

Governança corporativa voltada à Produção Mais Limpa: influência dos stakeholders

Corporate governance focused on cleaner production: the influence of stakeholders

Resumos

Este estudo visa avaliar as influências dos stakeholders na determinação de uma Governança Corporativa voltada à Produção Mais Limpa (P+L). Primeiramente identificaram-se na literatura três constructos que exercem influência sobre a governança da empresa para a implementação da P+L, que são: política pública, agentes econômicos e sociedade. Depois disso, realizou-se um surveyem empresas associadas ao Instituto Ethos. Para a avaliação estatística, utilizou-se a análise de componentes principais para dados categóricos ou nominais. Os resultados apontaram algumas tendências em termos de influências dos stakeholders, direcionando a mudanças de princípios da governança corporativa, que conseguinte impulsionam mudanças endógenas e incrementais no sistema de produção para a implantação da P+L. A política pública tende a taxar emissões de carbono das empresas e promover financiamento a juros baixos para investimento em tecnologias limpas e controle da produção no sistema de produção, o agente econômico tende a se conscientizar e obedecer a leis ambientais que levam à implantação de P+L, e a sociedade tende a comprar produtos ecológicos, além de denunciar práticas enganosas das empresas.

Produção Mais Limpa; Governança corporativa; Política pública; Economia solidária; Responsabilidade social


This study aims to evaluate the influence of stakeholders in determining a Corporate Governance focused on Cleaner Production (CP). First, three constructs that influence the governance of enterprises to implement CP were identified in the literature: public policy, economic agents, and society. After that, a survey was carried out in companies associated with the Ethos Institute. Regarding statistical analysis, principal components analysis was conducted for categorical or nominal data. The results showed some trends in terms of stakeholders' influences, directing changes in the principles of corporate governance, which consequently boost endogenous and incremental changes in the production system for the deployment of CP. Public policy tends to tax carbon emissions from companies and promote low-interest financing for investment in clean technologies and production control in the production system; the economic agent tends to become aware of and comply with environmental laws that lead to implantation of CP; and society tends to buy green products and report deceptive business practices.

Cleaner production; Corporate governance; Public policy; Solidarity economy; Socio responsibility


1 Introdução

Até a década de 1990, as empresas tinham como foco central estratégico a maximização do retorno financeiro aos seus acionistas. Já nas décadas seguintes, por influência de um ambiente de concorrência global e pressões por adequações legais às questões ambientais e sociais, estas organizações passaram a focar suas atenções à incorporação destas temáticas em seus processos de negócios (ELKINGTON, 1997ELKINGTON, J. Cannibals with forks: the triple bottom line of 21st century business. Oxford: Capstone, 1997. p. 402.; GIBSON, 2012GIBSON, K. Stakeholders and sustainability: an evolving theory. Journal of Business Ethics, v. 109, n. 1, p. 15-25, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-012-1376-5 .
http://dx.doi.org/10.1007/s10551-012-137...
). Desta forma, o processo produtivo nas organizações, por exigência de mercado e das normas e leis atuais, passou a adotar, além da eficiência econômica, a responsabilidade social e ambiental (ABREU; RADOS; FIGUEIREDO JUNIOR, 2004ABREU, M. C. S.; RADOS, G. J. V.; FIGUEIREDO JUNIOR, H. S As pressões ambientais da estrutura da indústria. RAE: Revista de Administração de Empresas, v. 3, n. 2, p. 2-22 2004.; BARBIERI et al., 2010BARBIERI, J. C. et al. Inovação e sustentabilidade: novos modelos e proposições. RAE: Revista de Administração de Empresas, v. 50, n. 2, p. 146-154, 2010.), tornando-as atributo estratégico (LEE, 2012LEE, K. H Linking stakeholders and corporate reputation towards corporate sustainability. International Journal of Innovation and Sustainable Development, v. 6, n. 2, p. 219-235, 2012.) para manter a competitividade (BRITO; BERNARDI, 2010BRITO, R. P.; BERARDI, P. C Vantagem competitiva na gestão sustentável da cadeia de suprimentos: um metaestudo. RAE: Revista de Administração de Empresas, v. 50, n. 2, p. 155-169, 2010.).

Dentre as atividades sustentáveis que compõem o conceito da Produção Mais Limpa (P+L) estão a redução no uso de recursos, as melhorias na ecoeficiência e redução de resíduos de embalagens e industriais na fonte, visando melhorar a proteção do meio ambiente, além da redução de riscos para os organismos vivos (UNITED..., 1989UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAME - UNEP. Understanding resource efficcient and cleaner production. Paris: UNEP, 1989. Disponível em: <http://www.unep.fr/scp/cp/understanding/concept.htm>. Acesso em: 20 fev. 2010.
http://www.unep.fr/scp/cp/understanding/...
; GLAVIC; LUKMAN, 2007GLAVIC, P.; LUKMAN, R Review of sustainability terms and their definitions.Journal of Cleaner Production, v. 15, n. 18, p. 1875-1885, 2007 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2006.12.006 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2006...
). Um aspecto para a efetiva consolidação da sustentabilidade na cadeia de valor intraorganizacional e interfirmas é a gestão do relacionamento com os stakeholders (FREEMAN; REED, 1983FREEMAN, E.; REED, D. L Stockholders and stakeholders: a new perspective on corporate governance. California Management Review, v. 25, n. 3, p. 88-106, 1983 http://dx.doi.org/10.2307/41165018 .
http://dx.doi.org/10.2307/41165018...
; LYRA; GOMES; JACOVINE, 2009LYRA, M. G.; GOMES, R. C.; JACOVINE, L. A G. O papel dos stakeholders na sustentabilidade da empresa para a construção de um modelo de análise. Revista Administração Contemporânea, v. 13, n. 1, p. 39-52, 2009.; LEE, 2012LEE, K. H Linking stakeholders and corporate reputation towards corporate sustainability. International Journal of Innovation and Sustainable Development, v. 6, n. 2, p. 219-235, 2012.). Do ponto de vista da estratégia empresarial, os stakeholders visam estabelecer canal de comunicação e compreender as suas necessidades para as decisões de marketing e operações.

A influência do governo e da sociedade estimulam as empresas a melhorar o desempenho ambiental na fabricação de bens e serviços (CHRISTMANN, 2004CHRISTMANN, P. Multinational companies and the natural environment: determinants of global environmental policy standardization. Academy of Management Journal, v. 47, n. 5, p. 747-60, 2004 http://dx.doi.org/10.2307/20159616 .
http://dx.doi.org/10.2307/20159616...
; KOLK; PINKSE, 2007KOLK, A.; PINKSE, J. Towards strategic stakeholder management? Integrating perspectives on sustainability challenges such as corporate responses to climate change. Corporate Governance, v. 7, n. 4, p. 370-378, 2007 http://dx.doi.org/10.1108/14720700710820452 .
http://dx.doi.org/10.1108/14720700710820...
), impulsionando a governança corporativa a incorporar a P+L (KING; LENOX, 2000KING, A. A.; LENOX, M. J Industry self-regulation without sanctions: the chemical industry's responsible care program.Academy of Management Journal, v. 43, n. 4, p. 698-716, 2000 http://dx.doi.org/10.2307/1556362 .
http://dx.doi.org/10.2307/1556362...
), além de melhorar o desempenho financeiro (JO; HARJOTO, 2012JO, H.; HARJOTO, M. A The causal effect of corporate governance on corporate social responsibility. Journal of Business Ethics, v. 106, n. 1, p. 53-72, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-011-1052-1 .
http://dx.doi.org/10.1007/s10551-011-105...
).

Considerando que no Brasil este tema é pouco pesquisado, este trabalho objetiva avaliar as principais influências dos stakeholders na governança corporativa voltada à P+L de empresas brasileiras, testando a hipótese central de que os stakeholders influenciam positivamente a adoção de uma governança corporativa voltada à P+L.

2 Fundamentação teórica das influências exógenas na concepção da Produção Mais Limpa

As influências exógenas analisadas neste trabalho são assim discriminadas:

(i) influências da política pública: para coordenar ações, efetivar direitos e intervir na realidade social, criando políticas públicas para o desenvolvimento sustentável (YARIME et al., 2012YARIME, M. et al. Establishing sustainability science in higher education institutions: towards an integration of academic development, institutionalization, and stakeholder collaborations. Sustainability Science, v. 7, n. 1, p. 101-113, 2012 Supplement .; CARVALHO et al., 2012CARVALHO, S. C Sociocultural and educational factors in the sustainability of coastal zones. Management of Environmental Quality, v. 23, n. 4, p. 362-382, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/14777831211232254 .
http://dx.doi.org/10.1108/14777831211232...
). O governo tem concedido empréstimos a juros baixos e redução de tarifas fiscais de apoio à fabricação de produtos sustentáveis, como meio de regulação ambiental (GARCÍA; MENDOZA, 2010GARCÍA, J. B.; MENDOZA, L. A Respuestas y opciones de los productores de subsistencia. Revista Problemas del Desarrollo, v. 162, n. 41, p. 85-102, 2010.; HALEY; SCHULER, 2011HALEY, U. C. V.; SCHULER, D. A Government policy and firm strategy in the solar photovoltaic industry. California Management Review, v. 54, n. 1, p. 17-38, 2011 http://dx.doi.org/10.1525/cmr.2011.54.1.17 .
http://dx.doi.org/10.1525/cmr.2011.54.1....
). Entretanto, nota-se a falta da abordagem educativa (ELLERBROCK; REGN, 2004ELLERBROCK, M. J.; REGN, A. M toward integrating environmental and economic education: lessons from the U.S. acid rain program. Applied Environmental Education and Communication, v. 3, n. 2, p. 79-87, 2004 http://dx.doi.org/10.1080/15330150490444223 .
http://dx.doi.org/10.1080/15330150490444...
).

(ii) influências dos agentes econômicos: são os investidores, proprietários que visam ao crescimento econômico, mas tendem a adotar princípios do desenvolvimento sustentável (RIVERO, 2002RIVERO, O. O mito do desenvolvimento: os países invisíveis no século XXI. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 230.; VEIGA, 2005VEIGA, J. E. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005. p. 220.), por meio da implementação da P+L para gerar vantagens econômicas e ambientais (BRATTEBO, 2005BRATTEBO, H. Toward a methods framework for eco-efficiency analisis. Journal of Industrial Ecology, v. 9, n. 4, p. 9-11, 2005 http://dx.doi.org/10.1162/108819805775247837 .
http://dx.doi.org/10.1162/10881980577524...
; BURRITT; SAKA, 2006BURRITT, R.; SAKA, C. Environmental management accounting applications and eco-efficiency: case studies from Japan. Journal of Cleaner Production, v. 14, n. 14, p. 1262-1275, 2006 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2005.08.012 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2005...
; GIANNETTI; ALMEIDA, 2006GIANNETTI, B. F.; ALMEIDA, C. M. B. V. Ecologia industrial: conceitos, ferramentas e aplicações. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. p. 109.; KNIGHT; JENKINS, 2009KNIGHT, P.; JENKINS, J. Adopting and apllying eco-design techniques: a practitioners perspective. Journal of Cleaner Production, v. 17, n. 5, p. 549-558, 2009 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.10.002 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2008...
).

(iii) influências da sociedade: impulsionam ações ambientais sobre as empresas para implementação da P+L (CHITAKORNKIJSIL, 2012CHITAKORNKIJSIL, P. Brand integrity, advertising and marketing ethics as well as social responsibility. International Journal of Organizational Innovation, v. 4, n. 4, p. 109-130, 2012.), direcionando-as ao comportamento de compra ecológica (PICKETT-BAKER; OZAKI, 2008PICKETT-BAKER, J.; OZAKI, R. Pro-environmental products: marketing influence on consumer purchase. Journal of Consumer Marketing, v. 25, n. 5, p. 281-293, 2008.). Porém, o valor agregado do produto ecológico dificulta a procura, principalmente porque somente com o aumento da demanda será possível obter preços similares (HEAL, 2000HEAL, G. Nature and the marktplace: capturing the value of ecosystem services. Washington: Island Press, 2000. p. 203.). O Quadro 1 apresenta 22 influências da política pública exercidas sobre as organizações para a implantação da P+L. Com isso, entende-se que a política pública impulsiona as organizações de maneira educativa e/ou por meio de repressão taxativa a adesão a práticas ambientais no sistema de produção.

Quadro 1.
Influências exercidas pela política pública para a implementação da Produção Mais Limpa.

Quanto aos agentes econômicos (ECO) (Quadro 2), entende-se que eles exercem influência para a implantação da P+L, principalmente por ter a possibilidade de conquistar ganhos econômicos e ambientais em detrimento dessa implantação.

Quadro 2.
As influências exercidas pelos agentes econômicos para a implementação da Produção Mais Limpa.

Já, com relação àquelas influências relativas à sociedade (SOC) (Quadro 3), que denotam mudança de comportamento em relação à compra verde, impulsionam as empresas a produzirem produtos ecológicos.

Quadro 3.
Influências exercidas pela sociedade para a implementação da Produção Mais Limpa.

Considerando-se que a governança corporativa tende a funcionar como uma mola propulsora (Figura 1), que capta as influências exógenas da política pública, agentes econômicos e sociedade e direciona os esforços para a perspectiva de inclusão do desenvolvimento sustentável na declaração formal da alta administração, impulsionando mudanças para uma P+L. Vários autores e comissões governamentais consideram que a governança corporativa recebe influências dos stakeholders e promove mudanças endógenas, que incluem a implantação da P+L (O'ROURKE, 2003O'ROURKE, A. The message and methods of ethical investment. Journal of Cleaner Production, v. 11, n. 6, p. 683-693, 2003 http://dx.doi.org/10.1016/S0959-6526(02)00105-1 .
http://dx.doi.org/10.1016/S0959-6526(02)...
; MIRVIS; GOOGINS, 2006MIRVIS, P.; GOOGINS, B. Stages of corporate citizenship. California Management Review, v. 48, n. 1, p. 104-126, 2006 http://dx.doi.org/10.2307/41166340 .
http://dx.doi.org/10.2307/41166340...
; ZHANG et al., 2008ZHANG, B. et al. Why do firms engage in environmental management? An empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 16, n. 10, p. 1036-1045, 2008 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007.06.016 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007...
; SHANGHAI..., 2009SHANGHAI Economic Commission. Guidance to Manufacturing Industry Development: GMID. 2009. Disponível em: <http://www.shec.gov.cn>.
http://www.shec.gov.cn...
; ZENG et al.,2010ZENG, S. X. et al. Towards corporate environmental information disclosure: an empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 18, n. 12, p. 1142-1148, 2010 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010.04.005 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010...
; MAON; LINDGREEN; VALÉRIE SWAEN, 2010MAON, F.; LINDGREEN, A.; VALÉRIE SWAEN, V. Organizational stages and cultural phases: a critical review and a consolidative model of corporate social responsibility development. International Journal of Management Reviews, v. 12, n. 1, p. 20-38, 2010 http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-2370.2009.00278.x .
http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-2370.20...
; NAVICKAS; KONTAUTIENE, 2011NAVICKAS, V.; KONTAUTIENE, R. Strategical perspective of corporate environmental policy. Organizacija, v. 44, n. 6, p. 179-184, 2011 http://dx.doi.org/10.2478/v10051-011-0019-4 .
http://dx.doi.org/10.2478/v10051-011-001...
; ORTAS; BURRITT; MONEVA, 2013ORTAS, E.; BURRITT, R. L.; MONEVA, J. M Socially Responsible Investment and cleaner production in the Asia Pacific: does it pay to be good? . Journal of Cleaner Production, v. 52, n. 1, p. 272-280, 2013 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.02.024 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2013...
).

Figura 1.
Mola propulsora para concepção da P+L.

As empresas na busca de imagem de empresa socialmente correta direcionam esforços para a implantação de governança corporativa ambiental e social, que precisa investir em práticas ambientais na produção de bens (O'ROURKE, 2003O'ROURKE, A. The message and methods of ethical investment. Journal of Cleaner Production, v. 11, n. 6, p. 683-693, 2003 http://dx.doi.org/10.1016/S0959-6526(02)00105-1 .
http://dx.doi.org/10.1016/S0959-6526(02)...
), nota-se que as empresas precisam estar atentas às influências externas dos stakeholders e gerar mudanças nos processos de produção (MIRVIS; GOOGINS, 2006MIRVIS, P.; GOOGINS, B. Stages of corporate citizenship. California Management Review, v. 48, n. 1, p. 104-126, 2006 http://dx.doi.org/10.2307/41166340 .
http://dx.doi.org/10.2307/41166340...
). As pressões externas do governo, acionistas e sociedade estão alterando as governanças das empresas em direção à implantação da estratégia de P+L, visando aos padrões de consumo sustentável (ZHANG et al., 2008ZHANG, B. et al. Why do firms engage in environmental management? An empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 16, n. 10, p. 1036-1045, 2008 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007.06.016 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007...
). O relacionamento com os stakeholders constitui um processo de gestão de risco realizado pela governança corporativa com o objetivo de conformidade e de manter sua licença para operar, por isso progressivamente trabalha para desenvolver uma gestão eficiente nos processos de produção para alcançar legitimidade, resultando em práticas de P+L (MAON; LINDGREEN; VALÉRIE SWAEN, 2010MAON, F.; LINDGREEN, A.; VALÉRIE SWAEN, V. Organizational stages and cultural phases: a critical review and a consolidative model of corporate social responsibility development. International Journal of Management Reviews, v. 12, n. 1, p. 20-38, 2010 http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-2370.2009.00278.x .
http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-2370.20...
).

Por exemplo, o governo de Xangai, o centro da economia da China, tem feito grandes esforços para acelerar a reestruturação do sistema e melhorar o layoutda indústria de transformação. Em 2003, o governo de Xangai emitiu ''Orientação para o desenvolvimento da indústria de fabricação'', que agrupou em três categorias: (i) aqueles incentivados a desenvolver; (ii) aqueles proibidos de desenvolver; e (iii) aqueles restritos a desenvolver. Os setores industriais que prejudicam o meio ambiente foram proibidos de funcionamento. Outros setores são obrigados a implantar políticas de P+L para mitigar poluição (SHANGHAI..., 2009SHANGHAI Economic Commission. Guidance to Manufacturing Industry Development: GMID. 2009. Disponível em: <http://www.shec.gov.cn>.
http://www.shec.gov.cn...
). O mesmo resultado foi evidenciado no mesmo país, porém os autores sugeriram para pesquisas futuras, a identificação de quais são os principais influenciadores (a citar: sociedade, governo e acionistas) (ZENG et al.,2010ZENG, S. X. et al. Towards corporate environmental information disclosure: an empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 18, n. 12, p. 1142-1148, 2010 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010.04.005 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010...
). Na Lituânia, foi desenvolvida uma projeção pelo governo em reunião com as empresas, as quais terão que implantar práticas de P+L até 2020 (NAVICKAS; KONTAUTIENE, 2011NAVICKAS, V.; KONTAUTIENE, R. Strategical perspective of corporate environmental policy. Organizacija, v. 44, n. 6, p. 179-184, 2011 http://dx.doi.org/10.2478/v10051-011-0019-4 .
http://dx.doi.org/10.2478/v10051-011-001...
).

Portanto, a influência dos stakeholders tem impulsionado a governança corporativa das organizações a realizar investimento socialmente responsável em práticas de P+L, resultando em melhor desempenho ambiental. Entretanto, os investimentos em P+L variam de país para país devido à disponibilidade de capital, ao estágio de desenvolvimento dos sistemas bancários, à existência de mecanismos de financiamento adequados, tecnologia e know-how (ORTAS; BURRITT; MONEVA, 2013ORTAS, E.; BURRITT, R. L.; MONEVA, J. M Socially Responsible Investment and cleaner production in the Asia Pacific: does it pay to be good? . Journal of Cleaner Production, v. 52, n. 1, p. 272-280, 2013 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.02.024 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2013...
). Foram encontrados quatro estudos dessa origem no cenário brasileiro, voltados à adesão de responsabilidade socioambiental na governança corporativa (COUTINHO; MACEDO-SOARES, 2002COUTINHO, R. B. G.; MACEDO-SOARES, T. D L. A. Gestão estratégica com responsabilidade social: arcabouço analítico para auxiliar sua implementação em empresas no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, v. 6, n. 3, p. 75-96, 2002 http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002000300005 .
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002...
; SAUERBRONN; SAUERBRONN, 2011SAUERBRONN, F. F.; SAUERBRONN, J. F R. Estratégias de responsabilidade social e esfera pública: um debate sobre stakeholders e dimensões sociopolíticas de ações empresariais. Revista de Administração Pública, v. 45, n. 2, p. 435-58, 2011 http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011000200007 .
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011...
; ANGELO et al.,2012ANGELO, F. D. et al. Towards a strategic CSR: a Brazilian case study. Business Strategy Series, v. 13, n. 5, p. 224-238, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264104 .
http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264...
; JABBOUR et al.,2012JABBOUR, C. J. C. et al. Organizations and the United Nations Millennium Development Goals: evidence from some of the largest companies in Brazil. Humanomics, v. 28, n. 1, p. 26-41, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/08288661211200979 .
http://dx.doi.org/10.1108/08288661211200...
).

Com fundamento em pesquisa bibliográfica e documental nas áreas de negócios, sociedade e gestão estratégica se constataram que as empresas tendem a ouvir os stakeholders (a citar: governos, empresas concorrentes, consumidores e fornecedores) e inserir atributos de sustentabilidade requeridos por estes na formulação estratégica. Entretanto, para atingir a implantação nos níveis operacionais, por exemplo, na produção, sugere-se trabalhar mudança de valores nos funcionários de forma abrangente e estratégica (COUTINHO; MACEDO-SOARES, 2002COUTINHO, R. B. G.; MACEDO-SOARES, T. D L. A. Gestão estratégica com responsabilidade social: arcabouço analítico para auxiliar sua implementação em empresas no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, v. 6, n. 3, p. 75-96, 2002 http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002000300005 .
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002...
). Ficou evidente, que as governanças corporativas devem aceitar as influências de governos, de comunidades e associações de moradores, entre outras organizações da sociedade civil para a formulação de estratégia na estrutura funcional (SAUERBRONN; SAUERBRONN, 2011SAUERBRONN, F. F.; SAUERBRONN, J. F R. Estratégias de responsabilidade social e esfera pública: um debate sobre stakeholders e dimensões sociopolíticas de ações empresariais. Revista de Administração Pública, v. 45, n. 2, p. 435-58, 2011 http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011000200007 .
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011...
). Por exemplo, em um estudo de caso único realizado em uma transportadora foi demonstrada a necessidade de integração de ideias dos stakeholders para a consecução de política eficaz de gestão de resíduos no sistema de produção/serviço. É importante salientar que a governança corporativa da transportadora considerou uma variável denominada operacionalização para colocar em prática as ações planejadas, primordial no framework no processo de implantação (ANGELO et al., 2012ANGELO, F. D. et al. Towards a strategic CSR: a Brazilian case study. Business Strategy Series, v. 13, n. 5, p. 224-238, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264104 .
http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264...
). Em outro estudo, agora de múltiplos casos, constatou-se que todas as empresas apresentaram pelo menos uma variável voltada a treinamento interno nos ecotimes, sendo que a empresa B frisou a implantação de P+L e expansão desse conceito para os fornecedores. Um resultado importante desse estudo consistiu em elucidar que apesar de as empresas terem alguns princípios da P+L implantados na governança, visando atender aos preceitos dos stakeholders, ainda mostra incipiência de ação, denotando oportunidade significativa das empresas se engajarem nesse objetivo (JABBOUR et al., 2012JABBOUR, C. J. C. et al. Organizations and the United Nations Millennium Development Goals: evidence from some of the largest companies in Brazil. Humanomics, v. 28, n. 1, p. 26-41, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/08288661211200979 .
http://dx.doi.org/10.1108/08288661211200...
).

A governança corporativa tem por objetivo transparecer confiança, ética, moral, novos valores para os stakeholders, incluindo o governo, a sociedade e os empresários, visando preocupação com as ações da organização, e as consequências dessas ações (HERMALIN, 2005HERMALIN, B. E Trends in corporate governance. Journal of Finance, v. 60, n. 5, p. 2351-84, 2005 http://dx.doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005.00801.x .
http://dx.doi.org/10.1111/j.1540-6261.20...
; KOCMANOVA et al., 2011KOCMANOVA, A. et al. Sustainability: environmental, social and corporate governance performance in Czech SMEs. In: WORLD MULTI-CONFERENCE ON SYSTEMICS, CYBERNETICS AND INFORMATICS, 15., 2011, Orlando. Orlando: WMSCI, 2011. p. 94-99.). Desta forma, a empresa que quiser elucidar uma compreensão da sustentabilidade aborda essas questões de maneira mais completa pela governança corporativa, como é o caso de incrementar práticas de sustentabilidade na produção de bens (ARAS; CROWTHER, 2008ARAS, G.; CROWTHER, D. Governance and sustainability: an investigation into the relationship between corporate governance and corporate sustainability. Management Decision, v. 46, n. 3, p. 433-448, 2008 http://dx.doi.org/10.1108/00251740810863870 .
http://dx.doi.org/10.1108/00251740810863...
). O elemento crucial para alcançar as metas em todas as áreas acima mencionadas é a Governança Corporativa, que deve considerar os interesses dos stakeholders para a formulação da estratégia de negócios para integrar os esforços de todas as três áreas (ambiental, social e econômica) nas áreas funcionais da empresa (KOCMANOVA et al., 2011KOCMANOVA, A. et al. Sustainability: environmental, social and corporate governance performance in Czech SMEs. In: WORLD MULTI-CONFERENCE ON SYSTEMICS, CYBERNETICS AND INFORMATICS, 15., 2011, Orlando. Orlando: WMSCI, 2011. p. 94-99.).

A governança corporativa visa à criação de equilíbrio entre os objetivos econômicos e sociais de uma empresa, incluindo aspectos como o uso eficiente de recursos, prestação de contas no uso de seu poder, e o comportamento da corporação em seu ambiente social (SETHI, 2002SETHI, S. P Standards for corporate conduct in the international arena: challenges and opportunities for multinational corporations. Business and Society Review, v. 107, n. 1, p. 20-40, 2002 http://dx.doi.org/10.1111/0045-3609.00125 .
http://dx.doi.org/10.1111/0045-3609.0012...
). A definição da boa governança corporativa ainda está sujeita a debate. No entanto, a boa governança corporativa irá abordar tais pontos como a criação de valor sustentável por meio da produção de bens ecológicos atingirem as metas da empresa e manter um equilíbrio entre o econômico e benefício social. Além disso, a boa governança oferece alguns benefícios a longo prazo para a empresa, como a redução de riscos, atração de novos investidores, acionistas com mais equidade (ARAS; CROWTHER, 2008ARAS, G.; CROWTHER, D. Governance and sustainability: an investigation into the relationship between corporate governance and corporate sustainability. Management Decision, v. 46, n. 3, p. 433-448, 2008 http://dx.doi.org/10.1108/00251740810863870 .
http://dx.doi.org/10.1108/00251740810863...
). No Quadro 4, fundamentaram-se 16 princípios da governança corporativa que tendem a entronizar a formulação da estratégia corporativa com desdobramento na área operacional.

Quadro 4.
Princípios de uma governança corporativa voltada à Produção Mais Limpa.

3 Metodologia

O modelo teórico-conceitual adotado na pesquisa pressupõe que as influências dos stakeholders denominadas como influências exógenas, compostas pelos constructos Políticas Públicas, Agentes Econômicos e Sociedade influenciam a determinação de uma Governança Corporativa que incorpora estrategicamente a P+L como um paradigma de geração de valor para a empresa.

O método de pesquisa utilizado consiste no levantamento do tipo surveyexploratório (FORZA, 2002FORZA, C. Survey research in operation management: a process-based perspective. International Journal of Operation & Production Management, v. 22, n. 2, p. 152-194, 2002 http://dx.doi.org/10.1108/01443570210414310 .
http://dx.doi.org/10.1108/01443570210414...
), por explorar as possíveis influências ambientais da política pública, agentes econômicos e sociedade sobre a governança corporativa das empresas, que convertem essas influências em práticas de produção mais limpa. Os achados dessa pesquisa permitiram mapear relações inter e intraconstructos e ainda testar a hipótese de que os stakeholdersinfluenciam positivamente a governança corporativa das empresas à definição de práticas de sustentabilidade para a produção.

A Figura 2 ilustra o modelo teórico conceitual adotado nesta pesquisa.

Figura 2.
Modelo teórico conceitual da pesquisa.

As unidades de análise adotadas foram empresas que se dizem comprometidas com a sustentabilidade e associadas ao Instituto Ethos, uma entidade criada e mantida por um grupo de empresas interessadas em promover o desenvolvimento sustentável. O total das empresas associadas ao instituto é de 1512. A amostra utilizada foi a não probabilística e intencional, cujos critérios de seleção foram: 1) marca conhecida; 2) site institucional que menciona aspectos de sustentabilidade; e 3) ser composta por diferentes ramos de atividade, visando principalmente indústrias manufatureiras. O tamanho da amostra foi definido segundo Rea e Parker (1997) REA, L. M.; PARKER, R. A. Designing and conducting survey research: a comprehensive guide. 2. ed. New York: John Wiley & Sons, 1997. p. 304., para pequenas populações selecionadas. Com base na lista de empresas do Instituto Ethos e nos três critérios estabelecidos, foram selecionadas 106 empresas para envio do questionário.

Os dados foram obtidos por meio de um questionário estruturado, composto em sua maioria por questões fechadas. Para mensurar os indicadores de cada constructo (influências dos stakeholders) foi utilizada uma escala dicotônica nominal, cujas opções visaram identificar se o gestor de operações ou gestor ambiental da empresa considerava como tendência as variáveis que compunham cada constructo. A adequação do questionário foi realizada em um pré-teste, em quatro empresas para adequação quanto ao número de questões, linguagem utilizada nas questões e duração do preenchimento.

O questionário foi elaborado com cinco seções: (a) dados descritivos da empresa; (b) questões relativas à influência dos 22 indicadores relacionados ao constructo políticas públicas; (c) questões relativas à influência dos 16 indicadores relacionados ao constructo agentes econômicos; (d) questões relativas à influência dos cinco indicadores relacionados ao constructo sociedade; (e) 16 questões relativas aos princípios de uma governança corporativa voltada à P+L seguidos pela empresa.

O convite de preenchimento do questionário foi enviado por e-mail para as empresas da amostra, com o campo assunto intitulado "Encaminhar para o setor de comunicação corporativa, por favor". No corpo do texto do e-mail foram explanados sucintamente os objetivos, com a opção de concordância ou não com a pesquisa e o link para o preenchimento do questionário. Para a construção e desenvolvimento do questionário e o respectivo banco de dados, foi utilizada a plataforma do Google (google docs).

Foi realizado um teste de confiabilidade da escala por meio do Alfa de Cronbach. Num primeiro momento, a Análise de Componentes Principais, com dimensionamento ótimo não linear para dados ordinais e nominais - CATPCA foi utilizada com um propósito exploratório, na tentativa de reduzir as variáveis originais dos constructos mencionados no modelo teórico-conceitual, de forma que os componentes principais mais importantes expliquem a maior parcela da variância da massa de dados originais. (LATTIN; CARROLL; GREEN, 2003LATTIN, J.; CARROLL, J. D.; GREEN, P E. Analysing multivariate data. Pacific Grove: Thomson Learning, 2003. p. 556.).

A Análise de Componentes Principais (CPA) tradicionalmente é empregada em variáveis quantitativas. Por outro lado, a CATPCA torna-se uma opção interessante nas pesquisas em gestão de operações que envolvam variáveis qualitativas categóricas ou nominais, como é o caso do presente trabalho.

Para analisar de forma multivariada tais variáveis qualitativas na CATPCA, são atribuídas quantificações numéricas às categorias de cada uma das variáveis qualitativas, possibilitando, posteriormente, uma análise das componentes principais para as variáveis assim transformadas (MEULMAN, 1992MEULMAN, J. The integration of multidimensional scaling and multivariate analysis with optimal transformation of variables. Spychometrica, v. 57, n. 4, p. 539-565, 1992 http://dx.doi.org/10.1007/BF02294419 .
http://dx.doi.org/10.1007/BF02294419 ...
, 1998MEULMAN, J. J Optimal scaling methods for multivariate categorical data analysis.Chicago: SPSS, 1998. p. 1-12 (SPSS White Paper). .). Os valores numéricos atribuídos a cada uma das classes das variáveis originais são definidos por um procedimento interativo denominado método dos mínimos quadrados alternado, de tal modo que as quantificações numéricas possuam propriedades métricas (MEULMAN, 1992MEULMAN, J. The integration of multidimensional scaling and multivariate analysis with optimal transformation of variables. Spychometrica, v. 57, n. 4, p. 539-565, 1992 http://dx.doi.org/10.1007/BF02294419 .
http://dx.doi.org/10.1007/BF02294419 ...
, 1998MEULMAN, J. J Optimal scaling methods for multivariate categorical data analysis.Chicago: SPSS, 1998. p. 1-12 (SPSS White Paper). .; MEULMAN; VAN DER KOOIJ; HEISER, 2004MEULMAN, J. J.; VAN DER KOOIJ, A. J.; HEISER, W. J. Principal components analysis with nonlinear optimal scaling transformations for ordinal and nominal data. In: KAPLAN, D. (Ed). Handbook of quantitative methods in the social sciences. Newbury Park: Sage, 2004. p. 49-70 http://dx.doi.org/10.4135/9781412986311.n3 .
http://dx.doi.org/10.4135/9781412986311...
; MOROCO, 2003MOROCO, J. Análise estatística com utilização do SPSS. Lisboa: Sílabo, 2003. p. 824 PMid:22390502 PMCid:PMC3487676. .).

O procedimento de análise dos dados consistiu na realização de etapas:

• Redução do número de variáveis de cada um dos constructos por meio da CATPCA. Para esta etapa, foram adotados os seguintes parâmetros para a realização da CATPCA, conforme ilustra o Quadro 5.

Quadro 5.
Parâmetros adotados para a realização da CATPCA.

• Aplicação da CATPCA aos quatro constructos simultâneos a fim de se identificar possíveis relações entre as Influências Exógenas dos Stakeholders (variável latente) e a Governança Corporativa (variável latente). Os critérios usados na CATPCA desta fase foram os mesmos ilustrados no Quadro 5.

• Validação da Hipótese central do trabalho.

4 Resultados e discussão

Cento e duas empresas (52% do total) retornaram os questionários totalmente preenchidos (Quadro 1). Desta forma, foram excluídos quarenta e sete casos. A Tabela 1 resume as estatísticas descritivas da amostra final, tratada e readequada.

Tabela 1.
Estatística Descritiva da amostra tratada.

4.1 Redução das variáveis de cada constructo

Na Tabela 2, mostra-se que a política pública tende a exercer maior influência (14) sobre as organizações para a implantação da P+L, seguida de 10 influências exógenas dos agentes econômicos e apenas 4 exercidas pela sociedade, que serão explicadas em seguida.

Tabela 2.
Redução do número de variáveis por constructo, influências e princípios, variância respectiva e taxa de redução das variáveis.

O constructo Políticas Públicas foi composto por 14 influências, distribuídas em 4 componentes e representando 57,3% da variância total (Tabela 2). Os dados mostram que:

  1. (i) 5 influências estão associadas a estímulos e penalizações financeiras sobre as organizações para implementação da P+L: PP2 - redução de impostos (WANGLER, 2012WANGLER, L. U The political economy of the green technology sector: a study about institutions, diffusion and efficiency. European Journal of Law and Economics, v. 33, n. 1, p. 51-81, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-9149-z .
    http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-914...
    ), PP5 - indenização sobre a extração de recursos naturais (HAUBRICH, 2004), PP12 - taxação sobre emissões de carbono (SCANDIZZO; KNUDSEN, 2012SCANDIZZO, P. L.; KNUDSEN, O. K Risk management and regulation compliance with tradable permits under dynamic uncertainty. European Journal of Law and Economics, v. 33, n. 1, p. 127-157, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-9140-8 .
    http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-914...
    ) e PP13 - despejo de efluentes poluidores (LYON; JOHN, 2003LYON, T. P.; JOHN, W. M Self-regulation, taxation, and public voluntary environmental agreements. Journal of Public Economics, v. 87, n. 7, p. 1453-86, 2003 http://dx.doi.org/10.1016/S0047-2727(01)00221-3 .
    http://dx.doi.org/10.1016/S0047-2727(01)...
    ), e PP22 - avaliação da compra de produtos ecológicos (LEE, 2006LEE, M. Environmental economics: a market failure approach to the commerce clause. The Yale Law Journal, v. 116, n. 2, p. 456-492, 2006 http://dx.doi.org/10.2307/20455725 .
    http://dx.doi.org/10.2307/20455725...
    ).

  2. (ii) 4 influências visam disseminar a educação ambiental para as indústrias: PP6 - transparecer ações ambientais (VACCARO; ECHEVERRI, 2010VACCARO, A.; ECHEVERRI, D. P Corporate transparency and green management. Journal of Business Ethics, v. 95, n. 3, p. 487-506, 2010 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-010-0435-z .
    http://dx.doi.org/10.1007/s10551-010-043...
    ) e PP16,17,20 - estimular a conscientização (YARIME et al., 2012YARIME, M. et al. Establishing sustainability science in higher education institutions: towards an integration of academic development, institutionalization, and stakeholder collaborations. Sustainability Science, v. 7, n. 1, p. 101-113, 2012 Supplement .).

  3. (iii) 3 influências objetivam auditar a produção: PP3,14 - exigência de tecnologias limpas (WANGLER, 2012WANGLER, L. U The political economy of the green technology sector: a study about institutions, diffusion and efficiency. European Journal of Law and Economics, v. 33, n. 1, p. 51-81, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-9149-z .
    http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-914...
    ) e PP11 - monitoração ambiental (DÉNIZ-DÉNIZ; GARCIA-FALCON, 2002DÉNIZ-DÉNIZ, M. C.; GARCIA-FALCON, J. M Determinants of the multinationals' social response. Empirical application to international companies operating in Spain. Journal of Business Ethics, v. 38, n. 4, p. 339-370, 2002 http://dx.doi.org/10.1023/A:1016061629745 .
    http://dx.doi.org/10.1023/A:101606162974...
    ).

  4. (iv) 2 influências visam criar legislação para o controle ambiental: PP9 - com tribunal arbitral (LIMA, 2010LIMA, B. A arbitrabilidade do dano ambiental. São Paulo: Atlas, 2010. p. 190.) para o PP15 - o controle dos agentes poluidores (SEIFFERT, 2010SEIFFERT, M. E. B. Gestão ambiental: instrumentos, esferas e ação e educação ambiental. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 390.).

O constructo Agentes Econômicos foi composto por 10 influências, distribuídas em 4 fatores, representando uma variância acumulada total de 55,5%. Os dados apontam que:

  1. (i) 4 influências mencionam que a P+L resulta em vantagem econômica: ECO2 - geração de valor em marca e reputação (ZAMAGNI, 2009ZAMAGNI, S. The lesson and warning of a crisis foretold: a political economy approach. Internacional Review Economics, v. 56, n. 3, p. 315-334, 2009 http://dx.doi.org/10.1007/s12232-009-0080-y .
    http://dx.doi.org/10.1007/s12232-009-008...
    ), ECO3 - redução de desperdícios (KNIGHT; JENKINS, 2009KNIGHT, P.; JENKINS, J. Adopting and apllying eco-design techniques: a practitioners perspective. Journal of Cleaner Production, v. 17, n. 5, p. 549-558, 2009 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.10.002 .
    http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2008...
    ), ECO5 - facilidade de financiamento (BHATTACHARYYA, 2007BHATTACHARYYA, S. C The White Paper on energy: will it really meet the United Kingdom's energy challenge? . International Journal of Energy Sector Management, v. 1, n. 4, p. 413-424, 2007 http://dx.doi.org/10.1108/17506220710836101 .
    http://dx.doi.org/10.1108/17506220710836...
    ); e ECO7- facilidade do uso de (MDL)( LI; COLOMBIER, 2011LI, J.; COLOMBIER, M. Economic instruments for mitigating carbon emissions: scaling up carbon finance in China's buildings sector. Climatic Change, v. 107, n. 3-4, p. 567-591, 2011 http://dx.doi.org/10.1007/s10584-010-9970-y .
    http://dx.doi.org/10.1007/s10584-010-997...
    ).

  2. (ii) 3 influências visam à economia ecológica: ECO1,9 - o custo ambiental é considerado investimento (ZAHARIA; ZAHARIA, 2012ZAHARIA, C.; ZAHARIA, I. The dyanamics of ecologic-economic systems and the social value of the environmental. Economics, Management, and Financial Markets, v. 7, n. 1, p. 114-119, 2012.) com ECO10 - ações preventivas nas decisões (PETER; HENRIËTTE, 2010PETER, K.; HENRIËTTE, P. What does behavioral economics mean for policy? Challenges to savings and health policies in the Netherlands. De Economist, v. 158, n. 2, p. 101-122, 2010 http://dx.doi.org/10.1007/s10645-010-9141-6 .
    http://dx.doi.org/10.1007/s10645-010-914...
    ).

  3. (iii) 3 influências visam transparecer a economia ecológica aos stakeholders: ECO11 -suavizar o preço dos produtos (EHRENFELD, 2005) e ECO15,16 - uso de indicadores para mostrar o custo ambiental (DOW JONES..., 2013DOW JONES SUSTAINABILITY INDEXES. Dow Jones Sustainability Emerging Markets Index Guide Book. 2013. Disponível em: <http://www.sustainability-indices.com/images/djsi-emerging-markets-guidebook.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2014.
    http://www.sustainability-indices.com/im...
    ).

O constructo Sociedade foi composto por 4 indicadores, distribuídos em 2 fatores, representando uma variância de 69,2% (Tabela 2), que visa: SOC2 - mudança para o comportamento ambiental (PICKETT-BAKER; OZAKI, 2008PICKETT-BAKER, J.; OZAKI, R. Pro-environmental products: marketing influence on consumer purchase. Journal of Consumer Marketing, v. 25, n. 5, p. 281-293, 2008.), podendo até SOC5 - denunciar práticas enganosas (CHITAKORNKIJSIL, 2012CHITAKORNKIJSIL, P. Brand integrity, advertising and marketing ethics as well as social responsibility. International Journal of Organizational Innovation, v. 4, n. 4, p. 109-130, 2012.).

O constructo Governança Corporativa, composto por 9 indicadores, distribuídos em 3 componentes principais, com variância acumulada de 63,9% (Tabela 2) mostram que:

  1. (i) 4 influências visam transparecer educação ambiental para os stakeholders por meio do GC10 - relatório de sustentabilidade (GLASS, 2012GLASS, J. The state of sustainability reporting in the construction sector. Smart and Sustainable Built Environment, v. 1, n. 1, p. 87-104, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/20466091211227070 .
    http://dx.doi.org/10.1108/20466091211227...
    ) das ações de GC1 - produção ecológica (YU, 2012YU, J. Biorefinery of sweet sorghum stem. Biotechnology Advances, v. 30, n. 4, p. 811-816, 2012 PMid:22306167. http://dx.doi.org/10.1016/j.biotechadv.2012.01.014 .
    http://dx.doi.org/10.1016/j.biotechadv.2...
    ), GC2 - ecotimes (NEVENS et al., 2008NEVENS, F. et al. 'On tomorrow's grounds', Flemish agriculture in 2030: a case of participatory translation of sustainability principles into a vision for the future. Journal of Clean Production, v. 16, n. 10, p. 1062-1070, 2008 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007.06.007 .
    http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007...
    ), porque GC15 - os clientes estão mais críticos e dispostos a comprar produtos ecológicos (CARRETE et al, 2012CARRETE, L. et al. Green consumer behavior in an emerging economy: confusion, credibility, and compatibility. The Journal of Consumer Marketing, v. 29, n. 7, p. 470-481, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/07363761211274983 .
    http://dx.doi.org/10.1108/07363761211274...
    ).

  2. (ii) 3 influências visam à certificação: GC11 - ISO 14001(RADU, 2012RADU, M. Corporate governance, internal audit and environmental audit: the performance tools in romanian companies. Accounting and Management Information Systems, v. 11, n. 1, p. 112-130, 2012.), GC12 - rotulagem ambiental (ABBOTT; SNIDAL, 2010ABBOTT, K. W.; SNIDAL, D. International regulation without international government: improving IO performance through orchestration. The Review of International Organizations, v. 5, n. 3, p. 315-344, 2010 http://dx.doi.org/10.1007/s11558-010-9092-3 .
    http://dx.doi.org/10.1007/s11558-010-909...
    ) e GC13 - (AA1000) para inclusão dos stakeholders nas decisões (ACCOUNTABILITY, 2003ACCOUNTABILITY. AA1000 Assurance Standard. London: Accountability, 2003.).

  3. (iii) 2 influências impulsionam a estruturação do departamento de gestão ambiental (TRIPATHY, 2011TRIPATHY, D. P Environmental auditing for sustainable development of indian industries. Asian Journal of Water, Environment and Pollution, v. 8, n. 4, p. 9-20, 2011.) para GC4 - realizar auditorias (RADU, 2012RADU, M. Corporate governance, internal audit and environmental audit: the performance tools in romanian companies. Accounting and Management Information Systems, v. 11, n. 1, p. 112-130, 2012.).

Por fim, os critérios adotados no Quadro 1 para redução de variáveis para a CATPCA foram considerados suficientes para a realização da CATPCA sistêmica, objeto seguinte de discussão que visa compreender as possíveis relações entre as influências dos stakeholders e as práticas de Governança Corporativa.

4.2 Identificação de relações entre Influências Exógenas dos Stakeholderse Governança Corporativa

A Tabela 3 ilustra as cargas dos componentes principais para a análise sistêmica entre os constructos relativos às influências exógenas dos Stakeholders e a Governança corporativa.

Tabela 3.
CATPCA sistêmica entre Influências Exógenas dos Stakeholders e Governança Corporativa, contemplando os indicadores e as componentes principais.

Observando a Tabela 3, pode-se perceber que somente o primeiro componente principal evidencia possíveis relações entre Influências Exógenas dos Stakeholders e Governança Corporativa, de acordo com os critérios estabelecidos na parametrização da CATPCA. Segundo Lattin, Carrol e Green (2003) LATTIN, J.; CARROLL, J. D.; GREEN, P E. Analysing multivariate data. Pacific Grove: Thomson Learning, 2003. p. 556., a CATPCA foi utilizada com um propósito exploratório para reduzir as variáveis em influências ou componentes principais que expliquem a maior parcela da variância da massa de dados originais (LATTIN; CARROL; GREEN, 2003LATTIN, J.; CARROLL, J. D.; GREEN, P E. Analysing multivariate data. Pacific Grove: Thomson Learning, 2003. p. 556.). Apesar de corresponder a apenas 27,% da variância total, fornece indícios que merecem ser mais bem analisados. As interpretações que se pode inferir da Tabela 3 são as seguintes:

I: Sempre que os respondentes da pesquisa apontaram que as influências SOC4; PP22 e PP12 eram importantes para a sua organização, os princípios da governança corporativa GC12; GC13e GC15 apareceram como sendo adotados por essa organização.

Dessa forma, mostrou-se na presente pesquisa que as influências exógenas (i) SOC4 - a sociedade visa denunciar práticas enganosas (LEVITT; LIST, 2007LEVITT, S. D.; LIST, J. A What do laboratory experiments measuring social preferences reveal about the real world? .The Journal of Economic Perspectives, v. 21, n. 2, p. 153-174, 2007 http://dx.doi.org/10.1257/jep.21.2.153 .
http://dx.doi.org/10.1257/jep.21.2.153...
); (ii) PP12 - a política pública visa taxar as emissões de gás carbônico (QU; QU, 2011QU, D.; QU, J. Research on the priority of environmental tort obligation in bankrupt enterprises under the background of low carbon economy. Journal of Sustainable Development, v. 4, n. 2, p. 150-153, 2011 http://dx.doi.org/10.5539/jsd.v4n2p150 .
http://dx.doi.org/10.5539/jsd.v4n2p150...
); e (iii) PP22 - a política pública tende a avaliar a compra de produtos ecológicos, que (LEE, 2006LEE, M. Environmental economics: a market failure approach to the commerce clause. The Yale Law Journal, v. 116, n. 2, p. 456-492, 2006 http://dx.doi.org/10.2307/20455725 .
http://dx.doi.org/10.2307/20455725...
) impulsionam diretamente a adoção de normas pela empresa GC12 - de rotulagem ambiental (INTERNATIONAL..., 2004IINTERNATIONAL ORGANIZATION FOR, STANDARDIZATION - ISO. ISO 14001:2004: environmental management systems: requirements with guidance for use. Geneva: ISO, 2004.) para garantir que os produtos e serviços sejam comercializados (ABBOTT; SNIDAL, 2010ABBOTT, K. W.; SNIDAL, D. International regulation without international government: improving IO performance through orchestration. The Review of International Organizations, v. 5, n. 3, p. 315-344, 2010 http://dx.doi.org/10.1007/s11558-010-9092-3 .
http://dx.doi.org/10.1007/s11558-010-909...
) e GC13 - a inclusão dos stakeholders nas decisões (ACCOUNTABILITY, 2003ACCOUNTABILITY. AA1000 Assurance Standard. London: Accountability, 2003.). Além disso, o cliente que denuncia práticas enganosas e a taxação pela política pública das emissões de gás carbônico faz com que a empresa estude melhor o comportamento do consumidor por meio de GC15 - avaliações sobre o potencial de compra de produtos ecológicos (CARRETE et al., 2012CARRETE, L. et al. Green consumer behavior in an emerging economy: confusion, credibility, and compatibility. The Journal of Consumer Marketing, v. 29, n. 7, p. 470-481, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/07363761211274983 .
http://dx.doi.org/10.1108/07363761211274...
).

II: Sempre que os respondentes indicaram que as influências ECO2; SOC2 e ECO7 eram importantes para a sua organização, os princípios da governança corporativa GC3; GC10 apareceram como sendo adotados por essa organização. O sinal negativo não reflete comportamento menos valorizado, mas apenas que existe uma relação entre eles.

Os resultados apontaram três outras influências exógenas, a saber: (i) ECO2 - pressão dos acionistas para a implementação da P+L com foco na geração de valor em marca e reputação (ZAMAGNI, 2009ZAMAGNI, S. The lesson and warning of a crisis foretold: a political economy approach. Internacional Review Economics, v. 56, n. 3, p. 315-334, 2009 http://dx.doi.org/10.1007/s12232-009-0080-y .
http://dx.doi.org/10.1007/s12232-009-008...
); (ii) SOC2 - comportamento ambiental da sociedade para compra (PICKETT-BAKER; OZAKI, 2008PICKETT-BAKER, J.; OZAKI, R. Pro-environmental products: marketing influence on consumer purchase. Journal of Consumer Marketing, v. 25, n. 5, p. 281-293, 2008.); e a (iii) ECO7 - facilidade no financiamento de baixo custo para adoção de MDL (GOMEZ-BAGGETHUN; RUIZ-PEREZ, 2011GOMEZ-BAGGETHUN, E.; RUIZ-PEREZ, M. Economic valuation and the commodification of ecosystem services. Progress in Physical Geography, v. 35, n. 5, p. 613-628, 2011 http://dx.doi.org/10.1177/0309133311421708 .
http://dx.doi.org/10.1177/03091333114217...
) para transferência de tecnologia limpa visando à adoção de P+L (LI; COLOMBIER, 2011LI, J.; COLOMBIER, M. Economic instruments for mitigating carbon emissions: scaling up carbon finance in China's buildings sector. Climatic Change, v. 107, n. 3-4, p. 567-591, 2011 http://dx.doi.org/10.1007/s10584-010-9970-y .
http://dx.doi.org/10.1007/s10584-010-997...
) impulsionam diretamente a GC3 - existência de departamento ambiental para reduzir riscos ambientais (TRIPATHY, 2011TRIPATHY, D. P Environmental auditing for sustainable development of indian industries. Asian Journal of Water, Environment and Pollution, v. 8, n. 4, p. 9-20, 2011.) para disseminação da transparência ambiental por meio do relatório de sustentabilidade (GLASS, 2012GLASS, J. The state of sustainability reporting in the construction sector. Smart and Sustainable Built Environment, v. 1, n. 1, p. 87-104, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/20466091211227070 .
http://dx.doi.org/10.1108/20466091211227...
).

Para validar a hipótese central deste trabalho, seguiu-se a consecução da etapa 3.

4.3 Validação da hipótese central do trabalho

Os resultados apresentados na CATPCA da Etapa 2, visando testar a hipótese central (a citar: os stakeholders influenciam positivamente a governança corporativa das empresas que adotam práticas de P+L em seus sistemas de produção), possibilitou desdobrá-la em duas outras hipóteses (H1a e H1b), conforme ilustrado na Figura 3.

Figura 3.
Desdobramento da hipótese central em duas hipóteses.

Para mensuração das variáveis latentes, adotou-se como indicador quantitativo a pontuação de cada caso referente ao primeiro componente principal da respectiva variável latente. A Tabela 4 ilustra as estatísticas dos componentes gerados para geração dos indicadores das variáveis latentes.

Tabela 4.
Caracterização do Primeiro Componente Principal para mensuração das variáveis latentes.

A geração destes índices quantitativos permitiu que fosse realizada uma regressão linear para validar os relacionamentos ilustrados na Figura 3 (hipóteses h1a e h1b). A Figura 4, a seguir, ilustra a análise estrutural final que procurou validar a hipótese central do trabalho.

Figura 4.
Resultados da análise de regressão com relação à influência exógena dos stakeholders na governança corporativa que impulsionam a implantação de P+L.

As duas hipóteses foram validadas significativamente (Figura 4), porém ambos os modelos apresentaram um coeficiente de determinação (R2) baixo, principalmente para a hipótese H1b (R2=0,26), denotando apenas tendência no contexto brasileiro, em que os stakeholders influenciam na determinação de uma política de governança corporativa que esteja alinhada aos princípios sustentáveis da P+L. Esse achado corrobora com alguns estudos internacionais, que relatam que ainda consiste em assunto em discussão, denotando tendência, em que apontam projeções (ARAS; CROWTHER, 2008ARAS, G.; CROWTHER, D. Governance and sustainability: an investigation into the relationship between corporate governance and corporate sustainability. Management Decision, v. 46, n. 3, p. 433-448, 2008 http://dx.doi.org/10.1108/00251740810863870 .
http://dx.doi.org/10.1108/00251740810863...
; ZHANG et al., 2008ZHANG, B. et al. Why do firms engage in environmental management? An empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 16, n. 10, p. 1036-1045, 2008 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007.06.016 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007...
; MAON; LINDGREEN; VALÉRIE SWAEN, 2010MAON, F.; LINDGREEN, A.; VALÉRIE SWAEN, V. Organizational stages and cultural phases: a critical review and a consolidative model of corporate social responsibility development. International Journal of Management Reviews, v. 12, n. 1, p. 20-38, 2010 http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-2370.2009.00278.x .
http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-2370.20...
; NAVICKAS; KONTAUTIENE, 2011NAVICKAS, V.; KONTAUTIENE, R. Strategical perspective of corporate environmental policy. Organizacija, v. 44, n. 6, p. 179-184, 2011 http://dx.doi.org/10.2478/v10051-011-0019-4 .
http://dx.doi.org/10.2478/v10051-011-001...
) e também trabalhos nacionais (COUTINHO; MACEDO-SOARES, 2002COUTINHO, R. B. G.; MACEDO-SOARES, T. D L. A. Gestão estratégica com responsabilidade social: arcabouço analítico para auxiliar sua implementação em empresas no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, v. 6, n. 3, p. 75-96, 2002 http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002000300005 .
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002...
; SAUERBRONN; SAUERBRONN, 2011SAUERBRONN, F. F.; SAUERBRONN, J. F R. Estratégias de responsabilidade social e esfera pública: um debate sobre stakeholders e dimensões sociopolíticas de ações empresariais. Revista de Administração Pública, v. 45, n. 2, p. 435-58, 2011 http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011000200007 .
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011...
; ANGELO et al., 2012ANGELO, F. D. et al. Towards a strategic CSR: a Brazilian case study. Business Strategy Series, v. 13, n. 5, p. 224-238, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264104 .
http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264...
; JABBOUR et al., 2012JABBOUR, C. J. C. et al. Organizations and the United Nations Millennium Development Goals: evidence from some of the largest companies in Brazil. Humanomics, v. 28, n. 1, p. 26-41, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/08288661211200979 .
http://dx.doi.org/10.1108/08288661211200...
). Entretanto, o governo chinês parece estar mais adiantado por já ter desenvolvido orientações para as empresas mais poluidoras e principalmente proibir empresas de industrializar (SHANGHAI..., 2009SHANGHAI Economic Commission. Guidance to Manufacturing Industry Development: GMID. 2009. Disponível em: <http://www.shec.gov.cn>.
http://www.shec.gov.cn...
; ZENG et al., 2010ZENG, S. X. et al. Towards corporate environmental information disclosure: an empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 18, n. 12, p. 1142-1148, 2010 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010.04.005 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010...
), com destaque para o gap de pesquisa com o objetivo de identificar quais são os principais influenciadores de uma governança corporativa para determinação da P+L (ZENG et al., 2010ZENG, S. X. et al. Towards corporate environmental information disclosure: an empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 18, n. 12, p. 1142-1148, 2010 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010.04.005 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010...
). Para esse gap, constatou-se que no contexto brasileiro os influenciadores são: política pública, agentes econômicos e sociedade. O estudo de Ortas, Burritt e Moneva (2013) ORTAS, E.; BURRITT, R. L.; MONEVA, J. M Socially Responsible Investment and cleaner production in the Asia Pacific: does it pay to be good? . Journal of Cleaner Production, v. 52, n. 1, p. 272-280, 2013 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.02.024 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2013...
também corrobora com os resultados deste trabalho, em que as influências dos stakeholders variam entre países, que geralmente estão associados à disponibilidade de capital dos governos e agentes econômicos para investimentos, ou então maior facilidade de financiamento pelo governo e, principalmente, as inovações em tecnologias limpas financiadas pelos empresários e governantes.

Nos trabalhos brasileiros, constatou-se que as empresas precisam considerar as informações dos stakeholders (a citar: governos, sociedade e agentes econômicos) nas decisões funcionais formuladas pela governança corporativa. Para isso, sugere treinar os ecotimes para redução da poluição no sistema de produção (COUTINHO; MACEDO-SOARES, 2002COUTINHO, R. B. G.; MACEDO-SOARES, T. D L. A. Gestão estratégica com responsabilidade social: arcabouço analítico para auxiliar sua implementação em empresas no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, v. 6, n. 3, p. 75-96, 2002 http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002000300005 .
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002...
; SAUERBRONN; SAUERBRONN, 2011SAUERBRONN, F. F.; SAUERBRONN, J. F R. Estratégias de responsabilidade social e esfera pública: um debate sobre stakeholders e dimensões sociopolíticas de ações empresariais. Revista de Administração Pública, v. 45, n. 2, p. 435-58, 2011 http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011000200007 .
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011...
), como a operacionalização da gestão de resíduos realizados no serviço de transporte (ANGELO et al., 2012ANGELO, F. D. et al. Towards a strategic CSR: a Brazilian case study. Business Strategy Series, v. 13, n. 5, p. 224-238, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264104 .
http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264...
). Entretanto, as seis empresas brasileiras pesquisadas tinham pelo menos a formação de ecotimes no sistema produtivo, porém em apenas uma empresa havia operacionalização de P+L com projeção de expansão para os fornecedores, denotando incipiência de ação e oportunidade significativa para o engajamento socioambiental.

É possível verificar as variáveis com maior carga do componente principal que determinam a variável latente (Figura 4). No caso da hipótese H1a, percebe-se que a variável PP12 é a que possui maior carga do componente principal, seguida de SOC4 e PP22, na definição da variável latente influências exógenas dos stakeholders. Portanto, para as empresas pesquisadas, a principal influência exógena da PP para implementar P+L consiste na taxação das emissões de carbono (SCANDIZZO; KNUDSEN, 2012SCANDIZZO, P. L.; KNUDSEN, O. K Risk management and regulation compliance with tradable permits under dynamic uncertainty. European Journal of Law and Economics, v. 33, n. 1, p. 127-157, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-9140-8 .
http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-914...
), que permite conceber compensação financeira pela venda de certificados e redução de impostos a pagar (LUSTOSA, 2010LUSTOSA, M. C. J. Industrialização, meio ambiente, inovação e competitividade. In: MAY, H. P. Economia do meio ambiente: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 205-220.), seguido do risco de denúncias de práticas enganosas pela sociedade (LEVITT; LIST, 2007LEVITT, S. D.; LIST, J. A What do laboratory experiments measuring social preferences reveal about the real world? .The Journal of Economic Perspectives, v. 21, n. 2, p. 153-174, 2007 http://dx.doi.org/10.1257/jep.21.2.153 .
http://dx.doi.org/10.1257/jep.21.2.153...
), que tende a proporcionar aumento da venda de produtos ecológicos (LEE, 2006LEE, M. Environmental economics: a market failure approach to the commerce clause. The Yale Law Journal, v. 116, n. 2, p. 456-492, 2006 http://dx.doi.org/10.2307/20455725 .
http://dx.doi.org/10.2307/20455725...
).

Ainda, referente à hipótese H1a, relativo à definição da variável latente governança corporativa, percebe-se que a variável GC12 é a que possui maior carga do componente principal, seguida de GC13 e GC15. Portanto tem-se que as influências exógenas dos stakeholders tendem a impulsionar mudanças endógenas na governança, primeiro para certificação de normas que visam à rotulagem ambiental (INTERNATIONAL..., 2004IINTERNATIONAL ORGANIZATION FOR, STANDARDIZATION - ISO. ISO 14001:2004: environmental management systems: requirements with guidance for use. Geneva: ISO, 2004.), seguida da certificação que visa à inclusão dos stakeholders nas decisões (ACCOUNTABILITY, 2003ACCOUNTABILITY. AA1000 Assurance Standard. London: Accountability, 2003.) e, por fim, a sociedade tende a ser mais crítica e ter mais disposição para comprar produtos ecológicos (CARRETE et al., 2012CARRETE, L. et al. Green consumer behavior in an emerging economy: confusion, credibility, and compatibility. The Journal of Consumer Marketing, v. 29, n. 7, p. 470-481, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/07363761211274983 .
http://dx.doi.org/10.1108/07363761211274...
).

Para a hipótese H1b, percebe-se que a variável SOC2 é a que possui maior carga do componente principal, seguida de ECO7 e ECO2, na definição da variável latente influências exógenas dos stakeholders. Portanto, estima-se que a influência mais relevante da H1b é que a sociedade está aderindo a valores ambientais e isso tende a modificar o comportamento de compra (PICKETT-BAKER; OZAKI, 2008PICKETT-BAKER, J.; OZAKI, R. Pro-environmental products: marketing influence on consumer purchase. Journal of Consumer Marketing, v. 25, n. 5, p. 281-293, 2008.), mas a organização que aderir à P+L poderá ter facilidade no uso de MDL (GOMEZ-BAGGETHUN; RUIZ-PEREZ, 2011GOMEZ-BAGGETHUN, E.; RUIZ-PEREZ, M. Economic valuation and the commodification of ecosystem services. Progress in Physical Geography, v. 35, n. 5, p. 613-628, 2011 http://dx.doi.org/10.1177/0309133311421708 .
http://dx.doi.org/10.1177/03091333114217...
) para realizar financiamentos a baixo custo (LI; COLOMBIER, 2011LI, J.; COLOMBIER, M. Economic instruments for mitigating carbon emissions: scaling up carbon finance in China's buildings sector. Climatic Change, v. 107, n. 3-4, p. 567-591, 2011 http://dx.doi.org/10.1007/s10584-010-9970-y .
http://dx.doi.org/10.1007/s10584-010-997...
) e a criação de valor para os acionistas, em relação à marca e à reputação (ZAMAGNI, 2009ZAMAGNI, S. The lesson and warning of a crisis foretold: a political economy approach. Internacional Review Economics, v. 56, n. 3, p. 315-334, 2009 http://dx.doi.org/10.1007/s12232-009-0080-y .
http://dx.doi.org/10.1007/s12232-009-008...
).

Na definição da variável latente governança corporativa, percebe-se que a variável GC3 possui a mesma carga da variável GC10. Este comportamento, de certo modo, pode ser explicado pela baixa quantidade de variáveis e a limitação da escala dicotômica utilizada. Portanto, as influências exógenas dos stakeholders tendem a impulsionar a empresa a ter em sua estrutura um departamento para gestão ambiental (TRIPATHY, 2011TRIPATHY, D. P Environmental auditing for sustainable development of indian industries. Asian Journal of Water, Environment and Pollution, v. 8, n. 4, p. 9-20, 2011.), bem como a desenvolver relatórios de sustentabilidade para promover comunicação transparente com os stakeholders (GLASS, 2012GLASS, J. The state of sustainability reporting in the construction sector. Smart and Sustainable Built Environment, v. 1, n. 1, p. 87-104, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/20466091211227070 .
http://dx.doi.org/10.1108/20466091211227...
).

5 Considerações finais

Portanto, a política pública tende a taxar emissões de carbono das empresas e, para as empresas idôneas à sustentabilidade, facilitar o financiamento a custo baixo para incentivar o desenvolvimento de projetos ecológicos; os agentes econômicos tendem a compreender a importância de produzir bens menos poluidores, além de ter que obedecer a leis ambientais com risco de autuação; e a sociedade tende a aderir ao comportamento de compra ecológica, além de denunciar práticas enganosas das empresas. Essas influências exógenas tendem a alterar os princípios da governança corporativa, que tende a considerar as opiniões dos stakeholders e melhorar a comunicação por meio do relatório de sustentabilidade, principalmente em relação à disposição de comprar produtos ecológicos dos clientes, direciona a implantação de departamento para gestão ambiental com adesão à rotulagem ambiental. Essa mudança no princípio da governança corporativa tende a impulsionar mudanças endógenas e incrementais no sistema de produção, direcionando a implantação de P+L.

Os resultados deste trabalho corroboram com outros estudos internacionais (O'ROURKE, 2003O'ROURKE, A. The message and methods of ethical investment. Journal of Cleaner Production, v. 11, n. 6, p. 683-693, 2003 http://dx.doi.org/10.1016/S0959-6526(02)00105-1 .
http://dx.doi.org/10.1016/S0959-6526(02)...
; MIRVIS; GOOGINS, 2006MIRVIS, P.; GOOGINS, B. Stages of corporate citizenship. California Management Review, v. 48, n. 1, p. 104-126, 2006 http://dx.doi.org/10.2307/41166340 .
http://dx.doi.org/10.2307/41166340...
; ZHANG et al., 2008ZHANG, B. et al. Why do firms engage in environmental management? An empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 16, n. 10, p. 1036-1045, 2008 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007.06.016 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007...
; SHANGHAI..., 2009SHANGHAI Economic Commission. Guidance to Manufacturing Industry Development: GMID. 2009. Disponível em: <http://www.shec.gov.cn>.
http://www.shec.gov.cn...
; ZENG et al.,2010ZENG, S. X. et al. Towards corporate environmental information disclosure: an empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 18, n. 12, p. 1142-1148, 2010 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010.04.005 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010...
; MAON; LINDGREEN; VALÉRIE SWAEN, 2010MAON, F.; LINDGREEN, A.; VALÉRIE SWAEN, V. Organizational stages and cultural phases: a critical review and a consolidative model of corporate social responsibility development. International Journal of Management Reviews, v. 12, n. 1, p. 20-38, 2010 http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-2370.2009.00278.x .
http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-2370.20...
; NAVICKAS; KONTAUTIENE, 2011NAVICKAS, V.; KONTAUTIENE, R. Strategical perspective of corporate environmental policy. Organizacija, v. 44, n. 6, p. 179-184, 2011 http://dx.doi.org/10.2478/v10051-011-0019-4 .
http://dx.doi.org/10.2478/v10051-011-001...
; ORTAS; BURRITT; MONEVA, 2013ORTAS, E.; BURRITT, R. L.; MONEVA, J. M Socially Responsible Investment and cleaner production in the Asia Pacific: does it pay to be good? . Journal of Cleaner Production, v. 52, n. 1, p. 272-280, 2013 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.02.024 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2013...
) e nacionais (COUTINHO; MACEDO-SOARES, 2002COUTINHO, R. B. G.; MACEDO-SOARES, T. D L. A. Gestão estratégica com responsabilidade social: arcabouço analítico para auxiliar sua implementação em empresas no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, v. 6, n. 3, p. 75-96, 2002 http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002000300005 .
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002...
; SAUERBRONN; SAUERBRONN, 2011SAUERBRONN, F. F.; SAUERBRONN, J. F R. Estratégias de responsabilidade social e esfera pública: um debate sobre stakeholders e dimensões sociopolíticas de ações empresariais. Revista de Administração Pública, v. 45, n. 2, p. 435-58, 2011 http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011000200007 .
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011...
; ANGELO et al., 2012ANGELO, F. D. et al. Towards a strategic CSR: a Brazilian case study. Business Strategy Series, v. 13, n. 5, p. 224-238, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264104 .
http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264...
; JABBOUR et al., 2012JABBOUR, C. J. C. et al. Organizations and the United Nations Millennium Development Goals: evidence from some of the largest companies in Brazil. Humanomics, v. 28, n. 1, p. 26-41, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/08288661211200979 .
http://dx.doi.org/10.1108/08288661211200...
), tornando possível afirmar que este assunto ainda se encontra em discussão e, principalmente, de que o governo é o responsável por promover a conscientização e criação de leis para reprimir ações dos empresários e sociedade para adoção de princípios de sustentabilidade. Com isso, entende-se que a governança corporativa tenderá a direcionar esforços para a P+L quando a política pública, agentes econômicos (empresários, acionistas) e sociedade exercer pressão a favor da sustentabilidade, como está ocorrendo no governo chinês.

A Lei de resíduos sólidos publicada em 2010 já norteia algumas exigências nesse sentido, mas ainda há incipiência de controle, permitindo o modismo das empresas. Outro aspecto relevante consiste na identificação dos principais influenciadores, denominados stakeholders.

Em linhas gerais, as organizações apontaram que: (i) a política pública tende a promover educação ambiental e regulação, permitindo conceder estímulos financeiros para investimento; (ii) os agentes econômicos tendem a exercer pressão para a implantação da P+L para obter ganho econômico e facilidade de investimentos para transferência de tecnologia e financiamento a baixo custo; e (iii) a sociedade tende a promover mudanças de comportamento para a compra verde, direcionando a adoção da P+L.

Estudos futuros podem avaliar as influências e princípios no nível nacional ou mesmo relacionar isso às práticas do P+L adotadas pelas empresas. Este estudo apresenta uma limitação em relação à característica de tendência, justificada porque, apesar de os gerentes ambientais entenderem a importância das mudanças de princípios dos stakeholders e de que a governança corporativa deve estar atenta a essas mudanças para introduzir mudanças endógenas na produção de bens, o Brasil ainda encontra-se em período seminal.

Referências

  • ABBOTT, K. W.; SNIDAL, D. International regulation without international government: improving IO performance through orchestration. The Review of International Organizations, v. 5, n. 3, p. 315-344, 2010 http://dx.doi.org/10.1007/s11558-010-9092-3 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s11558-010-9092-3
  • ABREU, M. C. S.; RADOS, G. J. V.; FIGUEIREDO JUNIOR, H. S As pressões ambientais da estrutura da indústria. RAE: Revista de Administração de Empresas, v. 3, n. 2, p. 2-22 2004.
  • ACCOUNTABILITY. AA1000 Assurance Standard. London: Accountability, 2003.
  • ANGELO, F. D. et al. Towards a strategic CSR: a Brazilian case study. Business Strategy Series, v. 13, n. 5, p. 224-238, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264104 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/17515631211264104
  • ARAS, G.; CROWTHER, D. Governance and sustainability: an investigation into the relationship between corporate governance and corporate sustainability. Management Decision, v. 46, n. 3, p. 433-448, 2008 http://dx.doi.org/10.1108/00251740810863870 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/00251740810863870
  • BACKER, L C. Global panopticism: states, corporations, and the governance effects of monitoring regimes. Indiana Journal of Global Legal Studies, v. 15, n. 1, p. 101-148, 2008 http://dx.doi.org/10.2979/GLS.2008.15.1.101 .
    » http://dx.doi.org/10.2979/GLS.2008.15.1.101
  • BARBIERI, J. C. et al. Inovação e sustentabilidade: novos modelos e proposições. RAE: Revista de Administração de Empresas, v. 50, n. 2, p. 146-154, 2010.
  • BHATTACHARYYA, S. C The White Paper on energy: will it really meet the United Kingdom's energy challenge? . International Journal of Energy Sector Management, v. 1, n. 4, p. 413-424, 2007 http://dx.doi.org/10.1108/17506220710836101 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/17506220710836101
  • BRATTEBO, H. Toward a methods framework for eco-efficiency analisis. Journal of Industrial Ecology, v. 9, n. 4, p. 9-11, 2005 http://dx.doi.org/10.1162/108819805775247837 .
    » http://dx.doi.org/10.1162/108819805775247837
  • BRAVO, R.; MATUTE, J.; PINA, J. M Corporate social responsibility as a vehicle to reveal the corporate identity: a study focused on the websites of spanish financial entities. Journal of Business Ethics, v. 107, n. 2, p. 129-146, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-011-1027-2 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10551-011-1027-2
  • BRITO, R. P.; BERARDI, P. C Vantagem competitiva na gestão sustentável da cadeia de suprimentos: um metaestudo. RAE: Revista de Administração de Empresas, v. 50, n. 2, p. 155-169, 2010.
  • BURRITT, R.; SAKA, C. Environmental management accounting applications and eco-efficiency: case studies from Japan. Journal of Cleaner Production, v. 14, n. 14, p. 1262-1275, 2006 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2005.08.012 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2005.08.012
  • CARRETE, L. et al. Green consumer behavior in an emerging economy: confusion, credibility, and compatibility. The Journal of Consumer Marketing, v. 29, n. 7, p. 470-481, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/07363761211274983 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/07363761211274983
  • CARVALHO, S. C Sociocultural and educational factors in the sustainability of coastal zones. Management of Environmental Quality, v. 23, n. 4, p. 362-382, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/14777831211232254 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/14777831211232254
  • CHITAKORNKIJSIL, P. Brand integrity, advertising and marketing ethics as well as social responsibility. International Journal of Organizational Innovation, v. 4, n. 4, p. 109-130, 2012.
  • CHRISTMANN, P. Multinational companies and the natural environment: determinants of global environmental policy standardization. Academy of Management Journal, v. 47, n. 5, p. 747-60, 2004 http://dx.doi.org/10.2307/20159616 .
    » http://dx.doi.org/10.2307/20159616
  • CIOCIRLAN, C. E.; YANDLE, B. The Political Economy of Green Taxation in OECD Countries. European Journal of Law and Economics, v. 15, n. 3, p. 203-218, 2003 http://dx.doi.org/10.1023/A:1023390126187 .
    » http://dx.doi.org/10.1023/A:1023390126187
  • CONRAD, C. E.; COSTELLO, A. Long-term care insurance and public policy: an analysis of obstacles to utilization. Journal of Health and Human Services Administration, v. 24, n. 3-4, p. 431-455, 2002 PMid:15002701. .
  • COUTINHO, R. B. G.; MACEDO-SOARES, T. D L. A. Gestão estratégica com responsabilidade social: arcabouço analítico para auxiliar sua implementação em empresas no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, v. 6, n. 3, p. 75-96, 2002 http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002000300005 .
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002000300005
  • DALY, H. Sustentabilidade em um mundo lotado. Scientific American Brasil, 2005. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/sciam/>. Acesso em: 5 ago. 2005.
    » http://www2.uol.com.br/sciam/
  • DÉNIZ-DÉNIZ, M. C.; GARCIA-FALCON, J. M Determinants of the multinationals' social response. Empirical application to international companies operating in Spain. Journal of Business Ethics, v. 38, n. 4, p. 339-370, 2002 http://dx.doi.org/10.1023/A:1016061629745 .
    » http://dx.doi.org/10.1023/A:1016061629745
  • DOW JONES SUSTAINABILITY INDEXES. Dow Jones Sustainability Emerging Markets Index Guide Book. 2013. Disponível em: <http://www.sustainability-indices.com/images/djsi-emerging-markets-guidebook.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2014.
    » http://www.sustainability-indices.com/images/djsi-emerging-markets-guidebook.pdf
  • EHRENFELD, J. Eco-efficiency: philosophy, theory, and tolls. Journal of Industrial Ecology, v. 9, n. 4, p. 6-8, 2005 http://dx.doi.org/10.1162/108819805775248070 .
    » http://dx.doi.org/10.1162/108819805775248070
  • ELKINGTON, J. Cannibals with forks: the triple bottom line of 21st century business. Oxford: Capstone, 1997. p. 402.
  • ELLERBROCK, M. J.; REGN, A. M toward integrating environmental and economic education: lessons from the U.S. acid rain program. Applied Environmental Education and Communication, v. 3, n. 2, p. 79-87, 2004 http://dx.doi.org/10.1080/15330150490444223 .
    » http://dx.doi.org/10.1080/15330150490444223
  • FARLEY, J. Conservation through the economics lens. Environmental Management, v. 45, n. 1, p. 26-38, 2010 PMid:19224276. http://dx.doi.org/10.1007/s00267-008-9232-1 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s00267-008-9232-1
  • FORZA, C. Survey research in operation management: a process-based perspective. International Journal of Operation & Production Management, v. 22, n. 2, p. 152-194, 2002 http://dx.doi.org/10.1108/01443570210414310 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/01443570210414310
  • FREEMAN, I.; HASNAOUI, A. The meaning of corporate social responsibility: the vision of four nations. Journal of Business Ethics, v. 100, n. 3, p. 419-443, 2011 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-010-0688-6 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10551-010-0688-6
  • FREEMAN, S. Capitalism in the classical and high liberal traditions. Social Philosophy & Policy, v. 28, n. 2, p. 19-55, 2011 http://dx.doi.org/10.1017/S0265052510000208 .
    » http://dx.doi.org/10.1017/S0265052510000208
  • FREEMAN, E.; REED, D. L Stockholders and stakeholders: a new perspective on corporate governance. California Management Review, v. 25, n. 3, p. 88-106, 1983 http://dx.doi.org/10.2307/41165018 .
    » http://dx.doi.org/10.2307/41165018
  • GARCÍA, J. B.; MENDOZA, L. A Respuestas y opciones de los productores de subsistencia. Revista Problemas del Desarrollo, v. 162, n. 41, p. 85-102, 2010.
  • GIANNETTI, B. F.; ALMEIDA, C. M. B. V. Ecologia industrial: conceitos, ferramentas e aplicações. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. p. 109.
  • GIBSON, K. Stakeholders and sustainability: an evolving theory. Journal of Business Ethics, v. 109, n. 1, p. 15-25, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-012-1376-5 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10551-012-1376-5
  • GLASS, J. The state of sustainability reporting in the construction sector. Smart and Sustainable Built Environment, v. 1, n. 1, p. 87-104, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/20466091211227070 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/20466091211227070
  • GLAVIC, P.; LUKMAN, R Review of sustainability terms and their definitions.Journal of Cleaner Production, v. 15, n. 18, p. 1875-1885, 2007 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2006.12.006 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2006.12.006
  • GOMEZ-BAGGETHUN, E.; RUIZ-PEREZ, M. Economic valuation and the commodification of ecosystem services. Progress in Physical Geography, v. 35, n. 5, p. 613-628, 2011 http://dx.doi.org/10.1177/0309133311421708 .
    » http://dx.doi.org/10.1177/0309133311421708
  • GORDON, L. Setting the context: environmental health practitioner competencies. Journal of Environmental Health, v. 65, n. 1, p. 25-27, 2002.
  • GREPPERUD, S. Environmental voluntary and crowding-out effects: regulation or lissez-faire?. European Journal of Law and Economics, v. 23, n. 2, p. 135-149, 2007 http://dx.doi.org/10.1007/s10657-007-9008-8 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10657-007-9008-8
  • HALEY, U. C. V.; SCHULER, D. A Government policy and firm strategy in the solar photovoltaic industry. California Management Review, v. 54, n. 1, p. 17-38, 2011 http://dx.doi.org/10.1525/cmr.2011.54.1.17 .
    » http://dx.doi.org/10.1525/cmr.2011.54.1.17
  • HAN, H.; HSU, L. T.; LEE, J. S Empirical investigation of the roles of attitudes towards green behaviours, overall image, gender, and age in hotel customers' eco friendly decision making process. International Journal of Hospitality Management, v. 28, n. 4, p. 519-528, 2009 http://dx.doi.org/10.1016/j.ijhm.2009.02.004 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.ijhm.2009.02.004
  • HAN, H.; KIM, Y. An investigation of green hotel customers' decision formation: developing an extended model of the theory of planned behavior. International Journal of Hospitality Management, v. 29, n. 4, p. 659-668, 2010 http://dx.doi.org/10.1016/j.ijhm.2010.01.001 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.ijhm.2010.01.001
  • HASLE, P. Lean and the working environment: a review of the literature. International Journal of Operations & Production Management, v. 32, n. 7, p. 829-849, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/01443571211250103 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/01443571211250103
  • HAUBRICH, D. Global distributive justice and the taxation of natural resources: who should pick up the tab?. Contemporary Political Theory, v. 3, n. 1, p. 48-69, 2004 http://dx.doi.org/10.1057/palgrave.cpt.9300118 .
    » http://dx.doi.org/10.1057/palgrave.cpt.9300118
  • HEAL, G. Nature and the marktplace: capturing the value of ecosystem services. Washington: Island Press, 2000. p. 203.
  • HERMALIN, B. E Trends in corporate governance. Journal of Finance, v. 60, n. 5, p. 2351-84, 2005 http://dx.doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005.00801.x .
    » http://dx.doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005.00801.x
  • IBRAHIM, S. S An alternative approach to ending economic insecurity in nigeria: the role of revolving credit association. International Journal of Economics and Financial, v. 2, n. 4, p. 395-400, 2012.
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. IDS: Indicador de Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geocie.shtm>. Acesso em: 20 ago. 2011.
    » http://www.ibge.gov.br/home/geocie.shtm
  • IINTERNATIONAL ORGANIZATION FOR, STANDARDIZATION - ISO. ISO 14001:2004: environmental management systems: requirements with guidance for use. Geneva: ISO, 2004.
  • JABBOUR, C. J. C. et al. Organizations and the United Nations Millennium Development Goals: evidence from some of the largest companies in Brazil. Humanomics, v. 28, n. 1, p. 26-41, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/08288661211200979 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/08288661211200979
  • JO, H.; HARJOTO, M. A The causal effect of corporate governance on corporate social responsibility. Journal of Business Ethics, v. 106, n. 1, p. 53-72, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-011-1052-1 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10551-011-1052-1
  • KING, A. A.; LENOX, M. J Industry self-regulation without sanctions: the chemical industry's responsible care program.Academy of Management Journal, v. 43, n. 4, p. 698-716, 2000 http://dx.doi.org/10.2307/1556362 .
    » http://dx.doi.org/10.2307/1556362
  • KNIGHT, P.; JENKINS, J. Adopting and apllying eco-design techniques: a practitioners perspective. Journal of Cleaner Production, v. 17, n. 5, p. 549-558, 2009 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.10.002 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.10.002
  • KOCMANOVA, A. et al. Sustainability: environmental, social and corporate governance performance in Czech SMEs. In: WORLD MULTI-CONFERENCE ON SYSTEMICS, CYBERNETICS AND INFORMATICS, 15., 2011, Orlando. Orlando: WMSCI, 2011. p. 94-99.
  • KOLK, A.; PINKSE, J. Towards strategic stakeholder management? Integrating perspectives on sustainability challenges such as corporate responses to climate change. Corporate Governance, v. 7, n. 4, p. 370-378, 2007 http://dx.doi.org/10.1108/14720700710820452 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/14720700710820452
  • LACKMANN, J.; ERNSTBERGER, J.; STICH, M. Market reactions to increased reliability of sustainability information. Journal of Business Ethics, v. 107, n. 2, p. 111-128, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-011-1026-3 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10551-011-1026-3
  • LAROCHE, M.; BERGERON, J.; BARBARO-FORLEO, G. Targeting consumers who are willing to pay more for environmentally friendly products. The Journal of Consumer Marketing, v. 18, n. 6, p. 5023-520, 2001 http://dx.doi.org/10.1108/EUM0000000006155 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/EUM0000000006155
  • LATTIN, J.; CARROLL, J. D.; GREEN, P E. Analysing multivariate data. Pacific Grove: Thomson Learning, 2003. p. 556.
  • LEE, K. H Linking stakeholders and corporate reputation towards corporate sustainability. International Journal of Innovation and Sustainable Development, v. 6, n. 2, p. 219-235, 2012.
  • LEE, M. Environmental economics: a market failure approach to the commerce clause. The Yale Law Journal, v. 116, n. 2, p. 456-492, 2006 http://dx.doi.org/10.2307/20455725 .
    » http://dx.doi.org/10.2307/20455725
  • LEVITT, S. D.; LIST, J. A What do laboratory experiments measuring social preferences reveal about the real world? .The Journal of Economic Perspectives, v. 21, n. 2, p. 153-174, 2007 http://dx.doi.org/10.1257/jep.21.2.153 .
    » http://dx.doi.org/10.1257/jep.21.2.153
  • LI, J.; COLOMBIER, M. Economic instruments for mitigating carbon emissions: scaling up carbon finance in China's buildings sector. Climatic Change, v. 107, n. 3-4, p. 567-591, 2011 http://dx.doi.org/10.1007/s10584-010-9970-y .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10584-010-9970-y
  • LIMA, B. A arbitrabilidade do dano ambiental. São Paulo: Atlas, 2010. p. 190.
  • LIPSCY, P. Y A casualty of political transformation? The politics of energy efficiency in the japanese transportation sector. Journal of East Asian Studies, v. 12, n. 3, p. 409-439, 2012.
  • LUSTOSA, M. C. J. Industrialização, meio ambiente, inovação e competitividade. In: MAY, H. P. Economia do meio ambiente: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 205-220.
  • LYON, T. P.; JOHN, W. M Self-regulation, taxation, and public voluntary environmental agreements. Journal of Public Economics, v. 87, n. 7, p. 1453-86, 2003 http://dx.doi.org/10.1016/S0047-2727(01)00221-3 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/S0047-2727(01)00221-3
  • LYRA, M. G.; GOMES, R. C.; JACOVINE, L. A G. O papel dos stakeholders na sustentabilidade da empresa para a construção de um modelo de análise. Revista Administração Contemporânea, v. 13, n. 1, p. 39-52, 2009.
  • MAIMON, D. Passaporte verde: gestão ambiental e competitividade. Rio de Janeiro: Qualymark, 1996. p. 111.
  • MANAKTOLA, K.; JAUHARI, V. Exploring consumer attitude and behaviour towards green practices in the lodging industry in India. International Journal of Contemporary Hospitality Management, v. 19, n. 5, p. 364-377, 2007 http://dx.doi.org/10.1108/09596110710757534 .
    » http://dx.doi.org/10.1108/09596110710757534
  • MAON, F.; LINDGREEN, A.; VALÉRIE SWAEN, V. Organizational stages and cultural phases: a critical review and a consolidative model of corporate social responsibility development. International Journal of Management Reviews, v. 12, n. 1, p. 20-38, 2010 http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-2370.2009.00278.x .
    » http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-2370.2009.00278.x
  • MARKKULA, A.; MOISANDER, J. Discursive confusion over sustainable consumption: a discursive perspective on the perplexity of marketplace knowledge. Journal of Consumer Policy, v. 35, n. 1, p. 105-125, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10603-011-9184-3 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10603-011-9184-3
  • MEULMAN, J. J Optimal scaling methods for multivariate categorical data analysis.Chicago: SPSS, 1998. p. 1-12 (SPSS White Paper). .
  • MEULMAN, J. The integration of multidimensional scaling and multivariate analysis with optimal transformation of variables. Spychometrica, v. 57, n. 4, p. 539-565, 1992 http://dx.doi.org/10.1007/BF02294419 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/BF02294419
  • MEULMAN, J. J.; VAN DER KOOIJ, A. J.; HEISER, W. J. Principal components analysis with nonlinear optimal scaling transformations for ordinal and nominal data. In: KAPLAN, D. (Ed). Handbook of quantitative methods in the social sciences. Newbury Park: Sage, 2004. p. 49-70 http://dx.doi.org/10.4135/9781412986311.n3 .
    » http://dx.doi.org/10.4135/9781412986311.n3
  • MOROCO, J. Análise estatística com utilização do SPSS. Lisboa: Sílabo, 2003. p. 824 PMid:22390502 PMCid:PMC3487676. .
  • MCBRIDE, C. M et al. Health behavior change: can genomics improve behavioral adherence? . American Journal of Public Health, v. 102, n. 3, p. 401-405, 2012 http://dx.doi.org/10.2105/AJPH.2011.300513 .
    » http://dx.doi.org/10.2105/AJPH.2011.300513
  • MCCHESNEY, R. W This isn't what democracy looks like. Monthly Review, v. 64, n. 6, p. 1-28, 2012.
  • MENZ, K. M Corporate social responsibility: is it rewarded by the corporate bond market? A critical note. Journal of Business Ethics, v. 96, n. 1, p. 117-134, 2010 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-010-0452-y .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10551-010-0452-y
  • MIRVIS, P.; GOOGINS, B. Stages of corporate citizenship. California Management Review, v. 48, n. 1, p. 104-126, 2006 http://dx.doi.org/10.2307/41166340 .
    » http://dx.doi.org/10.2307/41166340
  • NEVENS, F. et al. 'On tomorrow's grounds', Flemish agriculture in 2030: a case of participatory translation of sustainability principles into a vision for the future. Journal of Clean Production, v. 16, n. 10, p. 1062-1070, 2008 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007.06.007 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007.06.007
  • NAVICKAS, V.; KONTAUTIENE, R. Strategical perspective of corporate environmental policy. Organizacija, v. 44, n. 6, p. 179-184, 2011 http://dx.doi.org/10.2478/v10051-011-0019-4 .
    » http://dx.doi.org/10.2478/v10051-011-0019-4
  • O'ROURKE, A. The message and methods of ethical investment. Journal of Cleaner Production, v. 11, n. 6, p. 683-693, 2003 http://dx.doi.org/10.1016/S0959-6526(02)00105-1 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/S0959-6526(02)00105-1
  • ORTAS, E.; BURRITT, R. L.; MONEVA, J. M Socially Responsible Investment and cleaner production in the Asia Pacific: does it pay to be good? . Journal of Cleaner Production, v. 52, n. 1, p. 272-280, 2013 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.02.024 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.02.024
  • PERRINGS, L. Reserved rationality and the precautionary principle: technological change, time and uncertainty in environmental decision making. In: CONSTANZA, R. Ecological economics: the science and management of sustainability. New York: Columbia University Press, 1991.
  • PETER, K.; HENRIËTTE, P. What does behavioral economics mean for policy? Challenges to savings and health policies in the Netherlands. De Economist, v. 158, n. 2, p. 101-122, 2010 http://dx.doi.org/10.1007/s10645-010-9141-6 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10645-010-9141-6
  • PICKETT-BAKER, J.; OZAKI, R. Pro-environmental products: marketing influence on consumer purchase. Journal of Consumer Marketing, v. 25, n. 5, p. 281-293, 2008.
  • POLÍTICA Nacional de Resíduos Sólidos. Subemenda Substitutiva Global de Plenário ao Projeto de Lei nº 203, de 1991, e seus apensos. Revista Sustentabilidade, 2010. Disponível em: <http://www.revistasustentabilidade.com.br/reciclagem/reciclagem/documentosinteressante/relatorio-final-da-politica-de-residuos>. Acesso em: 9 out. 2010.
    » http://www.revistasustentabilidade.com.br/reciclagem/reciclagem/documentosinteressante/relatorio-final-da-politica-de-residuos
  • QU, D.; QU, J. Research on the priority of environmental tort obligation in bankrupt enterprises under the background of low carbon economy. Journal of Sustainable Development, v. 4, n. 2, p. 150-153, 2011 http://dx.doi.org/10.5539/jsd.v4n2p150 .
    » http://dx.doi.org/10.5539/jsd.v4n2p150
  • RADU, M. Corporate governance, internal audit and environmental audit: the performance tools in romanian companies. Accounting and Management Information Systems, v. 11, n. 1, p. 112-130, 2012.
  • REA, L. M.; PARKER, R. A. Designing and conducting survey research: a comprehensive guide. 2. ed. New York: John Wiley & Sons, 1997. p. 304.
  • RICHIE, L.; OPPENHEIMER, J. D.; CLARK, S. G Social process in grizzly bear management: lessons for collaborative governance and natural resource policy. Policy Sciences, v. 45, n. 3, p. 265-291, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s11077-012-9160-z .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s11077-012-9160-z
  • RIVELLI, E A. Evolução da legislação ambiental no Brasil: políticas de meio ambiente, educação ambiental e desenvolvimento urbano. In: PHILLIP JUNIOR, A.; PELICIONI, M. C F. Educação ambiental e sustentabilidade. Barueri: Malone, 2005. p. 285-302.
  • RIVERO, O. O mito do desenvolvimento: os países invisíveis no século XXI. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 230.
  • RUMPALA, Y. "Sustainable consumption" as a new phase in a governmentalization of consumption. Theory and Society, v. 40, n. 6, p. 669-699, 2011 http://dx.doi.org/10.1007/s11186-011-9153-5 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s11186-011-9153-5
  • SAUERBRONN, F. F.; SAUERBRONN, J. F R. Estratégias de responsabilidade social e esfera pública: um debate sobre stakeholders e dimensões sociopolíticas de ações empresariais. Revista de Administração Pública, v. 45, n. 2, p. 435-58, 2011 http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011000200007 .
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122011000200007
  • SCANDIZZO, P. L.; KNUDSEN, O. K Risk management and regulation compliance with tradable permits under dynamic uncertainty. European Journal of Law and Economics, v. 33, n. 1, p. 127-157, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-9140-8 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-9140-8
  • SEIFFERT, M. E. B. Gestão ambiental: instrumentos, esferas e ação e educação ambiental. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 390.
  • SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM, INDUSTRIAL - SENAI Implementação de Programas de Produção mais Limpa. Porto Alegre: Centro Nacional de Tecnologias Limpas: SENAI-RS: UNIDO: INEP, 2003.
  • SETHI, S. P Standards for corporate conduct in the international arena: challenges and opportunities for multinational corporations. Business and Society Review, v. 107, n. 1, p. 20-40, 2002 http://dx.doi.org/10.1111/0045-3609.00125 .
    » http://dx.doi.org/10.1111/0045-3609.00125
  • SHANGHAI Economic Commission. Guidance to Manufacturing Industry Development: GMID. 2009. Disponível em: <http://www.shec.gov.cn>.
    » http://www.shec.gov.cn
  • SIMÃO, A. G. et al. Indicadores, políticas públicas e a sustentabilidade. In: SILVA, C. L.; SOUZA-LIMA, J. E Políticas públicas e indicadores para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 35-54.
  • SINGH, A. Engineering mixes with politics. Construction Innovation, v. 12, n. 2, p. 128-132, 2012 http://dx.doi.org/10.1108/14714171211215976 .
  • STANISKIS, J.; ARBACIAUSKAS, V.; VARZINSKAS, V. Sustainable consumption and production as a system: experience in Lithuania. Clean Technologies and Environmental Policy, v. 14, n. 6, p. 1095-1105, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10098-012-0509-y .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10098-012-0509-y
  • STEURER, R. The role of governments in corporate social responsibility: characterising public policies on CSR in Europe. Policy Sciences, v. 43, n. 1, p. 49-72, 2010 http://dx.doi.org/10.1007/s11077-009-9084-4 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s11077-009-9084-4
  • TENCATI, A.; ZSOLNAI, L. Collaborative enterprise and sustainability: the case of slow food. Jounal Business Ethics, v. 110, n. 3, p. 345-354, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-011-1178-1 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10551-011-1178-1
  • TRIPATHY, D. P Environmental auditing for sustainable development of indian industries. Asian Journal of Water, Environment and Pollution, v. 8, n. 4, p. 9-20, 2011.
  • UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAME - UNEP. Understanding resource efficcient and cleaner production. Paris: UNEP, 1989. Disponível em: <http://www.unep.fr/scp/cp/understanding/concept.htm>. Acesso em: 20 fev. 2010.
    » http://www.unep.fr/scp/cp/understanding/concept.htm
  • VACCARO, A.; ECHEVERRI, D. P Corporate transparency and green management. Journal of Business Ethics, v. 95, n. 3, p. 487-506, 2010 http://dx.doi.org/10.1007/s10551-010-0435-z .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10551-010-0435-z
  • VEIGA, J. E. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005. p. 220.
  • VON SCHOMBERG, R. The precautionary principle: its use within hard and soft law. European Journal of Risk Regulation, v. 3, n. 2, p. 147-156, 2012.
  • WANGLER, L. U The political economy of the green technology sector: a study about institutions, diffusion and efficiency. European Journal of Law and Economics, v. 33, n. 1, p. 51-81, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-9149-z .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-9149-z
  • YATES, A. J On a fundamental advantage of permits over taxes for the control of pollution. Environmental & Resource Economics, v. 51, n. 4, p. 583-598, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10640-011-9513-7 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10640-011-9513-7
  • YARIME, M. et al. Establishing sustainability science in higher education institutions: towards an integration of academic development, institutionalization, and stakeholder collaborations. Sustainability Science, v. 7, n. 1, p. 101-113, 2012 Supplement .
  • YU, J. Biorefinery of sweet sorghum stem. Biotechnology Advances, v. 30, n. 4, p. 811-816, 2012 PMid:22306167. http://dx.doi.org/10.1016/j.biotechadv.2012.01.014 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.biotechadv.2012.01.014
  • ZAHARIA, C.; ZAHARIA, I. The dyanamics of ecologic-economic systems and the social value of the environmental. Economics, Management, and Financial Markets, v. 7, n. 1, p. 114-119, 2012.
  • ZAMAGNI, S. The lesson and warning of a crisis foretold: a political economy approach. Internacional Review Economics, v. 56, n. 3, p. 315-334, 2009 http://dx.doi.org/10.1007/s12232-009-0080-y .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s12232-009-0080-y
  • ZÁRATE-MARCO, A.; VALLÉS-GIMÉNEZ, J. The cost of regulation in a decentralized context: the case of the Spanish regions. European Journal of Law and Economics, v. 33, n. 1, p. 185-203, 2012 http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-9154-2 .
    » http://dx.doi.org/10.1007/s10657-010-9154-2
  • ZHANG, B. et al. Why do firms engage in environmental management? An empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 16, n. 10, p. 1036-1045, 2008 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007.06.016 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2007.06.016
  • ZENG, S. X. et al. Towards corporate environmental information disclosure: an empirical study in China. Journal of Cleaner Production, v. 18, n. 12, p. 1142-1148, 2010 http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010.04.005 .
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2010.04.005

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar 2015

Histórico

  • Recebido
    22 Out 2013
  • Aceito
    06 Maio 2014
Universidade Federal de São Carlos Departamento de Engenharia de Produção , Caixa Postal 676 , 13.565-905 São Carlos SP Brazil, Tel.: +55 16 3351 8471 - São Carlos - SP - Brazil
E-mail: gp@dep.ufscar.br