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Análise pragmática das respostas de crianças com e sem distúrbio específico de linguagem

Resumos

TEMA: a partir dos dois anos de idade a criança passa a diferenciar perguntas de não perguntas e também passa a ajustar suas repostas. Esta participação nas trocas verbais requer habilidades conversacionais básicas, como capacidade para iniciar e interagir e para responder apropriadamente e manter a interação. OBJETIVO: analisar e correlacionar os aspectos pragmáticos da linguagem, referentes aos tipos de respostas, durante interação adulto/criança, em crianças com desenvolvimento normal de linguagem e naquelas com diagnóstico de Distúrbio Específico de Linguagem (DEL). MÉTODO: participaram 16 crianças com DEL (GP) de três a seis anos e 60 crianças em desenvolvimento normal de linguagem (GC) de três a cinco anos, sendo 20 para cada faixa etária, dez por sexo. A coleta de dados aconteceu em dois dias, com díade comunicativa criança/adulto facilitada por brinquedos. Os dados (fala da criança e do adulto) foram transcritos e analisados e passaram por análise de Índice de Confiança com 93,75% de concordância, depois foram submetidos à análise estatística. RESULTADOS: as respostas foram classificadas em categorias e agrupadas em Repostas Adequadas (RA) e Repostas Inadequadas (RI), sempre de acordo com o contexto comunicativo estabelecido. O GC apresentou média significativamente maior do que o GP para o uso de RA e o GP apresentou média significativamente maior que o GC para o uso de RI. O GC diminuiu o uso de RI com o aumento da idade. O GP manteve o uso de RI com o aumento da idade, inclusive para a faixa etária de seis anos. CONCLUSÃO: foi observado que o aumento da idade salientou as diferenças entre GP e GC. O GP foi menos efetivo na comunicação mantendo ininteligibilidade de fala, ao passo que o GC apresentou habilidades conversacionais mais elaboradas. Porém, novos trabalhos com idades mais avançadas precisam ser realizados para melhor compreensão dessas tendências observadas.

Distúrbio de Linguagem; Resposta; Desenvolvimento de Linguagem


BACKGROUND: children start to differentiate questions from non-questions and also start to adjust their answers at the age of two. This participation in verbal exchanges requires basic conversational abilities such as the competence to initiate interact and reply appropriately, and to maintain the interaction. AIM: to analyze and correlate the pragmatic aspects of language, related to the type of answers, during an adult/child interaction in children with normal language development and in those diagnosed with Specific Language Impairment (SLI). METHOD: 16 children with SLI (GP) and ages between three and six years, and 60 children with normal language development (GC) and ages between three to five years - 20 for each age group, 10 of each gender. Data gathering occurred in two different days, with the adult/child interaction being facilitated by toys. Data (speech of child and adult) were transcribed and analyzed, obtaining a Reliability Index of 93.75%, and later were submitted to statistical analyses. RESULTS: answers were classified in categories and grouped according to the following: Adequate Answers (RA) and Inadequate Answers (RI), always in accordance to the established communicative context. GC presented a significantly higher average of RA when compared to GP, and GP presented a significantly higher average of RI when compared to GC. GC presented a decrease in the use of RI at the increase of age. GP maintained the use of RI at the increase of age, including the age group of six. CONCLUSION: it was observed that the increase in age emphasized differences between GP and GC. GP presented a less effective communication maintaining unintelligible speech, whereas GC presented more elaborate communication abilities. More studies with older children are necessary for the better understanding of the observed trends.

Language Disorders; Answer; Language Development


ARTIGOS DE PESQUISA

Análise pragmática das respostas de crianças com e sem distúrbio específico de linguagem* * Parte da Dissertação de Mestrado da Primeira Autora Realizada no Departamento de Lingüística Geral da Faculdade de Filosofia Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Lidiane Cristina RochaI; Débora Maria Befi-LopesII

IFonoaudióloga. Mestre em Lingüística e Semiótica Geral pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Fonoaudióloga do Hospital do Servidor Público do Recife - PE

IIFonoaudióloga. Livre-Docente em Fonoaudiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Professora Associada do Curso de Fonoaudiologia do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, 790 - Apto. 302 Recife - PE CEP 52060-030 ( lidiane@gmail.com)

RESUMO

TEMA: a partir dos dois anos de idade a criança passa a diferenciar perguntas de não perguntas e também passa a ajustar suas repostas. Esta participação nas trocas verbais requer habilidades conversacionais básicas, como capacidade para iniciar e interagir e para responder apropriadamente e manter a interação.

OBJETIVO: analisar e correlacionar os aspectos pragmáticos da linguagem, referentes aos tipos de respostas, durante interação adulto/criança, em crianças com desenvolvimento normal de linguagem e naquelas com diagnóstico de Distúrbio Específico de Linguagem (DEL).

MÉTODO: participaram 16 crianças com DEL (GP) de três a seis anos e 60 crianças em desenvolvimento normal de linguagem (GC) de três a cinco anos, sendo 20 para cada faixa etária, dez por sexo. A coleta de dados aconteceu em dois dias, com díade comunicativa criança/adulto facilitada por brinquedos. Os dados (fala da criança e do adulto) foram transcritos e analisados e passaram por análise de Índice de Confiança com 93,75% de concordância, depois foram submetidos à análise estatística.

RESULTADOS: as respostas foram classificadas em categorias e agrupadas em Repostas Adequadas (RA) e Repostas Inadequadas (RI), sempre de acordo com o contexto comunicativo estabelecido. O GC apresentou média significativamente maior do que o GP para o uso de RA e o GP apresentou média significativamente maior que o GC para o uso de RI. O GC diminuiu o uso de RI com o aumento da idade. O GP manteve o uso de RI com o aumento da idade, inclusive para a faixa etária de seis anos.

CONCLUSÃO: foi observado que o aumento da idade salientou as diferenças entre GP e GC. O GP foi menos efetivo na comunicação mantendo ininteligibilidade de fala, ao passo que o GC apresentou habilidades conversacionais mais elaboradas. Porém, novos trabalhos com idades mais avançadas precisam ser realizados para melhor compreensão dessas tendências observadas.

Palavras-Chave: Distúrbio de Linguagem; Resposta; Desenvolvimento de Linguagem.

Introdução

No desenvolvimento normal de linguagem é possível observar a emergência das habilidades pragmáticas. Antes mesmo de emitir palavras, a criança é capaz de responder às iniciativas sociais de outros e, já no primeiro mês de vida, demonstra alternância na comunicação. No início isto ocorre através de formas não verbais e o desenvolvimento da linguagem vai aprimorando esta interação, fazendo a criança cada vez mais ativa na comunicação (Ochs-Keenan, 1983; Fernandes, 1997).

Ao se desenvolver, a criança adquire e utiliza funções comunicativas mais interativas, que controlam ou dirigem o comportamento do outro, sendo esta uma necessidade por interação social inerente do ser humano, que estimula a produção lingüística inicial. Ela manifesta sua intenção comunicativa inicialmente com gesto e atenção visual e, com o início da fala, as habilidades pragmáticas se manifestam de maneira mais produtiva, através de nomeações, comentários, pedidos de informação, de objetos e de atenção, respostas, protestos e saudações (Brinton e Fujiki, 1982; Roth e Spekman, 1984).

Shatz e McCloskey (1984) colocaram que, a partir dos dois anos de idade, as crianças passam a diferenciar perguntas de não perguntas e também passam a ajustar suas repostas, sendo que as primeiras aquisições de respostas são referentes às perguntas com pronomes interrogativos, em inglês com a estrutura "wh". Com o início das habilidades de respostas, as crianças menores comumente apresentam respostas semântica e pragmaticamente inapropriadas. Estas crianças usam a entonação para realizarem suas respostas, pois esta serve como pista para as respostas de interrogativos. Para essas autoras, o aumento do léxico propicia a melhora na qualidade das respostas, o que garante que, a partir dos três anos, as crianças sejam capazes de apresentar várias formas de respostas (Shatz e McCloskey, 1984).

Sobre o mesmo tema, Reed (1994) fez uma revisão de pesquisas e encontrou dados semelhantes. Depois dos dois anos, aproximadamente 40% das crianças mantêm o tópico do discurso na conversação e aos três anos esse número chega em 50%. Entre três anos e meio e quatro anos, as crianças já demonstram habilidades na manutenção do tópico, realizando um maior número de comentários no discurso.

Hadley e Rice (1991), salientaram que a participação nas trocas verbais requer habilidades conversacionais básicas, como a capacidade para iniciar e interagir e para responder apropriadamente e manter a interação. As habilidades de interação verbal são o centro das teorias de desenvolvimento de linguagem no contexto social. As autoras citaram também que durante a interação social, as crianças aprendem como usar a linguagem e também suas necessidades sociais.

No entanto, o desenvolvimento normal nem sempre ocorre e, não é raro, o surgimento de alterações no desenvolvimento de linguagem, como os Distúrbios Específicos de Linguagem (DEL). Os DELs são quadros heterogêneos, sendo que seus critérios são mais bem definidos a partir da exclusão, sendo eles: ausência de desordem mental, ausência de perda auditiva, ausência de retardo mental ou problemas emocionais severos caracterizando problemas severos de compreensão e expressão de fala e linguagem (Statk e Tallal, 1981; Rapin, 1996).

Alguns estudos têm observado que as crianças com DEL possuem habilidades discursivas limitadas (Creaghead, 1993), o que pode acarretar conseqüências sociais ruins no processo de interação social de forma geral, interferindo também na qualidade de vida (Hadley e Rice, 1991; Rice et al., 1991; Fujiki et al., 1999; Conti-Ramsden e Botting, 2004; Fujiki et al., 2004; Hart et al., 2004).

Craig e Washington (1993) observaram que as crianças com DEL, em comparação com crianças normais, demonstram algumas funções conversacionais essenciais, porém, muitas vezes, se expressam de maneira menos efetiva. Estas crianças com DEL possuem maior probabilidade para desenvolver problemas pragmáticos.

Rice et al. (1991) também observaram a ininteligibilidade presente nos DEL e a preferência por interlocutores adultos, isto porque estes demonstram maior disponibilidade para entender a mensagem incompreensível expressa por elas.

Entretanto, embora as trocas de turno apresentem estes aspectos, estas crianças acabam respondendo mais do que iniciando atos comunicativos. Também fazem mais uso de meio comunicativo não verbal, o que contribui para que elas demonstrem um comportamento comunicativo mais passivo que seus pares de mesma idade (Creaghead, 1993; Befi-Lopes et al., 2000).

As respostas das crianças com DEL são um foco importante no estudo da pragmática. Comparando pares de crianças de mesma idade com DEL e em desenvolvimento normal de linguagem, os primeiros respondem inapropriadamente em maior quantidade. Quando comparados utilizando-se a extensão média dos enunciados (MLU), as crianças com DEL fracassam nas elaborações mais complexas e nas habilidades de estruturar suas respostas. Dessa forma, as crianças com DEL respondem, porém de forma lingüisticamente atípica (Craig, 1995). Também Thordardottir e Weismer (2002) observaram o uso de estruturas lingüísticas menos sofisticadas que seus pares nesta população.

Befi-Lopes et al. (2001, 2004) realizaram um estudo com crianças com DEL (grupo pesquisa) e com crianças em desenvolvimento normal (grupo controle) de mesma faixa etária, de dois anos a quatro anos e onze meses com o objetivo de analisar a seqüência de perguntas e respostas das crianças a partir da situação de brincadeira livre com um interlocutor adulto. Os dados demonstraram que o grupo pesquisa realizou mais Respostas Inadequadas do que seus pares em desenvolvimento normal. Outros dados também observados no GP foram menor ocorrência de pedidos de esclarecimento e maior uso de segmentos ininteligíveis em relação ao grupo controle.

Todas essas alterações observadas nesta população interferem na vida social dessas crianças, como uma barreira comunicativa (Fujiki et al., 1999; Conti-Ramsden e Botting, 2004; Fujiki et al., 2004; Hart et al., 2004).

Verificando estes dados de literatura, o objetivo desta pesquisa foi analisar os aspectos pragmáticos da linguagem, referentes aos tipos de respostas, durante a interação adulto/criança, em crianças com desenvolvimento normal de linguagem e naquelas com diagnóstico de DEL.

Para isso, a proposta foi:

1. Analisar as trocas de turno, de acordo com Austin (1990), Searle (1962; 1975), Grice (1967), Brinton e Fujiki (1982), Befi-Lopes et al., (2001; 2004) no que se refere aos tipos de respostas das crianças em relação à pergunta do interlocutor adulto.

2. Comparar o desenvolvimento do grupo pesquisa em relação ao grupo controle nas habilidades testadas.

Método

Esta pesquisa foi analisada pela Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa - CAPPesq da Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em sessão de 11.12.02, e foi aprovada com o Protocolo de Pesquisa nº 814/02.

Casuística

Os pais de todas as crianças consentiram na participação dos sujeitos na pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Participaram desta pesquisa dois diferentes grupos de crianças, divididas em Grupo Controle (GC) e Grupo Pesquisa (GP).

O GC foi composto inicialmente por 60 crianças em desenvolvimento normal de linguagem, todas pertencentes ao Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI) de Campinas, São Paulo. Destas crianças, 30 foram do sexo feminino (50%) e 30 do sexo masculino (50%). A idade deste grupo foi de 3:0 anos a 5:11 anos, 20 crianças, dez de cada sexo para cada uma das três faixas etárias (3:0 a 3:11; 4:0 a 4:11 e 5:0 a 5:11 anos).

Os critérios iniciais para a inclusão das crianças do GC na pesquisa foram:

. ausência de queixa fonoaudiológica pelo professor e/ou monitor da turma;

. ausência de tratamento fonoaudiológico pregresso;

. bom padrão comunicativo, segundo o professor e/ou monitor.

Realizados os procedimentos acima, as crianças indicadas foram agrupadas por faixa etária. Tendo mais que dez sujeitos de cada sexo com uma mesma idade, realizamos sorteio para garantir a aleatoriedade da escolha das crianças.

Todas as crianças foram filmadas e seus dados transcritos e analisados. Após a transcrição e análise, foi realizado cálculo do intervalo de confiança para as iniciativas de comunicação. Este critério foi efetivamente o que permitiu a inclusão ou não da criança no GC. Todos aqueles sujeitos que se encontraram abaixo e acima do intervalo de confiança estabelecido para cada faixa estaria, foram eliminados da análise final da pesquisa. Desta forma, acreditamos eliminar variáveis dos professores e/ou monitores no encaminhamento das crianças com alguma alteração. O GC ficou distribuído conforme apresenta o Quadro 1.


O GP foi composto por 16 crianças, sendo três do sexo feminino (19%) e 13 do sexo masculino (81%), todas em atendimento no Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Desenvolvimento de Linguagem e suas Alterações, do Curso de Fonoaudiologia da FMUSP, com diagnóstico de Distúrbio Específico de Linguagem (DEL). A idade dos sujeitos foi de 3:0 anos a 6:11 anos, sendo que houve variação no número de sujeitos para as diferentes faixas etárias, sendo três meninas na faixa de cinco anos e meninos em todas as demais faixas etárias.

Os critérios de inclusão das crianças do Laboratório para a pesquisa foram:

1. Ter concluído o processo diagnóstico a partir do ABFW - Teste de Linguagem Infantil nas Áreas de Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática (Andrade et al. 2000).

2. Apresentar diagnóstico de DEL, ou seja, ausência de desordem mental; ausência de perda auditiva; problemas emocionais severos, (Stark e Tallal, 1981) e ainda, baixo desempenho em testes para avaliação de linguagem (Rice, 1997).

3. Apresentar idade entre 3:0 e 6:11 anos no período de coleta dos dados.

A variação maior de faixa etária do GP (de 3:0 a 6:11 anos) em relação ao GC (3:0 a 5:11 anos) foi justamente para possibilitar as correlações dos dados e verificar se, nos objetivos desta pesquisa, a população com DEL se apresentou de alguma forma com comportamentos lingüísticos observados em idades inferiores no que se referiu às habilidades pragmáticas. Os sujeitos do GP encontram-se distribuídos por faixa etária conforme apresenta o Quadro 2.


Material

Os materiais utilizados para o registro dos dados foram: filmadoras; gravadores do tipo cassete; fitas VHS compact de 30mm; fitas cassetes de 60 e de 90 minutos. Os brinquedos foram: duas bonecas do tipo "Barbie"; duas bonecas do tipo "bebês"; duas mamadeiras; uma cadeirinha; um travesseirinho; uma bolsinha (com presilhas de cabelo, dois elásticos de cabelo, dois pentes, um frasco de perfume, dois colares); uma casinha desmontável com dois mini bonecos, quatro árvores, um trator, uma cerca e quatro animais (cavalo, porco, vaca, ovelha); um caminhão; uma charrete sem cavalo; um fogãozinho com duas panelas, e uma frigideira; quatro pratos, seis talheres, dois copos, duas canecas, dois sorvetes e dois palitos de mexer suco.

Como é possível observar, foram utilizados brinquedos que pudessem ser interessantes para ambos os sexos e, uma vez que a escolha pelo brinquedo a ser utilizado era da criança, o material que utilizamos mostrou-se altamente eficaz.

Também foi utilizado um protocolo para a análise dos dados (Anexo 1).

Procedimento

A coleta dos dados foi realizada em dois dias diferentes, sendo que cada criança (GC e GP) foi filmada por duas vezes, cada vez com 14 minutos de duração. As crianças do GC foram filmadas com a pesquisadora como interlocutor adulto na "casinha de bonecas" da creche, para o GP, cada criança foi filmada com sua respectiva terapeuta na própria sala de terapia, uma vez que o estabelecimento de contato com essa população é muito difícil.

A orientação seguida para todas as filmagens foi de distribuir os brinquedos no chão e, ao sentar com a criança, convidá-la a brincar com os brinquedos ali expostos. Durante as filmagens foi solicitado que os interlocutores adultos conversassem normalmente com a criança, sem a preocupação do espaço comunicativo utilizado pelo adulto ou pela criança.

Forma de análise dos dados

Todas as crianças tiveram suas atividades gravadas em áudio e vídeo. As falas da criança e do adulto durante as filmagens foram transcritas e analisadas, bem como foram observados os gestos com propósitos comunicativos (sim e não com balanço de cabeça, entre outros).

Cada sujeito teve 28 minutos de interação transcritos e analisados, 14 minutos para cada filmagem. As transcrições foram realizadas utilizando as siglas: A para as falas do adulto e C para as falas da criança.

Outros símbolos utilizados nas transcrições foram barras (/), sendo que seu uso serviu para indicar a ocorrência de interrupção de fala, seja do adulto pela criança ou o contrário. Exemplo:

A - Mas nós não vamo/

C - Tia olha isso daqui.

Para a anotação da ocorrência de segmentos ininteligíveis (SI), foi adotada a simbologia proposta por Andrade (2000) composta por oito acentos til seguidos (~~~~~~~~).

De acordo com os objetivos desta pesquisa, os dados foram analisados seguindo as propostas de vários autores.

1. Analisar as trocas de turno, realizadas pelos sujeitos da pesquisa, no que se refere aos tipos de resposta aos atos de fala do ouvinte, e estas respostas foram encontradas de várias maneiras e analisadas segundo Brinton e Fujiki, (1982)e Befi-Lopes et al., (2001;2004). Em uma primeira classificação foram observados dois grandes grupos de respostas, sendo eles descritos na seqüência.

1.1. Respostas Adequadas: responderam corretamente à pergunta do interlocutor, sendo subdividas a partir da seguinte classificação:

1.1.1. Respostas Verbais Adequadas (RVA) - quando a resposta da criança satisfez à pergunta do adulto e respeitou as condições de felicidade (Austin, 1962) e os princípios de cooperação propostos por Grice (1967).

Exemplo 1:

A - O que cê tava fazendo de atividade lá na sala?

C - Tava escrevendo as palavrinhas e depois eu ia pinta. RVA

Exemplo 2:

A - Cê já viu o carneirinho de verdade?

C - Não. RVA.

1.1.2. Respostas Gestuais Adequadas (RGA) - gesto indicativo, representativo, sorrisos ou manifestações corporais relacionadas à pergunta.

Exemplo:

A - Essa casinha cê sabe monta sozinho?

C - (G não). RGA.

1.1.3. Respostas Vocais (RVO) - onomatopéias e produções orais com 25% ou menos dos fonemas da língua. Incluem-se aqui nesta categoria as respostas do tipo "tchu-tchu" para não e "hã-hã" para sim.

Exemplo 1:

A - Quem?

C - Ei. (ele) RVO.

1.1.4. Respostas Contingentes (RCT) - respostas que mantiveram uma parte do tópico precedente ou parte da informação contida no ato comunicativo anterior.

Exemplo:

A - Vão pra onde?

C - Eles vão, sabe pra onde? RCT (repete a emissão anterior ou parte dela, ver sublinhado).

A - Ã?

C - Lá lonjão. RVA (resposta verbal adequada).

1.2. Respostas Inadequadas: compreenderam as respostas emitidas pelas crianças que não satisfizeram o interlocutor adulto, e também se dividiram nas categorias abaixo:

1.2.1 Ignorar o Interlocutor (Ig) - não apresentar nenhum tipo de resposta.

Exemplo:

A - O que vocês vieram fazer aqui, hein?

C - (sem resposta). Ig.

1.2.2. Manutenção do Tópico Anterior (TA) - quando a criança se manteve no assunto anterior, sem demonstrar reconhecimento aparente da questão realizada pelo interlocutor.

Exemplo:

A e C conversam verificando se o caminhão entrava na casa, e o A disse sobre fazer uma casa e a criança concordou, em seguida A perguntou:

A - Como será que a gente pode fazer, hein?

C - Uma casona. RVA

A - Uma casona?

C - Uia, num cabe (sobre o caminhão). TA.

1.2.3. Resposta Inadequada (RI) - quando a informação fornecida pela criança não foi suficiente para que o ouvinte pudesse identificar os objetos do tópico do discurso (Ochs-Keenan e Schieffeling, 1983), ou ainda, quando a criança não respeitou as condições de felicidade e valor de verdade, realizando assim uma resposta inadequada ao contexto comunicativo (Austin, 1962).

Exemplo 1:

A - O que tem aí?

C - Hum, isso aqui é... e esse e esse. Ri.

Exemplo 2:

A - Que horas você deu a mamadeira?

C - Amanhã. Ri.

1.2.4. Resposta com Segmentos Ininteligíveis (RSI) - produções incompreensíveis.

Exemplo:

A - A fica assim, e a porta fica aberta?

C - ~~~~~~~~ RSI.

1.2.5. Resposta Gestual Inadequada (RGI) - pode ser gesto indicativo, representativo, sorrisos ou outras manifestações corporais não relacionadas à pergunta.

Exemplo:

A - Aonde você comprou esse sorvete?

C - Na vaderia. Ri

A - Na lavanderia?

C - (G sim). RGI.

Definido os critérios de análise, uma amostra dos dados do GC foi submetida a julgamento de fidedignidade. Foram sorteados seis sujeitos, um de cada sexo para cada faixa etária. A juíza, uma fonoaudióloga em doutoramento, os avaliou a partir dos critérios estipulados e o Índice de Confiança obtido foi de 93,75%.

Resultados

Os dados foram submetidos a tratamento estatístico, sendo que o valor de significância adotado foi p < 0,05.

As médias obtidas em cada uma das categorias de respostas encontram-se a seguir.

Verificando as últimas colunas da Tabela 1, os dados revelam que o GP apresentou menor média de RA e maior média de RI em relação ao GC, o que pode ser observado também na Figura 1.


Na Figura 1 é possível notar um decréscimo acentuado no uso das RA e das RI no GC. Já no GP isto não ficou visível da mesma forma. Para analisar este decréscimo no uso das RA os dados encontram-se analisados na Tabela 2.

Com estes dados confirmou-se a significância para o decréscimo no uso das RA nos subgrupos do GC (valor p = 0,05). Para o GP este comportamento não foi verificado, pois o valor p encontrado foi elevado (p = 0,25 > 0,05).

A partir destes dados foi realizado o teste da Análise de Regressão no qual se verificaram as tendências para cada grupo conforme apresenta a Figura 2.


A Figura 2 mostra o decréscimo no uso de RA para os dois grupos, sendo que a inclinação da reta foi maior para o GC, indicando um decréscimo maior para este grupo vinculado com o aumento da idade.

Em relação às RA, a Figura 3 apresenta a freqüência do uso de cada categoria realizado por todos os subgrupos estudados.


Os subgrupos, tanto do GC quanto do GP utilizaram as categorias de RA de forma parecida, no entanto, para a categoria de RVO (meio comunicativo vocal) o GP realizou mais que o GC.

Analisando as RI, a Tabela 3 apresenta a análise de decréscimo para o uso dessas respostas para os dois grandes grupos estudados (GC e GP).

Com o teste t realizado não foram encontradas evidências significativas da diminuição do uso de RI vinculada com o aumento da idade. Tanto para o GP quanto para o GC os valores p encontrados ficaram acima do nível de significância. Estes dados foram submetidos à Análise de Regressão. A partir deste cálculo foi possível identificar diferentes tendências no uso das RI para os grupos P e C conforme apresenta a Figura 4.


O GC apresentou uma inclinação negativa, indicando que, concomitante ao aumento da idade, houve uma diminuição no uso das RI. Já o GP apresentou uma tendência mais linear, revelando que, para estas crianças, houve uma manutenção no uso de RI mesmo com o aumento da idade, manutenção esta observada inclusive para a faixa etária de seis anos. Em relação às categorias de RI a Figura 5 apresenta mais informações.


Com estes dados verificou-se que os subgrupos do GC realizaram menos este tipo de resposta do que o GP. De forma geral, as categorias mais utilizadas foram Ig, Ri e TA respectivamente. Por outro lado, o GP realizou Ig, Ri, RSI, TA e RGI respectivamente. A categoria RSI que evidencia a ininteligibilidade não foi observada em nenhuma das idades estudas no GC, já no GP ela foi utilizada inclusive na faixa etária de seis anos.

Mesmo com as diferenças observadas entre o GP e o GC ao longo das análises realizadas, foi possível encontrar sujeitos do GP com médias próximas às dos sujeitos do GC e o contrário também. Isto representou um alerta para o enfoque apenas quantitativo.

Discussão

Na análise dos grupos P versus C as diferenças das médias de RA e RI entre os subgrupos não foram estatisticamente significativas, entretanto, após os dados terem sido submetidos à Análise de Regressão foi possível identificar diferentes tendências para cada um dos grupos em relação ao uso das RA e RI. Para RA o GC apresentou maiores médias que o GP. O GC também apresentou uma tendência de decréscimo das médias vinculado ao aumento da idade maior que o GP.

Com a Análise de Regressão para o uso de RA (Figura 2), foi identificada a tendência de decréscimo apenas para o GC. Este dado indicou que as crianças do GC passaram a ficar mais ativas na comunicação nas idades maiores e isto interferiu no número de perguntas realizadas pelo interlocutor. Este dado tem relação com os achados de outros autores (Brinton e Fujiki, 1982; Roth e Spekman, 1984) que identificaram em suas pesquisas uso de funções comunicativas mais interativas com o aumento da idade, observado principalmente para o uso de comentários.

Por outro lado, o GP não demonstrou a mesma evolução referida para o GC. Também está de acordo com os achados de Craig (1995) e Thordardottir e Weismer (2002) que observaram que as crianças com DEL se comparadas aos seus pares em desenvolvimento normal não apresentaram alterações pragmáticas evidentes, porém, demonstraram uso de estruturas lingüísticas menos sofisticadas conforme observado nesta pesquisa.

Além do GC ter apresentado maior uso de RA em relação ao GP, o uso dos diferentes tipos de categorias dessas respostas também variou. De modo geral, os dois grupos apresentaram maiores médias para as categorias RVA, RGA, RVO e RCT respectivamente. Entretanto, o GP apresentou maior uso das categorias RGA e RVO em relação ao GC, indicando a preferência pelo uso de outros meios comunicativos que não o verbal conforme também observado na literatura (Creaghead, 1993; Befi-Lopes et al. 2000, Thordardottir e Weismer, 2002). Já a categoria RCT foi pouco utilizada por ambos os grupos, no entanto, sua freqüência foi maior no GC. Neste grupo, as três faixas etárias estudadas realizaram este tipo de resposta, enquanto que no GP, esta categoria apareceu apenas na faixa etária de quatro anos. Visto que as respostas do tipo RCT demonstram uma sofisticação lingüística maior, o uso limitado desta, no GP, indicou novamente a limitação lingüística dessas crianças em relação aos seus pares.

Para as RI, o GP apresentou médias maiores que o GC. Verificando cada grupo, o GC apresentou tendência de decréscimo com o aumento da idade e o GP apresentou uma linearidade, indicando uma manutenção do uso de RI mesmo para as idades de cinco e seis anos.

Observando especificamente as RI, a partir dos dados da Figura 3, o GP se caracterizou de modo distinto do GC por realizá-las com maior freqüência e mantê-las mesmo para as idades de cinco e seis anos. O GC se caracterizou especificamente por apresentar um declínio no uso da categoria Ig vinculado com o aumento da idade e também por não apresentar a categoria RSI. As demais categorias utilizadas pelo GC foram Ri, TA e RGI respectivamente. Já o GP apresentou uma linearidade no uso da categoria Ig e realizou as demais categorias na seguinte seqüência: Ri, RSI, TA e RGI respectivamente. Esses dados concordam com a literatura ao constatar que as crianças com DEL demonstram a tendência em ignorar o interlocutor na situação comunicativa em maior quantidade que seus pares em desenvolvimento normal (Brinton e Fujiki, 1982; Hadley e Rice, 1991; Befi-Lopes et al., 2001;2004).

O uso elevado de RI no GP acarretou em quebras conversacionais ocasionando problemas funcionais de linguagem revelando assim uma fragilidade pragmática deste grupo não encontrada no GC, fato também encontrado na literatura (Craig, 1995).

Conclusão

De forma geral, as crianças com DEL se comportaram pragmaticamente de maneira menos eficiente que seus pares, efetuando mais iniciativas porém de forma menos elaborada e principalmente realizando menos RA e mais RI.

Ao observar as idades de cinco anos (GP e GC) e seis anos (apenas GP) as diferenças entre os grupos ficaram muito evidentes demonstrando dessa forma que o quadro de DEL ficou mais nítido a partir dos cinco anos. Sendo assim, ao verificar os aspectos pragmáticos da linguagem não foi possível estabelecer um período de atraso do GP em relação ao GC. As crianças com DEL se comportaram de modo específico em relação às habilidades analisadas. Entretanto, mais do que a correlação de déficit de aquisição entre os grupos, foi verificada uma espécie de platô no desenvolvimento do GP que se manifestou a partir da idade de cinco anos.

Os dados indicaram que com o aumento da idade as crianças com DEL se comportaram, cada vez mais, de modo distinto em relação a seus pares. As crianças do GP demonstraram uma limitação comunicativa marcada pela ininteligibilidade de fala. Já as crianças do GC demonstraram uma evolução comunicativa observada no uso de atos de fala mais elaborados. Sendo assim, os dados apontam para a importância da análise qualitativa quando se analisa a comunicação de crianças em idade pré-escolar, com ou sem distúrbio de linguagem, pois os índices apenas numéricos podem comprometer a real compreensão dos padrões apresentados.

Contudo, são necessários novos trabalhos com idades mais avançadas e também amostras maiores de sujeitos para melhor compreensão das tendências identificadas nesta pesquisa.

Recebido em 01.12.2005.

Revisado em 05.06.2006; 13.10.2006; 08.11.2006.

Aceito para Publicação em 08.11.2006.

Artigo de Pesquisa

Artigo Submetido a Avaliação por Pares

Conflito de Interesse: não

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    Parte da Dissertação de Mestrado da Primeira Autora Realizada no Departamento de Lingüística Geral da Faculdade de Filosofia Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      29 Jan 2007
    • Data do Fascículo
      Dez 2006

    Histórico

    • Aceito
      08 Nov 2006
    • Revisado
      05 Jun 2006
    • Recebido
      01 Dez 2005
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