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Editorial

EDITORIAL

Claudia Regina Furquim de Andrade

Professora Titular

Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional

Faculdade de Medicina

Universidade de São Paulo

Prezados Leitores:

Esse Editorial é diferente. Nesse Editorial eu quero partilhar com vocês a minha satisfação e honra por ter sido indicada pelo Conselho Deliberativo (CD) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) como a nova representante de área (MS - Educação Física, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional) para a composição do Comitê de Assessoramento (CA).

Os CAs são compostos por mais de 300 pesquisadores, entre titulares e suplentes, selecionados de acordo com sua área de atuação e conhecimento. Eles são escolhidos periodicamente pelo CD, com base em consulta feita à comunidade científico-tecnológica nacional, e têm a atribuição, entre outras, das decisões sobre o mérito das solicitações individuais de bolsas e auxílios à pesquisa. Essas decisões são baseadas em critérios estabelecidos pelos próprios CAs, critérios esses disponíveis para o conhecimento de todos no site do CNPq (www.cnpq.br/cas/ca-ms.htm).

Os CAs representam a interface entre a administração do CNPq e a comunidade científica e tecnológica. O nosso CA, além de nós, agrega as áreas da Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. O representante da Educação Física é o Professor Go Tani (USP) e da Fisioterapia e Terapia Ocupacional é a Professora Helenice Jane Cote Gil Coury (UFSCar). Os suplentes da área são os professores Paulo de Tarso Veras Farinatti (UERJ); Marisa Cotta Mancini (UFMG) e Léslie Piccolotto Ferreira (PUCSP). A nossa primeira representante foi a Professora Maria Cecília Bevilacqua, que muito trabalhou pela consolidação da nossa posição junto ao CNPq.

Na data que escrevo esse Editorial, final de julho, ainda não houve nenhuma reunião do novo CA. Tenho, como sempre tive, um firme compromisso com a ética e o respeito ao trabalho e ao desenvolvimento da Fonoaudiologia. Espero poder, ao longo desses três próximos anos, trazer a vocês muitas informações sobre formação de recursos humanos; fomento à pesquisa; parcerias, tecnologia/extensão/informação; cooperações internacionais e demais ações de âmbito do CNPq.

Para esse terceiro Número da Pró-Fono Revista de Atualização Científica de 2007 são apresentados dez artigos, sendo nove artigos de pesquisa e um de revisão de literatura.

Neiva e Leone (2007) apresentaram uma pesquisa cujo objetivo foi analisar a evolução do ritmo de sucção, na sucção não-nutritiva e na sucção nutritiva, em função da estimulação da sucção não-nutritiva e do avanço da idade gestacional corrigida em 95 recém-nascidos pré-termo. A conclusão do estudo apontou que a estimulação da sucção não-nutritiva em recém-nascidos pré-termos não modificou a evolução do ritmo de sucção, tendo sido o processo de maturação, representada pela idade gestacional corrigida, o maior determinante desse processo.

Um estudo sobre a produção científica nacional foi apresentado por Munhoz et al. (2007), tendo como objetivo analisar parte da produção fonoaudiológica brasileira acerca da linguagem escrita, entre os anos de 1980 a 2004. Os resultados indicaram um ascendente crescimento de publicações em torno dessa temática, apontando para o implemento de pesquisas nesse campo da Fonoaudiologia.

Murphy e Schochat (2007) compararam o desempenho de 27 crianças em testes de processamento auditivo, de acordo com diferentes paradigmas temporais, como intervalo inter-estímulos, duração do estímulo e tipo de tarefa solicitada (discriminação ou ordenação). A conclusão do estudo foi que as variáveis temporais de duração do estímulo e tipo de ordem solicitada (discriminação e ordenação) podem interferir no desempenho de crianças em testes de processamento temporal auditivo.

O objetivo da pesquisa apresentada por Pereira et al. (2007) foi verificar a prevalência de alterações auditivas em prontuários de 1696 neonatos do Hospital São Paulo, observando se há correlação com as variáveis de peso ao nascimento, idade gestacional, relação peso e idade gestacional e de fatores de risco para deficiência auditiva. De acordo com os resultados, observou-se maior ocorrência de perda auditiva nas crianças pré-termo de UTI neonatal. A idade gestacional e o peso de nascimento foram variáveis importantes relacionadas na probabilidade de falha na triagem auditiva. Houve correlação entre o fator de risco síndrome e a perda auditiva neurossensorial em crianças nascidas a termo.

O estudo de Silva et al. (2007) objetivou verificar a relação entre o grau de severidade de sintomatologia da disfunção temporomandibular com a produção vocal em 24 sujeitos do sexo feminino. Segundo os resultados do estudo, foi possível verificar que o grau de severidade severo ocasionou diminuição da loudness, o aumento de ruído e alteração na ressonância da voz, interferindo na qualidade vocal dos sujeitos deste estudo.

Analisar a interferência do nível de escolaridade no desempenho de 56 adultos brasileiros normais em prova semântica foi o objetivo do estudo de Machado et al. (2007). O estudo concluiu ser possível observar que o menor nível de escolaridade influenciou negativamente o desempenho dos sujeitos na prova em tarefas de conhecimento semântico, em ambos julgamento de traços e nomeação.

O texto de Moret et al. (2007) verificou o desempenho de audição e de linguagem oral de 60 crianças portadoras de deficiência auditiva neurossensorial profunda bilateral pré-lingual, usuárias de implante coclear multicanal. A conclusão do estudo aponta que o implante coclear como tratamento de crianças com deficiência auditiva neurossensorial pré-lingual é altamente efetivo, embora complexo pela interação de variáveis que interferem no desempenho da criança implantada.

No estudo de Oliveira et al. (2007), o objetivo foi verificar a presença de aspectos indicativos de envelhecimento facial precoce e caracterizar morfometricamente as medidas da projeção do sulco nasogeniano ao tragus e da largura facial em 60 sujeitos adultos divididos em dois grupos, respiradores orais e respiradores nasais. O estudo concluiu que foram observados maiores indícios de envelhecimento facial precoce no grupo de respiradores orais.

Gindri et al. (2007) verificaram a relação entre a memória de trabalho, a consciência fonológica e a hipótese de escrita em 40 alunos de pré-escola e 50 alunos da primeira série da rede estadual de ensino. A conclusão do estudo foi que o desempenho em memória de trabalho, consciência fonológica e nível de escrita se relacionaram entre sí, estando ainda relacionados com a idade cronológica, a maturidade e a escolaridade.

Para finalizar, na revisão de literatura apresentada por Borsel et al. (2007), é proposta a discussão de fatores a serem considerados, no que se refere à utilização da realimentação auditiva atrasada (RAA) em terapia individual de clientes com gagueira. São apresentados quatro tipos de fatores: inerentes ao cliente, externos ao cliente, possíveis efeitos colaterais e outros fatores, como questões estéticas, financeiras e duração do efeito na fala. A revisão aponta que a influência de fatores múltiplos, porém, com os dados existentes, é difícil predizer se o indivíduo será ou não beneficiado pelo uso da RAA.

Abraço,

Claudia

Referências Bibliográficas

Borsel, J. V.; Sierens, S.; Pereira, M. M. B. Realimentação auditiva atrasada e tratamento de gagueira: evidências a serem consideradas. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 19, n. 3, p. 323-332, jul.-set. 2007.

GINDRI, G.; KESKE-SOARES, M.; MOTA, H. B. Memória de trabalho, consciência fonológica e hipótese de escrita. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 19, n. 3, p. 313-322, jul.-set. 2007.

Machado, o.; Correia, s. m.; Mansur, l. l. Desempenho de adultos brasileiros normais na prova semântica: efeito da escolaridade. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 19, n. 3, p. 289-294, jul.-set. 2007.

Moret, a. L. M.; Bevilacqua, m. c.; Costa, o. a. Implante coclear: audição e linguagem em crianças deficientes auditivas pré-linguais. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 19, n. 3, p. 295-304, jul.-set. 2007.

MUNHOZ, C. M. A.; MASSI, G.; BERBERIAN, A. P.; GIROTO, C. R. M.; GUARINELLO, A. C.; Análise da produção científica nacional fonoaudiológica acerca da linguagem escrita. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 19, n. 3, p. 249-258, jul.-set. 2007.

MURPHY, C. F. B.; SCHOCHAT, E. Influência de paradigmas temporais em testes de processamento temporal auditivo. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 19, n. 3, p. 259-266, jul.-set. 2007.

NEIVA, F. C. B.; LEONE, C. R. Evolução do ritmo de sucção e influência da estimulação em prematuros. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 19, n. 3, p. 241-248, jul.-set. 2007.

OLIVEIRA, A. C.; ANJOS, C. A. L.; SILVA, E. H. A. A.; MENEZES, P. L. Aspectos indicativos de envelhecimento facial precoce em respiradores orais adultos. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 19, n. 3, p. 305-312, jul.-set. 2007.

Pereira, P. K. S.; Martins, A. S.; Vieira, M. R.; Azevedo, M. F. de. Programa de triagem auditiva neonatal: associação entre perda auditiva e fatores de risco. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 19, n. 3, p. 267-278, jul.-set. 2007.

SILVA, A. M. T.; MORISSO, M. F.; CIELO, C. A. Relação entre grau de severidade de disfunção temporomandibular e a voz. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 19, n. 3, p. 279-288, jul.-set. 2007.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Out 2007
  • Data do Fascículo
    Set 2007
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