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Editorial

EDITORIAL

Claudia Regina Furquim de Andrade

Professora Titular. Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo

Prezados Leitores:

A primeira parte deste Editorial é dedicada a nossa nova indexação, a Scopus. Mais uma etapa no nosso caminho para solidificar a Revista na comunidade científica. A Scopus é a maior base de dados de resumos e citações. Ela abrange:

. 15.000 Revistas arbitradas, de mais de 4.000 editoras internacionais, incluindo mais de 1.200 revistas de acesso livre; 500 anais completos de conferências; 200 séries de livros.

. 33 milhões de registros, dos quais 16 milhões incluem referências até o ano de 1996 (75% incluem referências); 17 milhões incluem referências anteriores a 1996 retrocedendo até o ano de 1841.

A Scopus também abrange 386 milhões de recursos de qualidade da web, incluindo 22 milhões de patentes. Os recursos da web podem ser pesquisados via Scirus, e incluem homepages de autores, sites de universidades e recursos como servidores de pré publicações como CogPrints, ArXiv.org, e OAI.

Os artigos deste número são:

Calais et al. (2008) apresentaram uma pesquisa sobre a percepção de fala no silêncio e na presença de ruído em idosos. Para isto, foram avaliados 55 sujeitos de ambos os sexos, com idade a partir de 60 anos distribuídos em grupos: Grupo Controle, constituído de idosos sem perda auditiva e Grupo Estudo, constituído de idosos com perda auditiva neurossensorial simétrica. Os resultados indicaram que a presença do ruído juntamente com os sons de fala é prejudicial para os idosos, independente da presença da perda auditiva, sendo o impacto maior para aqueles que a possuem.

Um estudo sobre terapia fonológica foi apresentado por Keske-Soares et al. (2008), tendo como objetivo avaliar a eficácia do tratamento em três diferentes modelos de terapia quanto às mudanças no sistema fonológico de sujeitos com diferentes gravidades do Desvio Fonológico (DF). A amostra do estudo constituiu-se de 66 sujeitos de ambos os sexos, com idades entre 4:4 e 8:2 anos, sendo avaliados antes e após um período de quinze a vinte e cinco sessões de terapia fonológica. Os resultados apontaram que os três modelos de terapia aplicados foram eficazes no tratamento de crianças com DF, para as diferentes gravidades do desvio. Além disso, as maiores mudanças no sistema fonológico ocorreram para os grupos com DF de grau mais acentuado.

O objetivo da pesquisa realizada por Pereira et al. (2008) foi identificar, em indivíduos jovens e sadios, quais regiões da orofaringe são mais sensíveis para desencadear o reflexo da deglutição e qual estímulo é mais eficiente. Desta forma, o reflexo da deglutição foi investigado a partir dos estímulos: espátula, espelho laríngeo gelado, espátula envolta em gaze com água gelada e espátula envolta em gaze umedecida congelada, tocando-se o arco palatoglosso em suas porções inferior e superior, as tonsilas palatinas, a base de língua e a úvula em 65 indivíduos jovens e sadios. A pesquisa conclui que quando o reflexo da deglutição está presente, a úvula, os arcos palatoglossos e as tonsilas palatinas são as regiões mais sensíveis para desencadeá-lo e o estímulo mais eficiente, dentre os selecionados, foi o espelho laríngeo gelado e a espátula envolta em gaze umedecida congelada.

Tamanaha et al. (2008) avaliaram o processo evolutivo de crianças autistas e com síndrome de Asperger em contexto de intervenção direta e indireta a partir das respostas de 11 mães ao Autism Behavior Checklist. Essas crianças encontravam-se divididas aleatoriamente em dois grupos: seis crianças em atendimento terapêutico direto e indireto (GT) e cinco apenas em atendimento indireto (GO). Os resultados indicaram que em ambos os grupos as mães observaram mudanças de comportamentos. As autoras concluem que a tendência de escores melhores do GT deveu-se, provavelmente, a eficácia da intervenção direta e não à falta de atenção dos pais do GO em reconhecer diferenças comportamentais em suas crianças.

O estudo de Alvarenga et al. (2008) verificou a efetividade de um programa de capacitação de agentes comunitários de saúde do Programa de Saúde da Família, na área de saúde auditiva infantil. O estudo apresentou dois grupos: o grupo A foi constituído por 31 agentes comunitários de saúde da Cidade de Bauru, e o grupo B foi formado por 75 agentes comunitários de saúde de Sorocaba. Os resultados apontaram a efetividade da capacitação, por meio do aumento no escore total obtido nos questionários pré e pós-capacitação.

O texto de Silvério et al. (2008) analisou as queixas, os sintomas laríngeos, hábitos relacionados com o desempenho vocal e o tipo de voz de professores de uma escola da rede pública de ensino antes e após a participação em grupos de vivência de voz. O estudo foi dividido em etapas com professores de uma escola pública. Os resultados apontaram que 73% dos sujeitos apresentaram queixas vocais, 57% apresentaram rouquidão de grau leve e moderado, 78% apresentaram soprosidade e 52% apresentaram tensão na voz. Após a vivência de voz houve diferença significativa no grau de tensão, tanto na análise da vogal /e/ como na análise da fala espontânea. O estudo aponta que houve melhora dos cuidados com a voz e a compreensão dos fatores intervenientes e determinantes das alterações vocais, presentes nas condições e organização do trabalho docente.

Masson et al. (2008) avaliaram a influência do uso do umidificador de traqueostoma (heat moisture exchanger - HME) no controle da secreção pulmonar e na qualidade vocal esofágica e traqueoesofágica de nove pacientes submetidos à laringectomia total. Os pacientes responderam a um protocolo sobre questões subjetivas relacionadas com a secreção pulmonar em três momentos, sendo T1 (avaliação pré-uso do HME), T2 (avaliação pré-uso do HME após seis semanas da primeira avaliação) e T3 (avaliação após seis semanas do uso do HME). Os resultados indicaram que o uso do HME durante seis semanas diminuiu a tosse e a expectoração em pacientes laringectomizados totais, porém não apresentou influência na qualidade vocal esofágica ou traqueoesofágica.

A pesquisa apresentada por Guirro et al. (2008) teve como objetivo avaliar a atividade elétrica dos músculos supra-hióideos (SH), esternocleidomastóideo (ECM) e trapézio (T) bilateralmente, a dor e a voz, após aplicação da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) em dez mulheres com nódulos ou espessamento mucoso bilateral e fenda à fonação. A partir dos resultados encontrados, a pesquisa conclui que a TENS foi eficaz na melhora do quadro clínico e funcional de mulheres disfônicas.

Rehder e Behlau (2008) avaliaram a qualidade vocal de 100 regentes de corais de ambos os sexos, nas emissões de uma vogal sustentada, nas modalidades de voz falada e cantada, com objetivo de observar diferenças auditivas e acústicas. Os resultados da análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal indicaram que a maioria dos regentes possui vozes adaptadas, com menor desvio na voz cantada quando comparada com a falada, e que as emissões foram diferenciadas de acordo com a modalidade, voz falada ou cantada.

A revisão de literatura apresentada por Barreto e Ortiz (2008) aponta que a redução da inteligibilidade da fala é considerada uma das principais manifestações encontrada em sujeitos com distúrbios da fala e que, apesar de sua relevância, não existe consenso na literatura da área de como a inteligibilidade da fala deva ser avaliada. Diante desta afirmação, o objetivo desta revisão foi investigar a existência de possíveis evidências acerca da concordância entre medidas de inteligibilidade obtidas por diferentes métodos de mensuração, empregados na avaliação de sujeitos com distúrbios da fala, e identificar os efeitos de variáveis relacionadas com os procedimentos de avaliação ou com o ouvinte sobre essas medidas. As autoras concluem que não foram encontradas evidências, na literatura pesquisada, de concordância entre as medidas de inteligibilidade da fala obtidas por métodos distintos, o que limita a comparação entre resultados clínicos e de pesquisas sobre inteligibilidade em sujeitos com distúrbios da fala.

Para finalizar, o Comentário feito por Giusti e Befi-Lopes (2008) aborda o tema da tradução e adaptação transcultural de instrumentos estrangeiros para o Português Brasileiro. Para as autoras, é fundamental que nestes processos de tradução e adaptação sejam adotados procedimentos metodologicamente apropriados, que possam trazer maiores esclarecimentos acerca dos quadros de distúrbios da comunicação e de suas especificidades nas diferentes Línguas.

Abraço,

Claudia

  • Alvarenga KF, Bevilacqua MC, Martinez MANS, Melo TM, Blasca WQ, Taga MFL. Proposta para capacitação de agentes comunitários de saúde em saúde auditiva. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):171-6.
  • Barreto SS, Ortiz KZ. Medidas de inteligibilidade nos distúrbios da fala: revisão crítica da literatura. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):201-6.
  • Calais LL, Russo ICP, Borges ACLC. Desempenho de idosos em um teste de fala na presença de ruído. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):147-52.
  • Giusti E; Befi-Lopes DM. Tradução e adaptação transcultural de instrumentos estrangeiros para o Português Brasileiro (PB). Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):207-10.
  • Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, Forti F. Estimulação elétrica nervosa transcutânea em mulheres disfônicas. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):189-94.
  • Keske-Soares M, Brancalioni AR, Marini C, Pagliarin KC, Ceron MI. Eficácia da terapia para desvios fonológicos com diferentes modelos terapêuticos. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):153-8.
  • Masson ACC, Fouquet ML, Gonçalves AJ. Umidificador de traqueostoma: influência na secreção e voz de laringectomizados totais. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):183-8.
  • Pereira NAV, Motta AR, Vicente LCC. Reflexo da deglutição: análise sobre eficiência de diferentes estímulos em jovens sadios. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):159-64.
  • Rehder MIBC, Behlau M. Análise vocal perceptivo-auditiva e acústica, falada e cantada de regentes de coral. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):195-200.
  • Silverio KCA, Gonçalves CGO, Penteado RZ, Vieira TPG, Libardi A, Rossi D. Ações em saúde vocal: proposta de melhoria do perfil vocal de professores. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):177-82.
  • Tamanaha AC, Perissinoto J, Chiari BM. Evolução da criança autista em diferentes contextos de intervenção a partir das respostas das mães ao autism behavior checklist Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3):165-70.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Out 2008
  • Data do Fascículo
    Set 2008
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