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Carta do editor

CARTA DO EDITOR

História, Ciências, Saúde — Mangninhos é uma revista que em seu próprio nome traz os objetivos que pretende. Os três primeiros termos falam, de modo genérico, de seu campo de especialização, apontando, no entanto, para uma certa diluição das fronteiras: afinal, separam-nos vírgulas, e não partículas, indicando que seu conteúdo não se limita à 'história das ciências da saúde'. O último termo, irrecorrivelmente vernáculo, evoca um dos poucos lugares onde, no Brasil, se fez esta história das ciências da saúde, querendo chamar a atenção para o caráter verde-amarelo (deixem passar) que a revista pretende ter. Desta forma, Manguinhos — vamos tratá-la assim, abandonando as qualificações — é uma revista que pretende abordar a história dos conhecimentos e dos saberes, com ênfase, é bem verdade, nos conhecimentos biomédicos. E, daqui de Manguinhos, dialogar com pesquisadores do Brasil e de todas as partes, em torno de questões que, ao longo do tempo, são relevantes para a compreensão da realidade atual — afinal, que outra importância pode ter a história?

Como se poderá ver, Manguinhos não tem o perfil tradicional de uma publicação acadêmica, indo além dos habituais artigos e resenhas, e abrindo espaço para outros produtos do campo acadêmico. Em suas seções pode-se também encontrar coisas como resumos de teses, depoimentos, debates, relatos de encontros e de congressos, notas de pesquisa, apresentação de documentos originais. (Aqui, por sinal, está uma de suas grandes preocupações: valorizar o documento original, trazer à luz o fundamento dos saberes que o historiador pode vir a produzir.) Finalmente, o leitor, após essas mal traçadas, ao folhear a revista, perceberá uma outra distinção de Manguinhos: um cuidado gráfico pouco usual, que, mais do que simples preocupação diletante com a estética, quer chamar a atenção para o fato de que os conhecimentos que nos interessam se fazem de maneira não positiva.

Quero acabar esta carta como comecei, pelo nome. Manguinhos é peculiar, porque tal diminutivo não mais evoca um espaço ecológico livre — aliás, aquele cuja recuperação indica a retomada das forças livres da natureza —, mas um lugar onde, sob controle, assepticamente, faz-se ciência de ponta. E, por outro lado, é típico, em seu diminutivo tão característico, do carinho que os brasileiros tendemos a ter no trato com o outro. Um bom nome, portanto.

Sergio Goes de Paula

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jul 2006
  • Data do Fascículo
    Out 1994
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